Ringu vs The Ring: Parte 1 – Qual a diferença entre os dois e como os (bons) remakes funcionam.

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Vamos começar falando um pouco sobre os bastidores de produção desse blog e sobre o quanto eu sou um péssimo blogueiro, pois eu acho que isso me humaniza perante o público, mas também explica sobre porque eu estou aqui em pleno 2019 falando sobre The Ring. Um filme pro qual ninguém liga faz dez anos.

Eu queria ter escrito para o meio desse mês um texto em que eu ia olhar bem a fundo cada remake que a Disney fez e comparando esses filmes com seus originais um por um eu queria chegar a um ponto sobre porque remakes existem. E o que as significativas mudanças em filmes que ficaram bem diferentes (como The Jungle Book), e as sutis mudanças em filmes que ficaram semi-idênticos (como The Lion King) significavam. Pois bem, eu não terminei esse texto, ele não tava ficando com uma cara que eu estava gostando, e eu estava insatisfeito com minha incapacidade de chegar no meu ponto. Então esse texto voltou pra mesa de planejamentos para eu repensar ele em outra hora. Provavelmente quando Mulan estrear e o assunto estiver latejando na minha cabeça de novo.

Então eu tentei escrever um texto sobre filmes de terror tentando achar um grande tema que unisse todos os filmes de terror do mundo. E eu também me senti limitado pelo quão não longe minha pesquisa foi, e não fiquei satisfeito com o resultado final também. E esse também voltou pra mesa de planejamentos.

Mas para essa pesquisa que fiz, eu fui assistir Ringu, o grande clássico do horror japonês. Eu queria a perspectiva de filmes não americanos para fazer um contraponto. E bem, o texto não saiu, mas eu vi o filme. E aí… eu acabei vendo mais… outros cinco filmes da franquia toda…. E descobri que eu gosto dessa franquia. O que eu já devia suspeitar.

Sério gente, eu tinha 13 anos quando eu descobri o conceito de Samara Morgan e aquilo me desconsertou. Me fez perder o sono de medo. Me fez ter medo de televisão. Foi um filme que me impactou muito 16 anos atrás e daquele dia até hoje eu já revi The Ring pelo menos vinte vezes, sei o filme praticamente de cor, e é um dos meus filmes de terror favoritos de todos os tempos. E um dos meus filmes favoritos de todos os tempos.

O motivo pelo qual eu demorei 16 anos pra ver o original japonês era principalmente fanboyzismo. Eu sabia que The Ring tinha um lugar tão puro no meu coração que eu não queria correr o risco de Ringu me fazer comparar, e talvez arruinar alguma coisa nesse filme. Mas aí vendo Ringu pra fins de pesquisa eu vi que eu tava errado, eu precisava ver Ringu.

Eu tinha que comparar os três filmes americanos com os filmes japoneses, pois essa era justamente a deixa que eu queria para poder falar de como remakes funcionam, e para eu entender como expressar o que eu queria sobre remakes aqui no blog, não na perspectiva de como transicionar animação pra live-action, mas na perspectiva de como transicionar o oriente pro ocidente.

Pois dá para entender muito sobre remakes vendo os filmes. Eles são simultaneamente muito parecidos e muito diferentes. E entender onde eles são parecidos, e se isso é bom ou ruim. E entender onde eles são diferentes e se isso é bom ou ruim, é fundamental para entendermos como analisar filmes em uma época em que quase todo filme relevante é um eco de algo que já foi feito.

Vivemos a era do remake. E nós julgamos um remake essencialmente comparando com o original. Talvez não devessemos comparar com o original, mas é incrivelmente inevitável, uma vez que esses filmes dependem do original para chamar sua atenção, e a publicidade desses filmes coloca tanto foco em comparar e te fazer lembrar que tem outro filme.

Então quero propor aqui uma comparação de como o filme americano e o filme japonês dialogam. Mas antes tem um diálogo que precisa ser estabelecido para contextualizar melhor.

O filme de 1998 X O Livro

Porque Ringu é antes de mais nada um livro. E olha, foi um plot-twist pra mim também.

Vamos falar um pouco de Ringu. O filme estreou em 1998 como uma adaptação de um livro de 1991. O filme não foi a primeira adaptação que o livro recebeu, mas a quarta. Seguindo um mangá de 1996, um audio-drama de 1996 e um outro filme, chamado Ring: Kazenban em 1995. Mas apesar de já ter tido uma adaptação cinematográfica antes, e apesar do livro obviamente ser popular ao se ver o quanto suas adaptações já estavam em diversas mídias antes de Ringu surgir, apesar disso, Ringu é o que entrou no imaginário popular de todo mundo e é a obra principal em que a maioria das pessoas vai pensar quando pensar nessa história.

Até porque vamos lá Kazenban nem aparece a Sadako, já que lá as vítimas morrem de ataques cardíacos.

