Eu, como muitos de minha geração, cresci amando Dragon Ball Z e amo até hoje. Amo tanto que uma das coisas que mais me preocupam em 2015 é se terei que ver uma obra que amo tanto ser dilacerada ou não no dia 18 de abril, quando estreará o filme que pode ser a maior bomba da história da franquia desde que Vegeta cresceu o bigode. E por falar em Vegeta crescer o bigode, é justamente ele o tema do texto de hoje. Dragon Ball GT é merecidamente odiado e ignorado pelos fãs da franquia, e o Vegeta de bigode é um unânime símbolo de tudo que há de tosco em GT. Mas será mesmo? Embora eu odeie GT por meus próprios motivos (ah, aquele maldito arco do Super 17… por que ele existe?), vejo o Vegeta de bigode como uma progressão natural do Vegeta após o fim da série.
Afinal, Vegeta é um dos personagens que tem o arco de evolução melhor desenvolvido de Dragon Ball. Ele começa como um príncipe assassino que não se importa com nada além do próprio orgulho e ao longo da série evolui para virar um genuíno tiozão, pai de família, gente boa e amigo da galera. E o mais importante, isso se demonstra no Vegeta principalmente pelo seu visual, que o criador da série, Akira Toriyama, se deu ao trabalho de alterar sempre que necessário para combinar com o período de sua transformação em que o personagem se encontrava. E não consigo imaginar futuro mais óbvio para ele do que um bigodão que o demarcaria como o sogrão-munido-de-shotgun para cada pretendente babaca que fosse se meter com a Bra. Mas você não acredita que o Vegeta é um tremendo cara legal no fim da série? Então vamos voltar ao começo. Somos apresentados a ele bem no meio do mangá, logo depois do Goku virar adulto. Ele invade a Terra junto de Nappa para conseguir as esferas do dragão e se tornar imortal.
Ele queria a imortalidade para poder matar seu superior direto, Freeza e ser o soberano absoluto da galáxia. E quando Nappa se torna inútil para ele, ele descarta Nappa como se fosse uma camisinha usada. Ele é mal, ele não tem respeito por seus superiores, por seus inferiores, por seus companheiros. E não possui um único amigo no mundo, e nem quer isso, ele só quer poder pisar em todo mundo. Vegeta é um sayajin, a raça guerreira mais bambambam do universo. E todos os membros dessa raça trabalham para esse calhorda chamado Freeza, e usam um uniforme padrão que todos os soldados de Freeza usam. Esse uniforme mesmo indicando um subordinado do Freeza é também a grande marca de sua origem, de que ele é um sayajin. Mais simbólico que seu uniforme, somente seu rabo. E quando ele aparece pela primeira vez na série, ele traja seu uniforme completo. Com ombreiras, com a parte de baixo, com um scouter, e com seu simbólico rabo. Sua invasão à Terra é chamada de “A Invasão dos Sayajins”, pois ele está na Terra representando não o Freeza, mas a sua raça, a sua linhagem, e todo o orgulho que ele tem de ser um dos mais malignos e poderosos sayajins do mundo.
Todos sabemos para onde isso desanda. Ele se depara com Kakarotto (ou Son Goku, como os vacilões o chamam), um sayajin como ele, porém dotado de um bom coração, e que foi criado na Terra e se tornou um herói local. Kakarotto defende a Terra. E se mostra mais poderoso que Vegeta. Vegeta é orgulhoso e é incapaz de conceber que ele não seja o sayajin mais poderoso do mundo, e trava um cabo de guerra com Goku em relação a quem teria o golpe mais poderoso dos dois. Cada um solta sua rajada de energia na luta dos dois em uma cena bem marcante na série, onde Goku vence e ao vencer ele não só supera Vegeta pela primeira de muitas vezes, como ele quebra a armadura de Vegeta.
Aquela que eu fiquei descrevendo de como era simbólica de sua origem Sayajin. O momento em que Vegeta tem sua armadura quebrada marca o momento em que Vegeta percebeu que tinha um Sayajin superior a ele e passa a dedicar sua vida a retomar seu território e superá-lo de volta.
Ao longo da luta, sua invasão fracassa, ele tem sua armadura quebrada e perde o seu rabo, símbolo supremo de sua raça. E ele retorna humilhado para Freeza, decepcionado de ter perdido sua grande chance de se tornar superior ao seu líder.
