Os Top15 bruxos que merecem ser mais famosos que Harry Potter:

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Sabem o que me dá um nó no estômago? Que toda publicidade de Harry Potter insista em firmar nele o título de “O bruxo mais famoso do mundo”. E é o tempo todo. É “O bruxo mais famoso do mundo volta aos cinemas” pra cá, “O bruxo mais famoso do mundo agora está no seu serviço de streaming” pra lá, “O bruxo mais famoso do mundo vai fazer uma reunião de elenco” ou “O bruxo mais famoso do mundo tem seu próprio parque”. Eles estão tentando fazer essa alcunha realmente pegar tanto quanto “o menino que viveu”.

E assim como a profecia que Voldemort ouviu, que dizia que Harry Potter o derrotaria, eu acho que esse status do Harry Potter foi uma profecia que realizou a si mesma. Pois embora obviamente hoje Harry Potter seja sim o bruxo mais famoso do mundo, tem nem comparação, ele já era duas décadas atrás. Quando eu ouvi falar de Harry Potter pela primeira vez, não foi topando com o livro em uma livraria por acaso e pensando: “uau, que capa bonita e nome intrigante, isso deve ser de meu interesse”, nem foi por recomendação de um amigo ou conhecido. A primeira vez que eu ouvi falar sobre Harry Potter foi vendo reportagens na sessão infantil dos jornais falando sobre “O bruxinho que conquistou o coração de todo mundo.”

Macbeth teria se tornado rei se não tivesse escutado a profecia que disse que ele se tornaria rei?
Algumas vezes o anuncio de algo é o que garante que o fato ocorra.

Ou ao menos essa foi minha percepção, talvez 2000 fosse de fato tarde demais para ver o fenômeno crescer. Talvez tivesse gente na minha escola curtindo em 1998. Nunca saberei. Mas eu sinto que uma parte significativa da minha geração só ouviu falar nos livros pela primeira vez ouvindo sobre como eles eram os livros que “nenhuma criança não ouviu falar”, e que a mídia, especialmente a mídia infantil tem o poder de lançar as modas sob o disfarce de noticiar que a moda já foi lançada, em um ato de divulgação.

E por falar em divulgação, eu quero divulgar aqui a campanha de financiamento coletivo que o Dentro da Chaminé possui no apoia.se. Para aqueles que quiserem dar seu apoio ao blog, podem fazer uma contribuição financeira mensal com o valor que achar justo. Esse apoio é importante, apreciado, e pode te colocar em contato com outros leitores do blog, e te fazer ter acesso aos textos com antecedência. Para os que não puderem se comprometer com um apoio mensal, podem fazer uma contribuição única fazendo um pix de qualquer valor para a chave franciscoizzo@gmail.com que vai ter a minha gratidão da mesma maneira.

Esse texto é em homenagem a todos os que deram seu apoio ao blog. E dedica esse espaço para agradecer a todos pela força. Faz toda a diferença do mundo. Valeu por tudo pessoal, e vamos seguindo firmes com o Dentro da Chaminé.

Agora, voltando a falar de Harry Potter: a história do sucesso de Harry Potter sempre menciona o fato da J. K. Rowking ter sido da classe trabalhadora, escrever em um cyber café todo dia, e ter apostado tudo nesse livro. Uma história de underdog de quem não sabia que estava fazendo um dos livros mais vendidos da história. Mas eu sinto que quando essa franquia saiu da Inglaterra e começou a ser traduzida, a publicidade do livro tratava ele com um sucesso absoluto que só você está de fora. E foi assim desde o começo.

E aí essa merda envelheceu mal.

O envolvimento da J. K. Rowling com um monte de pauta política errada, que envolve principalmente a transfobia, mas não se resume a transfobia, com ela se envolvendo com figuras anti-gays e anti-aborto. Além dela ter financiado a campanha para a Escócia não ficar independente da Inglaterra. Colocam ela na mira de muita gente e por extensão Harry Potter.

Pois todo mundo lembra da historinha de superação que venderam da mulher pobre e esforçada que conseguiu escrever um livro pra subir na vida. Agora é a hora de lidar com o fato de que agora que ela investe milhões em causas arrombadas e está promovendo financeiramente pessoas que fazem mal para as pessoas, todo mundo sabe de onde vem o dinheiro dela. Todo mundo sabe que ela não é rica por ser herdeira nem por investir na bolsa. Todo mundo sabe qual é a franquia que financia tudo o que ela apoia.

E isso trouxe à tona polêmicas que já estavam lá, simbolismos racistas usados por ela desde o princípio, com caricaturas judaicas para representar os gananciosos goblins, ou uma raça que gosta de ser escravizada e que zomba daqueles que lutam por seus direitos.

Além do livro descrever o processo no qual os diretores de Hogwarts permitem que a escola seja uma incubadora do pensamento neonazista, mas não faz nada, e essa atitude não é criticada pelos livros, mas normalizada. Em algo que eu discuti a fundo aqui.

Aí de repente o símbolo do Harry Potter começou a simbolizar um monte de merda errada. E olha, nada de novo no front. Para quem acha que autores como Monteiro Lobato ou Lovecraft não foram contestados em seu tempo, pois todo mundo dividia seus ideais, é só olhar para como qualquer crítica política não diminui Harry Potter como o mastodonte midiático que essa franquia é. Cinquenta anos depois dela morrer todos vão falar que “ela foi uma mulher de seu tempo e as coisas que ela pensava eram amplamente aceitas na época” para apagar as vozes de todos que estão reclamando hoje. E foi assim com os autores do passado que supostamente não teriam sido reconhecidos como racistas até depois da morte.

Esse texto não é sobre nada disso.

Eu só acho que esse tipo de coisa não deve ser esquecido e deve ser mencionada, dada a oportunidade devemos tocar no assunto. Sou contra o silêncio nessas horas.

Mas esse texto não é sobre brigar com a Rowling.

É sobre brigar com o Harry.

Puta personagem escroto.

Não, sério! Moleque babaca. Prepotente e arrogante. Que não vê a dez metros do próprio umbigo. Os personagens constantemente apontam esse defeito do Harry nos livros e ele diferente da maioria dos protagonistas que estão vivendo a jornada do herói, simplesmente não amadurece esse defeito. É sempre sobre ele. Até o fim. O cara pegou um dos maiores criminosos de guerra do mundo, e deu o nome dele pro filho, pois “mas ele me tratava bem, e, portanto, é o homem mais valente que eu já conheci.”, pois o Harry não tem preocupação nenhuma com o poder simbólico de figuras políticas. Para ele o bem e o mal são pessoais. Quem é bom pra ele é o bem, quem é ruim pra ele é o mal.