O filme fez história. Ele jogou Sadako Yamamura no imaginário popular de maneira que ela virou a maior referência para o arquétipo da menina fantasma com o cabelo longo e emaranhado. Um arquétipo que é mais velho que a Sadako, mas agora que ela existe, é a primeira pessoa que todo mundo pensa. O filme trouxe a figura da onryo para o imaginário japonês do filme de terror e gerou uma toneladas de filmes de pessoas aterrorizados por onryos. Sendo onryos fantasmas agressivos, em busca de vingança, em sua maioria mulheres, querendo vingança contra as injustiças que sofreram em vida. Caracterizadas por se vestirem de branco (pois são as roupas que os mortos usam no funeral), e pelos seus cabelos longos e soltos (pois a mulher tradicionalmente mantém seus cabelos sempre presos e em seu funeral a morta está de cabelos soltos, sendo uma imagem dela que a maioria de seus conhecidos nunca vai ter visto em vida, os cabelos definitivamente chamam a atenção numa mulher morta). Foi no sucesso de Ringu que Jun-Ou para citar o exemplo mais famoso surfou, e depois desse Dark Water, e Chakusin Ari. Todos esses receberam adaptações americanas futuramente.

Uma coisa curiosa para se marcar o sucesso do filme, é o quanto o filme é radicalmente diferente do livro em muitos aspectos. E nesse braço de guerra é muito óbvio que é o filme que entrou no imaginário popular enquanto os acontecimentos do livro soam até estranhos para quem está familiarizado com o impacto do filme.

É só ver que nos livros quem assiste as fitas de vídeo morre com um ataque cardíaco. Mas no filme de 1998, temos a icônica cena de Sadako saindo da televisão para pessoalmente matar suas vítimas com seu olhar. E essa cena foi exatamente o que me tirou o sono.

Eu escrevi aqui sobre como o meta-horror é um gênero que se dedica a explorar o medo enquanto destrói a única coisa que protege você dos monstros do filme: a quarta parede. E é exatamente isso que Sadako fez e essa cena é do caralho. Entrou pra história.

E é só ver que existe um remake coreano que adapta o livro e inclui elementos que não foram para os filmes (como a questão do gênero de Sadako, que nos livros teria síndrome de insensibilidade a andrógenos, onde uma pessoa com os cromossomos XY não responde à testosterona e desenvolve um corpo feminino com uma vagina, mas sem útero com testículos dentro do corpo onde os ovários existiriam, a única Sadako que possui essa condição que é parte importante do personagem no livro, é a versão coreana). E mesmo esse remake manteve a cena da Sadako saindo da televisão. Assim como manteve a mudança de gênero do protagonista masculino casado do livro para uma reporter mãe-solteira igual a do filme de 1998.

Não só a cena foi pro filme do Coreano, notavelmente mais fiel ao livro que o japonês. A cena é a capa do dvd.

Então acho que vamos falar primeiro sobre essas duas mudanças. Sadako agora sai da televisão e seu fantasma mata as vítimas em vez de um ataque cardíaco. E a protagonista em vez de ser um homem temendo perder sua esposa e filha, é uma mãe solteira temendo perder o filho.

Entender essas mudanças não só ajuda a entender uma possível razão do filme ter substituído o livro no imaginário popular. Mas também ajuda a entender o que o diretor queria dizer com esse filme. Mais do que reproduzir o livro, o diretor queria usar a história base do livro para repensar mais temas, e a fita de vídeo amaldiçoada era a chave para ele entrar no assunto.

Para começar a série de livros não é uma série de terror. Talvez o primeiro livro tenha sido encarado como terror na época. Mas os livros enquanto série, e são seis deles, são um thriller de ficção científica que usam elementos da ciência e da medicina para racionalizar elementos psíquicos dos personagens. Inclusive, o nome do livro, não vem do círculo que foi a última visão que Sadako teve do mundo de dentro do poço. Mas sim o Ring Virus, que é o vírus mutado do vírus da catapora que infecta o corpo de quem assiste a fita de vídeo.

Mas assim, dando um disclaimer aqui, eu não li os livros, só pesquisei bastante sobre seu conteúdo para escrever esse texto, com foco nas diferenças da adaptação. O que significa que eu não sei interpretar o livro. Então não sei que temas o livro trás a tona mesmo. Mas assim, o que eu sei sobre o livro é sua história, não sei como ela é contada nem o que recebe mais ou menos foco, e o ponto desse texto é justamente que isso faz a diferença. Não posso julgar o que o livro quis passar, só o tamanho e impacto que os elementos diferentes do livro causaram ao filme.