Vegeta desempenhou sua primeira participação na série numa posição de superior, de ser o maior obstáculo do conflito em que se encontrava. Agora ele descobre que foi justamente sua invasão fracassada a Terra que ensinou a Freeza como conseguir a imortalidade, e ele sabe que se Freeza se tornar imortal, ninguém poderá detê-lo, e ele viverá na sombra do canalha para sempre. Vegeta em sua invasão a terra destruiu as esferas do dragão da Terra, mas Freeza descobriu um outro planeta onde era possível encontra-las. Namek. E Vegeta percebeu que não podia mais se fingir de aliado de Freeza. Se ele queria ser imortal era seria sua ultima chance de conseguir a imortalidade e trair seu superior.
Ele invade Namek e começa a um a um matar os aliados de Freeza e arquitetar sua conquista da imortalidade evitando um confronto direto até a hora certa. Porém eventualmente ele percebe que não poderá fazer isso. Ele terá que enfrentar a tropa Ginyu, os mais poderosos aliados de Freeza. E ele não conseguirá enfrenta-los sem ajuda. Então ele novamente engole seu orgulho. O momento de Namek no mangá é um conflito em três partes. Por um lado temos Freeza, sendo um cuzão, e devastando o planeta e seu povo em busca das esferas do dragão. Do outro temos Vegeta, sendo um cuzão devastanto o planeta e seu povo em busca das esferas do dragão e liquidando a tropa de Freeza. E do outro temos os terráqueos que foram para Namek tentar reviver todos os que Vegeta matou na terra. Ao perceber que terá que enfrentar a tropa Ginyu, Vegeta decide que teria que se aliar com os terráqueos para fazer frente ao exercito de Freeza. Ele decide que se os terráqueos iriam ajuda-lo deveriam usar vestes apropriadas e dá aos terráqueos armaduras iguais a dele. Nesse momento ele troca de armadura para uma versão mais simples. Que não possui ombreiras. Novamente, ao engolir seu orgulho e aceitar a ajuda de seus antigos inimigos para combater um inimigo comum, ele perde mais um pouco de sua identidade Sayajin. Eventualmente tudo o leva para uma batalha final com Freeza, onde ele se comprova tão inferior quanto era obvio que ele seria. Ele é surrado por Freeza e assassinado. Morre. É completamente derrotado e paga por sua arrogância e sua ambição com a vida. E todo seu ciclo de maldade e psicopatia tem um fim. Certo? Não, ele ressuscita, pois pela primeira vez os heróis esqueceram de colocar o adento “exceto quem é do mal” na hora de reviver todas as casualidades de suas constantes batalhas contra o mal. Então eles usam os poderes das esferas do dragão e revivem todos que Freeza matou, e Vegeta foi incluído. Ele ressuscita e é enviado para o planeta Terra. Junto com todos os outros mortos em Namek, já que Freeza explodiu Namek, e o planeta não existe mais. Agora Vegeta está preso nesse planeta cheio de memórias humilhantes e não tem para onde ir. Vegeta ficou sabendo que não só Freeza, aquele que ele sempre esteve na sombra, foi morto recentemente, mas que foi morto recentemente por Kakarotto, o mesmo sayajin que o superou na Terra. E que foi morto quando Kakarotto atingiu a forma do super-sayajin, uma transformação um sayajin normal jamais atingiria e que era considerada uma lenda. Vegeta orgulhoso e arrogante não concebe que Kakarotto pudesse fazer essa transformação e ele não. Então ele resolve ficar na Terra e esperar Kakarotto voltar de Namek, onde ele foi visto pela ultima vez, para ter uma revanche. Nesse meio tempo ele começa a morar com uma mulher chamada Bulma, que provavelmente estava movida pelo mais puro altruísmo do mundo ao achar de boa acolher um psicopata que matou incontáveis amigos dela (incluindo o namorado), em sua casa, já que ele está sem-teto. Na casa de Bulma, Vegeta espera ansiosamente por um ano, até Kakarotto voltar. Mas quando Kakarotto retorna, ele e os terráqueos recebem uma noticia chocante. Um mensageiro do futuro aparece e avisa que em três anos a Terra seria atacada por androides que matariam todos os grandes guerreiros da Terra , incluindo Vegeta. Sim, ele descobriu que em três anos ele iria ser morto por um guerreiro superior a ele. Foi demais para o coitado digerir. Ele não suporta a ideia de que alguém seja mais poderoso que ele, mesmo sabendo que Kakarotto é. Então ele adia sua revanche com Kakarotto. Pois garantir que ele estará preparado para ser mais fodão que os androides daqui a três anos era mais importante. Ele se prepara para a grande batalha. E descobre como se transformar em um Super Sayajin. Agora ele se igualou ao nível de Kakarotto, quando ele acabar com os androides, será fácil acabar com Kakarotto e fechar essa grande ponta solta em sua vida.
