Top13 personagens da DC que foram criados fora das HQs (Tem que Acabar o Cânon).

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Vamos nos lembrar de algo importantíssimo? De que tem que acabar o cânon. Especialmente no que diz respeito a histórias de heróis, cujas adaptações audiovisuais estão atualmente em seu auge, e com essas adaptações as cobranças para que elas s adequem as normas de como um herói dos quadrinhos deve ser adaptado ou não.

O Peter Parker precisa ter o Tio Ben, ou não é o Peter Parker. O Superman precisa sorrir ou não é o Superman. Essa não é a Cassandra Cain de verdade. Agora sim colocaram o Mandarim de verdade no universo do MCU, antes não era o Mandarin… O Bane precisa ser inteligente pra ser o Bane. Essa atriz não é peituda que nem a Catwoman devia ser. Só esse ator segue a real essência do que é ser o Spider-man. Só esse ator segue a real essência do que é ser o Batman. Tal herói não pode ser cínico, esse outro não pode ser negro, esse outro não pode ser lgbtqia+, eu quero que o Wolverine vista amarelo e que esse personagem faça mais piada, esse outro tem que passar essa temática e esse outro tem que me inspirar como quando eu li os quadrinhos.

Entre takes problemáticos dos nerdola com medo de ver minorias aparecendo em filme de herói e a turma que chia sempre que um herói idealista é reinterpretado com mais escalas de cinza, pois isso corrompe a alma otimista obrigatória do gênero. Filmes de herói estão por todos os lados cercados por pessoas que sabem antes de ver o filme o que é que o filme deveria ser, e vão condená-lo se não for.

O que é incentivado pelo jornalismo de entretenimento constantemente estabelecendo que os filmes devem satisfações quanto a essas diferenças.

E isso tem se combinado essa tendência imbecil de filmes de herói começarem a resetar franquias. Como se o conceito de uma franquia de super-herói não fosse indistinguível do conceito de multiverso. É estabelecido na cabeça do fã que infinitos Batmans existem em infinitos universos. Mas aí eles anunciam que vão fazer um filme continuando o cânon do DCEU, mas deletando os filmes do Zack Snyder desse cânon…. gente, qual a necessidade de se continuar esse cânon? Só faz outro universo. Foda-se. Vocês não são obrigados a seguir o universo do Snyder, para precisarem deletar alguns filmes da continuidade mantendo o universo.

Que loucura essa pira…

Tem que acabar o cânon.

É tipo o Days of Future Past que usa viagem no tempo para consertar o futuro e desfazer X-Men: The Last Stand. Que eu nem sabia que ainda existia na continuidade para precisar ser desfeito. Achei que o First Class tinha sido o reboot já. Essa noção de que filmes tem que ser expulsos do cânon por outros filmes… é só não assistir. É só fazer que nem Halloween. Ninguém fez um filme de viagem no tempo para fazer o Michael Myers não entrar num culto celta, eles só fizeram outro filme e começaram outra timeline…. e aí começaram três timelines de maneia que ninguém tem motivo pra falar do culto celta.

Enfim. Esse texto não é pra falar de maus-hábitos de adaptações de super-heróis. Muito pelo contrário. É para falar dos bons hábitos. Mas antes de entrar no assunto do texto, eu quero fazer o tradicional lembrete. De que o Dentro da Chaminé tem uma campanha no apoia.se para que os leitores possam ajudar o blog com doações financeiras, no valor que acharem justo. A ajuda é apreciada, e as recompensas permitem que vocês deem sugestões e recomendações em tema de textos. Os textos seguem disponíveis para todo mundo sempre, mas o blog se fortalece com a ajuda de vocês. E para quem não quiser ajudar mensalmente, pode ajudar com uma doação única por um pix de qualquer valor para a chave franciscoizzo@gmail.com, que é igualmente apreciada.

Mas nesse texto além do meu tradicional agradecimento para Alberto Nunes , Gabriel Almeida, Maria Cavalcante, Guilherme Magalhães, Darlan Lima, Ruan do Nascimento e Lucas Lima, que ajudam esse blog a funcionar e não os verdadeiros heróis que não usam capa, eu quero agradecer também ao Enrique sem H, o artista que desenhou a imagem que ilustra texto, mostrando alguns dos Imigrantes do Canon da DC, e que pode se encontrado em seu twitter e seu instagram. E que são justamente o que eu quero apreciar: esse tipo de personagem. Então vamos voltar a falar de quais são os bons-hábitos das adaptações de super-heróis.

Quatro personagens que eu aprecio pra caralho. Falo deles daqui a pouco e do quão feliz eu fico de vê-los crescerem para além de sua série original

O que é justamente falar sobre como as adaptações de personagens de quadrinhos têm o poder de expandir o seu universo e seu lore. Decisões tomadas para fazer um herói funcionar melhor em um filme tem o poder de fazer o público se conectar com o herói tão bem, que as mudanças vão parar na televisão, em outros filmes e principalmente no quadrinho. E meu texto é para celebrar o quão saudável é isso.

Cada autor diferente dá sua ideia diferente e o que fica com o passar dos anos é um combinado das melhores ideias que já tiveram enquanto ignoram as piores. Um exemplo foram os filmes animados do Superman, nos anos 1940, que inventaram que o Superman tinha o poder de voar, pois funcionava melhor no filme isso do que os saltos dele. Da mesma forma a série de rádio do Superman inventou que ele teria uma fraqueza: a kriptonita… muitos dos elementos mais icônicos do Superman vieram de gente que fanficou completamente na hora de tirar o herói dos quadrinhos.

Quem conta um conto, aumenta um ponto, essas mudanças foram tão aceitas que foram aceitas pelos próprios roteiristas que incorporaram elas nos quadrinhos. E é assim que várias mentes juntas constroem um imaginário. Não tentando se esforçar muito em serem consistentes, mas pelo contrário inventando moda.

E essa é a grande beleza desses universos, e um motivo pelo qual eles podem ser considerados a grande mitologia do nosso tempo, pois o telefone-sem-fio, o boca-a-boca e as releituras subjetivas de inúmeras pessoas diferentes, criam toda uma mitologia do personagem que é viva e em constante evolução. Não presa a nada, o personagem é o que precisa ser praquele fragmento da história funcionar.

