17 Péssimos chefes na ficção.

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Hoje é 4 de Julho! Um dia que é aniversário do pior país do mundo ou coisa do tipo. Também é o dia em que eu, inspirado por um dos meus apoiadores mais antigos, decidir declarar ser o Dia do Ódio. A antítese máxima do Dia de São Valentim, que esse blog comemora todo dia 14 de Fevereiro. Se o Dia de São Valentim a gente celebra todo o carinho que temos por quem amamos, no dia 4 de Julho, se celebra todo o ódio que temos pelas piores coisas que existem.

O ódio é um sentimento muito válido.

Então ano passado eu celebrei as maiores inimizades da ficção. E nesse ano eu vou celebrar um tipo de relação terrível, em que muita gente está obrigada a se manter pra sobreviver. Que pode ser boa, mas muitas vezes pode ser terrível. Hoje eu vou falar aqui sobre 17 relações de Patrão e Empregado.

A maioria de nós tem um patrão. E muitos dos que não tem gostariam de ter, pois desemprego é pior ainda. Tem quem se considere o próprio empreendedor e ache que não tem um patrão, mas tem uma boa chance de ter um mesmo assim, que é o dono do app que paga o seu salário.

É um esquema tão complexo que as vezes até o seu chefe tem um chefe. E se bobear o chefe dele tem um chefe também. Formando uma longa e longa cadeia de chefes precisando de chefes num sistema trabalhista que realmente foca muito na parte de hierarquia.

E é bem sobre hierarquia. The Office faz o ponto duas vezes de que aquele escritório funcionaria perfeitamente bem sem um gerente, e talvez até funcionasse melhor, com decisões administrativas sendo feitas via voto. Mas o papel do gerente em escritórios como aquele não é o de gerir os funcionários, é o de estabelecer hierarquia, e lembrar os funcionários do poder que eles não tem.

É muito louco isso.

Eu já tive oito chefes ao longo de minha vida. E estou em busca do nono nesse momento. Alguns foram bons chefes alguns não foram. Então eu sei que tem jeitos melhores e piores de se ser um chefe, e sei o quão difícil pode ser um empregado. Entender que as vezes a posição mais ingrata da empresa é a mais mal-paga.

Eu já testemunhei uma situação profissional em que um cliente foi racista com uma colega de trabalho, ela respondeu, e o gerente veio dar a bronca de que nunca se responde ao cliente, somente se sorri. Estar no atendimento ao público é se por numa posição ingrata que devia ser muito mais valorizada.

Então sejam bem-vindos ao Dentro da Chaminé, eu sou Izzombie, e esses são 17 Péssimos Chefes da Ficção sobre os quais quero falar no dia de hoje. Porque se tem algo que consegue estragar nosso dia é a nossa condição de trabalho, e ela tem o poder de estragar nosso dia todo dia.

Antes de começarmos, administrar o Dentro da Chaminé é um dos meus trabalhos, e nesse aqui eu sou meu próprio chefe, o que significa que isso aqui não paga todas minhas contas sozinho. Mas graças ao financiamento coletivo do blog no apoia.se, o blog é capaz de pagar as próprias despesas, graças aos apoiadores maravilhosos que esse blog tem. E você pode ser um deles, e ajudar esse blog a crescer e a se manter, se tornando um apoiador e contribuindo com o valor que achar justo.. Pois esse dinheiro realmente ajuda o blog a se manter de pé.

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Pois esse texto é feito em homenagem a todos que já me apoiam. Uma galera de ouro que inclusive eu agraço às recomendações que deram pra me ajudar a montar essa lista esse texto não seria o mesmo sem vocês, e eu espero que vocês gostem.

E esse texto é sobre alguns chefes péssimos que encontramos em histórias.

Eu queria estabelecer algumas coisas antes de começar a falar deles.

Primeiro que esse não é um “Top17 Piores Chefes”, no sentido de que alguns desses chefes podem ter algumas qualidades que fazer eles objetivamente serem melhores do que alguns chefes omitidos. E que eu não estou hierarquizando a ordem da lista. Eu só selecionei 17 pra falar sobre eles.

