Top 12 casais que eu acho divertidos de shipar.

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Hoje é Dia de São Valentino, ou Valentine’s Day, e eu nem sempre consigo sincronizar meus textos com datas relevantes aqui no Dentro da Chaminé, mas eu me esforço com o Dia de São Valentin, pois é uma festa que eu gosto de prestigiar. Eu aprecio o sentimento da festa de celebrar os amores, e os sentimentos positivos de afeto. E eu gosto de estabelecer essa data comemorada internacionalmente como o dia mais decente de se celebrar as pessoas que fazem a sua vida mais feliz, em vez daquela data tosca no meio de junho criada pelo pai do Dória. Hoje o dia não é pra quem namora, é pra quem tem alguém que ama.

E bem, nesse dia eu quero fechar minha trilogia do afeto… mentira, ano que vem eu vou tentar continuar essa sequência, não é uma trilogia não. Mas é a terceira parte da minha série do afeto. A primeira foram os casais mais divertidos de se acompanhar. A segunda foram as melhores amizades entre homens e mulheres, e agora a terceira parte são os melhores ships. Ou seja, as melhores relações que não são um namoro, mas que eu escolho ver como um romance e que eu torço ativamente pelo romance.

Então vamos por partes. Ships ou shippings, são palavras em inglês que originaram o verbo abrasileirado “shipar”, que essencialmente significa o ato do fã de uma obra fictícia de torcer, querer ver mais e apreciar a dinâmica entre dois personagens, querendo que eles se tornem um casal na série e querendo que a relação dos personagens seja a de um romance. As pessoas que querem que o Cascão e a Magali namorem, e que escolhem ver as interações deles pelo prisma de um relacionamento, são pessoas que shipam Cascão e Magali. E elas são muitas. A turma que quer ver Cascão e Magali juntos é uma turma grande.

E eu sou uma pessoa que shipa. Pra cacete. Desde criancinha. Quero ver os personagens que eu gosto juntos. Helga Pataki me ensinou a desejar que o amor de personagens fictícios seja correspondido. E nossa, eu assistia o arco Cell e eu realmente queria que as coisas dessem certo pro Kuririn e pra 18, fiquei felizão quando vi que deram.

Eu não consigo por em palavras o quanto eu precisava disso. Esse filme demorou pra sair, mas olha só essa força do bem.

Mas esses são os casos que deram certo, que eu torci, projetei, e no final o casal fica junto. Mas nem sempre isso rola. As vezes o autor nunca quis colocar eles juntos, as vezes você vai ver a série até o final e eles nunca vão dar uma única bitoquinha… esse texto é sobre esses casos.

Pois esse blog a cada dia que passa respeita menos o cânon. E uma das grandes graças de se shipar é essa. O poder de olhar o cânon nos olhos e dizer “Eu entendo o que você está tentando fazer, mas não é isso, você tá errado”. Tem um número enorme de pessoas que não dá uma foda pro Aang ter ficado com a Katara no final. Eles veem Zuko e Katara como um super casal e preferem esses dois ainda. E embora eu não goste de Zutara, acho um casal ruim, eles estão certos. O espírito é esse. E foda-se se eu nunca vou ver essa galera de fato namorar, eu vejo que se eles namorassem, seria espetacular, e isso é o suficiente.

E shipar é uma arte. E especialmente é um estudo sobre os personagens. Apesar da obra não estar dizendo isso diretamente, pela personalidade que eles mostram, e pelas suas interações, o fã analisa e conclui que dois personagens possuem uma dinâmica onde seja possível enxergar um casal agradável de se ver. Você tem que olhar esses personagens a fundo e ver onde eles encaixam, e achar esses encaixes é um exercício superlegal para refletir sobre o que faz esses personagens serem divertidos, mesmo se o autor da obra não estiver vendo o casal que você está.

Afinal a história é sobre o que tiramos dela tanto quanto é sobre o que colocaram. E as vezes a gente tira delas as nossas próprias noções de romance.

E é uma via de duas mãos. Vale para parear, mas tem gente que usa para desparear. Tem uma galera que escolhe ver a declaração de amor do Rick pelo Birdperson como amistosa e não-romântica, apesar da linguagem do episódio sugerir o oposto. E de fato, enquanto não virar texto explícito, tudo o que você tirar é uma escolha, e o poder é seu.

Então eu vim aqui listar alguns casais que eu shipo, não só para justificar algumas ausências da lista das amizades entre homens e mulheres, como também para mostrar pelo exemplo a maneira como shipar é um exercício interessante para se pensar sobre a caracterização dos personagens, sua construção, sua química e quais são os elementos de um personagem que dão carisma pra ele e fazem suas cenas terem impacto.

Então, eu sou Izzombie, esse é o Dentro da Chaminé e sejam bem-vindos ao Top12 casais que eu acho divertido shipar:

Mas antes de começar quero fazer o tradicional aviso de que o Dentro da Chaminé possui um financiamento coletivo no apoia.se, e que se vocês gostam desse tipo de texto, estão convidados a apoiar financeiramente o site com o valor que acharem justo. Se não quiserem apoiar está tudo bem, você continua podendo ler todos os textos, mas esse apoio significa muito pra mim e me ajuda a poder dar atenção e foco para o blog, além de colocar quem apoia em contato maior com outros fãs.

E eu quero fazer a minha homenagem aos que já apoiam o blog, que me são tão queridos. E deixar meu agradecimento especial para Gabriel Almeida, Maria Cavalcante, Gabriel Lemos, Guilherme Magalhães, Darlan Lima, Ruan do Nascimento, Valter Vidigal, Alberto Nunes e Lucas Lima. No dia de hoje nós homenageamos os nossos afetos, e os meus afetos são vocês. 

