Retrospectiva: As grandes animações dos anos 2010. Parte: 1

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Acabou a década. Começaram os anos 2020, e quem vier falar que a década tecnicamente só começa no ano 2021 pois não existe ano zero, que vá ser a polícia da década em outro lugar. E bem, essa década foi a primeira década que quando ela começou eu era um adulto e agora que está terminando eu sou um adulto, e que eu pude ver ela da perspectiva da minha vida adulta, sem estar distraído por assuntos infantis ou adolescentes.

Então vamos falar de desenhos!

Sim, desenho animado é daora demais! Um dos meus assuntos favoritos. E eu gosto de pensar que a maioria dos leitores do Dentro da Chaminé são leitores do Dentro da Chaminé, pois é um dos assuntos favoritos de vocês também.

E gente como essa década foi boa para a animação. Mais que boa, falo aqui, sem medo nenhum de errar. FOI A MELHOR DÉCADA DA HISTÓRIA DA ANIMAÇÃO. E olha que eu sou fascinado pelo que foram os anos 1990, enquanto influência histórica, enquanto o que ela simbolizou, e principalmente por ser quando estreou o que ainda é, minha série animada favorita da história: Animaniacs.

…Cujo remake estreia esse ano. Estou com grande antecipação para isso.

Enfim, então o texto de hoje vai ser para relembrar em ordem cronológica, quais foram os desenhos animados que definiram essa década, e tentar com essa lista entender: quais foram as tendências, mensagens e influências que definiram essa década na animação. O que mudou, e o que nos aguarda em 20200. Ah sim, vão ter alguns que não definiram a década, mas eu também tenho coisas a falar sobre eles.

Comecemos:

Nº1 – Ugly Americans (Março de 2010):

Começado logo de cara com uma vítima injustiçada. Eu acho que Ugly Americans estava um tiquinho a frente de seu zetgeist e teria tirado seu máximo potencial estreando poucos anos depois.

A série é uma workcom animada focada no departamento de integração de Nova York, cujo trabalho é integrar todos os imigrantes e não-humanos na cidade. Em um mundo em que literal,ente toda espécie fictícia coexiste.

Uma mistura com as burocracias de trabalhar no serviço público com piadas de “olha ali o vampiro fazendo vampirice”, com uma dose de metáforas para como os Estados Unidos são um país muito hostil com minorias.

O worldbuilding da série tinha um potencial imenso, mas não foi tão desenvolvido. O elenco era hilário, com além do protagonista humano, sua namorada Succubus, seu chefe Demônio, seu colega de escritório Mago e colega de quarto Zumbi. E eles tiravam boas piadas de suas espécies.

Mas não fez muito sucesso e foi cancelado em duas temporadas. Uma lástima. Em 2010, as workcons tiveram um avanço imenso, em especial com os sucessores espirituais de The Office, como Parks and Recreations e Brooklyn 99. A ideia de usar monstros e retratá-los como gente normal, para usá-los como metáforas para tensões raciais é um conceito que nunca esteve tão no zetgeist como está agora. E a série pedia um foco maior no worldbuilding e na continuidade como não era comum ainda em 2010, e por isso a série não deu esse foco.

Saindo em 2012, teria sido sucesso. Eu não tenho dúvidas. Uma pena, mas vale a pena de revisitar mesmo assim, como um clássico cult, vale a pena.

Nº2 – Scooby Doo Mystery Incorporated (Abril de 2010).

11ª série animada de Scooby Doo, cuja resposta para a pergunta “mas devíamos mesmo tentar de novo pela décima primeira vez?” foi fazer a melhor série de Scooby Doo de todos os tempos, na opinião desse humilde blogueiro.

O segredo desse desenho é algo que eu acho muito importante em um reboot de uma franquia tão grande quanto Scooby Doo, e é uma junção de duas palavras que eu acho importantíssimas em uma época cheia de reboots: é um reboot inclusivo.

Não no sentido de incluir minorias. Pelo contrário, meteram um raio hétero na Velma que ninguém queria, todo mundo queria shippar ela com a Hot Dog Water. Mas teve que ver ela e o Shaggy terem um rolo.

This Sparks Joy

Inclusivo, eu me refiro, no sentido de que é um reboot que tenta pegar tudo que as versões anteriores tinham a oferecer e validar as boas ideias do passado complementando as do futuro. Um reboot que tenta ter espaço para todo mundo fazer parte da festa.

Ok, nem todo mundo.

Tem participação dos personagens da Hanna-Barbera. Tem menção a todos os monstros da série original. Tem cameo de personagens do 13 Ghosts of Scooby Doo (de quem essa série é um obvio sucessor espiritual). A série tenta agregar coisas novas, mas ao mesmo tempo, utiliza tudo o que torna Scooby Doo grande. Ela tenta ser um compilado de tudo que fez Scooby Doo legal, mas com um toque de ambição bem grande. Scooby Doo enquanto franquia nunca mirou em algo maior do que isso.

Um arco maior, de um grande mistério que demora uma temporada inteira para ser resolvido. Uma conspiração maior envolvendo inúmeras gangues de adolescentes com animais falantes que se reuniram para desmascarar charlatães. E um plot intrigante e fascinante.

