Vamos normalizar o uso de Marry/Fuck/Kill como um sistema de notas.

V

Oi, meu nome é Izzombie e eu sou o escritor desse blog aqui, o Dentro da Chaminé. Esse blog é um blog de análise de obras de ficção e cultura pop, com uma ênfase maior em desenhos animados, mangás e filmes, e eu quero abrir o texto de hoje explicando a insistência enorme que eu faço desse termo análise. Pois já vi gente na internet chamando meus textos de review, e eu não gosto disso. Gosto dessa palavra análise, e tenho um certo receio com a palavra review.

Porque eu não estou fazendo um texto curto sem contar spoilers, mas que te passa mais ou menos a noção de se você vai gostar ou não da obra que termina em uma nota. Eu faço na real o oposto disso. Eu faço textos longos, repletos de spoiler, que não tem a menor intenção de te explicar se você pode ou não gostar de uma obra, só te convidar a interpretá-la e a buscar mensagens nela, mas assim, eu posso achar uma relação desconfortável com uma ideologia perigosa em uma obra analisada, e mesmo assim eu mesmo gostar dela, e se eu gosto, quem sou eu pra falar do que vocês gostam? Não, gosto é subjetivo, essa subjetividade será inclusive falada mais daqui a pouco, eu só quero convidá-los a pensar que filmes, mangás, séries e outros são expressões de pensamentos de seus autores, e a ver que todas as obras que existem possuem mensagens a serem interpretadas. Pois passar mensagem é parte de se comunicar, e contar histórias é se comunicar.

“Clopin vai lhes contar, é uma história, uma história sobre um homem e sobre um monstro.”

E eu principalmente não dou nota nos meus textos! Não dou! Muitas e muitas vezes dou minha opinião que deixa claro se eu gosto ou não, mas nunca uma nota. Nota é coisa de review, não tem a menor relevância pros meus textos se o filme é nota 1 ou 10. Só importa sobre o que o filme está falando e o que ele mostra.

No meu texto de Toy Story 4, pouco me importa se o filme é bom. Só se ele é necessário. Palavras que parecem sinônimas, mas não são.

Mas essa é minha política com o blog. Fora daqui eu adoro nota, amo dar nota, amo pegar tudo o que eu consumo e já meter uma nota. Mas tem esse problema. Quando eu faço conta em algum site com catálogos de filmes ou mangás para eu dar nota, eles nunca tem o meu sistema de notas. Eles tem uma porcariazinha ali de dar um valor numérico para a obra. Que pode ser dar de um a cinco estrelas ou corações, ou escrever uma nota de 1 a 5, ou de 1 a 10 ou de 1 a 100, tanto faz. É resumir tudo a um número em que quanto maior o número melhor… mas não é assim que eu quero dar minhas notas, e não é assim que eu daria notas por aqui, se esse fosse um blog de reviews.

Olha só, eu posso falar que esse filme merece 4 de 5 estrelas, mas o que isso significa? Que mensagem eu estaria passando se fosse meia estrela a menos?

Então esse texto aqui será para explicar qual é o único jeito verdadeiramente digno de se dar notas nesse mundo, que não é usado na internet e isso é um absurdo, pois é o único que expressa o que realmente merece ser expressado.

Me refiro naturalmente ao sistema Marry/Fuck/Kill. Inspirado num jogo estadunidense de mesmo nome.

Marry/Fuck/Kill, é um jogo gringo simples. Você recebe três opções de três pessoas e tem que escolher uma para casar (marry), uma para trepar com (fuck) e uma para matar (kill). Então alguém te vira com o trio: Jason Voorhees, Freddy Krueger e Michael Myers, se você for uma pessoa com bom senso, você sabe que casa com o Jason, trepa com o Michael e mata o Freddy! Mas a diversão é justamente que pessoas diferentes escolhem diferente, e aí questionam as escolhas dos amigos, ou precisam se justificar.