Mas o que o filme faz é misturar a cultura tradicional japonesa. Uma onryo que representa uma assombração tradicional de sua cultura e folclore, que em vida havia sido uma psíquica, pois os japoneses têm uma relação com a mediundade muito maior e mais naturalizada que os ocidentais. Essa cultura japonesa secular de misturou com a modernização japonesa que aconteceu com grande força no pós-guerra com os altos investimentos pra reconstrução do país. Os fantasmas agora se manifestam por fitas de vídeo. Pela televisão. Pelo telefone. Pela câmera polaroid. O Japão mudou e evoluiu muito rápido, de um país isolacionista, tradicional e conservador quanto a manter o jeito clássico de se fazer as coisas para um dos países mais avançados e pioneiros em tecnologia do planeta. Um país cuja estrutura interna ainda se assemelhava ao feudalismo até o fim do século XIX se tornou no século XX um dos países mais avançados do planeta. E o seu folclore se adaptou ao novo Japão.

Sadako é inspirada em Oiwa, provavelmente a onryo mais famosa do Japão tendo sido adaptada 30 vezes para o audiovisual já. Oiwa foi envenenada pelo seu marido que queria casar-se com outra mulher que lhe daria mais vantagens no casamento. Pois bem, o marido de Oiwa a envenenou e o veneno deixou seu olho esquerdo deformado. Pois bem, quem lembra qual é a última coisa que as vítimas de Sadako veem? O olho morto dela.

A peça kabuki sobre Oiwa, Yotsuya Kaidan é uma ficção, mas é inspirado em fatos reais, o que significa que uma mulher chamada Oiwa foi assassinada de verdade, e ela tem um túmulo que existe pra ela nos arredores de Tóquio, perto desse túmulo tem um templo para as pessoas rezarem por ela. E antes de qualquer adaptação feita de Yotsuya Kaidan, o diretor e os atores tradicionalmente vão ao templo pedir a permissão de Oiwa antes de realizar a adaptação, com rumores de muitos acidentes fatais terem acontecido em produções de Yotsuya Kaidan tendo sido causados pelo fantasma de Oiwa.

A história de Oiwa apesar de suas 30 adaptações, é reconhecida primariamente por ser uma peça de teatro do estilo kabuki, o estilo tradicional do teatro japonês. Essa história foi escrita no século XIX, e foi chamou a atenção na época por tirar os fantasmas da casa dos grandes aristocratas e colocá-los na casa de pessoas comuns e falar “esse fantasma têm acesso a sua vida.” Tornar o terror dos fantasmas e onryos mais próximo, tornando as vítimas mais próximas de você. Não sei dizer se foi o primeiro a fazer isso, mas foi impactante por tê-lo feito.

E vamos ser sinceros? A gente faz piada sobre como os métodos de Sadako atingir suas vítimas dataram rápido. Mas um cidadão japonês médio em 1998, tinha no VHS, um dos itens tecnológicos mais modernos de seu tempo. E quando o fantasma tem acesso ao seu VHS, telefona para você do além e transforma a tela da televisão da sua sala num acesso ao mundo dos vivos… ele reproduz o exato mesmo impacto que Oiwa causou: esse fantasma têm um acesso muito mais direto a sua vida do que se esperava. O Japão mudou muito, mas você não está mais seguro da ira dos fantasmas do que um japonês do século XIX estava.

Em 1998 minha mãe casou com o homem que se tornou meu pai. E meu pai tinha uma casa no sítio e uma casa na praia. E o fato de ambas não possuírem nem TV nem telefone me frustrava. Eram essencialmente as duas únicas peças de tecnologia da minha casa na cidade que não tinha nesses lugares, e pra mim era a grande marca de que eu sai da minha zona de conforto. Ironicamente hoje tem televisão lá, mas não tem wi-fi, então eu ainda me frustro, pois sou um cara que prefere os confortos da vida urbana ao isolamento da natureza. E aquela casa mesmo avançando sempre está na década passada.

Mas voltando ao ponto: O Japão mudou, mas não perdeu seu folclore. Eles estão lá imersos no Japão tecnológico.

Sério, essa cena da Sadako saindo da TV é do caralho. Tem vários motivos de porque ela é fantástica e tudo nela é uma ideia excelente. Se tornou a cena mais famosa do filme, e aquilo pelo quê o filme é mais famoso, e eu acho merecido.

A ênfase em um Japão moderno era enfatizado na protagonista. Em vez de um pai de família, preocupado com sua esposa e filha era uma mulher. Uma mulher ambiciosa, com uma carreira promissora. E mais que isso, uma mãe divorciada, e em bons termos com seu ex-marido e pai de seu filho. O filme nunca explica porque os dois se separaram. Mas sabemos que eles seguem amigos a ponto de se ajudarem sem nenhuma estranheza, ou sequer tensão sexual. No meio do filme Reiko, a protagonista conhece a namorada do seu ex, e é introduzida como a ex-esposa e nada estranho sai disso.

E bem, a lei que permite a um casal se divorciar meramente pelo fato de que os dois concordam em se separar, sem a necessidade de ir pro tribunal provar que o cônjuge fez algo errado e que o contrato do casamento foi quebrado, nada disso, mero acordo comum entre as duas partes, esse tipo de divórcio só passou a valer no japão em 1990, período em que o número de divórcios quase dobrou no Japão.