E a gente tem que ler 7 livros da perspectiva desse bostinha.

Que só pensa merda.

Que julga os outros da maneira mais imbecil do mundo.

Inclusive maior mérito da Rowling como escritora, mas que não deixa os livros mais agradáveis, é ela entender que dos 11 aos 15 você vive um fenômeno em que você fica mais intragável e mais burro a cada ano que passa. Chegando os 15 anos, você é oficialmente a pior versão de você mesmo possível, motivo pelo qual, o Harry é asqueroso de narcisista e insuportável em Harry Potter and the Order of the Phoenix.

Isso é de propósito. Não acho que é a autora falhando em dar carisma ao personagem, é ela retratando adolescência real. Vocês eram tudo assim com 15 anos, eu também era. Ninguém estava no seu auge nessa idade.

Mas faz o livro ser sobre um puta de um babaca cercado por adulto chupando o pau dele tanto que ele não sente que precisa deixar de ser babaca.

…e esse bostinha é o bruxo mais famoso do mundo.

Pois fizeram um marketing fodido para a gente pensar nele antes de pensar em qualquer outro bruxo.

O Gandalf podia ser mais famoso que o Harry, mas hey, não chamaram ele de bruxo mais famoso do mundo em toda reportagem que cobriu o lançamento do filme de Lord of the Rings.

Então o que eu estou fazendo? Estou tirando vantagem do fato de que a reputação simbólica dos livros está em cheque, graças a eles estarem financiando diretamente políticas condenáveis, para apontar que o seu protagonista nunca foi realmente digno de sua fama.

Harry Potter é ok. É bem escrito o suficiente, mas na época muita gente acusou a franquia de despertar o amor pela literatura desde a infância e isso é mentira. O que tem de gente que leu só Harry Potter, não desenvolveu repertório literário nenhum, e agora virou adulto que acha que as escolas não deveriam passar Machado de Assis, não é brincadeira.

Harry Potter não é nem de longe o melhor livro sobre magia já escrito. É só o mais famoso. E ele é famoso por ser fácil, ter uma fantasia de poder clara, e também porque ele já era famoso desde sempre. Porque ele começou famoso. E é fácil a gente querer ver algo famoso.

Agora, alguém pode tentar fazer gaslightning na gente, mas não fomos nós que deixamos essa franquia famosa. Eu tinha 10 anos, eu não deixei nada famoso. E se meu entusiasmo fosse deixar alguma franquia de livros famosa teria sido A Series of Unfortunate Events ou os livros da Turma do Gordo, série nacional infanto-juvenil de detetives mirins que eram a minha paixão na época. Quem deixou isso famoso foi o marketing que promoveu a fama tanto quanto os livros. Nós podemos, porém, agora que somos adultos, promover rivais por essa fama.

Ah, se dependesse de mim esse era o livro infantil mais popular da história.

Pois qualquer um pode ser famoso.

Então agora enfim, depois de uma longa introdução (esse vai ser um longo texto), posso anunciar que esse texto é sobre a proposta de 15 personagens bruxos, que eles sim merecem ter mais fama que o Harry Potter.

Nessa lista, eu quero aproveitar para refletir em como bruxos podem ser retratados na ficção. O que representam, que valores eles carregam consigo, e como tem mais coisas que eles podem nos ensinar e representar do que passar pano pro merda do Severus Snape.

Mas antes, vamos para as regras. Pois esse vai ser complicado.

Para começar, porque eu preciso definir bruxo claramente antes de fazer a lista e aqui eu já quebrei minhas pernas. Qual é a diferença de um bruxo pra um mago para um feiticeiro? Achar essa diferença já seria difícil isoladamente, mas a lista quase-inteira vai ser composta por personagens criados fora do Brasil, boa parte deles em inglês. E nem sempre Wizard, Sorcerer e Warlock vão ser traduzidos para a mesma coisa. O mágico de Oz, o mundo bruxo e o Mago Merlin os três são chamados de Wizard em inglês. Mas tem outras palavras em inglês que podem virar “bruxo” por aqui.

Dr Orpheus explicando porque ele se declara um necromante mesmo não tendo o poder de reviver os mortos.

Isso sem nem entrar no mérito de como dependendo de quem escreve Witch pode ser o feminino de Wizard. Ou Wizard e Witch podem ser termos unissex para representar diferentes formas de usar magia, geralmente com Witch se referindo a uma magia mais maligna.. Então é uma palavra difícil de traçar a linha que separa dos outros usuários de magia.

Para facilitar. Essa lista vai chamar de bruxo, todo e qualquer personagem que utilize mágica. Simples assim. Se usa magia é um bruxo. Bruxo, mago, feiticeiro aqui vão virar tudo a mesma coisa.

Mas o que é magia? Os Jutsus de Naruto são mágicos? Os poderes do Steven Universe são mágicos? E a alquimia? Olha só, me enfiei em outra cilada.

E para solucionar essa questão, eu vou usar o critério da autoidentificação. Se os personagens dentro de seu próprio universo, se referem ao uso dos poderes como mágica, então é mágica, independentemente de qualquer coisa. Então os poderes do Natsu são mágicos, mas os do Príncipe Zuko não. Pois o Natsu se identifica como um mago e o Zuko não. E como eu não vou me aprofundar na diferença entre Mago e Bruxo, isso qualificaria o Natsu como um bruxo.

…ele não é uma menção honrosa. Ele não merece ser mais famoso que o Harry Potter não. Foda-se Fairy Tail. Mas como de costume, todos os outros bruxos, magos, feiticeiros espalhados aqui em imagens, são as menções honrosas do texto.

Enfim, outra regra: não valem as fraudes que se identificam como bruxos. Então o Mágico de Oz tá de fora. Assim como o Harry Makito, mágico de palco do maravilhoso mangá Majo Ni Sasageru Trick, que é um mangá cancelado, mas é ótimo.

Enfim, eu quero julgar eles por serem bons personagens, mas quero julgar eles por serem bons bruxos. Ou por como o personagem dialoga com o lore do que é ser um bruxo. Porque afinal, a consequência de Harry Potter ser o bruxo mais famoso do mundo, é que ele meio que determinou o lore de muita coisa que veio depois. Mesmo que não tenha inventado a roda. É difícil não comparar escolas de bruxa a Hogwarts, nem magos com barbas longas enormes ao Dumbledore. Então a maneira como o personagem explora elementos mágicos são parte da fama que eles merecem.

Por exemplo eu adoro a KIki e queria colocar ela…. mas a única coisa que ela sabe fazer é voar.