Uma grande colaboração de inúmeros pensadores mantendo um universo vivo. As vezes personagens existentes podem ser repensados do zero em suas adaptações de maneira que é praticamente como se fossem personagens novos. O Mr. Freeze do Batman sendo o melhor exemplo de um personagem que foi redefinido pela adaptação. O Penguin do Tim Burton poderia ter sido, mas a visão do Burton não vingou, e não precisava vingar. Ele foi um vilão único de um filme único do Batman, e isso vale mais do que ser fiel.

Agora o que eu quero celebrar nesse texto é o passo seguinte. Mais que reconstruir um personagem do zero ao ponto que ele parece um personagem original, eu quero celebrar os personagens realmente originais. Aqueles que o TV Tropes apelida de “Estrangeiros do Cânon”, devido ao fato de não existirem na mídia original. Alguns deles eventualmente são adotados pela mídia original e se tornam “Imigrantes do Cânon”, outros não. Mas é o ato de criar e agregar que eu vou prestigiar aqui. Pois muitos dos personagens secundários mais interessantes do Batman não foram criados pelo Bob Kane nem pelo Bill Finger. Mas a junção de várias ideias de roteiristas de quadrinhos, de televisão e de cinema que criam o imaginário do Batman que tornam ele o herói com o mais reconhecível elenco de personagens secundários que existem.

Então vou aqui listar aqui os meus 13 personagens favoritos da DC que foram criados pelas adaptações da DC e não pelas histórias em quadrinhos, mas que eu acho que enriquecem a minha percepção da DC, dos filmes e dessa mitologia por existirem.

Por que só da DC? Porque a DC eu conheço. Com a Marvel eu obviamente poderia fazer e mencionar a Michelle Jones ou a X-23, mas…. é isso, eu só mencionaria essas duas, então fiquem com essa menção honrosa. Não é que isso não exista na Marvel, é só que a DC tem um histórico mais diverso de adaptações muito recorrentes por muitos anos em outras mídias, com muitos universos simultâneos fora dos quadrinhos que eu quero dar o foco principal. Se eu fosse mais familiarizado com a Marvel fora do MCU, eu poderia brincar com a Marvel também.

Então sejam bem-vindos ao Top13 personagens da DC que foram criados fora das HQs, eu sou Izzombie, e quero celebrar a maneira como adaptações de quadrinhos inventam personagens, alguns vingam, alguns não, mas quero falar sobre alguns nos quais eu penso muito e que sendo ultra populares ou não, marcaram a minha percepção do universo DC.

Mas antes, antes. As regras desse Top13. Regras são importantes.

  1. As vezes por questões de timing ou de marketing, entre o personagem ser planejado e aparecer na obra adaptada, os quadrinhos mostram uma aparição do personagem. Pois eles sabiam que existiria e querem se sintonizar com a adaptação. Aí passa-se a impressão de que o personagem surgiu nos quadrinhos, mas eles ainda foram criados pela adaptação.

  2. Não estou contanto as releituras e reinvenções como o Mr. Freeze ou a Artemis de Young Justice. Mesmo que esses personagens essencialmente tenham sido criados do zero na prática. Mas pra essa lista só personagens não inspirados em ninguém se qualificam.

  3. Se desqualifica para aparecer nessa lista se o personagem futuramente se transforma em um personagem cânon chamado por outro nome. Então sem o John Diggle de Arrow aqui.

  4. Todo mundo que não estiver na lista, mas aparecer em alguma imagem ilustrando o texto é uma menção honrosa.

Então comecemos:

13º Napi (Wonder Woman, filme, 2017):

Ok. Eu estava completamente vendido no conceito do que seria o filme da Wonder Woman desde que vi as migalhas de backstory que a personagem recebeu em Batman v. Superman. Uma ex-heroína, que outrora achava que deveria lutar pela humanidade e derrotar o mal, mas que no presente abandonou todos esses pensamentos e decidiu simplesmente não se envolver com a humanidade e precisou do Superman para reascender a chama do heroísmo nela e fazê-la lembrar de quem ela era antes de quebrar… e o que quebrou ela? A Primeira Guerra Mundial. Nossa, quando eu vi isso eu tive certeza de que precisava ver o filme dela na guerra.

E aí eu fui ver o filme solo dela, e apesar de no final se acovardarem do conceito, mostrando que Diana não perdeu a esperança diante dos horrores da Guerra Para Acabar Com Todas as Guerras, e de uma batalha final bizarra com excesso de computação gráfica, o saldo do filme foi bem positivo e ele foi exatamente o que eu queria que ele fosse. E o motivo disso, é a existência desse personagem: o Napi.

O Napi aparece por mais ou menos dois minutos e faz a melhor cena do filme, onde essencialmente toda a completa bagunça moral do que aquela guerra foi para Diana vem à tona, não no campo de batalha, mas em uma conversa de acampamento. Napi é um nativo-americano que trabalha como contrabandista no campo de batalha. Ele passa chá inglês pro lado alemão, e cerveja alemã pro lado inglês, reforçando o quando ambos os lados da guerra consomem e apreciam a cultura e hábitos dos países que eles enfrentam. Ele se apresenta para Diana falando seu idioma nativo e surpreso que Diana era capaz de entendê-lo. Ela pergunta sobre de que lado Napi lutava, mas ele não tem lados. A guerra que ele tinha um lado já acabou, ele perdeu e seu povo foi dizimado, e agora ele via alguma paz em viver livre em um conflito que não diz nada pra ele. Diana pergunta “dizimado por quem?”, e Napi aponta para Steve Trevor, o crush dela e diz “o povo dele”.

É notável que essa cena é o único momento em que Diana aceita o aperto de mão de um personagem, o que ajuda a destacar Napi dos demais secundários do filme.

Napi personificava todos os pontos em que a realidade da amoralidade da guerra divergia das fantasias de Diana. Diana foi até lá achando que viveria a grande luta, do bem contra o mal, o herói contra o vilão, e que salvaria o mundo quando derrotasse o grande vilão que era o pilar de toda a guerra e todo o mal no mundo. Mas Napi mostrou que era o oposto. Não existe bem e mal no campo de batalha. Os soldados não estão realmente conectados com a política que justifica aquela matança, e a noção de lados é tão circunstancial, que ele está fazendo um acordo com um representante do lado que cometeu o genocídio de seu povo. Os lados eram uma ilusão, pois aquela matança não tinha sentido. Os amigos pessoais de Diana não eram nobres, o crush dela era de uma nação que não tinha uma história honrada. Aquela não era uma jornada de bem contra o mal, e não existia um vilão a ser derrotado. Tudo isso pode ser visto no Napi.

Bom, isso foi o que o Allan Heinberg colocou no roteiro. Tem mais.

