Logo mais está chegando o mês de dezembro, e esse mês marcará um evento cuja relevância no meio nerd eu não consigo colocar em palavras de tão grande. No dia 18 de Dezembro de 2015 vai estrear o filme Star Wars: Episode VII – The Force Awakens, e se você não considera essa a estreia mais significativa do ano, eu terei que pedir para devolver sua carteirinha de manjão da cultura pop.
Gostando ou não de Star Wars, essa franquia mudou muita coisa na lógica de se fazer cinema de entretenimento. Seja em questões narrativas, seja em questão de efeitos visuais, seja na relação que o público tem com a obra, seja na questão de como é feito o lucro por cima de venda de produtos de um filme. Depois de Star Wars tudo mudou.
Star Wars originalmente era para ser somente um filme que foi estendido para uma trilogia, sendo que o primeiro, A New Hope (um título adicionado posteriormente, o título original era somente Star Wars) estreou em 1977 e o terceiro, The Return of the Jedi estreou em 1983. E depois disso a Trilogia Sagrada (não estou inventando esse nome, joguem Holy Trilogy no google e vejam quanta coisa se acha sobre Star Wars) se tornou uma obra essencial para todo nerd debater; mesmo entre os que não gostam da série, é muito difícil achar alguém que não tenha visto ou não tenha uma opinião formada sobre a jornada de Luke Skywalker. A trilogia estendeu sua influência em inúmeras paródias, e chegou até ao ponto de ser a inspiração para nomes científicos de espécies descobertas dos anos 1980 pra frente.
Aí quando em 1999 eles estrearam um novo filme da franquia, o universo colidiu. Acho que deve dar pra contar nos dedos quais outros filmes na história do cinema tiveram uma antecipação comparável ao que foi o lançamento de Star Wars: Episode I – The Phantom Menace. Vivemos hoje em um mundo globalizado, onde comprar ingressos pela internet é normal, e os lançamentos mundiais são comuns. Mas imaginem o conceito de gente de fora dos Estados Unidos, que viajou de avião para lá para comprar um ingresso na pré-venda, que foi feita um mês antes e tinha filas quilométricas. No dia da estreia vários canais de notícias estavam fazendo uma cobertura ao vivo do pessoal na fila para entrar no cinema, não existia outro assunto nos Estados Unidos no dia 19 de Maio de 1999. E foi um hype extremamente construído pela mídia, ao ponto que a criançada que não teve idade para pegar nenhum filme da Trilogia Original no cinema estava delirando nessa época.
Eu não estava nos Estados Unidos na época, tinha meros 9 anos, e eu estava delirando. Aquilo foi um evento de proporções únicas na história do entretenimento. Porém depois do dia 19 todos viram o filme e perceberam que estavam diante de algo ruim. E todo esse hype se converteu em um ódio imenso pela Segunda Trilogia. Tanto The Phantom Menace quanto seus sucessores Attack of the Clones e Revenge of the Sith foram odiados pelos fãs de Star Wars e se a Trilogia Original era tratada por esse grupo de nerds como se fosse Jesus, a Segunda Trilogia foi tratada como o anticristo.
Foi uma resposta tão negativa que o George Lucas disse publicamente que não ia mais fazer outro Star Wars por conta de ninguém ter curtido a Segunda Trilogia. O que na minha opinião é uma puta covardia. O autor não devia ter esse medo dos fãs que o George Lucas demonstrou, vergonhoso. Porém em 2012, a Disney comprou a Lucasfilms, cortou George Lucas da produção e anunciou que sim, vai ter outro Star Wars, vai ter o sétimo filme da franquia.
E dado o fato de que a Segunda Trilogia foi considerada a maior tragédia do século, a Disney anunciou que eles iam ter muito mais em comum com a Trilogia Original. Um dos aspectos ressaltados seria que a Terceira Trilogia teria animatrônicos e cenários reais em vez de se apoiar unicamente em efeitos visuais.