E com isso tendo sido dito, vamos para as regras da lista.

Regra Nº1: Só são elegíveis para o ranking casais que não namoraram canonicamente. Mas estão elegíveis casais que só deram uns beijos aqui e ali para dar uma piscada pros fãs. Casais que sabemos que vão ficar jutos no fim da história são elegíveis desde que eles ainda não estejam juntos como um casal.

É… essa é a única regra, vejam só. Porque é assim mesmo: shipar não é sobre regras, é sobre explorar as coisas além dos limites. É sobre liberdade de imaginar o que os personagens poderiam se tornar.

Vamos começar então com a menção honrosa. Ah, e fica o aviso.: spoilers liberados, mas só na sessão dos personagens em si. Então se notou que o personagem citado é de uma obra para a qual você não quer spoilers, só avança até o próximo item da lista.

Menção Honrosa: Jason Voorhess (Friday the 13th) e Samara Morgan (The Ring):

Em qualquer outra lista que eu faço, vocês podem notar que eu evito fazer menções honrosas. Os personagens que estão nas imagens que ilustram o texto, mas não estão na lista oficial são as menções honrosas. Incluindo aqui, todas as imagens são as menções honrosas ainda. Mas com esses eu quis fazer uma exceção e falar um pouco sobre esse casal aqui.

E eu quis falar sobre eles, pois são o único par de obras diferentes dessa lista. E apesar de eu não ter nenhum casal de universos diferentes aqui eu queria prestigiar a maneira como personagens não precisam coexistir na história para um fã notar como eles combinam. Pelo contrário. É super daora quando acontece isso.

Jason e Samara possuem muita coisa em comum. Os dois são crianças que foram isoladas e odiadas por características de nascença sobre as quais eles não podiam fazer nada a respeito. Foram os dois mortos na água, por culpa daqueles que deviam estar cuidando deles, e possuem um único filme na franquia que tenta vender a ideia de que o trauma deixou eles com medo da água. Voltaram dos mortos e projetam a raiva da injustiça que sofreram em toda humanidade. Matando a tudo e a todos por ter um ódio imenso por aquilo pelo que passaram.

E a ideia de quem shipa Jason e Samara, é a de que por eles terem passado pela mesma coisa, eles seriam capazes de empatizar um com o outro, e portanto, caso se conhecessem, eles se tornariam próximos. Pois um entende a dor do outro.

E eu não gosto de interpretar tanto Jason quanto Samara como criaturas irracionais que não podem sentir empatia, eu só acho que eles nuca vão sentir empatia com aquelas vítima otária que ficam esfregando o privilégio de estarem vivos na frente deles. Mas os mortos, aqueles que já pagaram o preço máximo pela escrotidão do ser humano, eles são capazes de se verem em igualdade e de se relacionar. Pois eu quero acreditar que eles podem pensar, podem agir diferente e podem mudar suas regras. Eles só não querem, pois eles querem que a gente se foda e morra.

E imaginar que eles poderiam ser um casal, é um jeito de imaginar isso. E de imaginar o que é que faria esses monstros terríveis sentir empatia. Alguém que tivesse passado pelo mesmo.

Esse casal só está nas menções honrosas, pois eu pessoalmente não vejo um romance, pois eu acho que os dois morreram muito criancinhas para sequer conseguirem pensar em namoro. Eu shipo somente aquela melhor-amizade profunda que se faz na infância mesmo. Não imagino eles de mãos dadas, mas imagino eles se reunindo para brincar e serem crianças felizes, o que é outra coisa que eu gosto nesse par, gosto de lembrar que apesar de todo o ódio e horror que eles causam, ainda são só duas crianças muito birrentas fazendo estrago por ter poderes.

A propósito eu não achei essas imagens em lugares que dão créditos ao artista e nem achei assinadas, mas eu adoraria dar esses créditos, se alguém souber de onde essas fanarts vieram me dá um toque nos comentários..

Agora os que e fato se qualificaram: 

12º Lugar: Denise e Xaveco (Turma da Mônica):

Ok, porque Jason e Samara não podem, mas Denise e Xaveco podem? Porque é tudo subjetivo. Não fiz shaming nenhum em quem shipa Jason e Samara, só falei porque eu pessoalmente não shipo. Mas tem uma turma da internet que acha que qualquer retrato fictício de personagem criança tendo romance é intrinsicamente maligno e pedófilo, mas eu não sou parte dessa turma. Eu coloquei Sam e Suzy de Moonrise Kingdom na minha lista de melhores casais 3 anos atrás, e se eu fosse refazer a lista hoje eu colocava de novo.

Mas o lance da Denise e o Xaveco é que eles, assim como toda a Turma da Mônica são pseudo-crianças. No sentido de que além de serem personagens em um mundo sem quarta parede cientes de que a idade deles está congelada em 7 anos, eles são acima de tudo, personagens de quadrinho que vivem em uma lógica de histórias em que crianças não se portam nem são tratadas como crianças.

Pois esses personagens são lidos por pessoas de todas as idades e são escritos para serem identificáveis por todos os leitores. Então todo mundo que lê uma história do Cascão, é capaz de se ver na perspectiva do Cascão, pois ele é um personagem maior-que-a-vida. Ele não serve de representatividade pro leitor de 7 anos em particular se sentir validado. Eu leio Turma da Mônica desde que eu era mais jovem que a Mônica, e não me senti particularmente mais conectado aos meus sete anos. E isso significa que a maturidade deles, assim como o senso de responsabilidade deles, seus conhecimentos, suas capacidades físicas, muitas vezes extrapolam os limites de sua idade.