E porra que vilãozão da porra que foi o Professor Pericles.

Com grandes homenagens a filmes de terror, com ênfase em homenagens ao Lovecraft. Essa série definitivamente teve seu coração no lugar certo. E entendeu o quanto a geração atual estava pronta para um próximo nível: continuidade, arco de história, começo meio e fim e desenvolvimento de personagem. A televisão dessa década já permitia que desenhos entrassem nessa onda, e um dos mais formuláticos entrou, e funcionou. Foi brilhante.

Nº3 – Adventure Time (Abril de 2010):

Agora sim, o campeão, o melhor desenho da década, o mais influente, o mais relevante, o mais ambicioso. Essa década foi a década de Adventure Time, e eu já deixei isso bem claro, em uma retrospectiva de episódios, no post sobre o encerramento da série, no post sobre como a série trabalha princesas e num post sobre como ela trabalha a sexualidade de seus personagens. O que mais pode ser falado sobre Adventure Time que eu não falei?

Ah sim, que eu vou citar uma caralhada de desenho que bebeu da água de Adventure Time, e que seu maior mérito para definir essa década foi sua influência, e esse desenho teve muita. Tem até agora. Ele traçou um antes e um depois pro Cartoon Network e merece esses méritos.

Super empolgado pela continuação que vai ter no HBOMax, a propósito.

E disparado, é um dos desenhos do Cartoon Network que mais deixou “filhos” pelo mercado, seja em desenhos que se influênciaram diretamente em estilo, ou de desenhos lançados por profissionais que se destacaram por trabalhar em Adventure Time em primeiro lugar. É essencialmente o novo Dexter’s Lab.

Nº4 – The Looney Tunes Show (maio de 2010).

É… eu tenho sentimentos mistos quanto a esse daí.

Provavelmente por seu ser fanboy demais dos Looney Tunes para ter o distanciamento necessário para julgar um take moderno de sitcon nos personagens. Apesar de vários episódios me encantarem e tirarem as mais sinceras risadas, o conceito me deixa estranho demais para eu admitir que o desenho era bom, e fica tudo em um lugar estranho.

Então porque o desenho veio parar na lista? Porque o Mago é Implacável?

Não! Embora eu ame a piada do mago. Mas não, eu quero falar sobre o que esse desenho fez com a personagem Lola Bunny.

E bem… A Lola é um personagem fascinante que merecia um texto só pra ela… que eu já devia ter escrito, mas não escrevi, desculpas por isso, mas agora vou ter que mencionar aqui, então como eu posso resumir?

Eu sei que muitos leitores devem ter nostalgia de Space Jam, mas a criação dela para Space Jam foi uma abominação. Eu mencionei na minha recapitulação de aparições de personagens LGBT em desenhos, sobre como a existência da Lola Bunny é parte de um plano de reforçar uma imagem heteronormativa do Bugs (Pernalonga). Ela foi criada para atender uma demanda muito específica, a de ter uma Looney Tunes mulher, e acabar com a festa da salsicha.

O desenho Tiny Toon Adventures tem um episódio só sobre o problema da falta de mulheres entre os Looney Tunes. A festa da salsicha era um problema em que ficamos muito cientes nos anos 90.

Ignorando o fato de que já tínhamos Looney Tunes do sexo feminino antes. E não me levem a mal, eram pouquissimas, era desproporcional, eram personagens de participação menor, e a proposta de aumentar o elenco feminino era mais que bem vinda, era necessária.

Mas quando eles diziam “não tem nenhuma mulher nos Looney Tunes”, o que eles verdadeiramente queriam dizer era “não tem nenhuma personagem que atice os expectadores masculinos” e essa demanda não tem nada a ver com representatividade feminina, tem a ver com derrubar um primeiro dominó para o crescimento o público furry na animação….

Link pro texto aqui.

Para exemplos de tentativas reais de criar (e recontextualizar) personagens femininas na turma, vejam Tiny Toon Adventures, ali sim houve essa tentativa. A Lola foi explicitamente criar uma Looney Tunes sexualizada para mostrar que o Bugs curte mesmo é uns peitão… e não beijar caçadores nem usar vestido.

Com níveis distintos de sucesso, e focos distintos do que era a feminilidade e como expressá-la, Tiny Toon Adventures teve uma tentativa sincera de introduzir personagens femininos para a loucura anárquica que era o estilo de animação e de humor dos Looney Tunes
Animaniacs, dos mesmos criadores de Tiny Toons, também tentaram inserir um elenco diverso de personagens femininas na lógica de humor dos Looney Tunes como parte de uma nova geração. Por ser um elenco de variação de idade maior que os Tiny Toons, essa leva incluiu alguns exemplos tão sexualizados quanto a Lola Bunny, porém.