E por último, o lembrete de que a lista é limitada pelo meu repertório. E que eu confio que vocês todos conseguem pensar em bruxos fascinantes que ficaram de fora da lista. Tragam eles nos comentários, vamos crescer essa lista. E esse disclaimer está implícito em todas as minhas listas, mas nessa eu sinto que eu devo essa satisfação, pois… eu simplesmente não tenho interesse em Lord of the Rings, e tenho certeza de que tem gente que acha que o Galdalf não só merece lugar na lista, como merece o primeiro lugar., e eu não acho que esse sentimento venha de lugares equivocados. Para essas pessoas eu peço desculpas. Tenho certeza de que se eu conseguisse clicar com essa franquia eu teria algo pra dizer do Gandalf, mas eu não tenho.

O último aviso é o lembrete de que todas as entradas podem potencialmente conter spoilers da obra do personagem mencionado, mas esses spoilers estarão concentrados em suas sessões, só pular para a próxima e estará ok. Agora vamos começar a lista, mas antes, quero fazer a menção desonrosa.

Menção Desonrosa: Mickey Mouse:

Muito bruxo no mundo merece ser mais famoso que o Harry Potter. Bem mais que os 15 selecionados. Sabem qual não merece? O Mickey! Que não é um bruxo mais famoso que o Harry, enquanto bruxo. Mas certamente é um personagem mais famoso que o Harry, e que é um bruxo em uma de suas aparições mais clássicas.

Enfim! Foda-se o Mickey! Rato escroto!

Mais um ano e sete meses pra entrar no domínio público seu merda! E tá, claro que dá tempo da Disney comprar uns políticos e mudar isso, mas esse é exatamente o problema. Tá aí um bruxo que consegue representar e enriquecer gente ainda mais podre que a Rowling!

Esse não merece uma merda! Todo poder que ele perde é uma vitória no mundo. E numa sociedade civilizada tinha gente pondo fogo na Disneyland.

Pronto, tiramos esse bosta do caminho, então podemos começar a lista:

15º Lugar: Dr. Victor Stradivarius (Castelo Ra-Tim-Bum):

Vamos promover os bruxos nacionais gente!

Assim, eu sei que tem leitores desse blog que são significantemente mais jovens do que eu. Já faz tempo desde que eu deixei de ser parte da geração jovem. Então eu admito estar perdido do quanto as gerações que vieram depois de mim estão familiarizadas com o Castelo Ra-Tim-Bum. Não sei como foram as reprises. Mas para a minha geração, o Castelo Ra-Tim-Bum, foi definitivamente o primeiro contato com bruxos fora dos contos de fada. E dentre Nino, Victor e Morgana, o Victor era o maior deles.

E o mero fato, de que eu pesquisando para esse texto fui tentar procurar vídeos do Dr. Victor no youtube e achei na real, vídeos de um médico bolsonarista que promove a cloroquina já é um sinal de que o Dr. Victor definitivamente tá precisando ser mais famoso. Ele devia no mínimo ser o Dr. Victor mais famoso do Brasil! No mínimo.

Eu gosto do Dr. Victor especialmente pela maneira como ele mistura bruxaria com ciência. Ele é o maior bruxo da série e também é um notório inventor. Quebrando a velha dicotomia de que magia e ciência são inimigas.

Dicotomia que Harry Potter inclusive promove, com os bruxos sendo todos não-familiares com a tecnologia e com Hogwarts não tendo sequer uma caneta bic, pros alunos terem que escrever a pena, e mandar informação via carta por coruja.

O Dr. Victor diretamente combate essa noção de que os bruxos vivem no passado, afinal, ele vive no futuro, ele é uma das mentes que pensa as novas tecnologias que chegam no mundo. E tendo milênios de vida, ele foi isso ao longo de boa parte da história da humanidade, sua amizade com Leonardo Da Vinci mostra que ele sempre foi próximo a comunidade científica e aos homens a frente de seu tempo.

Talvez por ser um cientista e um inventor, que ele tenha um uso inclusive altamente responsável de sua magia, use ela somente quando é a hora de ensinar uma lição para alguém.

O falecimento de Sergio Mamberti foi sentido, mas seu personagem fica. Dr. Victor é gigante, e Castelo Ra-Tim-Bum também.

14º Lugar: Sakura Kinomoto (Sakura Card Captors):

Eu fiquei muito tempo refletindo se a Sakura era ou não qualificada para aparecer na lista. Se apesar de eu falar que qualquer um que use mágica seria considerado um bruxo, fiquei na dúvida de pras Garotas Mágicas não haveria uma exceção. Por ser uma classe tão separada e tão específica de heroínas no Japão. Mesmo que talvez em outras Garotas Mágicas eu pudesse talvez ver uma exceção, eu sinto que Sakura Card Captors continuou bem próximo de noções de magia que vão além do gênero das garotas mágicas. Com o mangá levantando debates sobre tradições mágicas orientais e ocidentais. Quais as diferenças, e fazendo a Sakura ser a sucessora do Mago Clow que é muito obviamente um bruxo no sentido mais tradicional da palavra.

E acho que isso é uma das coisas que eu mais gosto na Sakura. Como ela combina visões muito diferentes de magia. Ela é uma garota mágica, que são um gênero de anime e mangá, e uma visão japonesa de como criar e desenvolver heróis com magia. E contém os elementos típicos do gênero, em especial o animal falante fofinho servindo guardião da magia. Mas a influência chinesa existe na maneira como a magia é retratada, marcado pelo fato do clã Li ser o maior clã mágico daquele universo e ter a magia centrada em elementos chineses. E mesmo assim, Sakura rima com elementos de magia ocidental o tempo todo, o que só me ajuda a querer muito classifica-la como bruxa.

As cartas dela são influenciadas e ativamente usadas como cartas de tarô na série, e ela voa em seu báculo de maneira que é visualmente semelhante a como uma bruxa voa em uma vassoura.

E eu gosto disso precisamente porque a jornada de Sakura é sobre não ser uma réplica de Clow, ela tem que ser melhor que Clow, e para isso, ela tem que começar a criar a própria magia, e fazer isso primeiro tornando dela a magia dele. Literalmente transformando as cartas dele em cartas dela, para então poder criar as próprias cartas.

E justamente por ser uma série que trabalha magia nessa perspectiva de criação. De algo que você inventa com as influências a sua volta, que eu gosto que as influências de Sakura, de Clow e da série sejam combinar visões orientais e ocidentais de magia. Sem dar uma cara definitiva de “magia isso é aqui”, mas bater no ponto que culturas diferentes veem magia por símbolos diferentes e que pode se aprender com a combinação delas.

13º Lugar: Eclipsa Butterfly (Star vs the Forces of Evil):

Apesar do final de Star vs the Forces of Evil ser bem ruim e ter meio que me broxado da série inteira, o carinho que eu ainda tenho pela série gira inteiramente em torno dessa personagem chamada Eclipsa Butterfly.