O Napi foi interpretado por Eugene Brave Rock, um ator e dublê canadense que pertence à Confederação Blackfoot, uma tribo nômade de caçadores de bisões. Pois bem, Eugene quando foi escalado pro papel disse para Patti Jenkins que ele não queria interpretar os estereótipos nativo-americanos que ele encontrou no script. E a resposta de Patti Jenkins foi dar a Eugene uma liberdade criativa imensa para que Eugene reinventasse o personagem em seus próprios termos. E o que Eugene fez? Transformou o personagem em um semideus, literalmente.

Nenhum personagem no filme o chama de Napi. Quem chama é ele próprio quando se introduz para Diana em sua língua nativa. Esse nome veio do próprio Eugene e é o nome de uma entidade Blackfoot importante para a religião deles. E Eugene afirmou diversas vezes que o personagem dele é o semideus em pessoa. Napi ser um semideus faz um paralelo interessante com Diana, que é uma semideusa. E transforma o personagem em um espelho pro futuro de Diana. Um semideus que perdeu suas ilusões quanto a humanidade e os vê pelo que são, um bando de filho da puta que declara guerra por tudo. Diana perderá a própria fé na Primeira Guerra, mas Napi perdeu a dele na colonização.

Quando Diana pergunta se Napi luta somente por lucro, ele não nega e diz que a melhor coisa do mundo é lutar por lucro. Mas quando eles salvam uma vila na Bélgica, Napi não aceita pagamento, mostrando que isso é mentira. Ele não se mantém neutro por dinheiro. Ele se mantém neutro para poder de fato ajudar os indivíduos que cruzam com ele, de ambos os lados. Para poder dar chá pros alemães e cerveja pros ingleses. Ele não pode parar guerras, ele não pode enfrentar a política humana, mas ele como um homem livre e sem afiliações, pode trazer paz a qualquer um em qualquer nação com seu contrabando.

Eu juro que eu veria um filme inteiro protagonizado por esse cara. E adoraria saber que ele e Diana mantém contato no presente e que a relação dos dois fosse explorada em futuras aparições da Wonder Woman… bem mais produtivo do que fazer sacrificar um inocente pra poder transar com o Steve Trevor de novo.

Se não tivesse esse cara na guerra, eu talvez não tivesse achado o filme bom, mas em dois minutos ele amarra a narrativa inteira do filme em seu personagem mais interessante. Como que ninguém percebe que esse personagem é ouro? Como não estão reutilizando-o em tudo? Nunca saberei.

12º Lugar: Jimmy Olsen (The Adventures of Superman, radio, 1940):

O icônico amigo do Superman. Esse foi um que me surpreendeu, eu estava fazendo a pesquisa para ver personagens criados fora dos quadrinhos e não esperava que o Jimmy fosse um deles, de tão icônico pras histórias do Superman que ele é. Mas ele nasceu no programa de rádio do Superman. Precisamente, para que Clark Kent tivesse com quem conversar quando ele não estivesse com Lois. Por conta disso Jimmy foi criado para ser um representante do público, alguém que se comporte como o fã, um admirador do Superman.

Mas o louco é que não é somente criado fora das HQs. Além da série de rádio, existiu a série de televisão de 1952: Adventures of Superman, onde Jimmy Olsen era o alívio cômico local, que se metia em perigo para precisar ser salvo pelo Superman. Pois bem a popularidade e carisma dessa versão de Jimmy Olsen passou para as HQs. O personagem se tornou fotógrafo do Daily Planet nas HQs, pois ele era fotógrafo na série (como uma desculpa para poder ir até o perigo mesmo sem ser repórter). E a popularidade de sua versão na série interpretada por Jack Larson foi tão grande que desencadeou o gibi solo do personagem: Superman’s Pal Jimmy Olsen. Famoso pela quantidade absurda de doidera que rolava ali dentro e que foi incrivelmente popular.

Vocês não sabem o quanto eu sou fã dessas capas bizarras. Inclusive o Jimmy está nessa lista de favoritos por causa dessas doidera.

Mas o que eu acho notável aqui, é que justamente, até hoje, ninguém escreve o Superman sem o Jimmy Olsen, um moleque do bem, gentil e acima de tudo leal. Ele é parte fundamental do núcleo do Superman. E ele foi criado para atender demandas específicas das mídias. Ser um parceiro de conversa para um show que girava completamente em torno de diálogo, e ser um cara normal se metendo em perigo todo dia para um show que precisava do Superman salvando os amigos do perigo todo episódio. Ele é a resposta para problemas que só surgiram porque tiraram o Superman dos quadrinhos E um bom sinal do quanto as mudanças “para fazer funcionar” são bem-vindas.

11º Lugar: Max Schreck (Batman Returns, filme, 1992):

Eu não gosto muito de Batman Returns não… mas aprecio o que o filme tentou fazer. Eu gosto da história que o filme inventou pra origem do Penguin, eu só não gosto de como ele não tinha um plano muito interessante pro que fazer. Mas o que eu aprecio de verdade no filme é que o filme é o único que colocou uma pessoa normal como o grande vilão do filme acima dos mascarados-de-gotham, e essa pessoa normal é Max Schreck… bom, tão normal quanto alguém consegue ser em um filme do Tim Burton e sendo interpretado pelo Christopher Walken.

Porque convenhamos, entre empresários corruptos e mafiosos, uma parte considerável da turma podre de Gotham não realmente usa roupa colorida e adota nomes de guerra. E as adaptações do Batman não fazem segredo da existência dessa turma, o Nolan colocou seu foco no Falcone e tal. A gente vê no episódio da série animada que o Boyle é o culpado por tudo o que rolou com o Mr. Freeze. Mas a galeria de vilões do Batman distraí a nossa atenção. No final, ninguém se importa que o Boyle é um perigo pra sociedade maior que o Mr. Freeze, quando o Mr. Freeze tem uma arma de gelo e, portanto, rende uma luta melhor.

Por isso que eu acho notável que o Max Schreck tenha conseguido disputar seu espaço como o vilão principal em um filme em que ele contracenava com o Penguin e a Catwoman, e justamente por causa dessa lógica. Ele é o centro do mal de Gotham. Ele enlouqueceu Selina Kyle e ele manipulou Oswald Cobblepot pra seus interesses. Penguin e Catwoman eram figuras trágicas reagindo a uma vida que os massacrou. Mas Schreck era uma figura de privilégio, sem nenhuma razão para destruir a vida dos outros exceto ganância. E no clímax do filme. Os três, Batman, Penguin e Catwoman todos enfrentam e destroem Max Schreck.