Digressão demais, meu ponto é: Lola Bunny foi criada para ser um produto, diferente de seus colegas que nasceram antes dessa mídia ser definida por venda de produtos. E por isso ela foi feita sob medida para ser a “descolada genérica”, com a catchphrase “não me chame de boneca”, que diferente das outras catchphrases, não é uma punchline, e com sua maior característica ser “ser gostosa” e “saber jogar basquete”, que reforço, não são piadas. Ela não tinha um tipo de humor que a definia, e isso a tornava estranha nos Looney Tunes que são todos definidos por suas piadas, ela era definida pela ereção que queriam que ela causasse no público alvo.

Depois de Space Jam os produtos tentavam muito forçar que ela era da turma, mas as aparições dos personagens na mídia não.

Ela foi omitida de Looney Tunes Back in Action, que explicitamente tira sarro do conceito de dar uma namorada pro Bugs. Não fez cameos em vários desenhos da Warner como Duck Dodgers ou Sylvester and Tweety Mystery que frequentemente homenageavam personagens de fora.

Ela ganhou um personagem no claramente-feito-pra-vender-boneco Baby Looney Tunes, onde seu personagem era definido por gostar de basquete e coisas de meninos. E também teve um personagem inspirado nela em Loonatics Unleashed, uma tentativa de transformar os Looney Tunes em super-heróis que foi um fracasso de proporções épicas.

Certamente uma das coisas mais estranhas que já saíram dos Looney Tunes.

Chega então The Looney Tunes Show, com a primeira aparição relevante da Lola pós Space-Jam, duas décadas depois dela ser criada… e ela não tinha nada a ver com a jogadora de basquete sexy. Ela era… hilária.

A personagem, brilhantemente dublada por Kristen Wig, que sério, estava fenomenal, foi repaginada do zero. Nessa versão, ela era uma cabeça-de-vento, distraída e otimista, que não para de falar por cinco minutos e que tirava o Bugs de sua zona de conforto. Se ele era calmo, paciente, e calculista. Ela era impulsiva, agitada e a antítese dele.

E nisso o que o The Looney Tunes Show fez foi o impossível. A série transformou Bugs e Lola em uma dupla.

E caralho, como o conceito pegou. Lola rapidamente se tornou uma das personagens mais populares do desenho, embora eu seja obrigado a ser justo e falar sobre como uma parcela vocal de fãs de Space Jam reclamou bastante da mudança na personagem, alegando serem fãs da versão basqueteira gostosa.

Mas, se me permitem isso é a exata mesma natureza de quem odiou o redesign da She-Ra, gente triste por perder a punheta. A versão nova da Lola desencadeou um filme em que ela é a protagonista junto de Bugs, uma paródia de filme de espião misturado com It’s a Mad Mad Mad World chamado Rabbits Run, que é um dos melhores longas dos Looney Tunes que já vi.

E é uma versão da Lola notável por não ser usada para anular o crossdressing do Pernalonga.

A personagem também apareceu em um crossover com o Scooby Doo em 2014, e nas duas versões a personalidade dela que foi, foi a Lola maluca de The Looney Tunes Show, em vez da cool girl de Space Jam.

Atualmente Lola aparece em The New Looney Tunes, também conhecido como Wabbit, e também mantém a personalidade maluca de The Looney Tunes Show, mostrando que essa Lola nova foi a que vingou. O que tem peso particular aqui, em que a dubladora de Space Jam dubla a Lola pro desenho, mas na nova personalidade.

Me estendi um monte, mas o ponto é que esse desenho recriou a Lola Bunny em pela primeira vez em 20 anos soar como uma parte orgânica do mundo dos Looney Tunes, e genuinamente incorporá-la em uma série de comédia e isso deu resultados para muito além do desenho, e merece todos os méritos.

Nº5 – Regular Show (Setembro de 2010):

Ah, junto com Adventure Time, Regular Show ajudou a trazer o surrealismo pro Cartoon Network de maneira notável.

Acho que a coisa mais fascinante de Regular Show é seu nome. A primeira vista o nome parece irônico. Parece que estamos chamando de “Show normal” um show que não é nem um pouco normal, e tudo se baseia em surrealismo.

Mas olhando de perto, eu acho que é um dos slices-of-life mais genuínos do Cartoon Network. E todo episódio era um contraste perfeito do absurdo estético que eram os acontecimentos do episódio com a banalidade extrema das motivações e do que estava em jogo.

Um episódio em que por exemplo, Mordecai e Rigby, ambos com preguiça de trabalhar, tiram no Pedra-Papel-Tesoura para ver quem fará o trabalho. Mas as centenas de empates consecutivos mandam eles para o conselho místico do Pedra-Papel-Tesoura onde serão punidos por empatar demais. E eles sabem que um dos dois só tem que perder de propósito para eles terem as vidas salvas, mas se fizerem isso, terão que trabalhar….

Não importa o quão místico e épico seja o deus do Pedra-Papel-Tesoura, no fim o episódio é sobre dois caras evitando trabalhos jogando um joguinho mongo, e nada é mais normal que isso. Tornando o título assim não irônico. Entender essa dualidade é a alma da série.

Excelente na construção de personagens com uma familiaridade triste do quanto seus maneirismos mais bizarros beiram umas pessoas que existem de verdade (olhando pra você Muscle Man), o desenho foi fantástico e uma marca de um excelente Cartoon Network.

