Top11 ex-casais da ficção:

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Hoje é Dia de São Valentim, e vocês sabem o que isso significa, não sabem? Isso mesmo, significa que é dia de eu dedicar um texto para colocar um holofote em duplas fictícias que demonstrem um afeto que eu queira pensar mais sobre. Pois eu adoro essa data, adoro seus sentimentos positivos e quero prestigiar isso celebrando sentimentos bonitos na ficção. Já fiz uma lista de melhores casais, já fiz uma lista de melhores amizades entre homens e mulheres, já fiz uma lista de melhores ships. E agora? Agora vamos falar de exes.

Vocês sabem, em um minuto duas pessoas são um casal, e aí de repente não são mais. Um dos dois pisou na bola, ou o relacionamento só esfriou, ou os dois foram pra caminhos muito diferentes, ou um dos dois se apaixonou por outro, algo aconteceu, e esse laço foi desfeito. E estamos habituados a pensar que apesar da frase “vamos ser amigos” ser um chavão, que essa frase é da boca pra fora e o próximo passo é virarem inimigos. E a ficção faz a festa com essa percepção.

Exes são um regular motivo de conflito em uma história. Apresentados mais vezes do que não como pessoas ressentidas, e obcecadas, querendo impedir a pessoa amada de tocar sua vida, seja por querer voltar ou por vingança, que pode ser justificada as vezes e as vezes não. Mas um ex, mais vezes do que não vai tomar um papel antagonista em uma história, atrapalhando as coisas.

E somos acostumados a tratar ex como algo horrível mesmo. E dentro dos limites de que um número muito grande de pessoas tem excelentes razões pra querer que seu ex seja atacado por um tigre, pois muitos relacionamentos de fato acabam porque uma das partes cagou tudo em uma atitude escrota, e cada caso é um caso, eu mesmo assim quero chamar a atenção para como a televisão pode explorar o relacionamento entre exes de outra forma. De uma forma mais positiva.

Nos lembrando que é possível ter carinho com uma pessoa, depois de parar um relacionamento. E que a hostilidade não é obrigatória.

Então eu lhes apresento o Top11 Ex-Casais da Ficção, para celebrar os exemplos que não caíram na tentação de falar que depois que o relacionamento acaba só sobra o ressentimento.

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Esse texto é em homenagem a todos os que já me apoiam, por tudo, pelo feedback, e pelas sugestões pra me ajudar a montar a lista. E é uma homenagem especial a um apoiador que saiu do time de apoiadores, mas que foi quem me inspirou pra essa lista: Valter Vidigal. Ele tinha sugerido melhores cenas de término, na verdade, o que eu talvez faça no futuro, mas eu queria aproveitar a onda de retratar dinâmicas e relacionamentos e não cenas, e me inspirei em listas como os personagens interage após o término. Agradeço por ter feito o comentário que alugou um triplex na minha cabeça. Por último é em homenagem a minha própria ex, por ter continuado sendo uma boa amiga, e por ser uma presença na minha vida que eu valorize bastante, não acho que ela vá ler isso, mas é isso aí.

Então vamos falar dos exes da ficção. E falar sobre isso, é falar sobre o amor na ficção.

Porque a ficção adora a história do grande amor verdadeiro. Aquele que é pra sempre, aquele que são almas-gêmeas destinadas a ficar juntas, aquele que supera tudo e foi escrito pelas estrelas.

E bem, quando os personagens vivem em um mundo em que existe um grande amor verdadeiro que dura pra sempre, pelo resto da vida, ultrapassando época reencarnações, multiversos e diversas outras limitações por ser um amor perfeito… quando isso existe, então todos os outros amores são amores falsos que terminam. Erros, que não deviam ter sido cometidos.

E a ficção adora exaltar o amor, como o amor jovem, e fazer histórias sobre pessoas que estejam na adolescência ou no comecinho da vida adulta descobrindo que vai ser o grande amor máximo da vida delas, e tendo que distinguir essa pessoa de outras distrações. Como se a ideia seja que seu primeiro amor fosse a sua grande alma gêmea, e como se perder essa chance com uma não-alma gêmea fosse um desperdício.

Exes servem como fantasmas do passado para atrapalhar o surgimento de um novo relacionamento, algumas vezes, sem nem verdadeiramente sentir amor ainda pelo ex-parceiro, mas porque justamente, confirmar que o ex-amado tocou a vida e achou alguém novo, te relega ao status de um erro.

O tropo da ex-namorada louca é um conhecido, dissecado e atualmente questionado tropo misógino sobre como as mulheres enlouquecem com o término e viram seres irracionais movidos por emoção que destroem violentamente a vida do ex-amado. E que esconde o dado estatístico de que a chance de ser um homem que faz uma merda anormal após um término é bem maior do que a de uma mulher. Ah, e merda anormal aqui está sendo usado como eufemismo pra: violência física e feminicídio.

Mas mesmo quando a ex não é uma mulher louca, quando o personagem do ex costuma aparecer como uma pessoa decente e amistosa que não se tornou um vilão na vida de seu ex-amado, altas chances da história ser sobre eles voltando e reascendendo a chama, e desfazendo o erro que foi a separação.

Pois afinal o que manteve os dois em um estado sem antagonismo era o fato de que eles obviamente eram almas gêmeas destinadas a ficarem juntas pra sempre.