E também significa que para poderem explorar o máximo de situações, esses personagens são expostos a uma série de coisas as quais crianças de 7 anos não deveriam ser expostas. Como, além da óbvia ausência de supervisão adulta quando eles passeiam pela cidade, coisas específicas: no caso de Denise a sua presença online. No caso do Quinzinho, o fato de ele ter um trabalho. Nada disso é infantil, mas permitem que os personagens sejam identificáveis como parte do mundo que o leitor observa.

Dito isso… por que Denise e Xaveco? Porque eles são a dupla dinâmica que está faz um tempão na fila para poderem finalmente serem transformados em protagonistas, mas não estão conseguindo. Existe todo um texto meu só sobre como eles precisam urgentemente do próprio gibi.

E todo esse status de estarem juntos sendo os protagonistas dentre os secundários, mas longe de serem protagonistas de verdade, somado ao espírito metalinguístico de Turma da Mônica faz eles desenvolverem uma rivalidade interessante. E é sempre divertido shipar rivais.

Afinal rivalidade e amor têm muitas coisas em comum, uma obsessão mútua, uma atenção grande nos hábitos do outro, um conhecimento do seu rival, e a noção de que vocês tem uma paixão em comum. E muito romance explora a maneira como esse tipo de competição gradativamente aproxima duas pessoas romanticamente.

Digo, o popular mangá Kaguya-Sama: Love is War leva essa associação ao extremo fazendo os protagonistas serem dois rivais competindo em quem seria o dominante quando o romance começasse.

A Denise e o Xaveco tem muito em comum, inclusive um objetivo, mas a personalidade agressiva e cruel da Denise não permite que ela veja o quanto ela e o Xaveco estão no mesmo barco, mas mesmo assim eles são uma dupla dinâmica que eu super vejo poder ser uma dupla mais unida se eles fossem um casal.

A Turma da Mônica Jovem brincou com esse conceito, com todo o lance da Denise ser apaixonada pelo Xaveco do Futuro, ao mesmo tempo que ela é incrédula que o panaca do Xaveco do presente possa se tornar foda que nem ele. E é estabelecido que o Xaveco do Futuro namora a Denise do Futuro, mas os do presente, nada.

Quem sabe um dia?

11º Lugar: Jaime Lannister e Brienne de Tarth (A Song of Ice and Fire):

Jaime e Brienne sempre soaram como uma subversão divertida da Bela e a Fera. Em que um cavaleiro bonito por fora, deveria ver que a donzela feia por fora era bonita por dentro. E ela deveria ver que o cavaleiro, apesar de sua reputação, de seu narcisismo e de seus vários pecados, também era uma pessoa bonita por dentro e que ele escondia um potencial para honra e humanização que ele próprio não era capaz de ver, mas ela foi.

Essa improvável dupla se odiou à primeira vista, mas eles foram obrigados a fazer uma longa e difícil jornada juntos, onde eles se conheceram melhor do que eles realmente conheceram qualquer um, e formaram um profundo senso de respeito e amizade um pelo outro.

E isso sozinho teria colocado os dois na lista das amizades entre homens e mulheres. Exceto por um detalhe. Eu acho que o arco do Jaime Lannister só se encerra quando ele entrar em um relacionamento com a Brienne.

Uma das características de Jaime que mais chama a atenção, é que ele está em um relacionamento incestuoso com sua irmã gêmea Cersei Lannister. E esse relacionamento diz muito sobre a pessoa que Jaime costumava ser. Um narcisista que transava com a coisa mais próxima de um espelho que ele tinha. Alguém que nunca levou a sério as mulheres que já não eram parte da sua vida privada, pois ele nunca levou a vida pública, o legado de sua família ou códigos de conduta a sério. Essa postura de Jaime muda conforme ele viaja de Riverrun até King’s Landing disfarçado, fingindo que não é nobre, e observa pela primeira vez o estado em que sua irmã, seu filho, seu irmão e seu pai largaram Westeros. Entre isso, a influência de Brienne e a literal desfiguração que tirou o orgulho de si próprio, Jaime repensou todos os valores de sua vida a um ponto em que já não fazia mais sentido ele ainda ficar com Cersei.

Mesmo quando era um personagem inclinado pro mal, a lealdade de Jaime com Cersei era invejável, e sua maior qualidade. Ele era devoto, apaixonado e uma pessoa com muita devoção para dar a alguém que ele respeite e admire. E agora que ele não consegue mais ser uma pessoa que vá ter essa devoção para Cersei, eu acho que essa história precisa se completar com ele tendo alguém que a quem ele queira demonstrar essa lealdade e essa cumplicidade, mas que seja alguém que ele tenha orgulho de ser um par.

Eu acho que o arco de Jaime ainda não se fechou, ele se fecha só quando ele e Brienne enfim ficarem juntos.

Naturalmente eu estou ignorando todos os elementos da série que divergiram dos livros, eu sei que eles dormiram juntos na série, mas a série não conta.

10º Lugar: Bentinho e Escobar (Dom Casmurro):

As vezes imaginar os personagens como um casal não altera a história em nada. Quando Lemony Snicket dá a Violet a privacidade de não mostrar ao leitor o que ela fez com Quigley quando eles ficaram sozinhos na montanha, é porque não faz a menor diferença para a história se ela deu um beijo nele ou se eles conversaram sobre poesia.