Uma mulher divorciada, investida numa carreira que segue amiga do seu ex-marido, isso era um retrato claro da mulher moderna. Reiko Asakawa era uma protagonista do presente que não existiria dez anos antes e isso enfatiza o quão diferente o Japão era do Japão de Oiwa, que foi assassinada justamente, pois naquela época não dava pra divorciar. Daí o impacto de mostrar uma onryo invadindo essa modernidade. Invadindo e incorporando, tornando essa modernidade sua marca.

E a pergunta que fica é: porque uma obra que dialoga tanto com o contraste do Japão dos anos 1990, com um Japão do século anterior, captou o interesse dos Estados Unidos que queriam fazer um remake? E a resposta é muito óbvia.

Muito dinheiro no rolê. A bilheteria foi estrondosa, e os estadunidenses queriam uma fatia dessa torta também.

Mas uma vez decidindo fazer esse remake, como acertar no dinheiro? Como fazer o filme funcionar? Como os americanos se conectariam com algo que dialogava tanto com elementos japoneses? Divórcio, onryos, mediums e diálogos com peça kabuki, nada disso ressonava no público ocidental dos anos 1990.

The Ring, o remake americano.

A resposta foi: fazendo uma coisa completamente diferente.

Olhando em sua superfície, o filme japonês e o filme americano são praticamente a mesma coisa as coisas que acontecem em um, acontecem no outro.

– Duas meninas conversam sobre a lenda urbana da fita de vídeo, e uma delas morre, com a outra sendo internada no hospício traumatizada? Checado.

– A tia da que morre, é uma jornalista em busca de um furo, e percebe que a sobrinha se envolveu em algo grande? Checado.

– Ela investiga a morte da sobrinha e dos quatro amigos dela, e chega num acampamento com um VHS que ela assiste. Uma vez tendo assistido ela entende que a maldição é real e que agora ela só tem sete dias de vida? Checado.

– Ela chama seu ex para ajudar, crente que ele teria informações relevantes, por ser muito inteligente. Ele assiste a fita de vídeo, pede uma cópia para ela, para que analisem melhor a fita reassistindo, e eles decidem juntos investigar o conteúdo da fita? Checado.

– Nesse meio tempo o filho deles, uma criança madura pra sua idade, assiste o vídeo e coloca um peso a mais na missão de descobrir como escapar da maldição? Checado.

– A investigação leva eles a uma tragédia familiar em uma ilha isolada. Onde uma menina local tinha poderes psíquicos notáveis. Essa menina foi mal tratada, assassinada e jogada em um poço. E usou seus poderes psíquicos para contar a sua história através da fita de vídeo? Checado.

– Os dois então de dedicam a encontrar o poço onde ela foi morta e sepultar o seu corpo, acreditando que se eles fizessem isso, trariam paz ao seu espírito e reverteriam a maldição? Checado.

– Eles acham o poço. Libertam seu espírito. Temos essa cena da protagonista abraçando o esqueleto da menina. Tudo parece bem, mas é um falso final? Checado.

– Passa-se o sétimo dia e a protagonista segue viva. Confirmando que a maldição acabou? Certo.

– Na segurança de sua casa. O ex da protagonista é morto pelo fantasma da menina que sai da televisão. Mostrando que a maldição segue ativa e potente. Checado.

-A protagonista desesperada, pois seu filho não está a salvo, entende que ela só se salvou, pois copiou a fita e passou para outra pessoa. E então faz seu filho copiar a fita e ele estará a salvo? Checado.

Do começo ao fim. É um filme sobre as mesmas coisas acontecendo. É igual, tudo o que rola é igual, e eles só mudam os nomes japoneses, para nomes americanos.

Mas ser um filme em que as mesmas coisas acontecem, significa que é um filme que fala sobre as mesmas coisas? Ah agora que o bicho pega. Não, não significa, e esse filme não fala.

The Ring, se difere de The Grudge, que faz o filme se passar no Japão e usa atores japoneses pros fantasmas, nos lembrando da conexão do filme com o outro lado do mundo e de que aquele é um terror japonês (um conceito que os produtores fãs da Scarlett Johansson não são capazes de compreender). The Ring foi completamente localizado para os EUA, e com isso, os poderes de Samara, a Sadako americana, foram colocados em uma perspectiva muito diferente, que ressalta as diferenças culturais entre EUA e Japão, e também as diferenças de zetgeist entre 1998 e 2002.

Sadako Yamamura foi uma esper, como sua mãe foi uma também. E apesar de obviamente o Japão possuir gente que crê e não crê no sobrenatural tanto quanto em qualquer parte do mundo. A ideia de que uma pessoa é uma psíquica não é instantaneamente um sinônimo de fraude ou de impossibilidade na cultura japonesa, nem visto como algo completamente anormal. A pessoa no caso só não acredita. Não diferente da minha relação com astrologia, eu não acredito, mas não é bizarro uma pessoa acreditar. Reforço o fato de que visitar o fantasma da Oiwa é um ritual para a produção de adaptações de Yotsuya Kaidan é um ritual que acredita-se: evita mortes. E ninguém zoa quem acredita nisso. A crença de que algo assim pode existir é mais naturalizado na cultura deles, e mas verossímil de se crer, dada a maneira como eles interpretam energia e espiritualismo.