A terceira grande maneira de se retratar um relacionamento entre exes é dando o bom e velho Ctrl+Z. Muito comum em sitcons, em que um casal fica junto na terceira temporada, mas a série vai durar até a 9ª, e o elenco da série não vai mudar, então quando os personagens terminam na 5ª temporada, pois é hora de fazer o shipping do qual os fãs gosta vingar, esses ex-namorados não podem ficar de fato desconfortáveis trabalhando um com o outro e testemunhando o ex-parceiro superar tudo em tempo real. Pois em sitcons, o grupo deve ser uma família. Eles devem se amar acima de tudo enquanto grupo. O que trás o outro extremo, o dos exes que de fato mal comentam seu status de exes e tem uma amizade indistinguível de qualquer outra.

Depois que Angela e Any terminam na quinta temporada, existem mais 4 temporadas deles interagindo juntos em que o assunto só é deixado de lado.

O que raramente soa natural. E que eu chamo de Síndrome de Yamcha… sua namorada, com quem ele morou junto por 18 anos, trocou ele para sair com o homem que o matou e aí ficou grávida e o Yamcha só… fica existindo sem tocar no assunto, frequentando a casa da Bulma como se nada estivesse estranho.

Achar paz e amizade com um ex, muitas vezes requer passar por um período de estranheza e desconforto, necessário para ressignificar o que foi essa fase da vida. E celebrar exes em bons termos não significa que um processo instantâneo de superação rolou, nem que eles voltaram pro exato lugar onde estavam antes do namoro. Isso soa forçado, e é bem normal rolar em sitcons.

Pois bem, pensando nisso que eu juntei aqui esses 11 exemplos de exes que eu gostei do tom e da maneira como o status deles de um ex-casal foi retratado. E achei que mesmo se tiver dialogado com algum desses três clichês, o do ex-maluco, do ex-que-está-destinado-a-voltar ou da síndrome de Yamcha, trouxeram alguma perspectiva diferente que me agradou.

Antes de começar a lista quero só repassar as regras pro que é elegível ou não pra lista.

1ª A lista não é necessariamente um ranking de qual é a amizade mais saudável, e sim uma coletânea de dinâmicas que me agradam em que o ex-casal não passou a se definir por hostilidade, e se tornaram amigos posteriormente. Algumas dessas amizades podem ter problemas, ter demorado pra vingar, e não ter deixado o personagem no estado mais bonito do mundo, mas eu apreciar a dinâmica mesmo assim.

2ª O juiz dos rótulos não veio aqui pra medir onde acabam os ficantes sérios e começam os namorados. A regra aqui é simples, se eles tinham um lance e terminaram, eles são exes. Importante estabelecer isso desde já, porque depois que a lista começar vai ter exemplo em que eu vou precisar abusar disso.

3ª Exes que eventualmente voltem juntos ou tenham recaídas não se desqualificam da lista. Seguem podendo aparecer, mas caso eles voltem, a lista está julgando somente o período em que foram exes.

E é claro. As imagens distribuídas no corpo do texto já são menções honrosas, mas tem uma menção honrosa e particular pra quem eu quero dar atenção especial. Além do fato de que spoilers liberados para os personagens em questão somente na parte da lista que é sobre eles.

Menção Honrosa: Dick Grayson e Ex-Namoradas do Dick Grayson (Qualquer coisa da DC Comics):

Pois é, vou abrir o jogo aqui, vão ter três exemplos da DC aqui e nenhum da Marvel. Por quê? Porque eu não estou em dia do lore profundo dos quadrinhos, a Marvel tem pouquíssimas séries animadas boas, e no MCU o que a gente tem de ex-casal? A Natasha com o Hulk que foi uma ideia horrível e que não deu em nada interessante. Então espero que vocês não concluam que eu acho que a Marvel não fez nada no nível dos exemplos da DC, só que eu não me dei ao trabalho de ir ler esses quadrinhos.

Dito isso, as más línguas dizem que o Dick Grayson é essencialmente o que o Batman seria com habilidades sociais, e bota habilidades sociais nisso. Pois não só o dono da melhor bunda da DC é um grande de um pegador, como ele é aparentemente muito bom em manter contato com quem ele pega depois. Famoso pelo seu relacionamento tanto com a Starfire quanto com a Batgirl, eu não faço ideia se ele está com qualquer uma das duas no momento, mas sei que não são as únicas.

Mas o que pôs o Dick aqui é que isso mas que um traço dele das HQs, é algo que passa pra outras mídias, mais notoriamente a adaptação dele de Young Justice que já teve um namoro com Zatanna, Rocket e Batgirl, terminou com todas e manteve uma relação boa com todas. Ele literalmente descreve que manter a amizade com as exes é seu super-poder.

Entre isso e o one-night-stand que o Dick teve com a Harley Quinn pouco antes de fazer uma ponte para Harley e Batman lutarem lado a lado. Dá pra ver que as adaptações do personagem pra fora dos quadrinhos trazem com elas a habilidade dele de misturar trabalho, prazer, e manter o time funcional mesmo assim.

Como isso é uma característica pessoal dele que existe em várias encarnações e não uma dinâmica específica com uma garota específica, então vai pra menção honrosa, pois ele está aqui sozinho, mas pra ir pra lista, precisa ser um casal.