O que é muito bom. Os bonecos dão um charme e os efeitos por computador se tornam datados rapidamente. Sério, Jurassic Park estava repleto de animatrônicos e os dinossauros são mais bem-feitos que os de Jurassic World. Efeitos em computador são uma faca de dois gumes.
Enfim, isso tudo para deixar uma pergunta. Que a Trilogia Original é muito superior a Segunda Trilogia, eu não tenho dúvida. Mas será que tudo nela é superior? Será que queremos negar tanto o Jar Jar Binks que estamos dispostos a colocar os Ewoks em um pedestal? Esse post é para salientar quais são os elementos que a trilogia original tem que eu acho que valem a pena de serem mantidos para que os Episódios VII, VIII e IX tenham a vibe boa dos primeiros filmes. Que sejam, elementos dos episódios IV, V e VI, e que sejam ausentes (ou diminuídos o suficiente) na Segunda Trilogia. Para assim descobrirmos quais foram os pontos da série que a Segunda Trilogia ignorou que eu espero que a Terceira não ignore.
Começando com o que é menos relevante para então ir para onde o bicho pega…
Personagens Ininteligíveis
O universo construído ao redor de Star Wars é muito interessante. Temos inúmeros planetas, inúmeras raças, com inúmeras aparências e inúmeras culturas. Nossos personagens podem ser humanos, robôs, bichos peludões de dois metros, peixes antropomórficos ou qualquer outra aparência medonha a imaginação permitir. Agora, povos tão distintos, naturalmente devem falar línguas distintas, não? Sim. E Star Wars durante a Trilogia Original constantemente nos colocava diante dos diversos idiomas falados na Galáxia Muito Distante.
No passado isso era um talento foda do Tolkien, mas hoje é relativamente comum ver obras de fantasia ou de ficção científica criar idiomas reais para seus personagens alienígenas falarem, idiomas funcionais que possam ser aprendidos pelos fãs. Além do clássico Klingon, cujo dicionário foi públicado em 1985, dois anos após The Return of the Jedi, temos os recentes casos do Na’vi em Avatar (aquele do James Cameron) e do Dothraki da série Game of Thrones.
Porém em Star Wars essas línguas não são línguas reais como Klingon, Na’vi, Elfico ou Dothraki, são somente os personagens falando uma baboseira com uma sonoridade característica, mas ainda sim cumprem muito bem o papel de diversificar o máximo possível os personagens.
E diversificar mesmo: dos 6 protagonistas da Trilogia Original, dois não falavam a Língua Básica (aka: inglês) em hipótese alguma. E nos acostumamos aos diálogos bilíngues dos personagens com Chewbacca e R2D2. Mas não são só eles. Os gritos dos Tusken Raiders, as falas de Greedo, de Jabba, do disfarce da Leia ao invadir o palácio do Jabba, dos Ewoks, e do Nien Numb que ficava na navezinha jundo com o Lando Calrissian no ataque à Segunda Death Star (O Niem Numb é um caso a parte, pois o idioma que ele fala existe de verdade, Se chama Haya e é uma língua da Tanzânia). Muitos personagens constantemente sendo ininteligíveis e tendo papeis marcantes. Mesmo entre os personagens que falavam a Língua Básica, temos casos como o Yoda, que estrutura suas frases em outra lógica, o que é sinal de que ele vem de outra cultura.
Essas características são positivas e dão mais identidade e charme para o universo da série. E por que estou perdendo tempo dizendo isso? Pois isso diminuiu na Segunda Trilogia.
Não sumiu completamente, pois Jabba, Chewbacca, R2D2 e Yoda aparecem na Segunda Trilogia falando da mesma maneira que falavam na original, mas o único personagem novo com essa característica em TRÊS FILMES foi o Sebulba.