A história de Eclipsa Butterfly trabalha bastante a divisão entre magia negra e a magia… normal? Eu sei que a diferença clássica diz que o oposto de magia negra é magia branca. Mas muitas obras parecem querer fazer a magia negra ser um tipo não convencional de magia e todo o resto ser somente a magia convencional.

Definitivamente é como Harry Potter trabalhou magia. Tinham as artes das trevas e era isso. Bando de magia do mal, mas as outras eram só normais.

Eclipsa dialoga diretamente com a maneira como se catalogaram determinadas magias como más e sombrias arbitrariamente, da mesma maneira que alguns bruxos são determinados como bruxos malignos por irem contra as normas sociais. Normas essas que podem incluir o racismo.

Em um mundo onde os bruxos e as estruturas sociais são incrivelmente racistas contra os monstros, Eclipsa, que era a rainha, abandonou o rei, e seus títulos e foi ter um caso com um monstro por quem ela se apaixonou. Em um raro caso em que uma mulher chifrando o marido foi tratado em luz positiva em um desenho da Disney. Por escolher viver com um monstro do que com a realeza ela foi cristalizada, ela foi apelidada de Rainha da Escuridão, o capítulo que ela escreveu para o livro de magia foi considerado o capítulo proibido de magia maligna, e sua filha, que era meio-monstro, foi apagada da história, substituída com uma bebê plebeia pura, removendo sua linhagem da realeza.

Não é segredo que na idade média a não-conformidade com a sociedade levava as mulheres para a fogueira sob a acusação de serem bruxas com uma frequência muito maior do que de fato suspeitas de magia, e no caso de Eclipsa, em um mundo em que o uso e o domínio de magia está normalizado, ela recebeu o mesmo tratamento e a sua magia foi considerada maligna. Por lutar do lado do oprimido, e por trair seu marido.

Por mais que Eclipsa não fosse santa nem nada, e o seu retorno mostra que apesar de seu desejo de lutar contra injustiças seja sincero, tem muita consequência negativa pelas suas ações, é notável que o medo que sentem dela pela sua magia negra é pior que a magia negra em si. As personagens da família real são todas bruxas nomeadas em torno de astros e fenômenos astronômicos. E se Eclipsa, vem do eclipse, que remete a escuridão. A grande vilã do desenho, se inspira em Solaria, o sol e a luz para fazer um exército assassino que não é chamado de magia negra em nenhum momento. Mas sob a premissa de destruir eclipsa e sua escuridão, o lado da luz cometeu crimes imensos contra a vida de seu povo.

E por nos lembrar o quão subjetiva é a diferença entre a magia boa e a magia maligna, eu quero lembrar de Eclipsa. Que honestamente carregou esse desenho nas costas.

12º Lugar: Zatanna Zatara (Universo DC no geral. Especialmente Young Justice):

Eu tenho um fraco muito grande por personagens que combinam mágica de palco com mágica de verdade. Eu gosto de mágica de palco, de espelhos fumaças e cordas escondidas nos criando a ilusão de coisas impossíveis por pura sugestão, blefe, e truques com as mãos. E bem, eu acho que personagens que sabem trazer isso para fazer a magia real ser mais fascinante são ótimos.

Bruxaria e mágica de palco são diferentes em que um existe e outro não. Mas eu não acho que devam ser assuntos separados. Motivo pelo qual eu novamente recomendo o mangá Majo ni Sasageru no Trick.

Enfim, existem inúmeras versões da Zatanna nas inúmeras releituras da DC. E se eu falar que eu estou mais familiarizado com a Zatanna das HQs do que com as aparições dela nas animações da DC, eu estaria mentindo. Pessoalmente a minha favorita é a de Young Justice.

Young Justice tem muita coisa boa em como retrata mágica. Gosto do lance dos humanos capazes de manipular a mágica serem chamados de Homo maegis, gosto de como a série mostrou a maneira como os bruxos religiosos não veem contradição em manter sua fé e praticar magia. Sem cair em “milagres foram só magos no passado” nem nada disso. E no mesmo episódio eles mostram o pai de Zatanna rezado o Pai Nosso assim como o aluno de magia de Zatanna, Khalid, citando o alcorão em árabe. E olha, acho que citações ao alcorão são algo que a animação ocidental nunca fez, ainda mais em luz positiva da fé.

Meu ponto é que Young Justice faz um trabalho excelente incorporando a magia como parte do mundo. Parte da vida dos magos, mas não a única parte da vida dos magos, e em colocar Zatanna no centro desse mundo. Eu gosto de como o arco dela em Young Justice: Phantoms consistiu nela treinando três aprendizes a aprender a usar magia, e como cada um tinha um estilo de magia bem diferente que ela conseguia guiar e treiná-los a usar melhor.

Zatanna é uma das coisas mais legais de qualquer adaptação da DC em que ela aparece, e sempre agrega muito ao mundo mágico e a noção de como magia pode se encaixar em um mundo que não gira em torno da magia. Afinal mais da metade dos super-heróis não usam magia, mesmo ela existindo naquele mundo.

11º Lugar: Luz Noceda (The Owl House):

Ok. Luz não tem magia. Então o que ela está fazendo aqui? Por que não colocar Amity ou Eda se eu quero falar de Owl House? Afinal elas são bruxas melhores.

Bom, Luz pode não ter o literal órgão dentro do corpo dela que permite que seu corpo produza magia. E para descobrir uma maneira de poder realizar magia sem um corpo mágico ela se reconectou com as origens da magia. Em glifos que ela acha na natureza que permitem que ela possa pelo desenho de círculos criar magia.

O mundo de Owl House tem todo um tema em como o Imperador daquelas terras tem um sistema de classificação em que cada bruxo se especializa em um tipo de magia e bloqueia a possibilidade de aprender qualquer outro tipo para sempre. Essa magia bem controlada e bem classificada que divide a sociedade em castas baseado em qual a utilidade social de cada indivíduo é confrontada pela mestra de Luz, Eda, que é uma especialista em magia selvagem, e não se deixa conter por regras, o que a torna uma criminosa. E é ela quem ensina Luz a se reconectar com a natureza, o que a levou a descobrir os glifos, pois a natureza é a base da magia selvagem.

Fica implícito na série que os glifos são a origem da magia no mundo, e um conhecimento que foi perdido quando a sociedade começou a se organizar para controlar a magia para não a deixar ser livre e selvagem. E que a jornada de Luz, é a de uma pessoa de fora, que na tentativa de compensar suas limitações biológicas, começou a estudar as origens naturais de uma força que todos usam, mas ninguém sabe de onde vem.