Outra menção honrosa: Robert Phillip e Nancy Tremaine (Enchanted):

Ok… eu não queria dedicar alguns parágrafos para elaborar sobre DUAS menções honrosas que não são de fato parte da lista. Mas eu me recuso a colocar eles na lista, pois estou puto e frustrado com Disenchanted.

Então por que eu quero falar deles mesmo assim? Porque eles provam um ponto.

Toda a premissa de Enchanted é a de que Giselle é a princesa de um conto de fadas perfeito que vive idealizações irreais, e se apaixona por um advogado de divórcios, uma pessoa que diariamente tem que lidar de frente com a ideia de que o amor acaba. Que tá tudo bem se divorciar. Que nada é pra frente, mas a vida segue. E ele está tentando convencer a própria filha disso após de divorciar de sua mãe.

O personagem do Robert estava muito focado a tentar provar pra Giselle e pra sua filha que “felizes pra sempre” não existia, que tudo era finito, e que estava tudo bem as coisas serem finitas. E no final, ele é seduzido pela magia de Giselle, e termina seu noivado com Nancy para ficar com uma idealista que acha que o amor é uma magia.

Justamente por isso, que eu acho importante que ele e Nancy sigam de boa, pois ele queria provar o ponto de que a finitude dos relacionamentos não era um problema, e ao manter a amizade com Nancy no segundo filme, ele prova que de fato não era. Nancy casou com outro homem, ele com outra mulher, e eles ainda são próximos.

Eu queria que Disenchanted fosse um filme bom que me desse vontade de defender esses dois, mas não é. Eu só queria então falar que Robert provou seu ponto e sair desse exemplo.

E vamos pra lista de verdade.

11º Lugar: Zøg e Oona (Disenchantment):

Zøg e Oona se casaram por motivos políticos para firmar uma aliança entre seus reinos. Eles fizeram muito sexo, um filho, mas no geral não pareciam curtir muito a companhia um do outro, e o luto de Zøg por sua esposa falecida era muito visível e ficava no caminho de outro amor florescer. Um dia essa esposa ressuscitou e Oona foi deixada de lado e resolveu divorciar-se e virar uma capitã pirata, que é o que todo mundo devia fazer nessas situações? Precisa redescobrir seu lugar no mundo? Vire pirata! Seja igual a Oona.

Oona não deixou pra trás um grande parceiro, nem um homem carinhoso, nem um casamento legal. Mas ela deixou pra trás o pai do filho dela, filho esse que ela ama e as vezes volta pra ver. E o show mostra com muita clareza, que justamente agora que eles não têm um casamento fracassado atrapalhando os dois, eles podem ser um time mais funcional do que eram antes para cuidar do filho, e de sua ex-enteada, que não é mais legalmente nada próximo de uma filha, mas que Oona ainda deseja o bem, e se torna uma conexão dela com Zøg.

Pois cuidar de um filho é melhor quando se faz isso com um trabalho em equipe. E idealmente ser uma equipe com o marido é melhor que com o ex, mas dá pra ser um time com o ex pelo bem da criança. Dá pra funcionar. Além disso, ela como ex-rainha ainda tem algum interesse em salvar o reino de um golpe de estado e de gente querendo matar o ex dela, o que também permite que o trabalho em equipe funcione.

Oona não foi feita pra ser uma esposa, ela foi feita para ser uma pirata, o símbolo máximo da liberdade. Mas ela não está brigada com Zøg, ela cuida de Zøg quando ele leva um tiro, ela resgata ele dos parasitas e ela tem lealdade pelas figuras de sua vida anterior, eles só não são a vida atual dela, então o afeto dela é temporário e sem compromissos. Mas ele existe, e é visível que ela e Zøg se tornaram uma dupla muito mais saudável graças ao divórcio.

10º Lugar: Poison Ivy e Catwoman (Harley Quinn):

Bom, as duas nunca chegaram a namorar. Não ficou claro o quão sério foi o que as duas tiveram antes da série começar, mas Ivy visivelmente levou bem a sério, pra anos depois a presença de Selina ainda ter efeito visível nela. E em Ivy ter pânico de Harley descobrir que elas já se pegaram.

Bom, toda a dinâmica das duas deriva do fato de que Ivy visivelmente ainda está enfeitiçada por Catwoman, não o suficiente para trair qualquer um de seus pares, mas ela é afetada pela validação de Selina e tem um desejo de impressionar que a distrai. O que Selina responde com a indiferença blasé com a qual ela trata todo mundo que ela já pegou. E uma eventual diversão de saber o quanto ela afeta os outros.

Não são exatamente os mais saudáveis do exes, mas é interessante por dois motivos, primeiro porque Ivy separa as coisas, ela ainda se importar muito com Catwoman não significa que ela chifrara um de seus parceiros com ela. Mas especialmente, que Catwoman ainda aparece para ajudar Ivy. Catwoman risca as pessoas de sua lista de relacionamentos, mas não de sua vida. É literalmente como ela tem tratado o Bruce Wayne a série toda, terminando com ele, mas zelando pelo seu bem-estar.

A maior participação de Catwoman na série é em ceder seu apartamento como novo esconderijo de Ivy e Harley, onde elas passaram toda a terceira temporada e estão até agora. Ela mal para em casa, por suas visitar à Mansão Wayne, e quer alguém ali cuidando dos gatos. E nisso ela se torna uma pessoa que pode aparecer a qualquer momento para ajudar ou dar conselhos.