O ponto onde isso é mais perceptível é no personagem Ryuji/Noah. Noah no filme americano é um cético que demora muito pra levar a maldição a sério e acreditar que está em perigo, sempre dando o contraponto do homem sério que não acredita em maldição. Ryuji, sua contraparte no filme japonês, não só acredita na maldição, como serve de Sr. Exposição para nos explicar como a maldição funciona depois que a investigação começa. Nas sequências será revelado que ele próprio era um psíquico. Em ambos os casos o personagem é marcado como o inteligente do rolê.

Por isso Sadako Yamamura não é um ser humano completamente deslocado só por ter poderes. Sua mãe tentou fazer uma carreira como psíquica e foi acusada de fraude e se suicidou, o que é inspirado em uma psíquica que existiu de verdade no Japão.

Sadako assassinou com seus poderes o homem que acusou a mãe de ser uma fraude e a intensidade do quão fortes eram seus poderes, fez com que ela fosse sequestrada e explorada por um médico interessado em usar seus poderes. Até o dia em que ele resolveu jogá-la no poço como queima-de-arquivo pelos seus atos criminosos.

Os poderes de Sadako estavam diretamente conectados aos caminhos de sua vida que levaram a seu assassinato. Mas não é o caso de matarem ela por que seus poderes faziam dela uma completa abominação…. Inclusive Ring 0 depois retcona uma segunda personalidade maligna em Sadako para justificar os maus tratos que ela sofreu, justamente pois ser uma esper não era o bastante. Aliás o fato de vários outros personagens da franquia japonesa, terem também dons psíquicos, incluindo o filho de Reiko, Yoshio e o já mencionado Ryuji, já mostra como esses poderes não são o que torna Sadako maligna.

Isso é um retrato muito próprio da cultura japonesa de como seria a vida da Sadako.

Na cultura americana isso não se repete. No filme americano, os poderes de Samara não veem de sua mãe. E fazem dela uma abominação. Um pescador no filme comenta sobre como o homem não deve nunca mexer com a natureza, e em uma cena infelizmente deletada. A Samara é uma existência não natural, e que nunca vai existir em paz com o mundo ao seu redor.

O filme dá ênfase no fato de que os Morgans não conseguiam conceber um filho. E deixa implícito que se envolveram com um médico estranho para a mãe de Samara poder engravidar. Eles deixam esse assunto vago, e isso depois é retconado com o fato de Samara foi adotada nas sequências. Mas a associação da insistência dos Morgans em terem um filho quando eram biologicamente incapazes de gerar um ter sido o que causou sua ruína é enfatizado no filme.

O primeiro filme nunca menciona religião em momento algum, mas todo esse lance de “nunca mexer com ordem natural das coisas” soa religioso, e religião é um ponto forte nos EUA, que é mais forte ainda em zonas rurais americanas como as em que Samara cresceu.

A mera presença dela fez os cavalos da sua mãe adotiva se suicidarem. O que culminou no suicídio de sua mãe, e no ódio de seu pai adotivo. Depois disso, a presença do espírito dela ao redor de Rachel fez os cavalos no barco que ela pegou se suicidarem igualmente. Os suicídios dos cavalos são um constante sinal do quanto a existência dela atrapalha o mundo natural.

Sendo visto por esse prisma, o filme coloca-se a tecnologia pela qual Samara opera não como contraste com uma época passada, onde ela não existia. Mas em contraste com o conceito do mundo natural. Todos os elementos pelos quais ela se comunica com os personagens são artificiais e criados pelo homem. A televisão, o telefone e o VHS, naturalmente. Mas também as bolas de gude que indicam a localização do poço. As máquinas fotográficas e câmeras de vigilância que revelam quem está marcado. A televisão caindo em Rachel que joga ela no poço, e o próprio poço que ela queria que descobrissem. Tudo é artificial, criado pelo ser humano. A única interação que Samara faz com o mundo natural é matar.

Samara deixa sua marca nas coisas através de queimaduras. Ela queimou as imagens de sua vida naquele VHS do mesmo jeito que queimou a imagem de uma árvore na parede de madeira. Do mesmo jeito que queimou a sua mão na pele de Rachel. Seus poderes são agressivos e entram nas coisas como queimaduras. A cena de Samara marcando o braço de Rachel é muito mais hostil do que Sadako marcando o braço de Reiko.