Além do Sebulba tivemos um ou outro personagem não nomeado com menos de trinta segundos em cena, e o Jar Jar Binks que falava feito um completo idiota para deixá-lo mais carismático pras criancinhas. E o líder Gungan que fazia um “brrrr” com as bochechas entre as frases, para agradar a parcela de crianças que acha muito engraçado ouvir barulho de pum com a boca. Ah sim, e temos também essa umas cenas em que Watto fala com Anakin em outro idioma, que contaria perfeitamente, mas como os dois são perfeitamente fluentes na Língua Básica, então perde pontos. Nada comparável à Trilogia Original.
Não é por esse caminho que os alívios cômicos devem caminhar, fazendo “brrr”… Mas eu espero que dentre os novos personagens introduzidos tenhamos mais um arsenal de sons ininteligíveis formando boa parte dos diálogos dos personagens. Agrega muito à construção de mundo, e muitas vezes ao carisma do personagem. O R2D2 não seria tão fodão se falasse normalmente.
As boas e velhas lutas.
Ok, essa é polêmica. Até onde eu sei, as batalhas da Segunda Trilogia são bem populares e respeitadas, em especial porque na Trilogia Original não existia coreografia nenhuma, existia dois caras se encarando e se atacando meio que lentamente, e as lutas eram resolvidas com relativa facilidade, enquanto que na nova trilogia, tinha uma baita de uma coreografia e uma baita ação e muita gente fazendo muita coisa, e saltos, e piruetas e cambalhotas, e bem… eu acho isso uma bosta.
Tipo, concordo que ter uma luta minimamente coreografada é mais legal, mas sou contrário a noção de que piruetas e saltos e movimentos como os realizados nas lutas da Segunda Trilogia como movimentos legais em uma luta de espadachins. Lutas de espadas deveriam ser rápidas e com golpes decisivos. E por mais coreografadas que estivessem as lutas na Segunda Trilogia, elas perderam muito da sua verossimilhança nessa decisão.
Para começar, as lutas na Trilogia Original são filmadas em tempo real, enquanto que na Segunda Trilogia, muitos dos movimentos eram acelerados na edição para poderem tanto ser possíveis de serem feitos, como passarem uma sensação de velocidade maior.
A Trilogia Original sofreu forte influência dos filmes do Akira Kurosawa, e as lutas da Trilogia Original estão muito mais próximas das lutas de um filme japonês com samurais do que as lutas desnecessariamente elaboradas. Que na Terceira Trilogia eles optem por lutas com menos floreios e mais encaradas e golpes decisivos.
Termino meu argumento com esse vídeo, mostrando uma estupidez na luta de Darth Maul em The Phantom Menace, que na minha opinião não compensa toda a coreografia ensaiada, esse tipo de golpe inútil não devia existir em uma boa luta de espadas. O vídeo naturalmente exagera bem, pois quer gerar humor, mas os defeitos que ele aponta são reais ainda sim. O número de vezes que Obi-Wan faz um girinho no meio da luta que deixa ele de costas pro adversário armado é absurdo.
O pacifismo:
A Trilogia Original de Star Wars é essencialmente uma história sobre um Império maligno que colocou a Galáxia em guerra. E a solução para trazer paz à galáxia estava em ensinar a um jovem fazendeiro os princípios religiosos de um grupo de sábios praticamente extintos, e com isso ele lutaria em uma lógica não militarizada. E por isso era a antítese do Império.
Claro que não dá para escrever Star Wars sem Wars, e claro que os Guerreiros Jedi eram guerreiros, mas eles essencialmente falavam mais sobre evitar batalhas desnecessárias e usar a violência como último recurso. No primeiro encontro com Yoda, Luke se descreve como um “valoroso guerreiro” e Yoda responde com “guerra não dá valor a ninguém.”. Quando Obi-Wan dá o sabre de luz a Luke ele descreve a arma como “uma arma elegante, de um tempo mais civilizado”, se referindo a maneira como a maneira dos jedi lutarem tem pouco espaço em um mundo bárbaro como o que o Império trouxe.