Ivy sendo misantropa, não gosta de muita gente, não gosta de quase ninguém. Por isso as poucas pessoas que Ivy aceita em sua vida, ela continua gostando depois do término, pois eles ainda são melhores que a humanidade que ela despreza. Vale pro Kite-Man, e vale pra Selina. E Selina vê da mesma forma, ela se interessa pelos outros, e eventualmente perde a atração e deseja seu espaço, e se isso significa, segundo ela própria, cortar o contato completamente, então Ivy foi uma grande exceção, pois ela claramente ainda tem espaço ali..

9º Lugar: Earl Hickey e Joy Turner (My Name is Earl):

Mantendo a série dos não-tão-saudáveis temos Joy e Earl de My Name is Earl. E o casamento deles foi uma tragédia imensa, derivado de tanto Earl quanto Joy serem pessoas horríveis durante o casamento. Earl sendo um ladrão, bêbado negligente que cagava para todas as necessidades da esposa, e Joy traindo Earl, gritando com ele, e sendo uma pessoa mesquinha. Além de ter casado com Earl para dar um golpe nele.

A série é sobre Earl tentando se tornar uma pessoa melhor. Ele fez uma lista de todas as coisas horríveis que ele já fez na vida, e decidiu que iria compensar cada uma delas. E por anos de um casamento merda, um número considerável dessas mancadas foi com sua horrível ex-esposa.

Earl e Joy nunca se deram bem casados, e nunca se amaram. Mas com ver seu ex-marido se esforçar tanto em reparar tudo o que ficou quebrado entre eles e em ser uma pessoa boa, Joy se tornou uma pessoa levemente melhor também, e os dois se tornaram bons amigos. Joy regularmente passou a ajudar Earl a riscar os itens de sua lista, e a reparar seus erros.

Um episódio central pra relação dos dois é no oitavo episódio da série em que Joy vai se casar com o amante com o qual ela chifrou Earl por anos, Darnell. Ela não convida Earl pro casamento, ele fica puto, fica bêbado invade o casamento e quebra coisas. Com vergonha da situação ele inclui “destruir o casamento da Joy” na lista de coisas erradas que ele fez, e insiste pra ela, que eles deviam se dar bem. Segundo o tema de que Earl devia fazer certo em seus erros ele dá uma nova festa pra Joy pagando tudo, e dessa vez ele é convidado.

E desse episódio em diante, a série não foca nesses dois sob o prisma do ressentimento. Earl não foi um bom marido, e ele quer corrigir pra sua ex o mal que fez pra ela, deixar ela tocar a vida é parte disso. Joy não está em uma jornada de redenção, e não tem vergonha do quão erradas são suas atitudes, mas esta cercado de gente boa tira o melhor deles, e ela se torna uma fonte de apoio e ajuda ao Earl em sua missão.

Assim como Zøg e Oona, esses dois definitivamente precisavam de um divórcio, para se tornarem amigos. E pelo formato do Earl estar em uma jornada de redenção, a série me vendeu bem essa amizade. Pois o bem que ele faz trás o bem de todos ao seu redor a tona.

8º Lugar: Jerry Seinfeld e Elaine Benes (Seinfeld):

Ao longo de 9 temporadas de série, o personagem Jerry Seinfeld teve um total de 73 namoradas. E eu olho isso e penso que a vida deve ser maravilhosa quando eu sou um comediante e posso escrever uma comédia em que o protagonista sou eu, interpretando eu mesmo, e o roteiro é: “apesar de meus defeitos eu estou transando com um número surreal de mulheres.”, e ainda falar “minha série é sobre nada”, sim porque a minha facilidade em arrumar namoradas seria nada também, se eu tivesse. Seinfeld não é o único que fez isso, é só o primeiro que eu tive a oportunidade de apontar isso aqui.

Dito isso, dessas 73 exes de Seinfeld, a Elaine é a mais relevante, por ser uma das protagonistas, e por ser, sem sombra de dúvidas a melhor amiga de Jerry. A gente não viu o namoro deles, não foi um desses términos de sitcon em que os atores precisarem aparecer todo episódio proíbe o término de afastar os personagens. Elaine é introduzida já como ex de Jerry e já como uma amizade imensa.

Jerry e Elaine não estão acima de terem recaídas, tentativas de reatar e no geral muito shipping indicando o potencial deles ficarem juntos, e apesar de terem episódios em que eles transam novamente e tentam uma nova chance, ao final da série, eles objetivamente seguiam somente sendo exes que eram melhores amigos, com uma pitada de benefícios.

E eu particularmente gosto, que pela natureza da série de dar muito foco pras aventuras sexuais dos personagens, a presença da Elaine como uma ex, permite que podres sexuais do Seinfeld venham a tona. Ele pode se gabar a vontade pros amigos homens, mas tem uma amiga na turma que sabe que parte daquilo não é verdade. O que agrega bastante.

7º Lugar: Sterling Archer e Pam Poovey (Archer):

Ok, nessa aqui eu estou roubando. Archer e Pam não são exes. Eles foram amigos de transa por um episódio. Um exato episódio. Eles tiveram esse rolê em que eles transaram feito coelhos pelo que não deve ter sido mas do que uma semana dentro daquele universo, e então o Archer largou a Pam para voltar com sua ex que ressuscitou como um ciborgue. Depois a ex-ciborgue do Archer deu um pé na bunda dele, e ele voltou a dormir com a Pam por um episódio e depois eles aparentemente nunca mais transaram.