Por favor não pensem que o Gus Fring não ter sido mencionado aqui significa que ele é melhor do que a galera citada, é só que não coube todo mundo.

E segundo que essa lista é focada na relação patrão-empregado, mas está ignorando alguns tipos de relação patrão-empregado que são naturalmente problemáticas. Como a de super-vilão e capanga. Ou a de líder militar e soldado. Profissões que podem exigir que você mande seu subordinado pra morte em uma missão como parte do trabalho. Nenhum “esse é o pior chefe do mundo, pois ele mata os capangas.” como parte dessa lista. Empregos ingratos como trabalhar pro Mum-Ra, pro Freeza ou pro Aizen vão ser discutidos em outra oportunidade.

Embora muitas pessoas possam falecer em virtude das más relações de trabalho, incluindo ambientes de insalubridade, trabalho de risco, stress, ou simplesmente trabalhar tanto que negligencia o próprio sono e visitar ao médico. Apesar de tudo isso, não é comum nas nossas relações com nossos chefes lidarmos com a possibilidade de sermos assassinados diretamente por eles, e portanto eu não vou tratar isso como algo que espelha o que são as características que tornam um personagem um bom chefe.

Também vou só focar em contratos de trabalho de verdade. O que inclui excluir coisas como “Os Power Rangers trabalham pro Zordon” ou “As garotas mágicas trabalham pro Kyuubei” da lista, pois esse não é o emprego delas. Também exclui relações de servidão e escravidão que não são empregos de verdade.

Senão isso viraria uma lista de piores super-vilões de todos os tempos.

Então comecemos a ver mais sobre esses monstros que controlam a vida de tantos.

1- Charles Montgomery Burns (The Simpsons).
Empregado: Homer Simpson.

E vamos provar que não é um ranking, começando com quem obviamente ganharia o primeiro lugar na lista, caso fosse um top. O terrível Sr. Burns. Eu falei lá no meu texto de melhores personagens de Simpsons que eu não ia incluir o Sr. Burns, pois esperava falar do que o torna interessante num texto futuro, e é pois eu sabia que esse estava a caminho.

O texto vai ser sobre a relação entre chefe e empregado. Então apesar do Sr. Burns ser um chefe extremamente abusivo pro Smithers, ter levado Frank Grimes ao suicídio, e ser ruim pra Lenny e Carl, eu quero falar da relação dele com o protagonista do desenho, Homer Simpson.

Eu defendo, já defendi num texto anterior aqui, que The Simpsons deve ser observado como uma micro-representação da sociedade. Na ideia de que seus personagens são menos interessantes como personagens tridimensionais em seu próprio universo com uma continuidade, e mais interessantes como agindo em nome do segmento da sociedade que ele representa. Sendo Homer o estadunidense comum e Burns o grande capitalista.

Embora possamos já chamar Burns de um representante do velho capitalismo, num sentido de que ele não consegue fazer uma analogia muito boa de figuras como Mark Zuckeberg, Elon Musk, e pessoas que emergiram com a digitalização do mundo. E meio que falta um personagem em Springfield pra mostrar os perigos de quem quer te convencer a investir em crypto, tanto quanto os dinossauros que insistem em modelos de energia problemáticos.

Enfim. A piada mais recorrente de Burns é sua incapacidade de reconhecer Homer Simpson, e de a cada nova interação, não estar ciente de estar lidando com um funcionário com quem já interagiu antes. A impessoalidade é disparado o maior crime de Burns contra Homer.

Sendo inclusive o motivo de Homer para matá-lo.

Trabalhar pra Burns é um símbolo de derrota extrema pra Homer, uma vez que Burns é inimigo pessoal de literalmente todos os membros da família dele.

O pai, a mãe, a esposa, o filho, a filha mais velha, a filha mais nova e o cachorro de Homer todos foram pessoalmente atacados por Burns em conflitos desrelacionados ao trabalho, e enquanto Homer assiste seu chefe destuir a vida de seus amados, Homer só pode engolir o sapo e ir pra mais um dia de trabalho, abaixar a cabeça para seu inimigo máximo. Que nem sequer sabe quem ele é.