Nº6 Avengers – The Earth’s Mighthiest Heroes (Setembro de 2010).

Ah, quem diria que eu, uma pessoa extremamente salgada com a relação Disney-Marvel e os males que essa relação causam a indústria do entretenimento, começaria a década achando que essa parceria era a melhor coisa do mundo por ter desencadeado a melhor série animada da Marvel que tem.

Já dediquei um texto inteiro só sobre meu amor por essa série, e tenho pouco a completar exceto por: Avengers Endgame em seu pico de hype não chegou aos pés da qualidade narrativa dessa série.

Foi por muito tempo o último grande acerto da Marvel na animação…. Até fazerem aquele filme delicioso do Spider-Man!

Nº7 – My Little Pony: Friendship is Magic (Outubro de 2010)

Ah, esse aí foi um dos grandes.

Trívia: Vocês sabiam que eu tirei o nome desse blog de My Little Pony?

De verdade, eu não sabia que nome dar, e queria algo que combinasse com a expressão “pensar fora da caixa”, foi aí que lembrei da grande frase que Pinkie Pie disse no especial de natal de My Little Pony.

Ah sim, My Little Pony foi um dos meus desenhos favoritos quando ele estreou, e por um bom motivo, era uma obra feita com um zelo e um carinho invejáveis.

Esse desenho, produzido por Lauren Faust, que vai ser mencionada de novo nessa lista, tinha um objetivo claro: tomar o simbolismo da meiguice de volta pras meninas.

De uma maneira que até o anti-cristo poderia apreciar.

Cor-de-rosa, Pôneis, Arco-Íris, Fofura, Coelinhos, Princesas, Magia do Amor, Reinos Encantados das Fadas…. Todo esse pacote de “histórias de fantasia para menininhas” foi duramente estigmatizado ao longo dos anos. Histórias para menininhas são histórias que nós automaticamente presumimos que são horríveis, clichês, maçantes, sem inspiração, sem emoção, que se baseiam somente nas expectadoras acharem tudo lindo, sem ter tensão nenhuma nos acontecimentos. E que se bobear, a gente ainda acha uma moral que reforça papeis de gênero problemáticos na sociedade.

O motivo disso é simples: um número enorme dessas histórias são contadas por homens (embora existam mulheres envolvidas nesses filmes, e tenham exceções). Porque a maioria de todas as histórias são escritas por homens, pois damos pouco espaço para mulheres em todas as áreas da produção de ficção. Filmes como os filmes da Barbie ou da Tinkerbell, são feitos por homens que genuinamente odeiam esses tipos de história. Que em vez de mentalizar o que a criança interna deles quer ouvir, mentalizam o conceito de “menininha é tudo monga né, vou escrever uma monguice qualquer, encher de arco-íris e resolver logo o assunto.”

Tinkerbell, criação do Diretor de Pocahontas II com o escritor de Aviões. As pessoas mais qualificadas para liderar a franquia principal de produtos para meninas da Disney até Frozen explodir.

Entra na equação Lauren Faust… a história completa é que a Hasbro tinha acabado de comprar a Discovery, e reformulado o canal infantil da Discovery Kids para se tornar The Hub, um novo canal infantil para vender brinquedos da Hasbro. E então eles queriam muitas séries para se legitimizar. Nessa época, Lauren Faust, renomada roteirista de Powerpuff Girls (o original), e Foster Home for Imaginary Friends, foi fazer o pitching de uma série infantil chamada Galaxy Girls, em que várias garotas, uma inspirada em cada planeta viveriam aventuras espaciais e tal. A série foi rejeitada, mas ela foi convidada para assumir as rédeas do reboot de My Little Pony.

E após alguma hesitação, de se ela, que se declarava uma feminista, iria se submeter a fazer um desenho tão bobo para menininhas que representava um passo pra trás tão grande na noção de representatividade feminina na televisão…. E ela decidiu assumir a série, justamente para tirar o estigma de bobo de desenhos, só porque é muito óbvio que eles são de menininhas.

O que envolveu fazer o reino Equestria passar por uma boa construção de mundo, para que a história dos episódios pudesse ser levada a sério.

O desenho tinha clara a meta. Eles iam pegar os unicórnios mágicos, a magia de arco-íris, e todo o cor-de-rosa e fazer ser: FODA! Ela inspirou os episódios nas brincadeiras que ela fazia com as próprias bonecas, e fez o desenho ouvindo sua criança interior, e olha…. Eu fui Brony na minha época, mas temos que ser sinceros, não ficou o desenho mais perfeito do mundo.

….mas ficou muito bom. Era uma das melhores coisas de se acompanhar semanalmente. E o contraste com tudo de estúpido que esperamos quando ouvimos “pôneis”, só elevou os méritos do quão bom ficou.

A série queria provar um ponto importante, que é algo que é a marca das obras de Faust: “feminino não é uma personalidade”, existem várias maneiras de exercer feminilidade, e existem várias maneiras de ser uma garota. Parece uma mensagem óbvia, mas não é como muitos desenhos operam. O príncipio de Smurfette existe e é forte, e as seis protagonistas quebravam isso.