Então porque eu estou incluindo isso aqui? Além de ser pra trapacear e pra falar bem de Archer?

Porque no primeiro episódio de Archer, a Pam tenta fazer terapia de casal com Archer e Lana, e o Archer dá uma surra na Pam com um golfinho. E nas duas primeiras temporadas, Pam é tratada como o alvo da piada.

Ela é gorda, e não é atraente, e ninguém quer comer ela, e ela fica triste de ser tratada mal.

Na terceira temporada eles resolveram repaginar a Pam como uma personagem com mais positividade sexual. E isso começa com ela e Archer transando. Onde contrariando as expectativas, ela é o melhor sexo que o Archer teve na vida.

E ela deixou bem claro que ela não achou ele grandes coisa não. Se a personagem gorda surpreendeu pelas suas habilidades na cama, o super-espião inspirado em James Bond se mostrou somente hype.

Enfim. A série não diretamente aponta essa relação entre causa-e-efeito. Mas a impressão que passa é que depois dessa mudança, da Pam como uma mulher que apesar de não ser convencionalmente atraente, é sexy, gostosa e tem sucesso em suas transas, e dela se conectar com Archer via sexo, que eles se tornaram grandes amigos.

Pois Archer é uma série em que ninguém gosta do protagonista. Ele é um péssimo colega de trabalho, e isso volta nele. Dentre os protagonistas que odeiam Archer estão incluindo sua ex tradicional, Lana, que cumpre o esperado, de uma personagem feminina que não quer ver o ex nem pintado de ouro, devido ao quão merda ele foi enquanto namorado. Lana odeia ele, Cheryl, outra colega com quem ele transou odeia ele. Mas ele e Pam não transaram de novo, mas depois dessa aproximação se tornaram unha e carne.

Pam é uma pessoa amistosa e sociável. E aborda um aspecto curioso quanto ao peso dela. Pois a ficção tem essa fetichização da mulher que ama álcool, videogames, comer pizza, comer hamburuger e transar. Como uma parceira de todas as atividades masculinas do herói, mas com quem ele transa. E apesar dela viver uma vida desleixada, sem se importar com nada, comendo feito um troglodita, enchendo a cara, ela continua gostosa. O que cria uma demanda de garota ideal inatingível que a ficção vende bastante. O canal The Take tem um vídeo super bom e didático sobre essa fantasia masculina e uma performance inatingível para garotas tentarem atingir com seus namorados. Mas Pam não. Pam é uma pessoa hedonista, que vive de prazeres imediatos e sem se importar e isso tem um claro impacto no corpo dela. O corpo dela é um reflexo dela vivendo a vida que ela quer, e ela está em paz com isso, e a personalidade dela definitivamente atrai toda a companhia que ela quer.

Mas o importante é, quando eles acertaram a personalidade da Pam, eles notaram que ela conseguiria tolerar o Archer, com paciência, humor e seu jeito amistoso. E mais do que a melhor amiga de Archer, talvez ela seja a única amizade genuína de Archer.

E começou porque o Archer tomou absinto demais e descobriu que ela era a melhor transa do planeta.

Eles não foram feitos para serem um casal, e nunca foram um, mas eles chegaram levemente perto de ser um o suficiente para descobrir o quanto em comum eles tinham. E essa atmosfera de quase um casal nunca foi embora. É impressionante o quão confortável Archer esteve em fingir que era namorado de Pam para a sua família, e também o quanto ele entrou no personagem e não deixou a irmã de Pam desrespeitar sua “namorada”.

Excelente amizade. Uma das melhores, que começou com muito, muito, muito sexo.

6º Lugar: Red Arrow e Chessire (Young Justice):

Tecnicamente, Red Arrow e Chessire não exatamente estão na vida um do outro mantendo a amizade. Tecnicamente a Chessire saiu pra comprar cigarro e nunca voltou, largando um bebê sem mãe nas mãos do Red Arrow, e legalmente eles ainda não estão divorciados. Isso é muito por conta de Chessire ser uma vilã, e não acreditar que consegue deixar a vida de vilã para trás, não querendo trazer os fardos de seu estilo de vida pra família, ela abandonou a família.

O que não é ser bons exes, pois o Red Arrow ficou abalado com o abandono e demorou pra conseguir seguir adiante sem acreditar que ela volta, e os dois claramente ainda se gostam.

Eles visivelmente seguem apaixonados, mas Chessire se recusou a dar esse passo, o de se aposentar da vida de vilania, e permitir que seus entes queridos paguem pelos seus pecados, em uma inverso curiosa, em que ela faz o sacrifício típico do super-herói, sendo uma vilã. Por isso se afastaram, e apesar disso ser longe de “estão todos de boa um com o outro”, eles seguem leais um ao outro. Não tem nada que Chessire não faria pelo bem de Red Arrow, exceto voltar pra casa. Chessire é uma má mãe, mas eu gosto da relação dela com seu ex.