Mas para outras histórias, imaginar um amor no subtexto muda completamente a maneira como se interpreta uma história, e eu pessoalmente sou um grande fã da interpretação de Dom Casmurro, de que o Bentinho era apaixonado pelo Escobar. De que ele reprimia um desejo muito forte e uma atração imensa pelo seu melhor amigo, que quando este faleceu, ele projetou que a sua esposa sentia exatamente aquilo que ele sentia, o que engatilhou seu famoso ciúmes e paranoia que o alienou de tudo e de todos.

E sabe qual é a grande beleza de um headcanon, ou seja, de uma teoria que você faz sobre a história e sobre interpretar a história como se ela fosse verdade? A beleza é que o Machado de Assis nunca vai dizer que isso é verdade, mas também nunca vai dizer que é mentira. Essa é uma interpretação que nunca vai ser desmentida oficialmente. Todo mundo que quiser ler o livro sobre esse prisma, nunca será impedido pelo livro.

Porque muita gente perde muito tempo se perguntando se a Capitu traiu ou não traiu. E eu acho que a resposta pra essa pergunta não é interessante. O interessante do livro é que o ciúmes de Bentinho foi tão paranoico que o alienou de uma forma que mesmo se ela tiver traído, a postura de Bentinho ainda é uma postura toda torta e cuzona. É como eu disse no meu texto sobre como entender final de filme. A história não é sobre deixar a gente apreciando a parte ambígua, a resposta é menos interessante do que como o personagem se porta diante da incerteza. Por isso, eu acho que a leitura mais fascinante pra se fazer de Dom Casmurro, não é a que permite achar respostas sobre a infidelidade hipotética de Capitu, e sim a que permite achar uma origem pros ciúmes de Bentinho.

No fim do dia, se o Bentinho ter pegado o Escobar fosse socialmente aceitável no século XIX, metade dos problemas dele não teriam rolado. E eu aprecio essa moral.

9º Lugar: Flutthershy e Rainbow Dash (My Little Pony – Friendship is Magic):

Ah, nada como um bom e velho “os opostos se atraem”, especialmente quando os opostos são uma pônei sem assertividade nenhuma, e uma pônei com assertividade demais e paciência de menos. A típica situação de alguém fazendo barraco, pois a namorada pediu o sanduiche sem picles e veio com picles mesmo assim. Eu amo essa dinâmica, e a relação de Fluttershy e Rainbow Dash vive dessa dinâmica.

Acho que de todas as amizades entre as seis protagonistas de My Little Pony – Friendship is Magic essa é a que eu vejo uma intensidade maior, especialmente pela maneira como elas se conectam por serem pégasos que moram em Ponyville, mas vieram de Cloudsdale.

Fluttershy nunca teve muita afinidade com os outros pégasos e gosta de viver no chão e lidar com assuntos terrenos. Mas Rainbow Dash tem muito orgulho de Cloudsdale e da sua identidade de Pégaso para morar tão longe de sua cidade-natal, e eu sinto que Fluttershy representa para ela, um pedaço de seu lar sendo parte de sua rotina, e é daí que eu sinto que vem a conexão delas. Elas eram grandes amigas antes de mudarem de cidade, e agora são pessoas em uma vida nova que são parte da vida da outra desde a outra vida.

E eu sou um grande fã dos momentos da série em que lembrávamos de onde as personagens vieram. A maioria não era nativa de Ponyville, mas se mudou pra lá, e com essas duas juntas, eu sinto que estava constantemente lembrando que elas têm passados elaborados que moldaram suas personalidades e suas maneiras de lidar com o mundo.

Todas as seis protagonistas são melhores amigas. Mas quando eu vejo a Rainbow Dash com a Fluttershy, eu vejo uma parceria mesmo. Pôneis que saem da própria zona de conforto só pra fazer a outra feliz, e um sentimento geral de que elas são mais completas juntas. E eu queria que a relação das duas refletisse que o que elas têm entre elas é particularmente especial.

Mas o desenho não chamava Love is Magic, então ficamos com o que conseguimos.

8º Lugar: Beast Boy e Raven (Teen Titans):

Qualquer fandom do mundo tem um hábito muito constante. A de que quando aparece a garota que não sente nenhuma emoção, todo mundo imediatamente quer ver é a máscara quebrar e algum traço de emoção transparecer. Apesar de existirem pessoas que de fato não são capazes de sentirem emoções no mundo, esses personagens não tem uma condição, nem tem uma questão neurológica. Eles tem é uma restrição de que emoções são desnecessárias, inconvenientes, problemáticas ou algo do tipo, e por isso eles bloqueiam suas emoções o tempo todo.

E esse tipo de personagem sempre eventualmente acaba deixando algo escapar em seus momentos especiais, e o fandom pira, é pra isso que ele tava ali. E muito shipping existe em função só desses grandes momentos.

Muita gente shipa Kirk e Spock só pela noção de que o Kirk faz o Spock sorrir. Eu não shipo Kirk e Spock, mas eu shipo Beast Boy (Mutano) e Raven por isso.

Muito embora o Beast Boy nunca tenha feito a Raven sorrir. Não a Raven normal ao menos. Porque tem esse episódio em que o Beast Boy e o Cyborg entram na mente dela, e veem as personificações de todas as emoções que a Raven reprime, e uma delas é uma garota alegre que diz que sempre achou graça nas piadas do Beast Boy.

Mas esse não é o ponto. O ponto é que na real Beast Boy e Raven não se dão tão bem. E eles brigam mais do que não brigam, e brigam entre si mais do que brigam com qualquer outro membro do time. E eu sinto de verdade que pelo atrito eles são os membros do time que mais se expõe um para o outro, e eventualmente os que mais se entendem.