O famoso truque jedi de persuadir o inimigo, era usado na Trilogia Original principalmente contra inimigos para evitar conflito. Claro que Obi-Wan podia ter matado aquele Stormtrooper, mas ele preferiu “convencer” o soldado de que aqueles não eram os dróides que ele procurava, e evitar uma luta. O mesmo pode ser dito para Luke, que era perfeitamente capaz de invadir o palácio da Jabba e resgatar Han Solo a força, mas ele veio com o propósito de negociação. Claro, Obi-Wan arrancou o braço do cara no bar, mas ele tentou resolver no dialogo anteriormente, o cara que insistiu na briga. Os Jedi seguem os princípios da Força, e a Força é primariamente uma religião. Ela prega um autoconhecimento e um autocontrole, prega que os Cavaleiros Jedi sejam capazes de resistir à raiva, e se manterem sábios e com a noção de que a Força conecta a todos. Yoda era para ser o Jedi mais poderoso de todos, mas nota-se que ele é baixinho, idoso e sua força é insignificante, ou seja, seu poder não está na habilidade de batalhas, porque novamente vamos repetir “a guerra não dá valor a ninguém.”
O Lado Negro da Força usava a força para tacar raiozinhos no Luke, esse era o poder do imperador. Mas os Jedi usavam a força para empurrar coisas, ou seja, presume-se que eles podiam empurrar o inimigo e criar distância. Ao final o Império foi derrotado quando as palavras de Luke trouxeram redenção para o maior soldado do Império, Darth Vader, que antes havia sido um grande Jedi, mas foi seduzido pelo poder destrutivo do Lado Negro. Ao invés de matar Vader, Luke trouxe a tona a bondade dentro dele.
Agora na Segunda Trilogia tudo isso que eu acabei de escrever se torna insignificante. Os Jedi usam violência desnecessariamente sim, embora neguem isso ao longo dos filmes. Eles servem principalmente como uma força militar para dar suporte a políticos, alguns deles não muito bem-intencionados. O truque Jedi para evitar conflito, foi usado para que os Jedi não tenham que pagar a conta. Eles faziam vista grossa para a escravidão, pois só se preocupavam em ser bons guarda-costas de senadores, e Yoda mostrou que apesar de sua aparência ele era extremamente poderoso fisicamente. E toda a mensagem de paz e evitar conflito se perdeu, uma vez que o papel deles na série era garantir que puxar um sabre de luz sempre fosse uma solução para os conflitos.
Até a base religiosa se perdeu, uma vez que eles passam a poder mensurar a Força pela ciência e nos mostram uma máquina que calcula quanta Força você tem. Não é questão de ter fé que existe uma essência conectando todo mundo, é questão de que eles viram com os próprios olhos uma bacteriazinha dando super-poderes pra eles e estavam usando-os militarmente.
Star Wars é uma franquia sobre Guerras, mas ela é focada em guerreiros que buscam criar a paz, e evitar a luta o máximo possível. Claro que todos querem ver o máximo de cenas de ação, e muitos irão, mas espero que os jedi do Episódio VII tenham uma mentalidade menos militarizada e violenta do que a da Segunda Trilogia.
Não que eu não queira ver umas luta muito louca ou boas cenas de ação, mas sem a boa justificativa, perde-se parte da poesia da Trilogia Original.
Alias, vocês sabiam que o título do Episódio VI, originalmente seria Revenge of the Jedi, mas George Lucas quis mudar para Return, pois o conceito de vingança vai contra os principios Jedi. Aí ele resolveu usar a ideia para fazer o título do episódio III Revenge of the Sith, pois aí sim teria a ver.
Variedade nas cenas de aventura:
Vamos lá… o que é que o Episódio IV tem de mais icônico? Tem o Darth Vader invadindo a nave rebelde e sequestrando Leia; temos Luke e Obi-Wan em um bar de bandidos recrutando Han Solo; temos a invasão a Estrela da Morte e a luta de Obi-Wan contra Darth Vader; temos os heróis presos no compactador de lixo; temos o ataque final à Estrela da Morte destruindo ela com Luke usando a força.