My Little Pony se baseou em seis protagonistas de personalidades diferentes, mas que se complementavam perfeitamente para fazer com que todo expectador pudesse se identificar com alguma, e trabalhar os infinitos potenciais de interação entre elas. A caracterização da série é tão boa, que pra mim um dos melhores vídeos no youtube explicando como caracterização funciona, é analisando exemplos de My Little Pony.

mas ele não está mais no ar, uma pena.

A série foi um sucesso tão grande que criou o famoso público brony, que ajudou a indústria da animação a repensar muitos conceitos de masculinidade. De como um grupo muito grandes de nerds, resolveu abraçar o cor-de-rosa, com orgulho, e abriu as portas para uma indústria que não precisava mais pensar se o público iria aceitar valores não-estereotipicamente masculinos no ar.

A notícia triste é que então My Little Pony se tornou aquilo que jurou destruir quando após o afastamento de Lauren Faust, a série de voltou cada vez mais em foco nos brinquedos, gerando o spin-off Equestria Girls, em que as garotas ignoravam tantos aspectos fascinantes de suas vidas para reproduzirem estereótipos femininos de High School. Uma lástima. Mas ainda sim, essa série abriu porta pra muita coisa boa.

Nº8 – Young Justice (Novembro de 2010):

A melhor série de super-heróis de todos os tempos. O motivo pelo qual eu sou um grande fã do universo DC, comecei a ler gibi de herói, e batizei minha gata de estimação de Zatanna. Tema de um texto no blog já. E protagonista de uma campanha heróica de descancelamento, que contra as possibilidades, vingou, e a série reviveu para uma terceira temporada e terá quarta. O que sobrou pra falar dela?

Além de ser um dos melhores retratos de adolescência, amadurecimento e diálogos geracionais, em um contexto de aventura e ação, sem slice-of-life, que eu já vi, perdendo provavelmente só para Avatar – The Last Airbender(e não perdendo por muito não), eu acho fascinante, como a série aborda temas mais fortes do que desenhos de super-heróis costumam retratar.

Como o episódio em que Kid Flash por escolher enfrentar um vilão, se atrasou para o hospital para onde levava um coração para transplante, e recebe a notícia de que a criança que receberia o coração não sobreviveu a espera.

A série é completamente desconstruída, e woke, mas sem chupar o próprio pau a respeito disso, se no começo, eles focavam muito em aliens como minorias étnicas naquele universo e nos personagens definindo suas identidades, para dialogar com pautas identitárias presentes muito nos debates atuais sem dar nomes aos bois, na terceira temporada eles abertamente dão nomes aos bois.

Os personagens casualmente debatem a necessidade de diversidade, o impacto da representatividade, e espectro queer, sem fazer isso ser o tema do episódio, pois o episódio é sobre combater os vilões, mas era um tema grande da vida dos personagens. A terceira temporada contou com dois beijos gays corajosos, mesmo não sendo os primeiros da TV. E eu acho fascinante, como isso mais do que tornar o desenho político (não que não torne), torna ele primariamente mais humano.

As questões identitárias dos personagens, como eu disse, não são parte do plot, mas sim da caracterização dos personagens, e um constante lembretes de que esses jovens aprendendo a proteger a terra, são pessoas, com dificuldades de pessoas, gente como a gente, dando seu melhor para serem funcionais em suas vidas. E sério, não tem nenhum outro desenho de super-herói no mundo que fez isso de maneira tão bem-feita.

As cenas de ação são os momentos de hype. E as movimentação do plot e o plano dos vilões são o pico da nossa tensão. Mas os momentos emocionais, que não são poucos, todos derivam da vida cotidiana dos personagens, quem eles são, seus sonhos, suas relações humanas, as coisas que definem quem eles são no mundo enquanto pessoas, não enquanto heróis.

Eu te juro, eu não ia gostar de personagens da DC 1/10 do que eu gosto hoje se eu não tivesse sido introduzido à maioria deles, por meios de Young Justice.

Nº9 – Dan Vs. (Janeiro de 2011)

Nossa, mas se teve uma série que foi boa demais para seu contexto, foi Dan Vs. Não tem nada do que eu vou falar nesse texto do quão eu seja mais órfão do que essa série tão maravilhosa quanto injustiçada.

A série é sobre Dan, um misantropo, desempregado e fracassado. E constantemente as coisas dão errado pra ele. Então vamos dizer que é comum ele sair de casa, e um pássaro cagou na cabeça dele. Porém Dan é um homem de vingança, e quando ele sente que foi o alvo de uma injustiça, ou uma má-fé, ele jura vingança completa…. Contra os pássaros nesse exemplo que eu inventei.

Então todo episódio abre com Dan tendo motivos para se sentir alvo de algo que pode ser uma pessoa específica (Dan vs o Dentista), uma instituição (Dan vs Wild West Town), um país inteiro (Dan vs Canadá) ou um conceito (Dan vs Art). E a beleza é, ele se vinga.