E esse é o ponto, com que valores você decide com quem casa e quem mata? Pois o jogo não tem graça se for pra escolher entre uma pessoa agradável e excelente em tarefas domésticas, uma das pessoas mais sexies da atualidade e o presidente da república. O jogo tem graça quando as opções são: Mulan, Rapunzel e Belle. E se for esse o caso, é pra matar a Belle! Porque ela é uma elitista que destratava o cidadão simples do interior porque eles não atendiam o padrão de vida que uma jovem de paris exige. E depois virou princesa, o que configura ela como traidora de classe. Eu não ligo pra com qual das outras duas você quer trepar, mas pelo amor de Deus mata a Belle.

Enfim, esse jogo é jogado com frequência pelos personagens de um número imenso de filmes. As vezes eles mudam para Marry/Kiss/Kill se a faixa etária não permitir o fuck. Ou qualquer outro tipo de censura a palavra Fuck quando necessário.

A propósito. Spider-man Homecoming: Fuck

Enfim. Então como funciona o sistema de notas? Funciona exatamente assim, só que sem uma lista pré-selecionada de três obras. Por exemplo, com filmes, cada filme que você assiste, você em vez de dar um número de 1 a 5, você decide se casa com ele, trepa com ele, ou mata ele.

Na real, eu adaptei o jogo para incluir mais duas alternativas, você ainda pode ignorar o filme e lutar com o filme. Então tecnicamente o sistema é Marry/Fuck/Ignore/Fight/Kill, mas o nome do jogo original é melhor. Não tem porque falar as cinco opções.

O importante é mais que tentar descrever suas emoções em um número de 1 a 5, ou de 1 a 10, ou de 1 a 100, ou em número de estrelas. Esses sistemas vai direto ao ponto de no final qual foi a sua relação com a obra. Você casa com ela ou não? Qual das cinco notas você dá?

A propósito. Bojack Horseman: Marry.

Então vou explicar as cinco notas.

Marry (Casar):

A propósito, Steven Universe: Marry.

A nota mais alta. O filme com o qual você quer casar? O que significa?

Um filme com a nota Marry é exatamente isso. Esse filme te tocou em algum lugar do seu coração, ou da sua alma, ou da sua mente…. Ou sei lá, dentro do seu estômago, se for um filme da Ghibli com aquelas comidas bonitas, enfim, esse filme tocou dentro de você e agora ele é parte da sua vida. Parte dele mora dentro de você, daqui a cinco anos você ainda vai querer falar sobre esse filme. A sua relação com esse filme é longa e cheia de carinho ou boas memórias, que nem a gente torce pros casamentos serem.

A propósito. The Addams Family: Marry.

Isso não quer dizer que o bagulho é excelente, muito filme pro qual eu daria a nota Marry tem uma lista de defeitos que eu poderia passar uma hora listando, mas eu sei essa lista, pois eu vi o filme 50 vezes, pois ele é meu amor e eu poderia passar minha vida falando dele.

A propósito, Fulllmetal Alchemist: Marry.

Metade do que eu já escrevi aqui no blog é um sólido Marry na minha lista. One Piece é definitivamente um Marry, assim como Domestic na Kanojo, que é um mangá com uma quantidade enorme de pontos baixos, em especial seu final. Mas nada disso importa, o que importa é meu sentimento. É um mangá que eu vou carregar comigo, que dialogou comigo emocionalmente e esse dialogo nunca vai morrer. E isso vale mais que enumerar qualidades ou defeitos.

Inclusive um filme Marry é um dos mais difíceis de se explicar racionalmente porque ele é um Marry, digo, obviamente você vai saber explicar tudo o que gosta nele, mas no fundo mesmo, a grande resposta vai ser “clicou”, vocês trocaram olhares e bateu. Que nem acontece nos filmes. O casal se encara e dá certo.

A propósito, Scott Pilgrim…. o quadrinho é um Fuck, mas o filme é um Fight.

Mas nem toda obra que te diverte e te faz bem dá esse clique que você percebe que aquilo ali agora faz parte da sua vida. Algumas criam uma conexão menos ambiciosa.