Max Schreck servia como uma paródia para Donald Trump, a persona pública que ele tinha na época, antes de ser famoso por ser o pior presidente dos Estados Unidos. E justamente isso envelhece bem a noção, de que é para enfrentar esse tipo de gente que o Batman existe. E se dependesse de mim, o Max Schreck já tinha virado um imigrante nos quadrinhos, para voltar e levar várias outras surras.

Méritos ao personagem original que roubou o antagonismo pra si em um filme com dois vilões estabelecidos e populares. E já que não param de fazer filme do Batman, por mim traziam ele de volta em um filme futuro. Dessa vez como um ex-presidente que é tão escroto que une os vilões de Gotham para ajudar o Batman a se livrar dele.

10º Lugar: Aya (Green Lantern, the Animated Series, série animada, 2011):

O grande demérito da série animada de Green Lantern é que a animação era feia… todo o resto é um mérito do cacete. Puta merda como essa série era boa. Eu não tratei ela com justiça quando vi pela primeira vez, mas a cada ano que passa seus méritos envelhecem melhor na minha cabeça.

E um de seus maiores méritos é a criação dessa personagem, que exceto por um cameo discreto antes da série estrear, nunca imigrou pros quadrinhos ou pra qualquer outra mídia, mas devia, porque ela carregava metade do desenho nas costas, que é a Aya.

Afinal ela literalmente controlava a nave onde 90% do show se passa.

Eu simplesmente adoro a noção da inteligência artificial que simplesmente esquece o seu lugar e vai ser o que ela quer. Em qualquer história, esse tipo de situação sempre me agrada. Criada para ser a navegadora da Interceptor a melhor nave espacial do universo, ao ser raptada por Hal Jordan e Killowog, ela forma uma amizade fascinante com eles, e dessa amizade vem o desejo de se tornar uma Green Lantern, que nem eles. Sendo feita da mesma energia verde da força-de-vontade que os anéis, ela achou consistente ser parte da tropa.

O momento em que Killowog diz que ela não pode ser parte da tropa por não ter um corpo e ela instantaneamente monta para si mesma um corpo é uma das minhas cenas favoritas do desenho.

Enfm, o ponto é que justamente Aya não entra para a tropa, e os Guardiões do Universo punem ela por ter ambições para além de sua diretriz central. O que faz essa personagem ser um eterno lembrete dos defeitos e crueldade dos Guardiões, o que é uma das partes mais fascinantes do núcleo de Green Lantern. Como os heróis trabalham para um grupo de canalhas vilanescos. E lutar por Aya, e pelo seu direito de ser o que ela quiser é o que permite que Hal Jorda demonstre a rebeldia que torna ele um personagem tão legal.

Eu tenho um fraco por inteligências artificiais lutando para serem livres. E eu acho que um personagem assim tem tanto a agregar. É uma pena que essa série tenha sido cancelada. Eu tenho muito carinho por esse núcleo do universo DC, e adoraria reencontrá-la em outro filme ou série, ou mesmo nos quadrinhos. Mas ela morreu com seu desenho.

9º Lugar: Cleo Cazo (The Suicide Squad, filme, 2021):

Me senti inclinado a não colocá-la na lista. Pois de certa forma ela não deixa de ser só uma inversão de gênero do Ratcatcher original. Mas como o Ratcatcher original aparece no filme e é mostrado como quem treinou ela, então ela se qualificou. E que bom, pois Cleo Cazo é uma personagem bem divertida.

O grande diferencial da personagem pra mim, é que ela é uma supervilã que é definida pela sua empatia. Ela acredita que se ratos podem ter um propósito no mundo, então todo mundo pode, afinal ninguém é mais desprezado no mundo do que ratos. E ela aplica isso no seu dia a dia, vendo o valor e apreciando todos ao seu redor, incluindo formando uma amizade com o King Shark que é uma das coisas mais doces no filme.

E de fato. A única coisa no filme com a qual ela não tem compaixão é com cubano.

De todo o resto ela vê o melhor que eles têm a oferecer e por consequência disso ela tira o melhor deles. E essa é uma postura que eu aprecio, eu já vejo bem menos do que queria ver em heróis, mas em vilões é algo tão raro. Mas pensando aqui, talvez seja justamente porque ela é uma vilã, e ter uma ficha criminal, que ela entende a necessidade de se encorajar as pessoas a serem as melhores versões de si mesmas.

A cena dela sorrindo de orgulho ao ver o Bloodsport desafiar Waller é magnífica.

Ratcacher representa em si a metáfora central do filme. Até a pessoa mais menosprezada do mundo merece existir e pode fazer o bem se for incentivada a isso. E ela passa essa mensagem em suas ações. E isso é fascinante… como The Suicide Squad é recente, eu não sei se ela vai imigrar para alguma outra mídia, mas achei ela fascinante.

E de quebra, adoro a maneira como ela é preguiçosa. Realmente funcionou. O estereótipo do jovem que não quer fazer nada.

8º Lugar: Mercy Graves (Superman, the Animated Series, série animada, 1996):

Em algum momento alguém deve ter entrado nos escritórios da Warner e falado que um bom vilão precisa de uma mulher bonita para ser sua assistente. Porque nos anos 1990 a Warner lançou duas séries animadas dos dois maiores heróis da DC. Na do Batman criaram a Harley Quinn para ser a assistente do Joker. E na do Superman criaram a Mercy para ser a assistente do Lex Luthor.

O paralelo entre as duas é tão explícito que elas lutaram quando os dois heróis ganharam seu crossover… talvez Mercy só tenha sido inspirada no sucesso de Harley Quinn. Mas desde então virou a norma ela estar sempre acompanhando Luthor nas adaptações futuras do personagem.

E apesar de ela ter vingado muito menos que a Harley, eu acho ela fascinante. Eu acho que o Lex Luthor sendo um vilão que usa o poder do intelecto e do dinheiro para resolver seus problemas, combina perfeitamente com uma guarda-costas que lute suas lutas. E essa guarda-costas é Mercy. Que luta suas lutas, suja as mãos por Luthor, dirige seu carro e é em qualquer perspectiva da palavra seu braço direito e sua aliada mais leal.

A versão dela que eu fico mais dividido é a de Young Justice, eu gosto que em Young Justice, Lex pagou por implantes cibernéticos nela que permitem que ela tenha um braço robótico. Daora. Melhor porrada que eu já vi a Mercy dar em sua história foi ali Mas na versão de Young Justice ela está sempre calada, o que me fez a primeira vista confundir ela com um robô. Até eu perceber que não, era só uma mulher que não falava… mas hey, pelo menos em Young Justice o Lex Luthor ainda não matou ela.