Quando começa a batalha com os androides, ele ainda está usando a armadura do exercito de Freeza. Mas não exatamente. Essa mulher com quem ele mora, Bulma, é uma talentosa cientista e fez para ele uma réplica da armadura do exercito de Freeza, idêntica a original, porém é uma réplica terráquea. Por fora a roupa é igual a que Vegeta sempre usou, mas por dentro era uma armadura terráquea, uma roupa terráquea e um vinculo dele com uma mulher humana. Pois por dentro, Vegeta por mais que negasse, estava vivendo no planeta Terra e passando um tempo muito maior do que gostaria de admitir, se aliando com os Terráqueos e permitindo que eles fizessem parte de sua vida. Porra, ele até teve um filho! Embora ele tenha assumido.
Sim, pois o mensageiro do futuro que veio junto com o retorno de Kakarotto para avisar que ele e os outros terráqueos seriam mortos por androides, era seu filho Trunks, que ele não tinha feito ainda na época que recebeu a mensagem, mas já tinha feito quando a batalha com os androides começa. Segundo o próprio Trunks, a história que ele ouviu de Bulma, sua mãe, foi mais ou menos essa “os dois tavam meio solitários no dia, e rolou uma vez.”. Sim, depois de três anos no planeta, o príncipe dos Sayajins precisava aliviar a seca. Não tava dando mais. O que torna Trunks uma genuína gravidez acidental derivada de uma ficada entre dois colegas de quarto. E sobrou pra Bulma criar Trunks bebê enquanto Vegeta falava “pau no cu desse moleque, foda-se se é meu filho, não é meu problema.” Inclusive no meio da luta contra os androides, Bulma e o bebê-Trunks passam pela luta pilotando um avião, são atacados, e Vegeta não mexe uma palha para salvá-los, pois ele está pouco se fodendo.
Porém o Trunks do futuro, o mesmo que veio ao passado três anos atrás passar a mensagem, volta no tempo novamente para ajudar na guerra contra os androides e impedir a morte de seu pai. E Vegeta após alguma convivência percebe que Trunks é a versão crescida de seu filho. E é assim que ele reage ao seu filho adulto.
Filho da puta! Pai desnaturado e negligente. Vegeta não liga pro filho nem pra nada. Ele só liga em provar que é fodão, em ganhar dos androides, e do Kakarotto e em ser um super sayajin para provar que sua linhagem é superior a de qualquer um. Desses objetivos ele consegue virar um super sayajin. Mas leva uma surra da Androide Nº18, e se mostra fraco e que ele precisa de mais treino ainda. Ele então resolve treinar no Salão do Espirito e do Tempo. Uma dimensão alternativa onde você pode viver o equivalente a um ano em somente um dia. E ele gasta esse ano inteiro só treinando em sua obsessão de ser forte. Porém. O Trunks adulto vai com ele, em uma tentativa de se conectar com seu pai.
E é ai que a magia acontece. Ele passa não só a treinar com Trunks, ele passa um ano vivendo somente com Trunks. Morando juntos, e vivendo lado a lado. Que nem ele fez com a Bulma, única terráquea que já viu um lado mais sensível dele em algum momento da vida. Ele voltou desse treinamento conectado com o filho. Não estava disposto a admitir isso, mas ele deve ter pensado algo no estilo de “porra, que foda, eu tenho um filho, e ele é um cara legal, ficou grande, forte e bonito e firmeza. Que bom que esse cara tá aqui.”
Mas apesar disso, Vegeta continua tratando Trunks mal, tanto que se recusou a treinar junto dele de novo, e os dois retornaram para a Sala do Espirito e do Tempo, mas separados. E após, isso eles vão lutar contra Cell, o androide mais poderoso de todos, e o adversário final da guerra contra os androides. E nessa luta, Cell assassina Trunks friamente. Vegeta fica puto! Pela primeira vez na série, Vegeta fica furioso ao ver um ente querido ferido. Provavelmente, pois deve ser a primeira vez na vida que ele teve um ente querido.