Fuck (Trepar):

A propósito Clockwork Orange: É um Marry, mas eu as vezes minto que é um Fuck para evitar outras pessoas que gostam demais desse filme, tem um tipo de fã desse filme que eu não encorajo.

Essencialmente o que acontece quando você não casa com a obra.

A propósito Chasing Amy é um Marry.

Um filme da nota Fuck, é exatamente o que o nome sugere. Duas horas que você passou com o filme, foram divertidas, foram prazerosas, você gostou muito e essa história acabou quando os créditos acabaram. Você não vai dizer que esse filme mudou sua vida, não vai querer ir atrás de todos os detalhes, não vai colocar ele dentro do seu coração. Mas ele foi bom. Claro que foi. E talvez você pode até assistir de novo, por que foi bom, e todos os sentimentos ali foram positivos.

A propósito, Arrested Development é Marry.

Mas ele não é mais que isso. Essa boa experiência que é boa enquanto o filme dura, e talvez uma boa memória no máximo.

A propósito, Archer é Marry.

A diferença entre um filme Marry e Fuck pode soar como a diferença entre um filme pra se pensar e um pra se divertir e isso não é necessariamente verdade. Eu pessoalmente tenho Jurassic Park como um claro caso de Marry, e Gisaengchung (Parasita) como um Fuck, mas o segundo caso claramente me tirou muito mais reflexões, debates e interpretações que o primeiro.

A diferença é mais sobre um filme pra se guardar e um filme que conforme o tempo passa você vai um pouco esquecer que existe. Até um dia subitamente lembrar e bater uma memória nostálgica. Jurassic Park é um filme do quão eu nunca vou esquecer, pois ele é meu filme favorito de todos os tempos. Mas conforme o tempo vai passando o Parasita vai cada vez mais se tornando um filme em um contexto de ver um diretor que eu adoro ganhar um Oscar com um filme anti-capitalista celebrando a única coisa legal que aconteceu pra humanidade em 2020. E é isso, o filme vai gradativamente se fundindo com esse contexto no passado e as memórias vão passando. Eu talvez um dia reveja esse filme, se estiver recomendando pra alguém, mas também talvez não, existe a chance de eu nunca mais rever, e não é porque eu não gostei, é só por que eu já vi.

As vezes, que nem nos atos de intimidade nos quais os nomes da nota se inspiram, quando ocorrem na vida real, você acha que a obra vai ser um Marry, e ela acaba sendo um Fuck. Como foi o caso com Beastars, um mangá que eu analisei aqui, que fez um final tão chato e desinteressante, que acabou matando todo meu interesse em seguir pensando com o mangá. Foi uma excelente leitura semanal, era uma parte ótima da semana toda semana, mas acabou, e agora que acabou acabou, o mangá não tá mais comigo.

A propósito, Monster também acabou sendo um Fuck, para a minha decepção.

Não é vergonha nenhuma um filme, um quadrinho ou uma série serem um Fuck, eu acho que muitos miram exatamente nisso. Não sei se um filme como Speed Racer das irmãs Wachowski realmente achou que ia fazer uma grande conexão com seu espectador. Mas é um dos filmes que eu mais gostei de ter ido ver no cinema, e ser um Fuck não o desqualifica. É um filmaço e eu recomendo de verdade.

Agora tem vezes que nem mesmo essa memória a obra produz, nesse caso é a nota do meio termo.

Ignore (Ignorar):

A propósito. Chicago é um Fuck. Me agradam muito as musicas.

Essa é a mais fácil de definir. Uma obra Ignore é assim, você viu, mas é a mesma coisa que se você não tivesse visto. Essa obra simplesmente não faz parte do seu mundo. Quando você quer lembrar do que você viu naquela semana é a mas difícil que lembrar.

A propósito, Simpsons já foi um Fuck, mas já tem mais de dez anos que virou um Ignore.