E eu aprecio muito essa percepção. De um resgate da magia antiga, e um trabalho de como a magia mudou ao longo dos séculos, por motivos primariamente sociais, para poder se adequar a uma política e a uma cultura específicos. E quando o Imperador é um tirano, as bruxas rebeldes usam a magia que o Imperador não aprova para derrubá-lo.

10º Lugar: Panoramix (Asterix):

Nos limites do fato de que eu sou brasileiro, e muito ciente de que o autor é um francês e de que muito do humor de Asterix vem de estereótipos étnicos, eu devo dizer que não faço a menor ideia do quanto Asterix é uma representação respeitosa ou não da cultura celta, nem se o Panoramix é um personagem respeitoso ao druidismo. Eu sei que eles definitivamente não são base de estudo para realmente se conhecer essas culturas.

Dito isso, eu acho positivo explorarmos imagens de magia que explorem como ela era vista por outras culturas. Especialmente no que diz respeito a cultura que foi dominada da maneira como os gauleses foram. Os gauleses não existem mais, mas é interessante lembrar que eles existiram, e que quando falavam de magia, não falavam de varinhas, grimórios ou chapéus pontudos.

Panoramix é um especialista em poções mágicas, que é um tipo de magia pouco explorado na ficção. Ao menos no que diz respeito ao que faz um bom bruxo. Em Harry Potter o cargo de professor de poções parecia frustrar Snape que queria ensinar Defesa Contra as Artes das Trevas, e tinha um talento para criar magias e usar feitiços que iam muito além de poções. E o Harry obviamente não era um bom aluno de poções e não precisou ser para ser o bambambam.

O que é legal também que Panoramix só faça poções. Mas tudo bem, pois essa poção é a chave que impede a vila deles de ter dominada pelos romanos. E poções são interessantíssimas, pois dialoga com o mais próximo que tivemos de pessoas reais tentando estudar algo próximo a magia. Estudos sobre ervas e suas reações que por mais que não fossem mágicos, ajudaram em conhecimento medicinais, entre outros conhecimentos valiosos. E eu acho legal enfatizar a magia como algo que se faz em um caldeirão.

Todo mundo adora a imagem da bruxa mexendo seu caldeirão. Mas na hora H, é sempre soltar um raiozinho da mão que elas fazem.

Aqui não. Aqui na hora H é beber o que tem no caldeirão.

9º Lugar: John Constantine (Universo DC):

John Constantine traz consigo o lado mais assustador do mundo da magia. A sua conexão com anjos, demônios, pactos sobrenaturais e mais uma série de horrores que algumas pessoas veem conectadas ao mundo mágico.

Mais do que usar distorções da realidade para resolver problemas, porém, Constantine, tal como um número grande de criaturas mágicas de toda a ficção, é esperto e usa sua inteligência e lábia para mentir e trapacear criaturas do oculto. O arquétipo do trapaceiro é fantástico, e um tão interessante que é tão velho quanto a própria ficção. Eles têm poderes incríveis, mas manipular a mente de quem se acha no controle é tão mais fácil do que usar magia. E é legal ver essa característica comum em tantas criaturas fantásticas, aqui ser aplicada em um humano da classe trabalhadora com um grande conhecimento e domínio de magia.

Constantine é visivelmente inspirado em heróis noir, e eu acho que o gênero noir combina muito bem com magia, apesar de sua reputação de ser pé no chão. Combina mais do que os filmes noirs e neo-noirs têm coragem de explorar, o que é covardia do cinema correndo poucos riscos, e eu aprecio a maneira como esse anti-herói combina tudo isso. O arquétipo do detetive noir, o arquétipo do trapaceiro, o mago e o homem que enfrenta as forças celestiais.

É certamente o bruxo menos convencional da lista. Mas sempre que vejo ele em alguma adaptação da DC, ele me soa natural. Como se todos esses elementos combinassem, e só faltassem roteiristas para ver que eles combinam fora de adaptações desse personagem. Mas felizmente ele é popular o suficiente pra sempre ter alguém querendo adaptar um mago inglês de sobretudo passando golpe nos outros.

8º Lugar: Ice King (Adventure Time):

A história de Simon Petrikov e sua coroa mágica definitivamente é uma história que merece ser famosa. A maneira como o Ice King usa mágica em Adventure Time não é a mais interessante da série. Mas a maneira como o Ice King se envolveu com magia é interessantíssima.

A tragédia de que a força mágica de sua coroa, que ao mesmo tempo que lhe deu a longevidade para sobreviver por mil anos após o apocalipse, também lhe custou sua sanidade, e o transformou em uma mera sombra de si mesmo, e em uma figura pouco inteligente e patética, é uma tragédia que me fascina. E uma das coisas que mais me encanta em Adventure Time.

Se a magia for removida do mundo, a sanidade dele voltará, mas ele terá pouco tempo de vida. E ele precisa da magia para ser louco, mas continuar vivo. Curiosamente, apesar dele não ter sanidade o suficiente para saber que pagou um preço horrível para viver como um usuário de magia, é curioso ver como o Ice King faz do fato dele ser bruxo um ponto forte de sua identidade.

O Ice King sempre foi um fracasso social. Odiado (com razão) pelas mulheres, incapaz de fazer amigos, e incrivelmente solitário, em determinado ponto da série ele começa a parar de usar sequestro para tentar fazer amigos, e em vez disso começar a andar com os demais bruxos e dar rolê de magia por aí, e aí ele começou a fazer seus reais primeiros amigos.

O Ice King não foi o único na série que sucumbiu para a loucura que vinha com o poder mágico. O Magic Man e a Betty estão aí para mostrar. Mas ele também achou na própria magia uma maneira de recuperar a funcionalidade na sua vida, e não pelos poderes mágicos, mas pelo contato que a identidade de bruxo trazia para conectar ele com mais bruxos solitários.

Ice King foi uma figura trágica, mas que foi capaz de achar seus momentos de felicidade.

7º Lugar: Tio Chan (The Jackie Chan Adventures):

Esse definitivamente é um desenho que merecia ser mais lembrado do que é. Foi um dos melhores de sua época, e um desenho completo, com boa ação, bons arcos, boa continuidade, bons artefatos místicos e bons personagens. E nessa leva de bons personagens, um dos mais carismáticos e populares era o nunca nomeado Tio de Jackie Chan, que a Jade não sabia se era tio dela também ou não. Mas todo mundo o chamava de Tio.