Ele vai com tudo para cima de Cell, e embora ele estivesse longe de se igualar ao nível de Cell, ele diferente do que fez na luta contra Freeza, faz a diferença na batalha. A batalha entre Cell e Gohan, o filho de Kakarotto, ia ser finalizada em um cabo de guerra de poderes, mais ou menos parecido com aquele que representou a primeira vez que Kakarotto se mostrou superior a Vegeta. E foi o ataque furioso de Vegeta contra Cell que abriu a guarda do androide e o fez perder o cabo de guerra.
Cell morreu, os androides foram derrotados, e a guerra acabou! Mas Kakarotto morreu na guerra. Agora Vegeta foi roubado de sua revanche. Ele desejava mais que qualquer coisa se mostrar superior a Kakarotto e se redimir pela sua derrota humilhante de quatro anos atrás, e agora não pode. É diferente da época em que ele ficou morando na Terra esperando Kakarotto voltar, ele não vai voltar mais, Vegeta nunca vai consertar essa ponta solta na sua vida. O que ele pode fazer agora?
Bom, a guerra contra os androides acabou, e o Trunks Adulto volta para sua linha do tempo original, e Vegeta discretamente para ninguém notar, se despede do seu filho, de quem ele sentirá saudades. O que lhe restou agora? Bom, ele pode criar esse bebê que ele largou com a Bulma e tentar fazer parte da vida do Trunks que ele tem no presente. E é o que ele faz, ele segue morando com Bulma, e sendo pai de Trunks. Ensina o moleque a lutar, leva em passeios, treina com o garoto, compra sorvete, explica pro filho que ele é o maior fodão da Terra. Coisas de pai…
Sete anos se passam, e Trunks tem oito anos e é um moleque forte e guerreiro. Capaz de virar super sayajin que nem o pai. E que vê no pai um herói. Interessante notar que o Trunks que vinha do futuro usava golpes que eram iguais aos golpes de Gohan, foi ele aprendeu a lutar com Gohan. Mas o Trunks do presente, usa golpes iguais ao Vegeta, pois esse sim teve criação do pai. E sete anos depois, Trunks é melhor amigo e brother inseparável de Goten, o segundo filho de Kakarotto, que nasceu depois que este morreu, sem nunca ter conhecido o pai. Vegeta está de boa em sua casa, treinando, pois é assim que ele gasta seu tempo livre (e como ele mora com a mãe de seu filho que é a mulher mais rica do mundo, ele não precisa trabalhar, e todo tempo dele é seu tempo livre), quando ele recebe uma visita do filho de Kakarotto, Gohan, e uma boa noticia. A de que Kakarotto conseguiu permissão do mundo dos mortos para voltar para a Terra por um dia.
E isso reascendeu uma chama nele. Ele viu que ele tem a chance de lutar de novo com seu rival, e tudo dará certo na vida dele. Nesse momento Vegeta já está bem menos Sayajin do que já foi. Sequer usa mais a armadura do exercito de Freeza. Nem mesmo a réplica, ele usa somente o macacão azul que usava por baixo, e é o suficiente para ele. Mais uma peça da armadura que se vai conforme ele larga seu espirito Sayajin.
Kakarotto voltará para participar de um torneio de lutas que ele gostava de frequentar na sua infância. E Vegeta se inscreve no mesmo torneio para eles lutarem, parece que tudo está caminhando bem, certo? Claro que não, sempre tem merda ameaçando o Planeta Terra, o torneio é interrompido, pois Gohan foi atacado por capangas esse bruxo chamado Babidi, que quer usar a energia de Gohan para ressuscitar um demônio chamado Majin Boo. E é claro que Kakarotto vai parar o que estar fazendo para lutar para proteger a Terra. E onde Kakarotto vai, Vegeta vai atrás. Eles invadem a nave de Majin Boo, lutam contra forças do mal, tudo para poder acabar logo com aquele assunto e Vegeta poder exigir a revanche antes que o dia acabe, ele tem só um dia, não pode perder tempo. Ele eventualmente é tentado a trair Kakarotto e os terráqueos e se aliar a Babidi. E nesse momento o que o personagem sofre é uma crise de meia idade. Ele se pergunta: “O que aconteceu? Quando eu virei um cara que aceitou o planeta Terra como sua casa? Porque eu moro com a mãe do meu filho até hoje? Quando eu virei um pai de família acomodado? Cadê aquele cara foda e jovem e pica das galáxias que dizimava planetas e fazia a galáxia se curvar aos meus pés?”. Ele percebeu o quanto seu estilo de vida havia mudado nesses sete anos, e surta, e resolve voltar ao seu vigor jovem, e resolve trair Kakarotto e se aliar a Babidi.