Burns nunca vai pagar por nada que fizer, mas mais que isso, nada que ele fizer corre o risco, de Homer parar de voltar todo dia pra sofrer mais abuso em troca de dinheiro o suficiente pra alimentar sua família.

É certamente a representação máxima do poder terrível que é o poder que nossos patrões tem em nossa vida, pois eles controlam se vamos ter um emprego mês que vem ou não. Homer as vezes desafia ele, as vezes abaixa a cabeça, mas no final sempre rasteja de volta, pois mesmo tendo tido mais de 200 empregos ao longo da série, ele sempre retorna pro Burns, o único capaz de dar a Homer estabilidade, em troca de sua alma.

2- John Jonah Jameson (Homem-Aranha):
Empregado: Peter Parker.

Um dos grandes charmes do Homem-Aranha é que ele é um dos poucos super-heróis que tem um emprego bosta. O Superman tem um chefe decente, consegue fazer o bem com suas matérias, e ainda paquera a colega de trabalho dele. O Batman, Arqueiro Verde e Homem de Ferro são bilionários. O Capitão América e a Miss Marvel são militares. O Flash é da polícia. Pantera Negra, Aquaman e Mulher Maravilha são da realeza e representam uma nação avançada. O Hulk é um super-cientista. O Lanterna Verde é um piloto. E o Homem-Aranha? O Homem-Aranha tem que difamar o próprio nome por alguns trocos enquanto é xingado pelo J. J. Jameson.

Como ele é representado nas HQs naturalmente varia com o tempo pela versatilidade de roteiristas, décadas, universos alternativos e tentativas de alterar o status quo com o tempo. Mas ele é comumente lembrado como um chefe rude, de pavio curto, que paga mal seus funcionários, e principalmente que faz do seu posicionamento pessoal, de ser anti-homem-aranha como o centro de seu trabalho de jornalista.

Peter é obrigado a ser cúmplice de algo que ele não acredita. Que o Homem-Aranha é uma ameaça. Ele é obrigado a ajudar esse tipo de propaganda a ser feita pra poder almoçar todo dia, e ele é notoriamente mal pago por isso.

Os filmes do Sam Raimi imortalizaram o personagem de maneira que ele triplicou o alcance dele na cultura pop. Até hoje o personagem é associado ao J. K. Simmons que é chamado em quase toda performance que precisam pro Jameson E nos filmes, Jameson é rude e agressivo com Peter enquanto avalia suas fotos, faz de tudo pra pagar pra ele o mínimo possível, tenta colocar ele como freelancer, evitando ao máximo contratá-lo. E ignora qualquer tentativa do Peter de ter dignidade no seu trabalho.

Mas o foda é isso! É o Peter ser obrigado a se difamar. É a propaganda falando que o Peter merecia ir pra cadeia ser o que paga as contas dele, e ele não ter opção a não ser abaixar a cabeça pra isso se quiser sobreviver. Isso é o que faz muito fã pensar que tem mais em comum com o Homem-Aranha do que tem em comum com o Batman.

Já tiveram que repetir a política da empresa pra um cliente, mesmo na sua cabeça você sabendo que a política da empresa não vale nada e o cliente tá certo? Eu já. É horrível, só consigo imaginar como é pro Peter ler o jornal que paga as contas dele. Deve ser de chorar.

3Hyoudou Kazutaka (Kaiji):
Empregado: Tonegawa Yukio.

Hyoudou é o vilão central que unifica todas as partes do mangá Kaiji, sendo o presidente de uma empresa perversa que tortura, caça, escraviza e mata pessoas endividadas com ele, com a impunidade que só um bilionário consegue ter. Ele é sádico, se diverte causando agonia e vive sob a regra de que “Quando eu espanco alguém, não dói em mim”. E sua fortuna é usada pra isso.

Mas ele não está nessa lista pra eu falar sobre como quem está no topo oprime quem está na base da pirâmide social, embora isso seja verdade. Nem pra falar dos funcionários baixos em quem ele pisa em cima como baratas. Pois ele está aqui pra falarmos da relação dele com uma das pessoas mais poderosas da empresa, seu braço-direito, Tonegawa. Um de seus principais executivos.