Pois infelizmente uma das decisões mais recorrentes da personagem é justamente ser usada para evidenciar a crueldade de Lex Luthor. Que eventualmente vai tentar matá-la ou abandoná-la para morrer no instante em que isso for conveniente pra ele, mostrando que a lealdade absoluta que ela tem pelo patrão é unilateral. O caso mais recente disso foi em Batman v. Superman: Dawn of Justice, em que Lex Luthor faz com que ela entre na reunião que ele ia explodir para não despertar suspeitas, matando-a no atentado.

Mas ao mesmo tempo eu gosto de como no filme ela é usada sempre como um aviso da presença de Lex Luthor, aparecendo em cena poucos instantes antes de Lex aparecer, como um alerta de que onde ela está, Lex também está, mesmo que não o vejamos. E um sinal de que ela é uma extensão da presença de Lex.

Os três momentos ocorrem menos de um minuto antes de Lex aparecer na cena.

E diferente de Harley, apesar de traições e mais traições, nada sugere que o destino de Mercy é um dia abandonar seu chefe. E eu nem queria que fosse. Pessoalmente eu aprecio a noção de um braço-direito perfeitamente leal ao Lex disposta a sujar as mãos por ele. Acho que combina com o Lex e acho que é um personagem que pode ter muita chance de brilhar. Mas também acharia interessante se Lex devolvesse essa lealdade toda, e mostrasse que ele valoriza as pessoas que lutam ao lado dele.

Mas ela sempre paga o fato do Lex se provar um chefe horrível. Acho desnecessário, acho que ele pode ser gentil com os aliados e um filho da puta ao mesmo tempo. Uma última curiosidade sobre

Mercy que eu quero apontar: como vocês devem ter notado, ao longo do tempo ela não tem tido muito sucesso em fazer uma identidade visual emplacar. Nas primeiras aparições seu quepe de chofer era sua marca registrada, mas cada nova Mercy vinha com um novo design, novo uniforme, novo cabelo que passou a impressão de que ela era que nem a Denise da Turma da Mônica nos anos 1990. E que qualquer mulher que estivesse do lado do Lex seria a Mercy. Mas curiosamente, desde que ela apareceu no pouco popular desenho The Batman ela tem sido mais vezes do que não retratada como uma descendente de asiáticos. Mudança étnica que foi pra personagem no reboot dos Novos 52, e pro Batman v. Superman.

7º Lugar: Baby Doll (Batman, the Animated Series, série animada, 1992):

Eu queria começar falando que eu acho que a galeria de vilões do Batman poderia incluir mais vilãs que não estivessem ali só para ser sexualizadas…. mas quem eu estaria enganando? Eu sei como a internet funciona. Vai ser sexualizada mesmo assim. Sinto pena só de imaginar o que a Baby Doll já sofreu naquela área sombria da internet.

Mas ela ainda seria uma vilã que não usaria seu sex appeal como arma, e isso já marcaria uma diferença significativa de como ela age em comparação a Catwoman, Poison Ivy, Harley Quinn e Talia Al Ghul.

O nome verdadeiro de Baby Doll é Mary Dahl. E ela sobre de uma condição muito rara chamada hipopituitarismo. Que em resumo significa que o corpo não produz, ou produz em doses baixas demais alguns hormônios relevantes para o desenvolvimento do corpo. No caso dela isso significa que ela nunca envelheceu para além dos seus dez anos de idade, nunca passando pela puberdade. E apesar de ter 30 anos seu corpo é o de uma criancinha… na vida real a condição raramente afeta o corpo inteiro, mas faz com que um adulto possa ter um coração ou outro órgão de uma criança e sofrer as consequências disso.

Ela usou sua condição para se tornar uma atriz, e por anos participou de uma sitcon chamada Love That Baby, onde ela era o bebê do título. A personagem dela se chamava Baby Doll e fazia as trapalhadas que guiavam a história. E como ela não envelhecia, a sitcon nunca tinha que lidar com o personagem da criancinha deixar de ser uma criancinha, o que é um problema para muitas séries. A sitcon durou dez anos e foi cancelada. E a coincidência do cancelamento com a sua entrada na vida adulta bateu nela.

Ela estava saindo de sua vida ideal, onde sua carreira era um sucesso, e onde ela passou dos 10 aos 20 anos vivendo a mesma rotina todo dia para do dia pra noite se ver como uma mulher adulta, incapaz de conseguir avançar na sua carreira por causa de seu corpo. Ela não conseguia ser vista como uma atriz dramática e fracassou em ser levada a sério.

Ela queria sua série de televisão de volta, pois ela realmente projetava sua vida no estúdio como sua vida real para tentar não viver sua vida real como alguém que não consegue ser vista como adulta. Dez anos pirando de saudades de sua vida ideal e querendo viver em uma sitcon que nunca vai voltar, ela surta, sequestra os atores da sitcon e os força a reinterpretar os papéis deles para reviverem a sitcon com ela. Todos exceto o ator que ela culpou pelo cancelamento, esse ela planejava matar em vingança.

A aparição dela é famosa pela cena final em que após Batman resgatar os atores sequestrados e ir atrás dela, eles se enfrentam em uma casa dos espelhos, onde ela tem um ataque ao ver um espelho que a distorceu tanto que ela se viu como uma mulher adulta. E entendeu que justamente, viver como adulta para ela era uma ilusão tão distorcida e distante dela quanto viver em uma sitcon.

O desenho do Batman dava muito foco pra qual foi o trauma e o baque psicológico que fez seus vilões virarem vilões, e isso foi ótimo para fazerem alguns dos antagonistas mais famosos do morcego crescerem com o público e para fazer os antagonistas novos terem apelo. Pois muitos episódios são sobre o vilão.

Pois bem. O que eu acho fascinante nela são várias coisas. Eu gosto da ideia de crimes sendo cometidos para ela poder criar seu mundo de fantasia, pois não aguenta lidar com o mundo real. Na sua segunda (e última) aparição, ela tentou trabalhar em um hotel, mas no instante em que sua condição a fez ser reconhecida, ela voltou a querer viver na televisão. E eu acho fascinante nesse mesmo episódio em que ela forma uma parceria com Killer Croc, justamente porque se comove com ele falando que é constantemente julgado por gente que não sabe pelo que ele passa com seu corpo. O que é curioso, porque se ela se comove com todo mundo que tiver uma alteração corporal em Gotham, ela obviamente vai querer brincar só com os vilões.