O Tio era divertido por ser ranzinza, estressado e impaciente, em um grande estereótipo sobre idosos que perderam a necessidade de serem educados com os demais. Mas ele também era a grande força do bem. Como a maior autoridade em magia em diversas aventuras onde os personagens topavam com relíquias mágicas. Um número imenso de episódios dependia do Tio usando seus itens mágicos para banir os espíritos malignos com seu mantra Yu Mo Gui Gwai Fai Di Zao, que segundo a wikia significa algo como “demônios e espíritos malignos, vão embora” em cantonês.

Tio insistia que magia só pode ser derrotada por magia, e que quando o adversário era mágico, e na luta com Shendu, foi fundamental em não deixar as forças militares interferirem no conflito.

A ideia de que somente magia pode derrotar magia, faz o desenho reforçar que em vez de ir atrás de poder os personagens vão trás de especialistas. De alguém que conheça as maneiras de lidar com o inimigo mais do que ir atrás da primeira fonte de poder disponível.

E isso é relevante pois os objetos mágicos mudam a cada temporada, e Tio não permita que eles sejam todos jogados no mesmo barco, só por serem mágicos. Como quando ele afirma que sua magia chinesa não é capaz de espantar os Onis, que são criaturas japonesas. Que não é tudo a mesma coisa.

Esse desenho merece ser mais lembrado do que ele foi.

6º Lugar: Magali Fernandes de Lima (Turma da Mônica):

Ok, esse caso é estranho. Pois eu não acho que a Magali realmente tenha um take interessante sobre magia e como magia funciona para passar. E eu também não acho que ela precisa de muito mais fama do que ser uma das protagonistas da coleção de gibis mais famosa do Brasil, mantendo um gibi mensal de sucesso por 33 anos consecutivos. Claro, eu adoraria que Turma da Mônica fosse um sucesso internacional, mas aí e mirar alto.

Mas o que eu queria, e por isso coloco a Magali alta nessa lista, é que ela fosse famosa e lembrada por ser uma bruxa. E pela sua conexão ao lore mágico da Turma da Mônica, que é um detalhe dela que além de ser um retcon relativamente recente, chama pouco a atenção perto do fato dela ser comilona, meiga, ou furry.

Ela ser uma bruxa, se junta ao fato de sua família ser nordestina, como parte da maneira como esses personagens ainda são vivos e seguem tendo novas coisas para serem trabalhadas e exploradas nos gibis e ganham novas camadas, mas isso fica esquecido por quem largou os gibis da Mônica já.

Mas lá em algum ponto dos anos 2010, eu não consegui achar a edição exata, a Tia Nena foi pseudo-retconada como uma bruxa. Pseudo, pois ela deixa implícito que ela pode ser uma bruxa e seus doces podem ser mágicos desde suas primeiras aparições, lá nos anos 1990, mas essa curiosidade e mistério sobre ela se tornou oficial lá pelo meio dos anos 2010, e com isso estabeleceu que a família da Magali é uma família de bruxas. E que ela é herdeira dos poderes da Tia Nena.

Esse retcon serve mais à Turma da Mônica Jovem, onde os poderes da Magali estão acordados e onde ela pode atuar como uma das Bruxas da Lua nas histórias sérias, mais focadas para o terror ou para a ação, especialmente na Super Saga do Fim do Mundo, mas não exclusivamente na Super Saga do Fim do Mundo.

Mas ele não serve somente a turma da Mônica Jovem, pois apesar de canonicamente, a Magali Criança são saber que é uma bruxa, e ter sua magia selada por uma trava mental, o leitor sabe, e essa trava mental pode ocasionalmente sumir para permitir que ela seja a bruxa por uma historinha aqui e uma ali.

O importante é que apesar de isso parecer que é invenção de moda recente, a Magali sempre esteve associada a bruxaria e ocultismo, desde que se tornou protagonista. Como eu disse, sempre foi feito um charminho de “foi mágica ou não” com a Tia Nena desde antes de oficializarem.

E a arqui-inimiga da Magali é a Viviane, a Bruxa da Lua e nunca outro vilão competiu por esse posto..

E um milhão de vezes fizeram o trocadilho Maga Li.

Além é claro do fascínio da Magali por tudo que diz respeito a gatos, fazem ela mais vezes do que não se envolver com fantasias, temáticas, pesquisas sobre bruxas. Histórias da Magali Criança que giram em torno de bruxaria é o que não faltam.

Enfim! Magali é a grande bruxa do Brasil! Desculpem os fãs da Cuca, mas a Magali destrói a Cuca! E a gente tem que valorizar esse lado dela. É tanto parte dela quanto seu amor por melancias, ou o fato dela ser furry. E parte do que torna ela fascinante.

Melhor ideia do mundo foi transformar ela em protagonista. Olha o quanto ela cresceu. Tá até na hora do MSP transformar outros dois personagens em protagonistas.

5º Lugar: Twilight Sparkle (My Little Pony: Friendship is Magic):

Que a magia da amizade existe na maioria das obras de ficção todo mundo sabe. Existe até nas em que magia não existe. Mas My Little Pony: Friendship is Magic, torna isso mas literal do que qualquer outro universo fictício tornou. Em que a estudante de magia Twilight Sparkle, percebe que parte de seus estudos sobre magia e da jornada de se tornar a maior usuária de magia de Equestria envolve a amizade dela com suas melhores amigas.

Twilight simplesmente ama magia, ama tanto que ela tem um símbolo de sua magia tatuado na bunda.

Brincadeiras a parte, o símbolo no traseiro das pôneis indica essencialmente qual é o grande símbolo de sua identidade, e a identidade de Twilight é a sua afinidade com a magia.

E a magia da amizade se torna o seu grande tema de estudo, e esforço. Entender a relação entre os dois elementos foi o arco de personagem dela que culminou nela se tornando a Princesa da Amizade.

Eu admiro em Twilight, algo que quem gosta de Sousou no Frieren, mangá de sucesso do momento, admira na Frieren também, que é a ideia de alguém que simplesmente ama magia. Magia pela magia mesmo.

Ser alguém que acha fascinante, que sempre quer conhecer feitiços novos, que sempre quer explorar mais, e que acha que mais do que um utensílio para cumprir um objetivo, a magia pode em si ser o objetivo. Uma arte. Um elemento fascinante sobre o qual vale se dedicar. Um estilo de vida. E um bom bruxo tem que ter esse fascínio na magia pela magia.

4º Lugar: Merlin (Lendas Arturianas e Sword in the Stone):

Esse aqui definitivamente era quem possuía o título de Bruxo mais Famoso do Mundo, antes do Harry Potter existir, e agora por causa da nacionalidade do Harry, ele nem sequer consegue pegar o título de Bruxo mais Famoso da Inglaterra. Esse processo de substituição é até curioso, pois o Merlin foi um dos poucos bruxos do domínio público que foi incorporado no universo de Harry Potter como um personagem. Fazendo o Merlin existir no universo de Harry Potter como alguém que serve pra validar os Slytherins e falar: “nem todos eram neonazistas, teve o Merlin.”