Tonegawa é um dos principais executivos da empresa Teiai, e é ativamente cúmplice de muitos dos crimes de Hyoudou. Ele planeja diversos jogos da morte que entretenham seu chefe, e ele os coloca em prática. E Tonegawa dorme a noite achando que as pessoas que morreram tem que se foder, por serem parasitas sociais que não trabalham, não administram bem seu dinheiro e se endividam. Tonegawa acha que ele é uma elite social que soube bem como investir sua carreira, tempo e recurso e que ele ter dinheiro e os pobres não terem é sintoma disso.

O que o Tonegawa esquece é que ele é empregado. Ele tem chefe. E ele pode ser um executivo pimpão bem alto na hierarquia de sua empresa. Mas ele não é um bilionário, ele ganha a vida trabalhando ainda. E ele está muito mais próximo das pessoas pobres que ele mata do que ele está do chefe cujas bolas ele chupa.

Em uma das cenas mais marcantes do anime, Kaiji vence o jogo da morte de Tonegawa, supera suas trapaças, e triunfa. E um dos termos da aposta era que Tonegawa, caso fosse derrotado, além de pagar o dinheiro que prometeu a Kaiji, deveria pedir desculpas por todas as pessoas que ele matou, de joelhos, pra Kaiji. Pois bem, quando chega esse momento, Hyoudou intervéem. Hyoudou argumenta que ajoelhar e falar algo não significa arrependimento real e que Kaiji queria ver Tonegawa fazer um gesto com significado real.

Hyoudou então obriga Tonegawa a ajoelhar em uma chapa quente, se queimando até sua presumida morte. E ao ver a situação, ao ver Hyoudou obrigar Tonegawa a se matar em sua frente, o efeito foi o oposto da retórica. Todo o significado do pedido de desculpas de Tonegawa desapareceu. Não tinha valor nenhum. Pois Kaiji viu que Tonegawa era um igual a ele. Só um fodido dançando na mão do mesmo bilionário que ele. Tonegawa era só um empregado descartável que podia ser morto nesses jogos tanto quanto os endividados.

Não importa o quão alto escalemos na hierarquia. Quem não é o patrão, é só um empregado. E Tonegawa se embebedou em seus títulos e esqueceu disso. E foi lembrado quando seu patrão decidiu que queria puní-lo da mesma maneira que Tonegawa puniu tantos outros.

4Michael Scott (The Office):
Empregada: Pam Beesly

Quero começar falando uma característica positiva de Michael Scott, pois ele tem tantas negativas que quando for pra falar mal não vai dar pra voltar. Então quero ressaltar uma coisa importante que ele faz. Ele não permite que seus funcionários percam a conexão em relação ao que eles fazem naquele escritório.

Michael tem orgulho de trabalhar vendendo papel. Ele acredita que papel representa um serviço importante pra sociedade, ele ama papel, e nem sempre tendo sucesso nessa missão, ele acha importante seus funcionários terem orgulho de providenciar papel pras pessoas. De se importarem com papel. E eu acho que isso é um trabalho importante pro chefe, não permitir que a chatice do trabalho te desconecta completamente de tudo o que você de fato faz.

E isso deriva da premissa. Ele foi promovido a gerente por ser o melhor vendedor de papel da empresa. Mas ele ter vocação pra vendar não significa que ele tenha vocação pra administração. E a lógica da promoção de “vamos dar novos postos pros melhores funcionários” que permitiu a estupidez de achar que alguém como ele era apropriado pra ser um gerente. Um erro derivado da lógica corporativa.

Todo o resto que ele faz é terrível. Com todos os funcionários, mas aqui quero dar foco especial na Pam, pois a Pam sofre na mão dele. É uma mistura do quanto o Michael é uma pessoa péssima no ambiente de trabalho, com como secretárias sempre são quem mais se fode nesses ambientes. O primeiro episódio reforçou como ele escolheu Pam pra tratar feito lixo só pra impressionar Ryan no seu primeiro dia.