Tecnicamente Ignore é a nota do meio termo, mas ela é na real a nota mais indigna que existe, pois para um trabalho de ficção, para uma obra de arte feita por pessoas querendo se expressar, nada é pior do que falhar completamente em deixar uma marca.

A propósito. Casablanca é um Marry.

As vezes um filme chega nesse ponto sendo muito chato, ou muito confuso, ou simplesmente muito genérico. Mas é isso mesmo, você viu, e não sentiu nada positivo, nem nada negativo, e assim que acabar, você vai esquecer daquilo enquanto mija. Desonroso.

A propósito. Hunter X Hunter: Marry

Naturalmente eu nunca escrevi sobre uma obra Ignore nesse blog, pois o pré-requisito mais básico para qualquer obra ganhar um texto é eu ter algo a falar sobre ela. Mas eu tenho uma lista grande de obras pra quem eu dei a nota Ignore, uma delas por exemplo é o anime e mangá Jujutsu no Kaisen, que estão muito tentando transformar no novo Kimetsu no Yaiba (Demon Slayer). É impressionante ver um bagulho fazer sucesso do cacete, e perceber que você mal consegue seguir o fio da meada da história pois você está gastando energia demais tentando lembrar de quem são os personagens em primeiro lugar de tão insignificantes que foram suas primeiras aparições. Mas sei que não são consensos, são dois incriveis sucessos da animação nipônica.

Mais da metade dos filmes de herói acabam virando Ignore pra mim, o mais notável foi Avengers, que de tão descartável e insignificante que foi, só serviu pra me broxar completamente do Marvel Cinematic Universe, e da noção de universos cinematográficos. Tamanha foi a frustração de ver que os caras precisaram de seis filmes para não dizer absolutamente nada além de “o vilão é mau, as cenas de ação são longas e o plot pode ser resumido em um tweet.”.

Mas isso é o que eu ignoro, tenho certeza de que muitos leitores gostam de Avengers e Jujutsu no Kaisen, mas também tem seus próprios exemplos de obras que vocês ficaram olhando, olhando, e esperando entender o apelo, até que uma hora ela acabou e você pensou “Ué?”.

No fim dá nem vontade de xingar. Foi só confuso.

Mas vamos falar também dos que dá vontade de xingar.

Fight (Lutar):

A propósito. Fight Club: Fuck.

Agora chegamos nas duas notas negativas. A primeira é Fight, mas o que significa lutar com um filme? Significa exatamente isso. Lembra em Fight Club (que apesar do nome não é um Fight, é um Fuck), quando eles estão debatendo com quem gostariam de brigar?

Fight é uma obra da qual você não gostou, e agora isso está te mordendo por dentro! Você quer entrar nas redes sociais e falar que ela é uma merda. Você quer explicar quantos furos de roteiros aquilo tem. Você reassiste pra falar mal. Você assume uma postura antagonística com o bagulho que é impressionante, você está puto, você quer bater nesse filme.

A propósito. Family Guy é um Fight.

Por que se você deixar batido esse filme vai se safar pelo mal que ele fez.

A propósito. Breaking Bad é um Marry.

Filmes com os quais eu estou lutando aparecem nesse blog de vez em quando. Temos um texto inteiro dedicado a um dos meus maiores rivais Beauty and the Beast, que porra, como o pessoal gosta é um mistério real pra mim. Once Upon a Time in Hollywood também é um exemplo de outro filme que é um Fight pra mim, e eu coloquei nesse blog pra poder brigar com ele em público.

As vezes é divertido odiar um filme tanto que você briga com ele. As vezes não, você só tá puto. Mas brigar ainda carrega aquela rivalidade. Você fica frustrado com o fato do filme fazer sucesso, tem desencadeado uma continuação ou estar sendo elogiado. Mas essa frustração para aí, é uma frustração.

A propósito. Kill la Kill: Fight.

Pois é só um filme, não tá fazendo mal a ninguém.

Pois se estiver fazendo mal a alguém, aí chegamos na nossa última nota.