Mas não foi somente Harry Potter, todo mundo usa o Merlin sempre que pode e ele já apareceu em inúmeros universos fictícios, com as mais diversas aparências e personalidades. Ele já foi um alien, ele já foi uma waifu gata de battle shonen. Já fizeram tudo com ele.

E se eu falasse que eu pessoalmente estou mais familiarizado com os mitos arturianos do que com tudo isso, seria novamente uma enorme mentira.

O Merlin que eu mais conheço e admiro, é o mentor do filme Disney Sword in the Stone, em que ele é o sábio professor e guia do jovem Arthur que cresceria ara se tornar o Rei Arthur. Eu gosto dessa versão, em especial porque Merlin não sabe que ele está tutorando o futuro rei da Inglaterra, ele só está ajudando uma criança a ter forças para suportar a porcaria que é a sua família.

É um Merlin didático e sábio, capaz de ver o futuro, e que transforma Arthur em diversos animais para dar a ele perspectivas que ele precisa para amadurecer. Tal como eu elogiei no Dr. Victor lá atrás, sua bruxaria é um sinal de que ele é um homem do futuro que vive a frente de seu tempo, e ele tem uma admiração enorme por ciência e conhecimento científico.

Apesar do filme ser sobre com Arthur tira a espada da pedra e vira o rei, o ponto alto do filme é o duelo de bruxos, em que ele e a Mad Madam Mim lutam sob as regras de se transformar em animais. Essa cena é boa demais, e incrivelmente criativa. E firma a noção de Merlin como um bruxo pouco agressivo que valoriza a inteligência, sempre preferindo virar uma criatura menor em vez de Mim que quer sempre virar uma mas forte. Ao final ele a derrota virando um germe que a infecta com uma doença.

No filme a relação dele com Arthur entra em crise quando Arthur decide que ele ainda quer ser o escudeiro de seu irmão, uma vocação que Merlin achava que estava abaixo da inteligência de Arthur, e o abandona, deixando-o sem um guia quando ele vira rei. Até o momento em que Merlin retorna, percebe então que ele estava tutorando o lendário Rei Arthur e retoma seu posto de professor dele.

Merlin é gigante, e super merece dar uma rasteira no pirralho de Hogwarts e retomar o que já foi dele.

3º Lugar: A Bruxa de Hansel e Gretel (Hansel e Gretel):

De todas as inúmeras bruxas más em inúmeros contos de fada, acho que nenhuma é mais icônica, do que a que atormenta os jovens Hansel e Gretel (João e Maria, na versão Brasileira). A casa de doces é o elemento mais emblemático do que esse conto de fadas tem. E a Disney pode fazer uma versão da Rapunzel sem a bruxa, mas eles não conseguiriam recontar Hansel e Gretel sem a bruxa na casa de doces, essa é a alma do conto.

É louco que One Piece fez um arco inteiro inspirado e contos de fada, e a governante da terra dos contos de fadas era visivelmente inspirada na bruxa de Hansel e Gretel. Com suas casas feitas de doce. One Piece declarou a buxa de Hansel e Gretel como a rainha de todos os contos de fada do mundo.

E assim…. por onde começar o quanto essa daí merece mais fama, depois de ser a bruxa mais clássica dos contos de fada? Que tal, pelo fato de que ela nem tem nome. Hansel e Gretel tem nome, mas ela é a bruxa. Digo na ópera do conto de fadas que fizeram em 1892 ela se chama Rosina Reckermaul. Mas esse nome não pegou. Devíamos fazer pegar.

Enfim, tem algo animalesco na maneira como Rosina atua. Ela vive na floresta, longe da civilização, e ela usa sua magia para essencialmente atrair presas que ela vai comer. Uma criatura da floresta caçando, é tudo o que ela é, mas caçando com magia.

Eu acho que apesar dela ser a bruxa mais influente dos contos de fada, ninguém pensa muito nela. Ela está no domínio público desde que o domínio público existe, e ninguém recontou a história dela. Ninguém se perguntou por que ela começou a comer crianças, como ela aprendeu a fazer casa de doces, ou porque ela mora na floresta se tem pouca criança na floresta.

Todo mundo sabe quem é essa bruxa, mas ninguém explora ela, e eu acho que ela merece uma releitura que tente transformar ela mais em um personagem e menos em um animal.

Lembrem-se de Rosina Reckermaul.

2º Lugar: Thomasin (The Witch):

A figura da bruxa começou como uma imagem maligna, usada para assustar crianças, criar vilões irredimíveis em histórias infantis e como pretexto para acusar mulheres de serem vilãs e queimar mulheres na fogueira. O tempo foi passando, e a ficção foi se adaptando para falar que pessoas que usam mágica são só pessoas. A ideia de que a magia veio de um pacto com o diabo obrigatório foi substituída pela ideia de que elas nasceram com magia e só estão sofrendo preconceito. E vieram inúmeras meninas adoráveis usarem magia para darem uma boa imagem para bruxas.

Geralmente eram criancinhas adoráveis, para nos mostrar que uma bruxa é só uma menininha com magia e é portanto, digna de nossa simpatia. E que as bruxas não fizeram nada de errado.

Thomasin, achou o meio termo entre as duas interpretações. Ela é uma personagem que tem a nossa simpatia ao longo do filme inteiro. E ela é só uma mulher inocente sendo vítima da alta misoginia da sua época. Mas ela não nasceu com poderes, ela após ver sua família tentar matá-la, fez um pacto com o Diabo, e aceitou aprender magia e viver uma vida de prazeres em troca de sua devoção ao Diabo.

O filme retrata bruxas como mulheres conectadas ao diabo, e que usam a magia somente pra satisfação própria. Mas ela também retrata bruxas como jovens bonitas e simpatizáveis que só querem crescer em paz. E o filme une as duas coisas, falando que o problema não é de onde vem os poderes ou as morais das bruxas, e sim que mesmo sendo satânicas, elas não são piores que o puritanismo que as empurrou em direção ao Diabo.

Com isso a jornada de Thomasin acabou sendo a da bruxa definitiva. Que combina as principais perspectivas diferentes do que é uma bruxa de milênios de ficção. Ela é a mulher que vai ser queimada na fogueira, ela é a bruxa má dos contos de fada e ela é a Matilda, ela tem todas elas em si. Em uma narrativa que explora bem exatamente como uma mulher toma a decisão, de abandonar a moral, e viver pelo Diabo. E porque elas não tomaram a decisão errada.