Young Justice se destaca da maioria das animações de super-heróis, por mais que querer agitar shippings, querer mostrar uma maturidade grande na vida dos seus heróis, passando por como eles encaram suas vidas amorosas. E isso inclui alguns romances complicados. Eu não sei se Young Justice vai voltar a existir um dia, mas eu espero termos mais um reencontro entre Chessire e Red Arrow. Pois a cena deles se despedindo foi bem boa.

5º Lugar: Finn Mertens e Princesa de Fogo (Adventure Time):

Ok, essa dupla está aqui especificamente por causa de uma única cena. A cena m que o Finn se desculpa para sua ex. A segunda vez, a desculpa sincera, que está aqui justamente por ser sincera.

Eu gostava muito do namoro do Finn com a Princesa de Fogo, foi o interesse amoroso do Finn que eu mais gostei. Eu poderia ter gostado mais da Maga Caçadora, se ela tivesse aparecido mais, mas a Princesa de Fogo foi ótima. E bem, o namoro deles acabou quando o Finn cagou no pau, inventou de manipular a garota emocionalmente pois se excitava vendo ela lutar com o Rei de Gelo. Ela ficou puta e terminou com ele.

Apesar disso, existia, da parte dela, uma pré-disposição a ainda ser amiga de Finn. O que não existia era maturidade da parte de Finn pra isso. Ele se desculpou pelo incidente, disse que queria ser amigo, mas era muito visível que ele estava distraído demais querendo voltar com ela, e que ele não superou e eles se afastaram mesmo assim.

Quando eles se reencontram por acaso anos depois. Finn estava mais velho, ele topa com a Princesa de Fogo, e ela super amistosa chama ele pra passar o dia com ela. Como se nada tivesse acontecido. Ele fica estranho com isso e admite que quando ele pediu desculpas na hora ele só estava falando porque queria que as coisas ficassem bem, que ele não entendia qual tinha sido o problema e o que ele fez errado. E que ele pensou muito a respeito e queria pedir desculpas de novo, dessa vez pra valer. Ela elogia ele pelo quanto ele cresceu e perdoa ele de novo.

E eu acho fantástico que essa cena exista. Especialmente no quesito de lição de moral. A gente pede muita desculpa sem realmente estar arrependido de nada, especialmente na infância, e eu acho que essa cena ensina o verdadeiro valor de se pedir desculpas. A Princesa já tinha perdoado ele. Ela tava de boa, na cabeça dela eles já eram exes amistosos, mas Finn sabia que as coisas estavam erradas, pois ele ainda não tinha encarado a mancada dele de frente.

E então eles passam um dia juntos, onde Finn apoia a Princesa de Fogo em sua jornada de cantora de rap;

Adventure Time foi uma série muito mais madura do que o seu surrealismo e espírito maluco sugeria que seria. E isso se aplica pra relacionamentos. Ao longo da série Finn sal da infância e passou por uma longa adolescência, onde ele teve que aprender a lidar com muitos erros. E fazer as pazes com sua ex, foi parte dessa jornada.

Eu nem lembro se eles têm alguma cena juntos depois desse episódio. Mas não precisam. Não é sobre eles virarem melhores amigos inserapáveis, é sobre o Finn entender o valor que é tê-la como amiga.

4º Lugar: Reiko Asakawa e Ryuji Takayama (Ringu):

Ok, quando eu decidi que esse seria o tema do texto de Dia de São Valentim, eu já sabia que esses dois estariam na lista. Foi a primeira dupla que apareceu na minha cabeça do tipo de ex-parceiros que eu queria listar aqui. Mas eu achei que eles estariam mais baixos. Achei que eu ia achar exemplos muito maiores do que eu achei.

E esse caso me chama a atenção, pois muita gente não sabe, mas Ringu é adaptado de um livro. Um livro sobre um pai de família que vê a fita que mata em sete dias, e depois que sua esposa e sua filha veem a fita, decide tentar entender a maldição e sobreviver a ela, com a ajuda de seu melhor amigo.

O filme muda para uma mulher divorciada, que viu a fita, e então o filho viu a fita, e ela pede ajuda pro pai do menino. E essa mudança me soou como justamente o ponto. Mostrar um casal divorciado como os heróis do filme. O filme saiu 8 anos depois que o Japão legalizou o divórcio, e eu acho que o filme fazia um ponto em mostrar um Japão moderno, personagens que viviam o presente e todas as diferenças do presente pro Japão tradicional. E um casal divorciado ajudou isso a se passar.

Reiko e Ryuji não tem uma trama romântica, nem uma recaída, nem tensão sexual nem nada. Ryuji já tem outra namorada, e Reiko não briga com ela, ninguém faz um big deal disso. O filme queria muito normalizar essa nova situação.

Filmes menores fariam eles voltarem, para tornar a cena da Sadako saindo da tv mais trágica. Mas Ringu só queria de fato isso. Um casal divorciado, tranquilo e normal resolvendo um mistério juntos pelo bem do filho deles. E isso não devia ser pedir demais. Mas isso ainda não foi normalizado como um bom arquétipo de dupla protagonista de uma aventura. Pois o cinema ainda está construído na base do “alguém tem que pegar alguém”, para podermos ter a dupla aventureira que já se pegou, acabou, mas ainda tem aventura…

O que eu quero dizer com isso é que; O Dr. Alan Grant e a Dra Elle Satler voltarem no fim do último Jurassic World é a pior coisa do filme, e é o que impede eles de estarem nessa lista…. isso e o fato de que eu nunca dedicaria mais do que esse parágrafo pra falar desse filme merda… vou um passo além, o remake estadunidense de ringu talvez seja o maior exemplo de exes em uma aventura sem se pegar de volta do cinema estadunidense, e é por ser remake.