E no Episódio V? Temos o planeta gelado de Hoth, onde Luke foi enfiado dentro de um animal pra não congelar; temos o treinamento em Dagobah; Luke tem a visão de que ao matar Vader mataria a si mesmo; temos Han e Leia indo parar na barriga de um verme gigante por acidente, temos a Cidade das Nuvens; temos a luta de Luke e Darth Vader, Luke perde a mão e descobre que Vader é seu pai; e temos Han Solo sendo congelado em Carbonite.
E no retorno de Jedi? Ah, temos a invasão ao palácio de Jabba; A luta contra Sarlacc, a morte de Yoda; a aliança com os Ewoks em Endor, e a luta final contra Vader e Palpatine. A visão dos espíritos dos três jedi que guiaram Luke no horizonte. Isso tudo e o grande meme “It’s a Trap!!!”. A trilogia original é cheia de aventura e de acontecimentos interessantes ocorrendo constantemente.
E o episódio I? Temos Qui-Gon e Obi-wan lutando contra robôs na nave da Federação do Comércio, temos a fuga de Naboo no mar, temos a corrida de Pods, a luta contra Darth Maul, com a morte de Qui-Gon Jinn, a batalha dos Gungans contra os robôs, e temos um monte de senadores e reis e comerciantes debatendo rotas de comércio. Ah, e temos um monte de Jar Jar Binks.
E o episódio II? Temos a caça à caçadora de recompensas, aí a caça ao Jango Fett, a luta do Obi-Wan contra o Jango Fett, o Anakin mata os Tusken Raiders em um ataque de furia, aí grande batalha dos clones e de todos os Jedi contra um bando de robô, Obi-Wan luta contra o Conde Dooku e aí o Yoda luta contra Conde Dooku. Isso junto de um monte de senadores debatendo no congresso se eles deveriam ou não dar poder ao Palpatine e um romance muito bosta entre Anakin e Padme.
E no episódio III? Começa com Anakin e Obi-Wan matando um monte de robôs. Aí eles lutam contra o Conde Dooku e então tem uma luta contra o General Grievous. Aí o Obi-Wan luta de novo com o Grievous, Aí o Mace Windu e mais três jedi lutam com o Palpatine, todos menos o Palpatine morrem por causa da traição do Anakin. Então o Anakin mata um monte de criancinha, enquanto os clones matam os jedi e aí vem a luta do Anakin com o Obi-Wan no planeta da lava, Mustafar, e a luta do Yoda contra o Palpatine. E termina com o nascimento de Darth Vader em paralelo à morte de Padme. Isso e um monte de cena do Anakin ficando próximo do Palpatine e distante dos jedi.
A Segunda Trilogia gira o seu auge em cenas com batalhas e cenas de ação e sabres de luz brilhando muito. Enquanto a Trilogia Original tinha uma única luta marcante por filme, mas suas outras cenas épicas envolviam muito mais exploração, mundos distantes, perigos imediatos, e em um senso geral, os personagens em aventuras. George Lucas teve alto envolvimento nos filmes do Indiana Jones que envolvem basicamente em colocar Indiana constantemente em uma situação de quase morte e fazê-lo escapar.
A Segunda Trilogia, resolveu adotar outra direção, alto foco em política, meio simplificada, para as crianças entenderem, mas ainda sim, política de verdade. O Episódio I até seguia uma cartilha levemente aventureira, mas os outros, nada. E entre vários debates sobre democracia, rotas de comércio, eleições e valor da democracia sendo realizadas aparecia alguma luta ou cena de ação envolvendo sabres de luz para manter um ritmo de ação no filme.