Kill (Matar):

A propósito. Harry Potter é um Fight;

No Fight ainda tem alguma amistosidade, algum respeito. O filme só incomodou. Aqui não, esse são pros filmes que são completas abominações, que não deviam existir. Que as pessoas não deveriam assistir, que as cópias deviam ser queimadas.

Você quer matar essa obra! É isso! Essa aberração sem redenção alguma. É o auge da sua raiva. Essa obra te machucou, isso te fez mal. Tocou onde não devia ter tocado, e você quer que os envolvidos se fodam.

No texto que eu me abro sobre minha prosopagnosia, eu mencionei um mangá chamado Futsu ni Naritai, que é o único exemplo retratado da condição que me ofendeu que pra mim é muito claramente um kill. Assim como o Grinch da Illumination, que poderia ter sido só um Fight, mas eu acho que é um Kill, pelo fato de ativamente omitir a mensagem anti-capitalista do original, o que faz um enorme desserviço do propósito do original ter sido escrito em primeiro lugar. Esses são os meus kills que ganharam menções nesse blog. Obras que se eu pudesse voltar no tempo e eliminar da existência eu o faria.

A propósito: Terminator é um Fuck.

Uma opinião pesada que eu não tenho com tudo, a maioria do que me desagrada eu prefiro deixar no Ignore ou Fight, mas as vezes escapa um ou outro. The Dictator do Sasha Baron Cohen e Chicken Little (2015) são dois filmes no meu Kill também. Além da série animada da Netflix Big Mouth, cujos meus problemas com ela eu mencionei na minha retrospectiva das séries animadas dos anos 2010.

E são essas as cinco notas! O sistema de notas que por mim podia substituir todo o sistema numérico tradicionalmente usados.

“Ei, Izzombie, mas pera lá, isso no fundo não é a mesma coisa que dar nota de 1 a 5? Tipo, o Marry é nota 5, o Fuck é nota 4, o Ignore é nota 3, o Fight é nota 2 e o Kill é nota 1. Só entra nos sites e dá de 1 a 5 e não enche meu saco.”

A proposito…. eu nunca vi The Office. Não consigo classificar.

Bom ponto.

Mas o lance é justamente esse. Quer coisa mais subjetiva que interpretar nota? Cada pessoa faz uma escala própria na própria cabeça de onde está a linha que separa a nota 4 da nota 5. Um grupo de dez juízes podem dar dez notas 3 para um filme e não estarem dizendo a mesma coisa. Pois é subjetivo e é bom que seja, porque a nota tem que fazer sentido pro avaliador.

A propósito: Phineas and Ferb é um Marry.

Outro ponto também é que, aí eu dou o exemplo meu, as vezes eu não consigo dar nota 5 pras minhas obras favoritas do mundo, por eu estar eternamente ciente do fato de que elas estão atoladas de defeitos. Peguemos o controverso mangá Gantz, é um dos meus mangás favoritos e mora de graça no meu coração sem pagar aluguel desde que eu terminei. Eu adoro esse mangá e ele é importante pra mim, emocionalmente falando e rendeu dois textos nos primórdios desse blog já. Mas eu não consigo falar que ele é uma nota 10/10, pois apesar da conexão emocional forte, eu sou muito capaz de perceber que o número de defeitos do mangá é surreal. A minha conexão emocional com o mangá me faz relevar esses defeitos, mas eu não consigo fingir que eles não são um obstáculo do mangá da nota máxima.

E o sistema Marry/Fuck/Kill é justamente isso. É colocar somente a conexão ali. Não é para cada um aprender a fazer uma conta de qualidades e defeitos e transformar em um número, e depois fazer uma legenda com o número ao estilo de “De nove pra cima são os que eu gosto muito.” não, foda-se isso. Pulemos direto pro ponto que vale: mas o quanto essa obra te impactou!

A propósito. Shokugeki no Souma é um Fight.