3º Lugar: Sophia Burset e Crystal (Orange is the New Black):

Quando você está na cadeia, uma coisa importantíssima de se ter é um aliado do lado de fora, alguém que possa te visitar, que esteja te esperando do lado de fora e que lembre que não importa o que você sofra na cadeia, que você tem pra onde voltar quando acabar. Esse é um dos motivos pelo qual as “saidinhas” tão criticadas são importantes, pois não ter laços do lado de fora nem um lugar pra onde voltar é algo que leva a pessoa de volta pra prisão.

No caso de Sophia Burset, essa pessoa era sua esposa, Crystal Burset. Eles não chegaram a legalmente se divorciar. Mas o arco de Sophia na primeira temporada era entender que o relacionamento delas havia chegado ao fim. Sophia é uma mulher trans, e Crystal deu todo o apoio que podia nessa transição, mas ela não era lésbica, e não queria seguir casada com uma mulher. Ao longo da primeira temporada, Sophia sofre com a ideia de que Crystal quer se relacionar com homens, mas elas fazem as pazes.

Porém, embora Crystal não queira seguia casada com Sophia, isso não se torna uma falta de apoio onde ela mais precisa. Quando a prisão pôs Sopha na solitária,  foi Crystal quem foi abordar o direto várias vezes sobre a falta de direitos humanos de suas detentas. Ela esteve ali pra lutar pela sua ex sempre.

De todas as personagens de Orange is the New Black, a Sophia se destacava pelo quanto ela podia contar e confiar na pessoa que ela tinha cuidando dela do lado de fora, o casamento delas acabou, mas a lealdade pela por Sophia não.

2º Lugar: Yukari Hayasaka e George Koizumi(Paradise Kiss):

Quando eu comecei a olhar quem ia e quem não ia pra lista, eu fiquei desapontado com o quão difícil era achar bons exemplos de mangás. Eu presumo que se eu fosse um rato de shoujo e josei eu eventualmente acharia bons, eu tenho certeza de que eu não ter ido muito a fundo nessa demografia me faz perder exemplos de muita gente quebrando normas de shonen e seinen que eu não sou fã. Porque romance shonen e seinen é muito focado em primeiro amor. Excessivamente. Muito sobre colegiais casando com os primeiros parceiros. É onde a obseção pelo match perfeito mais brilha.

Existem exes em shonens de romance, mas nenhum que eu queria por nessa lista. Mas existem poucos, de se contar nos dedos da mão. Mas tinha um exemplo excelente em um josei chamado Ikoku Nikki que eu só não coloquei aqui, pois não quis reler o mangá para pegar elementos da dinâmica para descrevê-la. Então o único exemplo de mangá que veio para aqui acabou sendo o casal principal de Paradise Kiss, que se separa no final do mangá.

Paradise Kiss é sobre uma menina chamada Yukari entrando e se envolvendo com o mundo da moda enquanto se envolve romanticamente com um estilista que está levando ela para esse mundo chamado George. E em resumo, o relacionamento deles não é bom. Paradise Kiss é sobre uma garota sendo seduzida e manipulada por um boy-lixo, e muitas cenas envolvem eu lendo pensando “não faz isso, larga ele”, e ela vai e dorme com ele.

Mas no final eles se separam. Ela eventualmente namora seu antigo crush. E George se torna uma memória. E eu sinto que no final eles firmam um ponto importante, que é o do valor dessas memórias. Tinha muita coisa no relacionamento que era ruim pra Yukari, muita coisa que era ruim no George e muitos motivos pra eles serem incompatíveis. Mas depois deles terminarem, ela escolheu lembrar de George como aquele que foi seu parceiro no período que ela estreou em sua carreira. Tiveram pontos positivos no relacionamento, e vale a pena lembrar deles com carinho.

No final do mangá ela e seu namorado estão indo ver uma peça de teatro que foi George quem fez os figurinos. Ela está usando um vestido que George costurou pra ela. O marido dela sabe e não liga pra isso, pois ele também carrega memórias positivas de uma ex, que escolheu outro homem.

Os relacionamentos são mistos, imperfeitos, tem risos e tem choros, mas a nostalgia não é necessariamente ruim. Como eu disse o relacionamento dela com George coincidiu com uma fase importante pra vida dela, e ela sempre vai olhar pra essa situação com carinho.

E eu adorei essa abordagem, eu chamei a atenção pra ela quando gravei o podcast sobre Paradise Kiss com meus amigos do Ao Quadrado, e nunca poderia não citar eles como exemplos.

1º Lugar: Diane Nguyen e Mr. Peanutbutter.

Bojack Horseman foi uma das séries animadas mais ambiciosas que já existiram. A série de humor galhofa envolvendo zoar celebridades, trocadilhos e piadas de animais, era carregada por um retrato intenso e envolvente de um homem cavalo com depressão a beira de um colapso, e como fama e fortuna não conseguem reparar os diversos danos psicológicos causados pela negligência de seus pais, a crueldade de uma indústria que gira em torno da exploração humana e a consequência de seus próprios hábitos auto-destrutivos. E em paralelo a jornada de Bojack, os demais personagens principais também atravessaram sentimentos complexos abordados com mais sensibilidade do que esperaríamos de um desenho animado desse estilo.