O trabalho de Pam é atender os telefonemas que chegam até a empresa e direcioná-los pra pessoa certa sem atrapalhar o fluxo do trabalho, e tirar xeroxes e receber os faxes. Oficialmente. Na prática o trabalho de Pam é ser babá de seu chefe Michael Scott e impedir que ele faça merda, que ficar de olho dele. E lidar com o assédio sexual que recebe dele. Ela precisa estar disponível pra Michael pode zoar ela.

E o que Michael tiver de bom pra dizer pra ela jamais será dito na cara dela…

Já aconteceu comigo, já flagrei meu chefe dizendo pelas minhas costas que eu era o melhor funcionário do local. Eu nunca soube porque ele não podia me dizer isso diretamente. Existe uma cultura no mundo de não se elogiar funcionário que eu não entendo.

Pam faz muito do trabalho pra manter o escritório na linha. E todo mundo depende muito dela fazer seu trabalho, e ela raramente é respeitada por isso. E Michael pode tratá-la como uma assistente, mas ela definitivamente não ganha como alguém que impede o escritório inteiro de cair.

Mas o pior é que Michael interfere em sua vida pessoal. Michael acredita que uma empresa deve ser uma família e que isso significa que ele deve ser convidado pra eventos da vida pessoal de funcionários, como por exemplo, o casamento da Pam. E essa é a parte mais arrombada. Ela não conseguir se livrar o patrão quando bate o ponto e volta pra casa.

Ninguém merece ser secretária de Michael Scott. Embora Pam tenha se tornado sua amiga, e sua lealdade a Michael tenha levado ela a ser a última a se despedir dele e levá-lo ao aeroporto, ele ainda merecia chefe melhor.

5Miranda Priestly (The Devil Wears Prada):
Empregada: Andy Sachs

Miranda seria originalmente inclusa na minha lista de melhores 18 diabos da ficção Mas ela acabou virando uma menção honrosa, e felizmente veio um outro texto pra eu abordar um pouco essa marcante personagem da Meryl Streep que virou um dos mais reconhecíveis da história do cinema.

Porque a Miranda é uma chefe ruim todo mundo sabe, não tem segredo. Ela é fria, exigente, trata todo mundo como insignificante, ao mesmo tempo que exige que todos estejam adequados ao seu perfeccionismo. Nada está bom pra ela, ninguém é gente aos olhos dela e ela segue exigindo mais e mais. E bem, eu podia explorar só isso que já renderia a ela espaço aqui nessa lista. Mas eu vou explorar outro ponto.

Miranda é o Diabo! O título disse isso, então ela é, e isso significa que ela compra a alma das pessoas, oferecendo tentação. Ela tenta Andy, sua assistente a vender a sua alma. Miranda deixa claro que ela não chegou no topo onde ela está por acidente. Que ela trabalhoum suou, e brigou pelo seu grande status, e que ela senta no topo como uma mulher controladora, cruel e impaciente como uma necessidade de poder existir como uma mulher poderosa no patriarcado. Ela fez sacrifícios visíveis na sua vida pessoal, e ela não pode se dar ao luxo de ser fraca pra estar aonde está. E isso torna ela admirável, e faz dela um convite pra outros quererem fazer o mesmo, pra ser igual a ela.

Acompanhar Miranda sendo sua assistente foi pra Andy um teste pra ver se ela conseguia ou não ter a frieza e a amoralidade necessária pra subir a escada da hierarquia e um dia no futuro ser que nem Miranda. E Andy se demite quando decide que não. Que ela não ia sacrificar seus princípios morais por um emprego que exigia que ela não os tivesse.

Pois um poder secreto dos chefes ruins é sua capacidade de se reproduzir. A capacidade de ao vender a si mesmo uma narrativa de superação que justifique o quão cruéis e abusivos eles são, eles inspirem pessoas em busca de superação a imitar sua personalidade cruel e abusiva e a naturalizar isso como algo necessário pra vencer, inspirando novas e novas gerações de chefes abusivos, e Miranda faz isso, e a sua nova assistente que não se demitir vai querer crescer e virar ela.