Caracterização é feita por contrastes. Um roteirista estabelece que um personagem é valente colocando-o ao lado de um personagem covarde. E ele estabelece que um personagem é agressivo colocando-o ao lado de um personagem pacifista. E o constante atrito entre Beast Boy e Raven faz com o que o melhor da caracterização deles venha do atrito que eles geram um no outro. E que eles tenham o que é disparado o relacionamento mais bem-escrito e complexo do desenho.

E é isso. Os dois se viram e se apoiaram quando o outro estava mais vulnerável e com a guarda mais baixa. E debaixo das personalidades opostas, eles sabem melhor que os demais membros do time, o que o outro precisa ouvir.

Mas o louco é que esse ship não só era o mais popular do desenho, como se tornou um dos mais populares da DC. Inspirado na dinâmica dos dois em Teen Titans, Teen Titans Go fez vários episódios só explorando a atração mútua deles. A série Titans, faz uso do shipping pra se vender. E recentemente eles viraram um casal canônico nos quadrinhos. E muito disso vem do quão popular esse shipping foi em Teen Titans.

Pois as vezes um shipping não precisa vingar na própria obra, se o casal foi pro imaginário popular, eventualmente alguém escreve uma versão em que rola. E é por isso que fanfics não fizeram nada de errado.

7º Lugar: Gon Freecks e Killua Zoldyck (Hunter X Hunter):

Ok gente. Vamos lá. O Killua está apaixonado pelo Gon e isso é visível. O autor pode nunca ter falado, mas assim, se o Killua fosse uma menina não ia ter um único leitor que não interpretasse a maneira como ele expressa os seus sentimentos pelo Gon como um sentimento de amor romântico.

Digo, ele literalmente beija o Gon num videozinho não-canônico no fim de um episódio.

E cá entre nós, eu acho que isso é o que o personagem do Killua tem de mais interessante. Como apesar de ser um personagem criado em um ambiente muito noscivo, que divide aqueles que o criaram entre o ódio e o rancor, para o que ele guarda as maiores mágoas, ou a mera frieza e distância com aqueles que ele respeita. Que mesmo fora desse ambiente ele se mantém frio e distante das amizades novas que ele conseguiu formar….

…e mesmo assim, o personagem se define primariamente pelo amor. Demonstrado aqui pela sua devoção, lealdade e carinho que ele sente por Alluka e Gon, só os dois recebem esse tipo de atenção de Killua, mas a maneira como ele é capaz de dar esse tipo de amor é um dos aspectos mais notáveis do personagem, mesmo que só se aplique a duas pessoas.

E a Alluka demorou pra aparecer, e o próprio Killua não foi capaz de lembrar dela por boa parte da série, pela sua agulha no cérebro. Então por mais da metade do mangá, foi só o Gon.

Eu acho que nenhum outro personagem de Hunter X Hunter tem um amor tão intenso e profundo quanto o do Killua, e quando eu leio o personagem é isso que eu quero admirar nele. Justamente porque ele não teve tantas chances de amar na vida, mas quando ele ama, ele vai ao máximo.

Quem sabe um dia o Gon não devolve todo esse amor.

6º Lugar: Akko e Diana Cavendish (Little Witch Academia):

Essas duas não terem sido oficializadas um casal deixou um sentimento tão grande, mas tão grande, mas tão grande de que faltava alguma coisa acontecer. Que fizeram um desenho animado inteiro só para uma personagem no arquétipo da Akko e um no arquétipo da Diana se pegarem e rebalancearem o cosmos. E esse desenho se chama Owl House.

Eu pessoalmente acho que o desenvolvimento da Luz e da Amity em Owl House muito apressado, quase como se a gente não quisesse tanto conhecer elas como indivíduos e explorar as nuances da dinâmica das duas, tanto quanto a gente queria ver esses dois arquétipos enfim ficarem juntos. Como uma vingança por toda vez que esse tipo de romance não engatou.

E eu acho que isso vem de Little Witch Academia, com Akko e Diana. Pois que jornada fascinante e bem elaborada que elas tiveram para passar de inimigas, a rivais, a amigas. Só faltou dar o quarto passo.

Como outros exemplos dessa lista, a base da dinâmica delas é que elas têm personalidades em atrito. Pois novamente, caracterização é feita por contraste, por isso os personagens brilham mais justamente quando estão em contato direto com sua antítese, e essas duas definitivamente são a antítese uma da outra. Little Witch Academia é sobre o conflito entre tradição e modernidade. E a Diana é a personificação da tradição, enquanto a Akko é a personificação de toda a indisciplina que a tradição rejeita.

E o legal é que justamente como já analisado por aqui, no final o anime não toma um lado e nem defende incondicionalmente nem a tradição, nem a modernidade, e por isso, Diana e Akko se encontram no meio termo. O mundo das bruxas precisava de tradição e de modernidade pra ser salvo, o que significa que ele precisava das duas se conectando e entendendo o que podiam aprender uma com a outra.

E não podia parar em amizade? Claro que não! A Akko já tem as amigas bizarra dela, e a Diana já tem as amigas nojentas dela. O que essas precisavam não era encontrar uma amiga, e sim a sua outra metade. Elas são Ying e Yang, existem para se completar, e funcionam em seu melhor quando estão juntas. Mas de melhor amiga pra Akko a Lotte serve, estou falando de ser sua outra metade mesmo.

5º Lugar: Andy e Fuuko Izumo (Undead Unluck):

Undead Unluck é o melhor mangá da Shonen Jump que ninguém tá lendo. Uma bomba de ação, humor, loucura e revolta contra Deus em um dos ritmos mais frenéticos e alucinantes que a revista já publicou. O mangá é tiro porrada e bomba o tempo todo.