Quando Sadako sai da televisão, ela tem uma aparência de uma pessoa normal, sua pele é normal, seus dedos não possuem unhas, de suas tentativas de escalar o poço. E seu olho é caído em homenagem ao olho deformado de Oiwa. Mas Samara, o que chama a atenção nela é que sua pele é branca. Não branca de caucasiana, do mesmo jeito que Rachel é branca. Literalmente branca. Um cinza bem claro. E o motivo disso é que ela não mudou a cor do seu visual depois de sair da televisão, sendo que ela saiu de um filme preto e branco. Samara é uma existência em preto-e-branco em um filme colorido.

Aqui, comparem o branco do braço dela, aparecendo na realidade com a cor do braço dela na foto anterior do texto, em que ela aparece em um sonho, e compare como o braço dela é branco.

Antes de matar Noah, Samara faz um glitch em si mesma, do mesmo jeito que Vanellope faria. Ela não é um ser natural. Nem na perspectiva fantasma. Ela é um reflexo da televisão, da tecnologia. Mesmo fora da televisão, ela ainda é uma imagem televisiva, sofrendo pequenos defeitos de recepção.

Ela avança enquanto está dentro da televisão em direção a tela como se alguns frames tivessem sido comidos por defeito. E fora da televisão ela faz a mesma coisa. É diferente de um Zumbi correndo em alta velocidade ou do Jason se teletransportando. É… estranho, causa o estranhamento da artificialidade, vemos que é um truque de câmera, e Noah provavelmente viu isso também.

E isso pode ser refletido principalmente na completa descrença de Noah de acreditar que estava em perigo ao ver a fita. Noah mora em Seattle, uma cidade imersa na tecnologia. Enquanto Noah vê o filme, Rachel sai do quarto, pois não quer rever aquilo, e observa seus vizinhos. Todos estão ou vendo TV ou falando ao telefone. Todos estão naturalmente imersos no mundo por onde Samara se manifesta. Por isso a ameaça que é a fita ou o conceito de Samara Morgan demora para chegar nas pessoas.

Mas Samara cresceu em uma zona rural de criação de cavalos. E ali ninguém era cético a ela, todos tinham medo dela. Falam para Rachel que a ilha ficou melhor desde que ela morreu. Quem está afastado da tecnologia e em contato com a natureza, nota na hora o mal que ela faz.

Em vez de trabalhar a tecnologia como algo que pode se integrar com um folclore. Até porque Samara não se manifesta igual os folclores norte-americanos. O filme trabalha a tecnologia como algo que nos desconectou com o que é importante e incapaz de ver o mal quando ele nasce. Samara não era uma existência boa, seu ódio é ligeiramente legitimado, ela foi injustiçada em vida e tem o direito de estar furiosa, mas ela é uma existência maléfica. E isso é reforçado pelo fato de que ela seguiu com sua maldição depois de ter seu corpo descoberto por Rachel.

Samara é ligeiramente menos redimível que Sadako por causa disso. A cena que adicionam de Aiden falando para Rachel “você não deve ajudá-la”, nos faz perceber, que mesmo tendo sido injustiçada, nada bom virá de ajudar Samara, pois ela não vai fazer nada que não o mal, tendo a oportunidade. Seus poderes são maus e não serão usados pro bem jamais. Ela ainda interferir no nosso plano após sua morte, é maligno. E a adição dessa única cena de Aiden falando pra mãe não ajudá-la é que marca isso.

Em uma perspectiva religiosa, Samara é literalmente um demônio que veio pra terra. E seus poderes são um reflexo disso.

Curiosamente. Sadako vem da palavra sada, que dignifica castidade. Uma referência a sua condição no livro de ser incapaz de se reproduzir, e com sua obsessão por reproduzir-se, o que é uma característica dos livros, que não traduziu para o filme japonês, mas eles tinham que usar o mesmo nome para fazer a ponte com a obra original. Samara por outro lado significa “Protegida por Deus”, um nome hebreu, tão irônico quanto chamar de casta uma menina obcecada em reproduzir-se.

Os nomes de The Ring se puxam de temas religiosos. Rachel, a esposa de Jacob, significa “ovelha” em hebreu, curiosamente Rachel foi usada por Samara criando uma cópia da fita e passando-a adiante. E depois foi usada, tirando o espírito de Samara do poço, mesmo que isso não fosse necessário para parar a maldição. E no fim tudo foi inútil, pois não deteve as mortes. Aiden, o menino creepy que tinha uma conexão maior com Samara que seus pais, vendo-a em seus sonhos, e sabendo como ela opera por intuição. Tem o nome de um deus pagão. O deus sol da mitologia Celta, desconectado da bíblia. E Noah, naturalmente é o escolhido a dedo por Deus para ser o único ser humano a sobreviver o dilúvio, ironicamente é o único do trio a morrer, nas mãos de uma menina querendo vingança, morta na água.