6Gilbert Huph (The Incredibles):
Empregado: Bob Parr

Se tem uma coisa que eu penso muito é em como deve ser horrível que seu trabalho seja fazer o mal pros outros. Ter que ser o cara que tira a casa dos velhinhos, e que impede que o dinheiro chegue aonde precisa. Deve ser uma agonia. E no filme The Incredibles isso é muito bem retratado, com o Sr. Incrível tendo que impedir pessoas de receberem pelo seguro.

Claro, que sendo o Sr. Incrível um herói, ele tenta ajudar e ensinar os clientes a vencerem a burocracia e receberem o que é direito deles, mas aí entra seu chefe, Huph, que dá a comida de rabo no Sr Incrível.

O filme quer muito vender o contraste de como um homenzinho diminuto e insignificante como Huph pode pisar e humilhar o Sr. Incrível, literalmente o homem mais forte do planeta, pelo poder da relação patrão-empregado. De como o mundo corporativo é um mundo que não liga pra quem é geneticamente superior e fisicamente uma pessoa superior, só liga pra quem está acima da hierarquia.

Eu não gosto de como o filme lida com o excepcionalismo de quem tem super poder.

Mas eu acho que a dor e frustração do Sr. Incrível de precisar destruir a vida de idosas pra ter um ganha pão é algo muito bem ilustrado na cena dele trabalhando na seguradora. E tem valor em ilustrar a maneira como um chefe pode destruir sua vida. Te forçando a contrarias seus valores morais mais básicos em troca de um ganha-pão.

7Makima (Chainsawman):
Empregado: Aki

A Makima possui algumas qualidades importantes como chefe. A principal aqui, é que ela bolou, defendeu e instalou um sistema de inclusão de demônios e infernais na divisão dela, que foi controversa, mas teve muito sucesso em integrar infernais na sociedade, e em diminuir o preconceito de trabalhadores do governo de infernais. E eu não estou exagerando nem zoando quando digo que isso é importante, e um legado bom legado pra se ter.

Curar o racismo do Aki com política da empresa não foi pouca coisa e não vou deixar passar batido. Kishibe nunca vai admitir, mas certamente curou o racismo dele também.

Infelizmente a maioria desses infernais e demônios que ela contratou morreram e por culpa dela. Mas aí é porque a organização que ela lidera é uma que combate o mal, e como eu disse não vim aqui julgar como líderes de forças militares manipulam minions e calculam perdas humanas em uma guerra. Se vocês quiserem, faço a lista dos péssimos generais no próximo Dia do Ódio.

Mas aqui estamos pra falar de como ela tratou o Aki, sem levar em consideração a parte em que o Aki faleceu em situações ambíguas que não dá pra saber o que aconteceu direito. Então falemos sobre o que?

Sobre como o Aki se apaixonou por ela. E sobre como ela usou essa atração pra manipular ele a aceitar um monte de decisão que não era de seu melhor interesse. Eu falei ali em cima da inclusão dos demônios na firma era legal. Mas contratar dois demônios sem teto, e pressionar o Aki a abrir a porta da própria casa pra eles morarem só porque sabia que ele não ia dizer não pra crush é um tremendo abuso de poder.

Makima era uma chefe sempre educada, nunca era grosseira, nunca perdia a calma, nunca levantava a voz com seus subordinados. Mas isso não significa que ela era de boa. Aki visivelmente fazia sacrifícios pessoais drásticos pra ser digno de estar na equipe dela, e ela sabia que esses sacrifícios iriam matá-lo, e deixou ele fazê-los mesmo assim.

Se apaixonar pela chefe pode ser uma tremenda cilada. E Makima tirou toda vantagem que conseguiu de Aki até ele morrer, e nunca deu pra Aki 1% da atenção emocional que ela deu pro Denji, não que ela não estivesse manipulando e abusando de Denji também, só era de outro jeito.

8Craig Pelton (Community):
Empregado: Jeff Winger

O reitor do Colégio Comunitário Greendale é um reitor ruim. Isso a gente já sabe. Mas ele não saber administrar a escola dele, significa que ele é também um chefe ruim? Não precisaria significar, mas aqui significa sim, justamente porque na sua incapacidade de tomar boas decisões, cabe ao Jeff, que nas duas últimas temporadas se torna professor de Greendale, tomar essas decisões por ele.