Também interessante termos uma vilã enlouquecido pelo showbusiness, um arquetipo de personagem consolidado no cinema que me fascina. A personagem dialoga muito com a personagem título do excelente filme de terror Wathever Happened to Baby Jane. E isso é um potencial imenso.

E o estilo dela é do cacete. A arma escondida na boneca? Magnífico. Fugir da cena do crime num triciclo? Ela pertence a Gotham.

Mas acho que o que mais me agrada nela, é justamente que ela como vários outros vilões soa como um diálogo com o que é o próprio cavaleiro das trevas. Um homem que teve sua infância roubada de si enfrentando uma mulher que teve sua vida adulta roubada de si. Eu acho que eles foram feitos para se enfrentar.

Aparentemente, pesquisando aqui pra esse texto, ela tem um cameo já que ela já fez nas HQs. Eu não sei de que edição ou de que ano é essa página, mas é ela aqui, fazendo uma ponta do lado do seu parceiro-no-crime Killer Croc… assim, se desistirem da ideia de que o climax do filme tem que ser uma luta muito elaborada e acrobática, eu acho que ela super rende o papel de vilã de um filme. Só os cara ter coragem de arriscar filme diferente.

6º Lugar: Razer (Green Lantern, the Animated Series, série animada, 2012):

Agora sim! Eu falei da Aya, mas o pilar emocional da série animada do Green Lantern era o Razer. E sempre foi. O primeiro episódio foi sobre ele e a última cena foi sobre ele, e ele sempre esteve no centro do tema da série. Razer é inclusive um dos vários “ih, os cara tentaram meter um Zuko” que eu apontei no meu texto sobre a perfeição narrativa que foi o arco de redenção do Príncipe Zuko.

Os personagens do núcleo do Green Lantern recebem seus poderes de seus anéis que representam emoções, então eles tiram seu poder de emoções. Sendo a emoção verde a força-de-vontade. Mas Razer é um Red Lantern, ele representa a cor vermelha, e tira seus poderes da raiva.

Razer a princípio odiava todos os Green Lanterns, que ele culpava pela morte de sua esposa, até descobrir que ele estava sendo manipulado pelo líder dos Red Lanterns, Atrocitus. Mas o ponto central é que Razer se definia principalmente pela sua dor, pelo seu luto e pelo desejo de recuperar o que perdeu.

E o desenho é sobre a jornada emocional que ele fará, em se apaixonar novamente, formando um casal com a inteligência artificial Aya, e a aprender a se redefinir por outra emoção. No caso a esperança, a emoção do anel Azul. E eu juro que ver ele se abrir pra filosofia pacífica dos Blue Lanterns e gradativamente migrar pra cor azul é a melhor coisa da série inteira.

Essa série foi um excelente trabalho em mostrar o quão interessante é o lore de Green Lantern, com as sete tropas para sete emoções, e como as tropas se relacionam entre si, mas o mérito real da série foi focar isso na história de amor de dois personagens completamente originais.

Razer e Aya. É por eles que esse desenho valeu a pena. E o foda é que gente tentando mostrar mais do Green Lantern é tão raro, que eu nem tenho onde cobrar aparições futuras deles. Pois no fundo eu só quero que sigam tentando contar mais histórias sobre essa parte do universo DC. É uma das que mais tem potencial para personagens novos, e também tem ume excelente elenco de personagens estabelecidos.

5º Lugar: Wonder Twins (Superfriends, série animada, 1973):

Ah, os famosos. Constantemente parodiados, feitos de chacota, transformados em meme, tudo porque a Jayna sempre virava um bicho daora e o Zan virava a porra de um balde de água. Mas porra, eu adorava eles quando eu era criança. Eu era uma criança que gostava muito do poder de mudar de forma. Achava um poder versátil que dava pra enfrentar todo mundo e eles eram os legais dos Superfriends na minha infância.

Hoje eu só aprecio que achavam eles bobos o suficiente para mantê-los vivos nos imaginários de todo mundo. O que é mais do que o Apache Chief conseguiu. Apareceram no Family Guy, apareceram no Teen Titans Go. E apareceram até em lugares onde foram levados a sério. Tiveram o próprio episódio em Smallville.

E especialmente, imigraram pros quadrinhos. Aparições aqui e ali, mas em 2019 eles tiveram a própria série de 12 volumes que foi um sucesso. E isso torna esses dois completamente cânon. E eles merecem.

Mas não apareceram em Young Justice ainda. O que é uma pena. Pois eu definitivamente queria ver eles em Young Justice, acho que estão entre os personagens que eu mais gostaria de ver no Time, junto de Raven e Starfire.

Eu simplesmente gosto da dinâmica que eles têm que trabalhar em equipe com poderes que não exatamente se complementam. A gente zoa a imagem da águia carregando um balde, mas acho que esse é o charme. Que combinação maluca de animal+água vai resolver a situação. E eu aprecio que quando eles não são criativos, existe sempre o gorila com o pé-de-cabra de gelo.

E por último só digo isso. Eles popularizaram o fist bump. O mundo até hoje deve a eles um dos grandes cumprimentos da história. Sabe, muita gente acha que o poder deles vem de um anel, mas não, qualquer toque nas mãos ativa o poder deles. Eles escolhem fechar o punho, pois queriam ensinar os terráqueos como é o jeito certo de se cumprimentar alguém.

4º Lugar: Harley Quinn (Batman, the Animated Series, série animada, 1992):

Ah. Mas essa é a mulher do momento. Em setembro desse ano Harley Quinn comemorará trinta anos desde que apareceu pela primeira vez, e agora ela está no auge de sua popularidade. Suas performances cinematográficas explodem, ela tem a própria série de televisão, seus gibis vendem que nem água, e ela é definitivamente a segunda mulher mais famosa de toda a DC perdendo somente para a Wonder Woman.

E acho notável ela ao longo dessas duas décadas ter conseguido de sustentar sob as próprias pernas, tendo nascido para estar na sombra do Joker que por sua vez estava na sombra do Batman que por sua vez faz uma sombra em cima da DC inteira, por conta de sua popularidade. E a Harley chega e faz dois filmes sem o Batman. Foda-se. Acho admirável. Porra, ela fez uma parceria com um Batman em um filme e o filme foi tratado como se fosse um crossover, mesmo ela super sendo parte do núcleo dele. Mas ela cresceu tanto que nem é tratada como secundária ao Batman.