Afinal, quem sabe assim ele consegue a porra da luta que ele tanto quer? Ele consegue. E ganha! Ele nocauteia Kakarotto e deixa ele no chão.
Ele literalmente cumpriu seu maior objetivo dos últimos 11 anos. Venceu sua revanche. E agora? Qual seu novo objetivo de vida? Ele olha a sua volta e vê que ele deu as costas pro Planeta Terra e ajudou um filho da puta a ressuscitar um demônio que vai destruir o planeta que o acolheu. Ele pensa em Bulma e em Trunks, e percebe que não importa o quanto ele sinta falta de ser a pessoa que ele era no passado, ele não é mais aquele homem, e não consegue deixar de se preocupar em proteger seus entes queridos. Ele decide consertar seu erro, matar Babidi e Majin Boo e atingir a redenção. E faz isso com um ataque suicida. Antes do ataque suicida, ele vê que Trunks estava no campo de batalha protegendo a Terra também, ele pede desculpas para Trunks por nunca tê-lo abraçado, ele abraça seu filho e diz que agora ele será o homem da casa e que ele tem que proteger a sua mãe. Após se despedir de metade dos terráqueos que ele ama, ele se volta para Majin Boo e se explode tentando levar o demônio junto com ele. O sacrifício é em vão, mas marca a redenção de Vegeta, onde ele lutou por algo que não foi ele mesmo e seu próprio orgulho, e viu que havia alguém que ele queria proteger mais que tudo. Pela segunda vez, Vegeta morreu. Agora é o fim, não é? Antes de morrer, ele pergunta para Piccolo se poderá ver Kakarotto no mundo dos mortos, e Piccolo fala que como Vegeta viveu uma vida de maldades, ele não terá um pós-vida e terá a alma zerada e reencarnada. Ou seja, não existe mais Vegeta certo? Errado! O mundo não terminou com ele ainda. E lembram do pacto que Kakarotto fez com o outro mundo para voltar para a Terra por 24h? Vegeta fez exatamente o mesmo pacto. E o lance da alma resetada? O chefão do mundo dos mortos resolveu fazer uma exceção para ver se ele podia salvar a terra. Ele volta para Terra e tenta recaptular o que ele perdeu desde que foi morto por Majin Boo? Vamos ver… ele descobre que Majin Boo ainda está ameaçando o planeta, que Kakarotto tinha uma forma mais poderosa que o super sayajin que só ele podia atingir e que ele não usou na luta contra Vegeta, tornando a vitória de Vegeta nula, que Majin Boo matou Bulma e absorveu Trunks, Kakarotto foi ressuscitado por um Deus, e agora Kakarotto está lutando contra Majin Boo, e ele tem brincos especiais que permitem que ele e Vegeta se fundam em um único guerreiro, e ele quer usar essa fusão para derrotar Majin Boo. Vegeta perdeu muita coisa nesse período em que morreu. A principio ele hesita com a ideia de passar a dividir um corpo e uma mente com Kakarotto. Seu maior rival. Seu maior inimigo. O homem que ele jurou derrotar e que não usou todas suas forças na luta que ele desejou por 11 anos. Ele tinha todos os motivos do mundo para se recusar, então o que é que o motiva a engolir seu orgulho e aceitar a oferta de seu rival? Majin Boo matou Bulma e Trunks. Pronto. Vegeta está puto de novo. Ele aceita, se funde com Kakarotto, e juntos eles se tornam Vegetto, o personagem mais forte da série. Vegetto usa de um plano elaborado para enfraquecer Boo até uma forma mais fácil de ser derrotada, porém os dois rivais se separam no processo.