Dan é um péssimo ser humano, ele é mesquinho e desfuncional, e visivelmente mal-inserido na sociedade. Mas ele também é um herói do homem comum, pois nenhuma injustiça passa por ele, e ele não descansa até ter dado o troco, muitas vezes em alvos que é simplesmente catártico ver ele dar o troco.

Ver ele quase fechar um equivalente-fictício-ao-Mc-Donalds, para fazer o gerente admitir que entregou um pedido com queijo quando ele pediu sem queijo. Existe um prazer em ver o McDonalds perder essa briga pequena em fenômenos grandes. Ou ver ele invadir um banco para roubar cinquenta centavos que foram injustamente deduzidos de sua conta. E principalmente ver ele obrigando o gerente de um ranchinho de quinta que ele tinha o direito de receber o que foi prometido.

Eu sinto que Dan é a personificação clara de um dos meus diálogos favoritos do filme Snatch, quando o vilão Brick Top se introduz assim: “Vocês sabem o que é um nemesis? É a aplicação justa de retribuição, manifestada pelo agente apropriado. Personificado nessa situação por um enorme escroto: eu.” Essa fala para mim é o resumo perfeito do que foi essa série.

E eu sinto falta dela todo dia. Mas hey, essa série estreou no The Hub, o canal fundado pela Hasbro pra vender bonecos, e visivelmente não era uma série boa para bonecos, e seu público-alvo era levemente mais velho que os público-alvo de My Little Pony e Transformers, ela foi brutalmente cancelada em três temporadas, quando tinha potencial para muito mais…. muito mais. Era pra estar passando até hoje, caralho!! Mas diferente de Young Justice, essa não deu pra salvar.

Mas agora está imortalizada aqui.

Nº10 – The Amazing World of Gumball (Maio de 2011):

E aqui as coisas ficam estranhas. O irmão mais novo e mais hiperativo de Regular Show é surreal logo na primeira possível impressão. Com um estilo de arte não harmônico que combina muitos estilos de arte e de animação diferente em constante conflito diante de seus olhos.

Um dos desenhos mais anárquicos que eu já vi em minha vida. Absolutamente sem regras. A abordagem é a de um slice-of-life mostrando o dia a dia escolar, de Gumball Watterson, um gato azul e seu irmão adotivo Darwin, um peixe com patas (e eventualmente a irmã caçula Anays, uma coelha rosa superdotada). Porém o dia a dia era na verdade nada além de comentário muito mais cínicos do que uma criança devia ser capaz de formular sobre aspectos da realidade.

Gumball e Darwin após serem desafiados a viver um dia inteiro da maneira como sua mãe vive a vida, são imediatamente espagados pelo Teto de Vidro da empresa dela que não permite que mulheres se destaquem mais que os homens.

O show além de anárquico era incrivelmente amargurado e azedo, e transmitia isso com um mundo muito engraçado, amigável e surreal onde balões falam. Era… estranho, e era maravilhoso.

Eles fizeram um dos comentários políticos anti-trump mais fenomenais que eu vi em vida.

Pulverizaram a quarta parede, fazendo Gumball ter acesso às fanarts de si mesmo. E também fizeram um episódio sobre o desconforto de ter que tratar como amigo um cara que você não conhece.

Obra-Prima. Uma gema no Cartoon. Que parece que você viu o auge da loucura, mas fica mais louco.

Nº11 – Green Lantern the Animated Series (Março de 2012):

Lá no começo da década, a DC tinha esse projeto chamado DC Nation, em que eles queriam uma hora da grade do Cartoon Network somente para animações da DC. Duas séries e uns curtas. E pois bem, uma das séries foi Young Justice, e a outra foi… Green Lantern the Animated Series.

Green Lantern é meu super-herói favorito de todos os tempos. E o motivo disso é que eu acho a relação entre Hal Jordam e Sinestro a relação entre herói e vilão mais legal de se acompanhar. E sonho com o dia em que eles vão receber uma adaptação digna para o aúdio-visual… vamos ver se o Green Lantern Corps em uns anos vai vingar.

Enfim, Green Lantern the Animated Series, é longe de ser perfeita, nossa, longe pra cacete,, o estilo de animação era um 3D desconfortável e estranho. Hal Jordan não foi tão bem explorado assim. E foi cancelado em duas temporadas para abrir espaço para Beware the Batman, que foi um lixo de série. Mas ela foi a minha primeira introdução ao Green Lantern e ao que é meu conceito favorito por trás do herói… o espectro emocional.

Adaptando pela primeira vez para fora das HQs, não só Hal e Killowog, mas todas as sete tropas das sete cores do espectro emocional, me deu a curiosidade necessária para ir ver os quadrinhos, e eu acho, no geral, um bom ponto de introdução ao que o lore de Green Lantern tem de melhor.

Mas onde a série se destacou mesmo foi em seus dois personagens que ironicamente, são os dois personagens que não existiam nas HQs em nenhuma forma: Razer e Aya. Atualmente esses dois estão entre meus personagens não-canônicos favoritos de toda a DC. E os dois recebem um foco pesado de desenvolvimento de personagem e caracterização.