A invasão da tecnologia nas nossas vidas são as armas para uma entidade assassina e anti-natural invadirem nossas vidas e nos matar. Mas essa entidade é morta pela água, um grande símbolo da natureza, e também o elemento natural mais associado a vida. O pai adotivo de Samara se suicida no meio do filme, cansado de ser atormentado pela filha, usando a combinação clássica de banheira+televisão. Água e equipamentos elétricos, uma combinação letal.

Samara está molhada e pingando em todas suas aparições. A água se torna um símbolo da presença dela, por que sua alma está eternamente no local de sua morte.

Agora a pergunta. Tudo o que eu apontei que permite aos filmes americanos fazer um paralelo entre Samara e uma espécie de anti-cristo, são elementos que vieram do filme japonês, mas o filme japonês não fez essa interpretação. Sadako ter vivido em uma ilha rural não reforça a questão do natural vs artificial, pois essa ilha tem uma relação sem conflitos com poderes psíquicos, o que o filme americano fez, foi usar desse detalhe para enfatizar um assunto que o filme japonês não mencionou.

O diabo está nos detalhes, e esse é o ponto do meu texto. A exata mesma história, mantendo a sua base, pode direcionar diferentes interpretações dependendo de seus detalhes.

Por exemplo, querendo chamar atenção para mais um detalhe na cena em que o ex da protagonista morre. Pois eu realmente amo essa cena. Reparem que na versão japonesa a televisão liga sozinha já mostrando o poço e com um chiado muito pequeno. Enquanto a versão americana liga numa televisão sem sinal, com um chiado alto que depois vira o poço. E então a protagonista telefona, na versão japonesa Ryuji atende, mas na americana Noah não atende.

Com esses dois detalhes, o filme americano marcou o som do chiado da televisão e o som do telefone tocando infinitamente como elementos fundamentais da construção do clima de perigo da cena. O som que esses objetos fazem se tornam creepy nesse filme. E o filme inteiro, toda cena que o telefone toca ficamos tensos. E o chiado da televisão é usado o filme inteiro para nos deixar inquietos.

Essas coisas são detalhes.

E detalhes diferentes são a alma de qualquer remake.

A exata mesma conexão levanto um personagem do ponto A ao ponto B ao ponto C, e por aí vai chegando num climax e num desenlace e enfim em um final. Esses elementos podem ser idênticos e fazer histórias completamente diferentes. Pois depois que uma história está criada qualquer um pode recontá-la. Essa é a magia de uma história, ela existe no imaginário e qualquer um pode contá-la a qualquer um se já tiver ouvido antes, e elas se espalham assim.

Agora cada pessoa que conta uma história conta de uma maneira diferente a mesma história, e contando de uma maneira diferente, colocam-se valores, temas, subconscientes, símbolos, paralelos diferentes. Existem tantos filmes quanto expectadores, pois cada um vai ver um filme diferente, isso é verdade e isso significa que se todos eles forem recontar o filme vão recontar um filme diferente.

E quem determina isso são os detalhes. Não o plot. Acusamos muitas vezes um remake de não mudar nada do plot, mas se ele muda os detalhes ele muda o filme inteiro, é que nem mudar o tempero de uma receita, você pode aperfeiçoá-la ou destruí-la mudando os temperos.

No livro, as vítimas de Sadako morrem de ataque cardíaco, e portanto nada acontece com seus rostos.

O filme japonês, por ser uma mídia visual, acrescentou o detalhe do rosto marcante com o qual as vítimas morrem. Gritos expressivos de histeria ao serem atacados por Sadako.

O filme americano exagera essa expressão. Os gritos expressivos não são mais expressões reproduzíveis ou possíveis de serem feitas. As bocas se distorcem para além do possível, e a pele resseca, gerando uma expressão monstruosa de quem entrou em contato com algo demoníaco.

Nesse detalhe que nada altera no plot, o filme americano colocou uma marca clara da Samara como uma força demoníaca. Não diferente em conceito do pescoço da Regan virando 360º no Exorcista só para lembrarmos que ela não é um ser natural.

A escolha de casting que decidiu escalar Rie Ino, de 31 anos para interpretar Sadako, é muito contrastável com a decisão de escalar Daveigh Chase, de 12 anos para interpretar Samara. O ato de escalar uma criança como demônio, e diferente do primeiro filme, deixar claro que o fantasma segue numa forma infantil, ajuda a comparar Samara com Raegan, as duas grandes menininhas-monstro dos filmes de terror ocidental. Enquanto a mulher adulta, mesmo que sendo o fantasma de uma vítima criança ajuda o expectador japonês a ver um reflexo de Oiwa na personagem.

Repetindo o exemplo. Sadako ao sair da televisão recebe como foco em seu corpo, suas unhas destruídas. Um foco no seu desespero e sofrimento antes de morrer. Algo que legitima sua raiva e sua vingança. No filme americano não temos um close para verificar de Samara ainda tem suas unhas ou não. Mas vemos ela fazer o glitch. Um foco nela como uma existência que é uma extensão da televisão, um ser não-natural. Dois focos distintos que fazem uma personagem no mesmo figurino desempenhando a mesma ação estar dialogando como elementos diferentes.