Enfim, uma dessas protagonistas é a Diane, cuja presença no mundo de Hollywood foi o que marcou a série. A série começa quando ela faz amizade com a celebridade Bojack Horseman e a série termina quando ela decide que não vai mais ser amiga dele, falando uma frase essencial:

“Eu acho que tem pessoas que te ajudam a se tornar a pessoa em quem você se transforma, e nós podemos ser gratas a eles, mesmo se elas não devam ficar na sua vida pra sempre, e eu fico feliz de ter te conhecido.”

E se isso se aplica a quem já foi o melhor amigo dela, isso também se aplica ao seu ex-marido.

Dois episódios antes dela se despedir de Bojack pra sempre ela liga para seu ex-marido, com quem ela foi casada por quatro temporadas até se divorciar no final da quarta temporada. Ela nota o quanto ele está mais maduro agora, ele pede desculpas por alguns problemas do relacionamento, ela se abre emocionalmente pra ele, e os dois ficam muito felizes um pelo outro. Ela imagina que eles teriam se dado muito melhor se o primeiro encontro deles fosse naquele momento, com os dois amadurecidos, mas Mr. Peanutbutter responde: “Se hoje fosse nosso primeiro encontro, nenhum de nós seria a pessoa que somos hoje.”

Diane e Mr. Peanutbutter não eram pessoas compatíveis, nem de longe. E ambos forçaram bastante para tentar fazer o casamento deles funcionar, e não funcionou no final. Eles queriam que tivesse funcionado, mas eles de fato não eram pessoas compatíveis. Mas isso não é o mesmo que dizer que o casamento foi um erro, que eles não aprenderam, trocaram nem cresceram um com o outro.

Mr. Peanutbutter era parte intensa de um mundo que não era bom pra Diane, como não foi bom pra Bojack, e no final ela abandonou essa mundo, seu amigo, seu ex-marido, mas tendo orgulho e feliz por ter vivido o que viveu. E tendo a certeza de que ela e seu ex-marido poderiam ser dar melhor do que nunca agora.

Entre relacionamentos que deram errado por coisas pequenas ou por serem tóxicos, mas eles acabaram, pois eles são histórias que passam em um mundo em que o felizes para sempre não existe, só que mais que isso: em que não é ruim que não exista.

São histórias menos focadas em personagens que acham almas-gêmeas, e mais em personagens que lidam com a vida, que se apaixonam, desapaixonam, tem arrependimentos, fazem merdas que não podem desfazer. E isso não torna eles pessoas ruins, nem faz parecer que relacionamentos dão errado quando uma pessoa é ruim. Só que essas coisas são parte da vida.

E são mesmo. E não são parte ruim da vida.

Eu pessoalmente fui muito impactado quando assistir Eternal Sunshine of the Spotless Mind que, cuidado, vou falar o final do filme agora, pula pro parágrafo seguinte e não termina esse parágrafo não, ok? Tá aqui ainda? Ok, no final do filme quando Clementine fala pra Joel que caso ele eles se relacionassem de novo, o relacionamento iria esfriar, e ele passaria ver defeitos nela e a odiar tudo. E Joel responde que tudo bem.

Pois o ponto do texto, e o de algumas dessas obras, é que a finitude não é um defeito desses relacionamentos. Que existem relacionamentos que não foram feitos pra durar, mas isso não significa que não valeu ter feito parte deles. E que ter algumas pessoas na sua vida pode valer a pena, mesmo se tiver começado em um relacionamento do prazo de validade.

E eu queria que mais obras explorassem isso.

Digo, de verdade, eu queria ter tido material pra um Top18, queria que minha gama de exemplos tivesse ido mais longe do que foi. Mas isso é porque sou limitado pelo seu repertório, então vou pedir que você leitor complete a lista falando quais exes da ficção vocês apreciam a dinâmica não-hostil nos comentários desse texto. Para que continuemos essa lista.

E para todos vocês eu desejo um excelente da de São Valentim, que passem com as pessoas que vocês amam, e desfrutem afeto e carinho em um dia em que celebramos só o melhor do que o coração oferecem.

Beijos para todos os leitores! Até o próximo texto!

Sobre o autor

Izzombie

Sou um cara chato que não consegue ver um filme sossegado sem querer interpretar tudo e ficar encontrando simbolismos e mensagens. Gosto de questionar a suposta linha que separa arte de filmes comerciais, e no meu tempo livre pesquiso sobre a história da animação.

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Sou um cara chato que não consegue ver um filme sossegado sem querer interpretar tudo e ficar encontrando simbolismos e mensagens. Gosto de questionar a suposta linha que separa arte de filmes comerciais, e no meu tempo livre pesquiso sobre a história da animação.

Alertas

  • – Todos os posts desse blog contém SPOILERS de seus respectivos assuntos, sem exceção. Leia com medo de perder toda a experiência.
  • – Todos os textos desse blog contém palavras de baixo calão, independente da obra analisada ser ou não ao público infantil. Mesmo ao analisar uma obra pra crianças a analise ainda é destinada para adultos e pode tocar e temas como sexo e violência.

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