E putz, com Thomasin sendo a bruxa definitiva, é até difícil pensar em quem merece ainda mais fama como bruxa nesse mundo. E é porque é um primeiro lugar enviesado, em que o motivo para ter superado Thomasin, é meramente meu fanboyzismo. Mas eu não tenho vergonha desse fanboyzismo.

O primeiro lugar, a bruxa que definitivamente merece ser mais famosa que Harry Potter é:

1º Lugar: Atsuko “Akko” Kagari (Little Witch Academia):

Harry Potter é filho de inúmeras outras histórias de bruxos que foram contadas antes. De Macbeth, aos contos do Rei Arthur a Narnia, que a Rowling admite ter se inspirado diretamente, a Lord of the Rings ou Matilda que a Rowling nega ter usado como inspiração, mas que estão no imaginário popular. Harry Potter condensou muito do que existia espalhado no imaginário popular do que era um bruxo e condensou em uma grande escola de magia.

E escola de magia é um tropo que existe desde a idade média, mas Hogwarts era palpável. Tinha um nome, tinha um diretor, tinha um currículo claro, nós víamos as aulas, tinha uma história, um endereço no mapa e um meio específico de chegar. Hogwarts foi a alma de Harry Potter e por mais que não seja a primeira escola de magia da história foi quem codificou como seriam as escolas de magia posteriores.

E foi o que deu a Harry Potter o poder de tomar o lugar de suas influências.

Por isso que eu acho que assim como Harry Potter venceu seus pais, a gente olha para frente e deve desejar que Harry Potter seja vencido por um de seus filhos, que dê continuidade a conversa.

Surge Little Witch Academia, um anime sobre uma garota japonesa que estuda em uma escola mágica na Inglaterra para aprender a ser uma bruxa, e onde ela descobre que apesar dela ter baixo talento com magia, ela foi escolhida para uma missão de salvar o mundo mágico.

O que eu acho particularmente fascinante em Little Witch Academia, é a diferença principal entre Luna Nova e Hogwarts… bom, a segunda diferença principal, pois a diferença principal é que Luna Nova não tem uma divisão em 4 casas em que uma das casas é incubadora de neonazista. Mas a segunda diferença é que enquanto Hogwarts é um lugar extremamente tradicional e orgulhoso de suas tradições. Em Luna Nova existe um debate grande entre tradição e modernidade.

E eu acho que muitas escolas enquanto instituições se deparam com esse dilema. O mundo está sempre mudando rápido, e a escola tem que decidir quando que elas mudam junto com o mundo e quando é importante servir de refúgio para uma série de valores não se perder. E esse tipo de debate não tem resposta fácil.

Em Little Witch Academia, a magia está desaparecendo do mundo, e os professores não tem exatamente a resposta de como preservar uma relação cultural com a magia que é mais fraca a cada geração. Tem gente que acha que é tornando a magia mais funcional, tem quem ache que é deixando a magia mais divertida, e tem gente que acha que é fortalecendo as tradições e a conexão cultural com aqueles que já praticam magia.

E é nesse ponto que Akko brilha.

Eu já fiz todo um texto só sobre as estratégias que Akko usa para restaurar a magia no mundo, e cumprir sua missão como a escolhida. Não vou repetir aqui. Mas eu acho que o fundamental é a Akko ser uma garota com poder mágico quase nulo, que veio de fora com uma perspectiva nova. Akko não foi pra Luna Nova aprender a ser a Diana, ela foi aprender a ser ela mesma cm Magia, e sua teimosia em não se enquadrar naquele ambiente de tradições, deu a ela a perspectiva nova que o mundo mágico precisava.

E ela fez uma greve e libertou os duendes de um contrato trabalhista abusivo.

O que é mais que a Hermione já fez.

Enfim. A maioria dos exemplos que eu dei aqui são sobre pessoas com uma visão clara de “como a magia deve ser”, com visões interessantes e diversas, mas eu acho que o especial de Little Witch Academia, é que Akko prova que não existe resposta. A magia é uma extensão de você e de como você vê o mundo. Existem inúmeras escolas de pensamento sobre o que a magia deve ser, e nenhuma é errada. E se as bruxas forem honestas consigo mesmas sem se ater a uma regra do que a magia deve ser, o mundo vai ver as coisas fascinantes que a magia tem a oferecer.

E isso permite que eu diga com convicção de que Akko é a maior de todas as bruxas. Pode não ser a mais mágica, nem a mais brilhante, nem a mais esperta e definitivamente não é a que voa melhor. Mas é justamente isso que torna magnífico que ela seja a maior das bruxas.

Ela entrou na escola pois a magia a inspirou, e com o seu coração e sua rebeldia, ela inspirou o mundo mágico de volta.

E se dependesse de mim a bruxa mais famosa do mundo seria ela. Pois a história dela não é sobre o umbigo dela, é sobre conectar as bruxas com o mundo. E fazer os humanos que achavam que magia era inútil e desnecessária sentirem a conexão que ela um dia sentiu.

E Harry Potter até o fim não deixou trouxas descobrirem a magia.

Que porra é essa?

Nenhum dos 15 da lista mantém segredo dos normais. Por que alguém faria isso?

Mas esses são os meus 15 bruxos que eu acho que deveriam ser mais famosos. No mínimo, famosos o suficiente para que todo mundo que faz uma paródia sobre bruxos, não precisar obrigatoriamente fazer uma paródia de Harry Potter. Famosos o suficiente para lembrar que a mitologia do que é bruxaria e magia é maior e mais diversa do que Harry Potter, vem em diversos sabores.

E na real, não precisamos de um “bruxo mais famoso do mundo”, o ideal é ter o grupo mais diverso possível empatado em primeiro lugar, para as referências serem o mais variadas possíveis. Magia é um tema interessante demais para prendermos suas referências a um único universo fictício.

E vocês? Quais os bruxos que vocês acham que merecem mais fama do que Harry Potter? Vamos continuar essa lista nos comentários, pois eu sei que tem muita gente que eu deixei de fora e que isso poderia facilmente ser um top30 se fosse necessário.

Até o próximo texto.

Sobre o autor

Izzombie

Sou um cara chato que não consegue ver um filme sossegado sem querer interpretar tudo e ficar encontrando simbolismos e mensagens. Gosto de questionar a suposta linha que separa arte de filmes comerciais, e no meu tempo livre pesquiso sobre a história da animação.

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Alertas

  • – Todos os posts desse blog contém SPOILERS de seus respectivos assuntos, sem exceção. Leia com medo de perder toda a experiência.
  • – Todos os textos desse blog contém palavras de baixo calão, independente da obra analisada ser ou não ao público infantil. Mesmo ao analisar uma obra pra crianças a analise ainda é destinada para adultos e pode tocar e temas como sexo e violência.

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