E ele é em sua essência, uma história de amor. De verdade, o pilar que amarra toda essa ação e loucura é uma história de amor. De duas pessoas, que só pensavam no suicídio, que enfim encontraram um motivo pra viver quando encontraram um ao outro.

Inclusive é um fato de que o maior mangá de romance do mundo in-universe é um livro de profecias descrevendo os eventos da protagonista. O próprio mangá se vende como um romance.

Andy é um imortal que quer achar alguma força no universo que o mate, e não consegue. Fuuko tem o poder de dar azar pras pessoas amadas que ela toca, e se sente culpada por ter matado seus entes queridos em acidentes e quer se matar por isso. Quando Andy descobre ela, ele entende que ela talvez consiga fazê-lo ser o azar máximo que vai mata-lo, mas só se um dia ela se apaixonar por ele, e enquanto esse dia não chega, eles se tornam uma das duplas mais carismáticas que já li em um mangá. Entrando juntos em uma organização de pessoas com poderes que lamentam ter ganhado poderes, e querem matar Deus em vingança, e reescrever as regras do universo.

Os dois tem um começo difícil. Nos primeiros 4 ou 5 capítulos do mangá o Andy força bem a barra com a Fuuko para se aproximar dela, motivo pelo qual já vi muita gente desistir de ler o mangá, pelo excesso de assédio sexual, mas passando desse ponto, eu juro. Essa dupla vale ouro em todas as suas interações. Eles se entendem, se respeitam, estão em perfeita sintonia, e estão completamente apaixonados entre si, só precisam admitir.

Esse é um caso bom de shipar, pois o objetivo dos dois é se tornar um casal. Eles só não se tornaram ainda, pois são admitiram. E shipar os dois não é nada além de no meio de batalhas mortais contra a personificação da primavera, não esquecer qual é o objetivo central dos heróis. Estar um nos braços do outro. Afinal Andy fez a vida de Fuuko ficar tão melhor que ela desistiu de morrer, e agora o arco dela é fazer Andy desistir de morrer, para poder continuar do lado dela.

Eu citei um monte de caso de opostos que aprenderam lentamente com o tempo a tolerar as suas diferenças, mas isso aqui é só dois opostos que aprenderam muito rápido a um completar o outro e a existirem em perfeita sintonia. E sério essa sincronia é perfeita de se ver.

Recomendo demais o mangá, só pra poderem ver esses dois em ação.

4º Lugar: Hakari Hanazono e Karane Inda (100 Kanojo):

Kimi no Koto Ga Dai Dai Dai Dai Dai Sukina 100-nin Kanojo é um mangá todo certo, o mangá conta a história do relacionamento poliamoroso de Rentarou Aijou com o que serão eventualmente suas cem namoradas, embora no momento ainda sejam 18. E embora o mangá seja feito com a premissa de que ele não vai deixar os shipers tristes, pois nenhuma garota não vai ficar com o herói, mesmo assim muita gente vê mais potencial nos pares que as garotas podem fazer entre si do que com o herói.

Hakari e Karane são as duas primeiras namoradas do Rentarou, o que significa que elas são as únicas que em algum momento chegaram a competir por ele, antes dele ter a ideia de simplesmente namorar várias meninas e foda-se. E isso gerou uma rivalidade que até hoje persiste, embora elas não compitam pelo Rentarou, elas ainda se bicam por tudo.

E essa rivalidade gera uma explícita e canônica tensão sexual entre elas. Elas já se beijaram entre si tanto quanto beijaram o Rentarou. Elas já se beijaram tanto, que honestamente, eu não consigo deixar de pensar que, elas já estão em uma relação poliamorosa, por que não fechar as pontas soltas do triangulo? Elas deveriam se namorar também.

Eu gosto muito de 100 Kanojo e pretendo passar os próximos anos falando bem desse mangá, por isso eu ficaria bem feliz se o mangá não fosse somente um único cara beijando 100 garotas, mas que as garotas também tivessem a liberdade de explorar opções além desse único cara. E eu acho que Hakari e Karane já tem a faca e o queijo na mão. Afinal, essas duas e o Rentarou são um trio, não são duas duplas.

Porque é um fato, de que eles se apaixonaram a primeira vista, quando Rentarou olhou Hakari e Karane pela primeira vez, mas o que a gente esquece é que essas duas também olharam uma pra outra.

Eu acho que seria saudável pro mangá. E só confirmaria elas como a melhor dupla do mangá, que é o que elas são.

3º Lugar: George Michael Bluth e Maeby Funke (Arrested Development):

Sabe gente, se o incesto fossem as vogais, o relacionamento entre primos seria a letra Y, as vezes é parte do grupo, as vezes não é, mas sempre está em uma posição estranha. Mas no caso de George Michael e Maeby, esse definitivamente é um caso em que o tabu do incesto está forte. Com os dois presos demais dentro da família Bluth para fingir que não são parentes.

O que é o inferno pessoal de George Michael. O personagem cuja metade de sua identidade gira em torno da contradição entre ele ser o certinho da família, tímido, retraído e incapaz de pensar fazer algo inapropriado. Mas que esconde uma paixão incestuosa corroendo ele. E personagens que giram em torno de uma contradição são sempre fascinantes.

Ele passa metade da série tentando achar provas de que sua prima é adotada e que portanto seu amor não é incestuoso. Mesmo tendo sido avisado de que mesmo se ela não tiver laços sanguíneos com ele, ela é um membro da família igual.