Fodam-se os números! Número não diz nada! Pois com o Marry/Fuck/Kill, cada nota significa o mesmo estado emocional de vários juízes. Isso é o que eu quero saber. Não quero saber se esse filme tem nota 7,5, eu quero saber se você vai casar com esse filme ou não!

É uma grande contradição. Pois tem muita pessoalidade de uma métrica muito pessoal que se usa para dar uma nota. Porém, essas notas depois servem para poder tirar uma média, mas se cada um usou a própria régua para dar a nota, a média pode sair estranha.

Mas com Marry/Fuck/Kill não tem média. Se 10 pessoas acham tal seriado um Marry e outras 10 acham um Kill, ele não é um Ignore na média, muito pelo contrário, ele é o oposto de algo ignorável. Por isso não é um sistema meramente substituível por uma nota de 1 a 5.

É um sistema sobre de fato colocar os seus sentimentos acima de qualquer comentário racionalizável. Pois para uma lista de qualidades e defeitos existe a sessão de comentários. Uma nota numérica no fim das contas só é realmente útil quando vem junto de uma explicação de porque chegamos nela, e é pra isso que existem os reviews, mas uma vez que a gente já viu a explicação, então o número vira só um detalhe.

Por isso devíamos substituir o número por aquilo que você as vezes pode, as vezes não pode, mas nunca precisa racionalizar. A sua conexão. Mas e aí, o bagulho te marcou ou não marcou? Você quer ter um pôster disso na parede ou não? Hype pra ver a sequência ou não? Pra quantos amigos vai pessoalmente recomendar? Por que esses são os valores que realmente importam. Se você encontrar o roteirista na rua, você dá um abraço ou um soco nele?

Por isso venho propor essa mudança. Que as notas comecem a passar esse tipo de informação. Pois aí é justamente, esse lado mais extremamente pessoal e íntimo da sua relação com a obra, o que você não pode passar por texto, aí você passa por um jogo de Mary/Fuck/Kill.

A propósito: Orange is the New Black é um Fuck.

E se dependesse de mim, todo site de catalogar mídia que você consome teria esse sistema. Um coraçãozinho pra marcar seus favoritos não serve. Tem que poder marcar seus ódios, tem que marcar seus rivais, tem que marcar o que você gostou e não apegou. Tem que fazer o trabalho completo.

E vocês? Que tipo de nota vocês usam? Que tipo de nota vocês prefeririam usar se os sites permitissem? Com que filme/série/mangá vocês casaram? Para tudo isso temos a sessão de comentários. Primeiro de abril eu gosto de dedicar a textos que não tão falando nenhuma mentira, mas também estão falando muito de algo não-sério pra ser publicado normalmente. Confira aqui, aqui e aqui os meus outros textos de primeiro de abril. E nos vemos no ano que vem. Próximo primeiro de abril vai ter um texto falando sobre como a divisão de filmes por gênero é uma conspiração das locadoras que devia ter sido extinta das discussões de cultura pop quando as locadoras foram.

Até lá.

Sobre o autor

Izzombie

Sou um cara chato que não consegue ver um filme sossegado sem querer interpretar tudo e ficar encontrando simbolismos e mensagens. Gosto de questionar a suposta linha que separa arte de filmes comerciais, e no meu tempo livre pesquiso sobre a história da animação.

Sobre o autor

Izzombie

Sou um cara chato que não consegue ver um filme sossegado sem querer interpretar tudo e ficar encontrando simbolismos e mensagens. Gosto de questionar a suposta linha que separa arte de filmes comerciais, e no meu tempo livre pesquiso sobre a história da animação.

Alertas

  • – Todos os posts desse blog contém SPOILERS de seus respectivos assuntos, sem exceção. Leia com medo de perder toda a experiência.
  • – Todos os textos desse blog contém palavras de baixo calão, independente da obra analisada ser ou não ao público infantil. Mesmo ao analisar uma obra pra crianças a analise ainda é destinada para adultos e pode tocar e temas como sexo e violência.

Artigos recentes

Categorias

Parceiros

Blog Mil

Paideia Pop

Gizcast

Arquivo