Em especial Razer. Arrisco dizer que a série é na verdade a história dele, e Hal Jordan é somente nossa perspectiva.

Razer é um Lanterna Vermelho que se juntou à tropa vermelha para destruir a tropa verde, por vingança. Culpando os lanternas verdes pela morte de seus entes queridos. Porém ao ver a corrupção por trás das motivações de Atrocitus, seu líder, e o quanto ele manipula seus subordinados e ataca inocentes, ele traí Atrocitus e se une a Hal Jordan e Killowog em uma Road Trip pelo universo.

A Road Trip consistia em Hal, Killowog, Razor e Aya, sendo Aya a nave da viagem. Uma super-nave dos Guardiões que Hal roubou, e agora precisa voar ela de volta para o planeta Oa. Porém a inteligência artificial de Aya, capaz de controlar a luz verde, e desejando se humanizar cada vez mais, cria seu próprio corpo físico para além de nave, e independência de suas programações originais para ser um indivíduo.

E a viagem é essencalmente ela e Razor se ajudando. Razor ajudando Aya a se humanizar. E Aya ajudando Razor a descobrir uma identidade para além da energia vermelha alimentada pelo seu ódio. E a relação dos dois é uma delícia de ver crescer. Tanto que compensou a ausência do bromance/inimizade de Hal e Sinestro.

Série cheia de defeitos, mas uma das maiores surpresas por parte da DC.

Nº12 – The Legend of Korra (Abril de 2012):

E eis que nessa década pegamos o que certamente foi O DESENHO MAIS PERFEITO DA DÉCADA PASSADA, e resolvemos fazer uma continuação. Que foi boa, mas não foi o desenho mais perfeito dessa década. Mas foi digna pra cacete. E também foi uma montanha russa.

De uma primeira temporada meia-boca, para uma segunda temporada péssima, contendo um flashback que é um dos pontos altos das duas séries. Para uma terceira temporada excelente para uma quarta temporada boa…. A média final foi bem positiva. E muito foi agregado ao lore.

E tivemos um final lésbico que testou bem os territórios da censura. E apesar da repercussão desse final ter feito mais bem do que mal pra série. Os bastidores da decisão geraram uma briga tão grande na Nickelodeon, que é o que confirma que nunca teremos uma terceira série de Avatar. Então essa série essencialmente sacrificou a franquia inteira para expandir o espaço de personagens LGBT nos desenhos infantis e temos que respeitar isso.

Não chega aos pés de Last Airbender, mas agregou bastante, prejudicou pouco e foi bom que tenha existido.

Nº13 – Gravity Falls (Junho de 2012):

Here Comes a New Challenger! Disney joins the Party.

E eis que o Disney Channel, resolve entrar na brincadeira dessa fase boa de animação que estávamos tendo. A Disney que na época contava bem mais com suas sitcons Live-Action para se promover do que com seus desenhos, e que apesar de ter o genial Phineas e Ferb na grade, que foi genial. Também tinha uma tonelada de desenho merda na grade como Kick Buttowski, Fish Hooks, e Jimmy Two Shoes. Porém um dia eles perceberam que estava uma fase boa para ser notório por grandes séries.

Papo sério, esse desenho foi do caralho.

Então a Disney pegou um cara chamado Alex Hirsch, um cara que trabalhou nos Storyboards de The Misadventures of Flapjack, junto de Pendleton Ward (de Adventure Time) e J G. Quintel (de Regular Show), e deu um desenho pra ele. Colocou o fodástico Rob Renzetti, um dos melhores e mais discretos nomes do boom de animação dos anos 1990 (e que havia acabado de se demitir de My Little Pony – Friendship is Magic, pois ele só tava na série pela Lauren Faust) para supervisionar o show. E foi sucesso.

Esse homem, esse desenho não teria sido a mesma coisa, sem esse fodão nos bastidores.

Uma história fechada e sólida de duas temporadas, com mistérios intrigantes que convidavam o expectador a se envolver e decifrar códigos deixados nos episódios para entender pistas. Uma demonstração legal de boas relações entre irmãos. Personagens cativantes e que crescem. Uma lição bacana sobre confiar ou não confiar nos outros. Foi magnífico.

Eu ainda estou esperando um episódio especial do Dipper e da Mabel voltando para Gravity Falls mais velhos… seria lindo de se ver.

Nº14 – Dragons, Riders of Berk/Defenders of Berk/Race to the Edge.

Eu me sinto desconfortável, colocando essa série na lista, pois eu abandonei ela por birra na metade e nunca retomei, mesmo achando que ela deve ser ótima.

E bem, a Dreamworks é o estúdio de animação mais mercenário que existe depois da Illumination Studios. Mas se a Illumination Studios tem o olho dela em vender pelúcia de minions infinitamente. A Dreamworks, tem esse acordo ímplicito de que qualquer merda que eles fazer vira um desenho na Nickelodeon.

Penguins of Madagascar, Kung Fu Panda, Monster vs Aliens, Croods e o único que prestou foi Dragons.