A gente viu muito abuso de autoridade nessa lista. Mas uma ausência disfuncional de autoridade, que obriga seus funcionários, em especial os que gostam da empresa, a irem além de suas funções pra segurar as barras que o chefe não segura é tão ruim quanto.

Jeff está muito emocionalmente conectado àquela escola e foi muito além de sua função pra salvá-la, pois Pelton não assume as rédeas de nada. E na temporada final ele era essencialmente o líder da escola, mandava nos alunos, nos professores e no reitor.

Mas ganhava salário de professor, aí não dá.

9Tio Patinhas/Scrooge McDuck (Disney):
Empregado: Pato Donald

Esse daí é um grande de um explorador. Tio Patinhas entende a regra mais básica do empregador. Quanto menos você paga seus empregados maior seu lucro, e ele garante que vai espremer o máximo de lucro de seus empregados. O louco é que seus empregados são sua família.

Isso vale pra um monte de encarnações do Tio Patinhas, inclusive as aventuras do Carl Barks, em que seus parentes são pagos uma miséria pra acompanhar o Tio Patinhas em suas aventuras.

Mas quero usar essa oportunidade pra explorar aqui um lado muito legal do Tio Patinhas, que é justamente as histórias brasileiras dele. Pois eu acho muito louco que o Brasil publique histórias do personagem escritas aqui mesmo, que dão ênfase em personagens que gringo nem liga, como Peninha e Patacôncio.

E é aqui que eu quero explorar. Como nos quadrinhos brasileiros, o Tio Patinhas é dono de um jornal chamado A Patada, onde trabalham o Pato Donald e o Peninha, seus dois sobrinhos, e onde o velho Patinhas explora o máximo possível da mão de obra desses dois. Aparentemente o Donald está extremamente endividado com o tio, e tem que pagar suas dívidas com trabalho.

Tio Patinhas inventa o anti-nepotismo. Que é o conceito contratar seus parentes, não pra dar privilégios pra eles, mas porque você sabe que eles estão abaixo de você na hierarquia familiar e não vão reclamar de receberem maus tratos no trabalho.

Donald se lasca demais em nome do tio ficar mais rico e ele continuar pobre.

10Ton (Aggretsuko):
Empregada: Retsuko

Lembra o que eu falei do Michael Scott fazer tudo o que estar em seu poder para seus funcionários sentirem algum orgulho do que fazem e acharem que existe importância social em oferecer papel pras pessoas? Pois bem, eu sinto que Aggretsuko ilustra o oposto. A gente nunca descobre ao longo da série o que é que a empresa da Retsuko vende. Ela e todos os outros personagens são tão alienados de seu trabalho que ninguém ali sente que seu trabalho existe fora do escritório. E isso aumenta a tortura que é trabalhar. Embora isso não seja culpa do Ton.

Ton é na minha opinião o personagem mais interessante de Aggretsuko e a humanização dele depois da terrível primeira impressão na primeira temporada foi muito bem-feita. A gente vendo ele entende facilmente, que ele foi um trabalhador muito dedicado, que aguentou calado muito bullying de seus superiores, que abaixou a cabeça, esperou seu tempo, pacientemente engoliu seus sapos e foi promovido ao longo de décadas até se tornar o chefe de todos os contadores da empresa.

E ficou muito implícito que ele desabafava com rap da mesma maneira que Retsuko desabafa com death metal.

E bem, agora é a vez dele! De não trabalhar, de ser quem faz o bully, de abusar dos subordinados. Essa é pra ser a recompensa de tudo o que ele passou, não é? Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é virar o opressor. Ton foi parte de um ciclo de abuso e ele acredita que o ciclo é eterno. Ele amaldiçoa Retsuko a um dia ela ser a chefe terrível, ela ser quem faz o bullying.

A relação entre Ton e Retsuko representa um rancor geracional muito claro de que Ton está tendo que lidar com leis trabalhistas sobre assédio no trabalho, com uma nova noção de como mulheres podem ser tratadas e com uma nova ética, que simplesmente não eram normalizadas quando ele estava começando no trabalho sofrendo na mão do patrão. E porque agora que ele é o chefe o mundo resolveu mudar? Muita gente da velha guarda tem esse rancor. Muita gente se pergunta “se eu tive que aguentar nos meus 20 anos, porque os jovens de hoje não tem?”. As vezes pode se sentir que validar que os jovens não tem que se foder é invalidar a própria jornada.