Harley tem personalidade. Personalidade o suficiente para mesmo usando tema circense, humor e caos, ela nunca soar como uma versão feminina do Joker, ela não soava isso nem mesmo quando era a namorada dele, isso tudo devido a sua energia explosiva, a sua falta de compromisso com noções de bem e mal, podendo jogar em qualquer um dos times por qualquer motivo, e a sua lealdade. Sua capacidade de não abandonar as pessoas se torna sua característica mais notável em qualquer história em que ela tenha destaque. Algumas histórias se focarão em sua lealdade ao Joker, algumas à Poison Ivy, e Injustice, que é uma da qual eu particularmente fã, investe um foco imenso na lealdade dela ao Green Arrow. Minha décima amizade favorita entre homem e mulher.

Mesmo o The Suicide Squad fez ela ser leal até o fim a uma promessa que ela fez ao Javelin, que nem é um personagem de verdade de tão rápido que se foi. Harley nem sempre sabe onde ela está, sem sempre faz a coisa certa, e nem sempre faz de maneira eficiente. Mas ela é leal. Ela não dá as costas pra quem ela ama, e ela cumpre a palavra dela.

E isso faz dela um excelente e versátil personagem. Que ainda vai crescer mais.

3º Lugar: Red X (Teen Titans, série animada, 2003):

Ok, o Red X é simplesmente do caralho! Tudo a respeito desse personagem é daora, mas o mais daora é justamente o seu mistério.

No desenho, Red X é uma identidade de super-vilão que o Robin criou para se infiltrar no círculo interno de Slade. Com uma roupa projetada especificamente para ser eficiente derrotando os Teen Titans. O plano deu errado, Slade desmascara Robin e ele danifica a confiança que seu time tinha nele, quando descobrem que ele se infiltrou nos vilões sem avisá-lo. E Robin faz um discurso sobre como existe o bem e o mal e a linha que separa os dois absolutos é clara e ele não deve tentar brincar com essa linha novamente.

…mas se eu fosse falar de um outro nome do Dick Grayson, o personagem não seria qualificável pro Top13. O Red X que eu quero elogiar aqui é o ladrão misterioso que roubou a roupa e armas do Red X e assumiu a identidade para si. Com um arsenal Anti-Titans a sua disposição, ele rouba ele comete roubos por aí, mas aparenta ter algum código moral, e quer proteger a cidade de pessoas perigosas também.

Faz-se todo um mistério no fandom a respeito de qual é a identidade secreta do Red X, mas eu pessoalmente acho que nem importa mais. Eu não acho que a gente vá reconhecer a pessoa debaixo da máscara. O importante é justamente o que ele representa. A identidade Red X foi um erro que Robin cometeu, e que agora está nas mãos erradas, e Robin não pode desfazer esse erro da mesma forma que ele não pode só pegar a roupa do Red X de volta, pois ele não sabe quem ele é, pois pode ser qualquer um. E de quebra, Red X representa uma vida sem absolutos e com pouca separação entre bem e mal que contraria a visão de absolutos com as quais Robin via o mundo na série.

Com dois episódios só, três se contarem antes da roupa ser roubada, Red X segue sendo um dos elementos de Teen Titans mais debatidos e mais lembrados do desenho. E foi tragicamente subutilizado na série. A identidade Red X é lembrada em Teen Titans Go como o disfarce mais legal e mais fodão do Robin, mas não como uma identidade separada de um outro super vilão.

Mas aparentemente, ano passado o Red X oficialmente imigrou pros quadrinhos, eu não estou lendo as histórias desse evento Future State, não tenho certeza de muita coisa, mas o que eu entendi é que enfim esse personagem ganhou uma vida pós-Teen Titans.

Pois uma coisa eu tenho certeza. Ver mais do Red X é um dos quatro grandes motivos pelo qual todo mundo quer a sexta temporada de Teen Titans.

2º Lugar: Kaldur’ahm (Young Justice, série animada, 2010):

Desde que Superfriends revelou pro mundo que o Aquaman é o herói mais tosco que já existiu, existe um esforço constante em diversas adaptações da DC de tentar salvar o Aquaman. Seja dando pra ele uma mão de gancho, seja fazendo ele ser interpretado pelo Jason Momoa, seja mostrando que ele dá porrada em terra firme numa boa usando um tridente, seja enfatizando que ele é casado com um mulherão da porra. E em várias dessas tentativas dando uma barba pra ele.

Mas Young Justice deu um passo além a barba (que está lá), que foi fazer o parceiro do Aquaman ser simplesmente a essência de tudo o que é cool. Kaldur’ahm foi criado para ser o novo assistente de Aquaman em Young Justice, com poderes como manipulação de água, e emitir eletricidade das tatuagens de enguia em seu braço que fazem ele um dos mais porradeiros ali disparado.

E de quebra fazem ele ser o líder do Time. A figura de autoridade e sabedoria, com quem todos podem contar, para conduzir as missões, como para dar porrada.

E ao longo da série Kaldur’ahm enfim faz um trabalho tão excepcional que ele se torna o novo Aquaman quando o original se aposenta do super-heroísmo. Ele entra na Justice League e ele cega até a ser o líder da Justice League temporariamente.

Como um dos protagonista de Young Justice, Aqualad teve alguns excelentes arcos dramáticos, e o seu melhor foi quando ele finge que trai o Time e se alia aos vilões ao descobrir que seu pai era um vilão, para se infiltrar. Auge do personagem.

O personagem não chegou a imigrar pros quadrinhos exatamente. Ele inspirou o personagem Jackson Hyde, que tem algumas diferenças-chave como personagem, como o próprio nome. E como o próprio Greg Weisman, criador de Young Justice disse uma vez “O Jackson pode tentar ser parecido com o Kaldur, mas o Kaldur nunca tenta ser parecido com o Jackson.” Mostrando que ele seguirá sendo trabalhado como um personagem original mesmo a sua contraparte tendo sido criada.

E o melhor personagem criado fora dos quadrinhos. O que mais me marcou. O que mais me hypa é…

1º Lugar: Barbara Gordon (Batman, série live-action, 1966):

é Barbara Fucking Gordon, a Batgirl! Essa sim é a maioral! E é disparada a maior contribuição que a série do Adam West nos deu, e olha que essa série deu várias.