Visando preencher o vácuo do time-skip entre o primeiro e o segundo filme. A série faz um bom trabalho retratando os cinco pilotos de Dragão pouco a pouco transicionando Berk de uma vila que parou de lutar com dragões, para uma que os incorporou completamente em seu estilo de vida. E fez isso de maneira excelente.

O eoisódio que a Ruffnut faz amizade com um Scauldron, sendo parte de um projeto para os gêmeos terem mais individualidade e ganharem seus próprios dragões, em vez de dividirem um pra sempre. O cabelo curto da Ruffnut era um símbolo da evolução que ela teve nesse episódio. Porém aí sabiamos que ela ia ter cabelo longo no filme e continuar com o dragão que ela divide com o irmão então tudo isso não foi pra lugar nenhum e o cabelo dela voltou da noite pro dia.

E porque eu dropei essa série? Essencialmente porque saiu o trailer do segundo filme, e começaram a vir uns episódios estranhos dando uns ctrl+Zs estranhos que eu percebi, que eram a série se forçando a estar no status quo do filme, e que não havia diálogo real entre os roteiristas dos projetos. E isso me broxou bastante, sabe? Teve todo um arco foda pro Stoick conseguir o próprio dragão, e aí do nada num episódio wathever ele abandona o próprio dragão como o Ash abandonaria um pokemon, só porque esse dragão não vai estar no filme.

Stoik perdendo o Thornado, seu dragão que eu adorava, só porque o dragão do filme era outro particularmente me impactou.

Em retrospecto, eu acho que o trabalho que a série tava fazendo era melhor que o dos filmes (que não são ruins, longe de ser uma crítica) e que o certo era dropar os filmes. Mas enfim, um dia eu vou retomar. Depois das duas primeiras temporadas ótimas que eu assisti. Vieram três temporadas exclusivas pro Netflix que eu não assisti. E é isso aí. Um exemplo claro de que como explorar o lore de um filme fechado para mais além. Só deu uma cambaleada quando o filme não tava mais fechado e os lores se confundiram.

Nº15 – Teen Titans Go (Abril de 2013).

A existência e principalmente preservação desse desenho pelo que vão ser sete fodendo anos consecutivos, é um literal mistério. Um fenômeno ímpar difícil de identificar, e um genuíno estudo de caso.

E eu já fiz esse estudo. Ele ainda me fascina, mas eu não sinto que tenho algo para agregar além do que já agreguei.

Nº16 – Steven Universe (Maio de 2013).

E eis que quando Adventure Time estava com tudo em cima. No auge da sua transição de desenho surreal para overload-de-história-e-drama-e-deixar-gente-chorado, a melhor roteirista do desenho sai da série para fazer seu próprio desenho e se tornar a primeira mulher a ser criadora de um desenho do Cartoon Network. Nasce então Steven Universe.

As batalhas intergaláticas entre alienígenas feitos de pedra, usada como ponto de partida para trabalharmos questões de gênero, sexualidade, identidade, pacifismo, redenção, colonização, sentimentos distorcidos de progresso, liberdade, crimes de guerra, luto, culpa, responsabilidade, entre vários outros temas pesados que não eram lidados com tamanho tato desde Avatar – The Last Airbender. Um desenho perfeito, que agora enquanto falamos exibe sua temporada final. Uma das maiores gemas que o Cartoon Network já fez, e visivelmente uma que é o resultado de todo o caminho que eu percorri até aqui.

Steven Universe nunca teria tido espaço no Cartoon se não tivesse vindo depois de Adventure Time, My Little Pony – Friendship is Magic e Legend of Korra, cada um abrindo um pouco de espaço para Steven chegar. Foi o resultado de uma jornada que começou desde antes de 2010, pois Adventure Time saiu de The Misadventures of Flapjack, cada animação puxa a outra, e esse começo da década foi um monte de puxadas pra culminar na perfeição de Steven Universe.

E Steven abriu espaço para as animações que seguirão chegarem.

E é assim que a arte funciona, cada obra levanta a bola para a outra, e os autores seguem as deixas um do outro. E isso é magnífico.

Bom, a primeira metade foi essa, e a lista completa é grande demais para caber em um só texto, então existirá uma segunda metade com os desenhos que faltam da retrospectiva.

Nos vemos lá!

Sobre o autor

Izzombie

Sou um cara chato que não consegue ver um filme sossegado sem querer interpretar tudo e ficar encontrando simbolismos e mensagens. Gosto de questionar a suposta linha que separa arte de filmes comerciais, e no meu tempo livre pesquiso sobre a história da animação.

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Sou um cara chato que não consegue ver um filme sossegado sem querer interpretar tudo e ficar encontrando simbolismos e mensagens. Gosto de questionar a suposta linha que separa arte de filmes comerciais, e no meu tempo livre pesquiso sobre a história da animação.

Alertas

  • – Todos os posts desse blog contém SPOILERS de seus respectivos assuntos, sem exceção. Leia com medo de perder toda a experiência.
  • – Todos os textos desse blog contém palavras de baixo calão, independente da obra analisada ser ou não ao público infantil. Mesmo ao analisar uma obra pra crianças a analise ainda é destinada para adultos e pode tocar e temas como sexo e violência.

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