Enfim, e por que eu gosto desses dois tanto? Bom, eu particularmente aprecio o uso de incesto como um sintoma claro da decadência e disfuncionalidade de uma família de ricos que perderam seu prestígio. Papo sério, eu acho que família rica decadente tendo que lidar com seus fracassos pessoais e aí tem uns filhos incestuosos no meio, é um dos meus subgêneros favoritos do cinema. Eu ia colocar Richie e Margot Tennenbaum nessa lista também, mas eu não quis ser redundante, então deixei só o George Michael e a Maeby.

Maeby era a rebelde da família, e ela incentivava George Michael a deixar de ser um filho-modelo, e quando a sua família é um caos de corrupção moral e pessoas auto-centradas, a influência de Maeby se torna uma válvula de escape. E eu queria ver o George Michael se corromper, pois o moleque bonzinho ia ser destruído pelos Bluth.

E apesar deles não ficarem juntos, essa corrupção do George Michael é parte do que torna a 4ª temporada minha favorita.

Eles chegaram a se beijar as vezes, mas nunca formaram um casal. Embora acidentalmente tenham se casado, em uma trama que eu lamento não ter sido reutilizada quando a série foi descancelada. Mas eu aprecio que no final da série, depois de enfim ter tido uma confirmação de que apesar de não serem primos de primeiro grau, eles tem parentesco (ela é prima-tia dele), eles tenham se beijado na frente da família, como se fosse um grande recado de “foda-se essa gente.” Porque sério, fodam-se os Bluth. Com uma família assim, gosto de ver as regras serem quebradas. É bom pra alma.

2º Lugar: Revy e Rock (Black Lagoon):

Eu falei aqui do personagem que reprime suas emoções, mas encontra aquele um personagem que faz escapar um sorriso. Mas sabe o que é ainda mais fascinante? Personagens cínicos, que acreditam que o mundo não tem espaço pra bondade e compaixão, e que só sabem falar a língua da violência, pois acreditam que essa é a língua do mundo. E um dia eles são obrigados a conviver com um idealista que acha que se todo mundo fizer sua parte o mundo vira um lugar melhor.

E não é que o personagem muda e se torna idealista também. É só que o personagem simpatiza tanto com esse idealismo fantasioso, que ele tem vontade de fazer um esforço, só pra ver esse personagem que acredita que o mundo pode ser bom não se desapontar.

Essa dinâmica é a base de Rock e Revy. Digo, Rock não é tão idealista assim, ele não se ilude quanto a crueldade do mundo. Mas ele trouxe um coração e sentimentos pro mundo de Revy que era só violência e dinheiro, e ela entendeu que ela queria que Rock tivesse sua visão de mundo validada, mesmo que ela não visse a mesma coisa que ele vê.

Mas o que eu quero reforçar aqui é que esse ship é especial. Na maioria dos casos dessa lista eu quero que esses personagens fiquem juntos. Pois eu quero que os sentimentos deles sejam validados, ou porque eu acho que a dinâmica deles se completará com a formação do casal, ou porque eu acho narrativamente interessante. Mas eu só quero. Com Rock e Revy, eu acho que eles já tão juntos, só não falaram pro leitor.

Eu tenho certeza que eles já transaram e só não saíram contando nem mostrando pra gente. Gente discreta que cuida da própria vida e não dá satisfação pro leitor.

Eles super tavam namorando quando foram pro Japão. Tenho certeza.

Rock e Revy são inseparáveis. Tanto in-universe, onde é comentado o quão raro é ver o Rock sem a Revy do lado dele, quanto mesmo na hora de analisar a série. Três anos atrás eu fiz um texto de Black Lagoon aqui, em que eu analisei os personagens individualmente, mas Rock e Revy eu analisei juntos, pois um personagem é influenciado demais pela presença do outro em sua vida.

Revy se tornou a força de Rock, e Rock se tornou o coração de Revy. E um salvou ao outro, pois depois que ambos perderam seu lar, foi um que deu ao outro as forças que eles precisavam para transformar Roanapur em seu lar.

E por falar em casais que eu juro por deus que já transaram, só foi offscreen.

O meu ship favorito de toda a ficção é…

1º Lugar: Franky e Nico Robin (One Piece):

Sabem qual é o mais fascinante de acompanhar um mangá da magnitude de One Piece? É contemplar o tempo em que coisas desse mangá ficam comigo. Em dezembro do ano passado fez 15 anos desde que eu comecei a shipar Franky e Robin. E nossa, como imaginar esses dois juntos me fez bem por mais de uma década.

15 anos desse momento icônico.

Diferente da maioria das outras obras citadas, One Piece se passa em uma história, em que romance é minimizado ao máximo. Ninguém beija, ninguém se ama. E o Oda começou a quebrar um pouco sua própria norma de não por romance no mangá, com todo o rolê da Pudding com o Sanji, e normal, pois 20 anos depois todo mundo pode mudar de ideia, mas o ponto é: as chances de dois membros do bando do chapéu de palha darem uns beijos é nula. Eles estão apaixonados só pela aventura.

O que isso significa? Que o Oda nunca vai me provar que Robin e Franky não são um casal.

Nunca mesmo! A chance de eu abrir o mangá e vir uma página me explicando que esses dois não estão transando todo dia é zero! Z-E-R-O chances.

E esse é meu poder! Nas entrelinhas do que o Oda escolhe não escrever eu posso ver o que eu quiser. E eu quero ver o casal mais fascinante dos mares.

Eu acho notável como Franky e Robin ambos, um puxou o outro pra dentro da tripulação. O Franky convenceu a Robin a querer voltar pro bando, depois que ela tinha abandonado a tripulação e decidido morrer, ele fez ela querer viver de novo, e querer voltar a se aventurar com Luffy. Removendo as algemas psicológicas que prendiam ela, e também removendo as literais.