Quando a série de televisão começou a pensar em como criar uma personagem feminina que fizesse com que mais mulheres assistissem Batman, o produtor executivo William Doozer teve a ideia de que a filha do Comissário Gordon seria uma super-heroína e esconderia isso do pai. Eles planejaram então o conceito da Batgirl, que foi esse conceito que ajudou eles a convencerem a emissora a renovar a série para uma terceira temporada. E a popularidade da Batgirl foi tão grande que ela quase conseguiu um spin-off só dela.

E bem, isso foi tudo planejado com as HQs que queriam estar em dia com a série de televisão, e a Barbara estreou nos Quadrinhos quase que simultaneamente, eu acho que por questão de tempo de produção de televisão, ela chegou nas HQs um pouco antes, mas completamente feita para atender demandas televisivas.

E como eu sou grato a essas demandas. Porque gente, Barbara Gordon é disparado uma das coisas mais legais que existem em Gotham City. Seja como Batgirl ou como Oracle, é sempre ótimo ver ela participar da aventura.

E toda a dinâmica de esconder do pai policial que é uma super-heroína é algo que agrega demais. E não importa se está sendo escrito por alguém que leva essa dinâmica a sério, que leva essa dinâmica na zoeira ou que quer subverter essa dinâmica, eu acho que sempre funciona.

Além de que toda vez que alguém reconta a origem dela, tem uma coisa que não muda. Ela não é uma órfã que o Bruce Wayne resgatou de um trauma. Ela é uma fangirl, que fez uma roupa de morcego no próprio quarto e saiu nas ruas para ajudar o Batman, pois ela admira ele. E tiveram outros ao longo de décadas e décadas de quadrinhos e de secundários pro Batman, mas até hoje nenhum personagem personifica mais o conceito de que o Batman é uma ideia, e que qualquer cidadão de Gotham pode lutar a luta dele do que a Bárbara. A primeira que de fato espontaneamente saiu de casa para imitá-lo.

E é uma personagem em que em qualquer adaptação (exceto o filme do The Killing Joke), você sente um carinho imenso por ela. Recentemente Young Justice reescreveu o famoso incidente em que ela se torna paraplégica, infame pela misoginia no quadrinho que até seu autor admitiu estar lá. E em Young Justice, tempos depois de mostrar ela na cadeira de rodas, vemos o flashback mostrando que não foi um tiro do coringa, e foi o resultado de uma luta em que ela teve que refletir sobre sua visão de mundo, códigos morais. E onde ela foi tratada como um personagem de verdade durante o incidente.

Gosto também que ela é a fundadora das DC Super Hero Girls, na segunda versão do desenho, que é excelente, a propósito. E sou grande fã do que fizeram com ela no filme do Lego Batman também… aliás todas as vezes em que alguém falou “Comissário Gordon”, o nome veio seguido do twist de que ela eventualmente virou comissária da polícia, me agrada. 

E o filme solo dela já está virando a esquina, vamos ver o que vai sair.

Mas nossa, graças a Deus a série do Adam West decidiu inventar um novo personagem, pois o núcleo do Batman é melhor com a Barbara nele.

Assim… a gente fala que Hollywood está em crise de criatividade, porque tudo é adaptação. E esse é um “a gente” bem sincero, pois eu já falei isso, falarei de novo no futuro. Mas isso é na real uma meia-verdade. Uma quantidade cavalar de filmes famosos e célebres são adaptações de livros que só alguns leram. E esses filmes na real substituíram os livros no imaginário coletivo, mas são adaptações. Godfather, Jurassic Park, Clockwork Orange, Psycho, é tudo livro. Então Hollywood sempre viveu de reaproveitar ideias.

Mas o que eu sinto que tem mudado recentemente é essa relação com o original. Em que esses filmes que eu mencionei, presumiram que iam ser visto em sua maioria por quem não tinha acesso ao material original. O que significa que era um filme que queria te apresentar coisas. Te apresentar o Don Corleone, te apresentar o vocabulário do Alex de Large, te apresentar velociraptors híbridos com sapo. Você sai do filme tendo conhecido um personagem, uma história, um conceito que você não conhecia.

E em algum momento a chave dos blockbusters virou. E notou-se que o papel de um filme não era ter nada para apresentar pro expectador e sim, ter coisas para se reconhecer. E que tudo na história deve ser parte da osmose cultural que a audiência tem, pois aí ela vai urrar de felicidade de ter reconhecido.

Que é o Spider-Man No Way Home, um filme baseado em você reconhecer todos os personagens de outro filme, reconhecer toda a plot de histórias em quadrinhos famosas, reconhecer as cenas por serem imitações de outras cenas e reconhecer os diálogos por já terem sido ditos antes. E os atores são bons, pois são os mesmos atores de outro filme. E nesse espírito de que tudo tem que ser reconhecível. Quem é que vai inventar coisa nova?

Mas ninguém conhecia nenhum personagem do Batman Beyond, e essa era parte do apelo.

Quem vai fazer uma obra de herói nova vai recomeçar um universo novo onde pode fazer o que quiser, onde pode redefinir as dinâmicas, os ships, quem é membro de que time, e pode enfiar personagem novo. E isso é ótimo. Porque a junção de várias ideias de vários artistas diferentes é o que torna eles especiais. E o que permite que eles cresçam.

Por isso quero celebrar aqui as vezes em que se criou. E torcer pra que esse hábito nunca vá embora. Pois mesmo na Era do Reboot em seu auge, a ficção ainda tem o poder de te apresentar personagens. E o cânon é uma caixa de ferramentas, para te entregar tudo o que você precisa, mas ele nunca deve ser uma algema. É super herói, escreveram 50 histórias de origem do personagem no passado, e vão escrever 50 no futuro, ninguém devia entrar nessa pensando que vai escrever a oficial ou a definitiva. Eles deviam. Entrar pensando em contar a melhor história que puder e dane-se que vai ser uma de 100, se ela for divertida em seu próprio mérito, será lembrada.

Sobre o autor

Izzombie

Sou um cara chato que não consegue ver um filme sossegado sem querer interpretar tudo e ficar encontrando simbolismos e mensagens. Gosto de questionar a suposta linha que separa arte de filmes comerciais, e no meu tempo livre pesquiso sobre a história da animação.

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Alertas

  • – Todos os posts desse blog contém SPOILERS de seus respectivos assuntos, sem exceção. Leia com medo de perder toda a experiência.
  • – Todos os textos desse blog contém palavras de baixo calão, independente da obra analisada ser ou não ao público infantil. Mesmo ao analisar uma obra pra crianças a analise ainda é destinada para adultos e pode tocar e temas como sexo e violência.

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