O foco no filme japonês do fantasma de Tomoko ter feito Yoichi assistir a fita, naturaliza a presença de fantasmas naquele mundo e não marca a existência de Sadako como estranha. Esse elemento é excluído do filme americano e numa exclusão, a presença de Samara se torna estranha. Muita gente morre no filme, mas somente Samara gerou um fantasma.

Um remake muda as coisas pelo que inclui e também pelo que não inclui.

Eu acho The Ring um remake bom. Ele reconta a história, trazendo-a a outro público. Ele trouxe a personagem de Samara pro imaginário do terror, onde ela se instalou com um enorme sucesso, mas nem de longe veio com a pretensão de substituir a Sadako, que segue firme e forte no Japão e no imaginário. Japonês. Até agora tem filme dela saindo.

The Ring não tem a pretensão de substituir Ringu. E trouxe uma quantidade grande de americanos para o mundo do J-Horror. Abriu temporariamente um mercado para adaptações de J-Horror nos EUA (que morreu cedo), e serviu como uma forma muito efetiva de divulgar o original. Mas apesar disso, se sustentou sob as próprias pernas, fez um filme que funciona muito bem pra quem vê sem contexto, e bateu numa temática forte de valorização dos elementos naturais X demonização da tecnologia, que dialoga com uma cultura que na busca constante pelo progresso e pelo futuro destrói a natureza cada vez mais, e em 2002 esse era um assunto que já estava sendo falado pelas pessoas e deliberadamente ignorado. O quanto o avanço das indústrias destroem a natureza e qual é o preço que o homem paga. aquecimento global já era um conceito nessa época.

Não acho que The Ring ou a Samara sejam metáforas do aquecimento global. Somente que o filme reflete ansiedades que dialogam com quem está cada vez mais preocupado com o tema. E que isso ajudou o filme a ser o sucesso que foi.

Porque a cena dos cavalos se jogando do navio é boa para cacete, e me impactou bastante quando eu vi. E é exatamente isso, um animal se suicidando, a natureza em si sendo destruída em pavor a um espírito.

Diferente do senso comum, eu não acho que The Ring é um filme que existe só pros americanos não precisarem ler as legendas em Ringu. É um filme que merece existir, e isso se nota no quão diferente o filme é do japonês…. Mesmo o plot sendo idêntico.

No passado eu falei sobre o mesmo aqui, apontando como as diferenças entre Beauty and the Beast de 1992 e Beauty and the Beast de 2016 fazem os filmes terem mensagens completamente diferentes sobre redenção, julgar um livro pela capa e sobre o Gaston no filme.

Tudo principalmente questão de ênfase e foco. Que elementos da história se ressaltam são importantes, para mesmo que a história não mude, o que marca o expectador muda, como ele recebe a mesma história muda.

O Stephen King enche o saco pra cacete que o Kubrick destruiu seu livro The Shining, focando muito no ponto de que entre várias outras mudanças, no livro o Jack é queimado e no filme ele é congelado, e que essa mudança personifica o quão oposto ao dele era o pensamento do Kubrick.

O Stephen King está certíssimo, faz toda a diferença, o que se recebe é uma visão significantemente diferente da mesma história.

E é por isso que eu digo. Suspeitem de trailers de adaptação de um anime/game/quadrinho que dão muito foco em como os planos estão idênticos, geralmente é o maior sinal de que o conteúdo temático da adaptação não vai ter nada a ver.

Scott Pilgrim vs the World não tem nada a ver com a HQ que o inspirou, fica a denúncia.

Falam literalmente coisas opostas.

Agora vamos lá que ainda tem mais coisa pra falar de The Ring. Sobre como Ringu continuou trabalhando esses temas em suas sequências, e como The Ring continuou trabalhando esses temas em suas sequências, se se as sequências desses dois filmes são capazes de dialogar? Esse é o tema do próximo texto na parte 2.

Sobre o autor

Izzombie

Sou um cara chato que não consegue ver um filme sossegado sem querer interpretar tudo e ficar encontrando simbolismos e mensagens. Gosto de questionar a suposta linha que separa arte de filmes comerciais, e no meu tempo livre pesquiso sobre a história da animação.

Por Izzombie

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Sou um cara chato que não consegue ver um filme sossegado sem querer interpretar tudo e ficar encontrando simbolismos e mensagens. Gosto de questionar a suposta linha que separa arte de filmes comerciais, e no meu tempo livre pesquiso sobre a história da animação.

Alertas

  • – Todos os posts desse blog contém SPOILERS de seus respectivos assuntos, sem exceção. Leia com medo de perder toda a experiência.
  • – Todos os textos desse blog contém palavras de baixo calão, independente da obra analisada ser ou não ao público infantil. Mesmo ao analisar uma obra pra crianças a analise ainda é destinada para adultos e pode tocar e temas como sexo e violência.

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