Mas Robin puxou o Franky com ela, e eu não quero fazer parecer que ships precisam de sexo para serem convincentes, mas impossível não notar que ela definitivamente puxou ele pelas genitais para vir com ela pro mar.

Quando um pirata ver um tesouro que ele quer, ele segura e não solta? Ela tava falando dela mesma, não do Luffy nem do bando coletivamente.

E apesar dos dois gostarem pra cacete do Luffy e respeitarem ele como capitão e terem um puta laço. Isso torna os dois casos raros de Mugiwaras que não entraram no bando movidos primariamente pelo laço com o Luffy. Digo… pra ser justo a Robin entrou no bando pois ela era fascinada pelo Luffy, isso é claro. Mas depois que ela traiu o bando ela mal interagiu com o Luffy, e eles tiveram pouquíssimos momentos um a um em Water Seven e Ennies Lobby. Mas ela passou metade do arco colada no Franky e repensando suas decisões e sua relação com o bando, pelos comentários do Franky.

E o Franky de fato não era íntimo o suficiente do Luffy quando entrou no bando, tanto que entrou chamando ele de Chapéu e Palha ainda, o único que fez isso no bando.

E desde então esses dois viraram o rei e a rainha do flerte.

Usam roupa combinando.

Elogiam a beleza um do outro.

Franky deliberadamente queria a Robin na garupa de sua moto, que não era um espaço para amigos.

E eu acho tão acalentador ver essas interações deles, que eu não preciso de confirmações, já tem o mesmo peso que qualquer interação que eu coloquei no meu top casais.

A minha favorita é logo depois do Time Skip, quando o Franky revela as mudanças físicas radicais pelas quais ele passou durante o Time Skip, e Robin diz: “Você não mudou nada.” Mesmo que ele seja fisicamente quem mais mudou. O laço deles é o laço mais fenomenal que tem dentro do bando.

Existem pessoas que acham que esse ship de 15 anos está ameaçado pela entrada do Jinbei no bando, com quem a Robin também tem uma relação flertante. Para esses eu só digo uma coisa. Não existe monogamia no mundo pirata. Rayleigh e Shakky tem um casamento aberto completamente feliz e funcional. Robin pode ter quantos parceiros ela quiser.

A mulher pode se clonar, ela pode sair com os até ao mesmo tempo se quiser..

O importante é apreciar o quão daora é o que ela tem com o Franky.

Porque me faz feliz, ver essas interaçõezinhas e pensar em todo o subtexto do laço deles. Da maneira como um esteve ali pelo outro quando mais precisaram, e da maneira como eles foram por muito tempo os únicos adultos no barco, cuidando de um bando de adolescente e de um idoso.

Mas esse sou eu.

Talvez você leitor shipe a Robin com o Jinbei.

Eu sei que tem gente que shipa com o Zoro. Eu não consigo ver, mas talvez pra quem consegue, exista um universo de significado e subtextos nas interações dela com o Zoro e eu fico feliz por quem consegue ver isso.

Porque shipar é sempre adicionar. É consumir tudo o que a obra está te dizendo, e consumir um fator a mais, que ela não está te dizendo, mas está ali pra você ler, se você ler as entrelinhas. E as entrelinhas não estão dizendo o mesmo pra todo mundo, E por isso é fascinante falar sobre.

Porque na real. O amor é um dos sentimentos mais legais no mundo. É legal de sentir, é legal quando sentem por nós, e é legal quando vemos pessoas que estão apaixonadas. E esse sentimento deve ser compartilhado e celebrado.

E as vezes eu acho que tá faltando amor nas histórias, aí a história não tem que mudar, só muda meu olhar, e agora elas estão tão cheias de amor. Estão transbordando amor.

Ok, mas quantos casais de verdade tem nessa imagem? A resposta é: infinitos. Foda-se. Basta ler do jeito certo.

E é sobre isso que esse dia é. Sobre amar. Não sobre amar romanticamente, pra isso tem o dia otário do Dória daqui alguns meses. Esse é sobre amar somente, sobre esse sentimento positivo. E firmeza, que eu anualmente quero celebrar.

E vocês? Shipam alguém? Se vocês shipam um personagem que eu mencionei com outra pessoa, eu não quero transformar em briga, eu sou do time de que ships podem coexistir, mesmo tendo visto alguns fóruns virarem brigas desnecessárias. Mas dividam seus casais não-canônicos favoritos nos comentários.

E vejamos mais amor no mundo.

Feliz Dia de São Valentino, meus leitores!

Sobre o autor

Izzombie

Sou um cara chato que não consegue ver um filme sossegado sem querer interpretar tudo e ficar encontrando simbolismos e mensagens. Gosto de questionar a suposta linha que separa arte de filmes comerciais, e no meu tempo livre pesquiso sobre a história da animação.

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Sou um cara chato que não consegue ver um filme sossegado sem querer interpretar tudo e ficar encontrando simbolismos e mensagens. Gosto de questionar a suposta linha que separa arte de filmes comerciais, e no meu tempo livre pesquiso sobre a história da animação.

Alertas

  • – Todos os posts desse blog contém SPOILERS de seus respectivos assuntos, sem exceção. Leia com medo de perder toda a experiência.
  • – Todos os textos desse blog contém palavras de baixo calão, independente da obra analisada ser ou não ao público infantil. Mesmo ao analisar uma obra pra crianças a analise ainda é destinada para adultos e pode tocar e temas como sexo e violência.

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