Sou do time de que focar em ação é importante, mas que a parte política foi mal administrada na Segunda Trilogia, ela foi ao mesmo tempo, bem simplificada, não parecendo um filme político de verdade, e muito chata, não havia nada interessante rolando nas cenas de politica, e isso prejudicou muito os filmes. E as cenas de ação optavam demais por serem lutas ou perseguições, não tinha uma boa variedade. Era sempre colocar um novo cara para justificar puxarem vários sabres de luz ao mesmo tempo. Espero que pros episódios VII, VIII ou IX tenha menos a necessidade de mostrar muita luta e se preocupe mais em mostrar os personagens em perigos diversos explorando bem o universo, os monstros, os climas, os planetas diferentes e tal.
Pombas, o único planeta repetido da Trilogia Original é Tatooine que apareceu em dois filmes. Dagobah também apareceu, mas só em uma interna na casa do Yoda no Episódio VI. Na Segunda Trilogia: Coruscant e Naboo aparecem nos três filmes, e Tatooine também aparece nos três filmes. Thank god que teve o planeta dos Wookies e Mustafar no terceiro filme para quebrar a monotonia que é todo filme passar um grande bocado de tempo em Coruscant.
As referências:
Embora o que a gente chama hoje de “Cultura Pop” seja algo que meio que começou com Star Wars, em 1977, o filme meio que era um grande compilado do mais próximo que essa época tinha de uma cultura pop. Originalmente, George Lucas queria fazer um remake dos filmes do Flash Gordon, mas não conseguiu os direitos. Então ele fez o próprio filme, com boa parte da história inspirada no filme Kakushi-toride No San-akunin (A Fortaleza Escondida), de Akira Kurosawa, e colocando os elementos de Flash Gordon e Dick Tracy como construção de universo. Os dróides C3PO e R2D2 são assumidamente inspirados nos dois camponeses do filme de Kurosawa que brigavam entre si como alívio cômico. O texto contextualizando a trama do filme na abertura é tirado de Flash Gordon.
George Lucas somou isso com o livro The Hero with a Thousand Faces de Joseph Campbell, que falava da Jornada do Herói, que hoje tem em Star Wars seu exemplo mais famoso e citado, e também pegou uma referência aqui e outra ali para prencher várias lacunas. O bar barra pesada de Mos Eisley, em Tatooine por exemplo foi inspirado no filme Casablanca.
E isso não é característica´ só de Star Wars. Se George Lucas se inspirou muito em Kurosawa, por outro lado o Kurosawa se inspirou muito em westerns, dialogar com outros filmes é algo que sempre agrega valor a um filme.
E quanto a Segunda Trilogia? Ah, ela se inspira muito, em Star Wars. Não se nota uma grande gama de filmes marcantes pro George Lucas que justifiquem os elementos que ele incluiu no filme, o que se nota são os elementos de Star Wars que ele queria colocar nos filmes por apelo aos fãs, como por exemplo Cameo do Jabba. Inserir forçadamente o C3PO na trama. Bobba Fett. Mais sabres de luz. Wookies. O máximo que dou de crédito para eles, é que Coruscant é visivelmente inspirado no livro The Foundation do Asimov. Mas fora isso, a fonte primaria de inspiração para a expansão do universo foi basicamente Star Wars. Porra, o Grievous foi inspirado em uma garrafa de spray.
Confio em J. J. Abrams para no episódio VII não queira só pegar o que é popular em Star Wars e usar como base para mais Star Wars, ele pode pegar os elementos desse post, mas também é necessário expansão, dialogue com o que mais existe de ficção científica, homenageie outras obras, pois é assim que se faz bom cinema.
Mas apesar disso, não é só de bombas que a Segunda Trilogia vive. Não nego, eu preferia que ela não existisse, mas ela existe, não depende de mim, sou só um fã escrevendo em um blog, e seria covarde dos produtores do Episódio VII simplesmente ignorar a Segunda Trilogia, ela é parte de Star Wars também tanto quanto qualquer outro da Trilogia Original.
Por isso no próximo post vamos completar a lista com todos os elementos da Segunda Trilogia que valem a pena de levar adiante na Terceira Trilogia. Afinal mesmo eu admito que tem coisa boa para ser explorada nesses filmes, tem sim.