E a forma mais fraca, se torna um tiro pela culatra, pois além de mais fraco ele é mais violento, perigoso e incontrolável, e Majin Boo em sua forma nova, destrói completamente o planeta Terra. Deixando Vegeta e Kakarotto como os dois únicos guerreiros sobreviventes. Na fuga da Terra, Vegeta vê que Kakarotto poderia ter resgatado muito mais terráqueos do que resgatou, e critica duramente a negligência de Kakarotto, um lembrete para nós de sua atual empatia pelos demais. No planeta dos Deuses, para onde os dois fogem. Eles tem sua batalha final contra Majin Boo. E nessa batalha final, Vegeta observa Kakarotto lutar com Majin Boo e vê no rival uma determinação invejável. Ele vê e admite para si mesmo, ele jamais vai superar Kakarotto, e ele não se importa com isso, Kakarotto é o número um e o que ele quer é poder ajuda-lo a vencer Majin Boo de uma vez por todas.
Vegeta elabora um plano complexo. De usar as esferas do dragão para reconstruir o planeta Terra e reviver todas as pessoas do planeta. Após isso Vegeta planeja usar a energia dos terráqueos revividos para dá-la a Kakarotto e permitir que ele dê um golpe final que mate Majin Boo. E funciona. O plano de Vegeta funciona, e Kakarotto triunfa como o maior herói da Terra. E Vegeta volta para casa para sua amada e seu filho. Dez anos depois, Vegeta está casado com Bulma, eles tiveram uma filha, como marca de que agora eles são um casal de verdade, e não colegas de quarto que transaram uma vez e terminou em gravidez. Vegeta está mais humanizado que nunca, usando regata e calça de ginástica, e o melhor, não enche mais o saco de Kakarotto com uma revanche.
Não enche mesmo. Kakarotto está tentando incentivar Goten a entrar em um torneio de artes marciais, mas Goten está adolescente agora e mais a fim de sair em rolês com a turma. Mas Kakarotto que é um pai que ama lutas tanto quanto Vegeta obriga Goten a se inscrever, Vegeta segue o exemplo do amigo e faz o mesmo, usando o argumento. “Trunks, você vai entrar nesse torneio ou eu corto sua mesada.” E ainda vira para Kakarotto e solta um comentário de “Esses moleques de hoje em dia já não querem mais nada com nada.” Ou seja, oficialmente virou um paizão normal. Completamente terráqueo. Nesse torneio mesmo, ele achou que ia lutar com Kakarotto, mas o rival acaba indo embora na metade do torneio para treinar um molequinho chamado Oob, e a reação de Vegeta para o abandono do Round 3 é o seguinte: “De boa cara, vai lá.”
No filme Battle of Gods, conhecido como o único filme com conteúdo canônico da franquia inteira, Vegeta tem uma participação boa. O filme se passa entre a luta contra Majin Boo e o torneio em que Kakarotto encontrou Oob. E na trama inteira, Vegeta se esforça em ser um bom anfitrião na festa de aniversário de Bulma, para impedir que esse poderoso Deus da Destruição, Bills, que se auto-convidou pro aniversário fique puto o suficiente para resolver atacar seus amigos. Vegeta engole o orgulho e não vê problema em se rebaixar para garantir que os amigos estejam a salvo.
No fim do filme, em uma cena cortada, mas incluída na versão para DVD, os Kaioshins (a maior autoridade no estranho panteão de Deuses de Dragon Ball Z), concluem que Bills, o Deus da Destruição, se tornou uma pessoa melhor após passar o dia com Vegeta e Kakarotto. E sendo os dois sayajins, sabe-se que eles estavam destinados a serem psicopatas, mas que o planeta Terra os tornou pessoas melhores. E chegam a conclusão de que os amigos terráqueos de Kakarotto e Vegeta são todos pessoas muito boas. Só me incomoda que Vegeta passe o Battle of Gods inteiro usando a réplica de armadura que Bulma fez pra ele. Quebrando toda minha analise de como ele perde uma peça de armadura cada vez que seu lado humano fica mais forte que seu lado sayajin. Mas é filme e eu relevo a direção de arte não ter notado essa progressão foda no figurino no Vegeta E com isso volto ao tema do post. É realmente impensável que depois desse final, onde ele e Kakarotto viraram dois Brothers, criticando a adolescência dos filhos, onde ele casou com a mulher que ele ama, teve uma filha, e passou a usar regata como figurino primário. Que o próximo passo natural seria deixar crescer o bigode? Acho a evolução natural. Deixar o bigode e começar a intimidar os otários que derem em cima da filha dele.
Passar o resto da sua vida na Terra se esforçando para ser um macho letra A total. Que seguiu o conselho que toda nossa geração ouviu nos fliperamas. Após uma surra épica ele voltou pra casa e se tornou um homem de família.