A incapacidade de Ton de se adaptar é ilustrada pela ideia dele usar o ábaco ainda e não saber usar computadores.

A série tenta fazer Ton e Retsuko terem seus momentos de trégua, em que Ton convence Retsuko a não abandonar a empresa por uma viagem dela de casar com um Elon Musk da vida, ou de virar uma celebridade…. E essas cenas são feitas pra vermos Ton como uma figura sábia guiando Retsuko a não abandonar a estabilidade e futuro que ela tem na empresa. Mas eu não cosnigo deixar de ver ele como alguém que algema Retsuko da empresa e convence ela a eliminar todas suas alternativas de escapar. O que é outra coisa terrível que chefes podem fazer. Podem te convencer que o pior lugar do mundo precisa ser o seu futuro.

11Eugene Sirigueijo/Eugene Krabs (Spongebob Squarepants):
Empregado: Bob Esponja/Spongebob.

O Senhor Sirigueijo certamente é o mais odioso, vilanesco e cruel patrão dessa lista toda superando até mesmo o Senhor Burns. Sua lista de crimes contra seus funcionários incluem vendê-los como se fossem mercadoria, obrigá-los a trabalhar turnos de 24h e cobrar pra que trabalhassem.

Bob Esponja é um sujeito que gosta de ser explorado e que é um cúmplice de todo abuso que ele recebe no trabalho, pois ele tem orgulho de ser o funcionário modelo.

E o Sirigueijo abusa do prazer do Bob Esponja em trabalhar pra obrigar o Bob Esponja a ser um cúmplice direto de inúmeros dos crimes que ele comete pra manter o Siri Cascudo aberto. E bem, tudo no Sirigueijo é um problema, mas esse é o problema que eu vou enfatizar aqui.

Um bom empregado denuncia os crimes do patrão e cagueta sim. Mas é por isso que o Sirigueijo não pega o Lula Molusco de cúmplice e sim o Bob Esponja, pois o Bob Esponja ama tanto trabalhar e passa tanto pano pro Sirigueijo, que ele vai assassinar o fiscal da inspeção sanitária antes de deixar o local de trabalho dele acabar.

E colocar o funcionário nessa posição? Imperdoável. É tanto crime que o Sirigueijo pediu pro Bob Esponja cometer, que eu acho que ele é a pior pessoa dessa lista toda.

12Ikari Gendo (Neon Genesis Evangelion):
Empregado: Dra Akagi Ritsuko

As vezes o ambiente de trabalho é cheio de rivalidades e de pessoas em diferentes postos de chefia tentando puxar tapetes e tomar o controle e direcionar a organização pra direções específicas que podem ser vetadas por outras figuras de autoridade. Quando isso ocorre, algumas pessoas olham com muito cuidado com quem pode ser um aliado leal ou não, e fixam em manter essa lealdade.

Gendo faz isso, e mantém a lealdade da Dra Ritsuko com sexo. Ele seduziu ela pra garantir que a mulher mais inteligente que trabalhe pra ele, vai ajudar a proteger os segredos dele e a fazer a sujeira que ele quer que seja feita pra manter seus interesses na organização. Ritsuko se apaixonou pelo seu chefe, mas Gendo só quer a lealdade dela e a mantém como sua amante pra mantê-la leal. Algo que ele fez com a mãe de Ritsuko antes da série começar.

Relações sexuais com superiores na empresa são um problema pelo completo desequilíbrio de poder entre os parceiros e aqui isso é ilustrado perfeitamente. Gendo já manda em Ritsuko por default, mas ao capturá-la em uma relação sexual ele aumentou o escopo do quanto ele manda nela em uma relação extremamente unilateral. Que transformou ela em uma subordinada em situações que ela não deveria atuar no trabalho. E a afasta de outros colegas.

Não transem com seu chefe! Nada bom sai disso! Apaixonar-se pelo chefe é uma cilada!

13Madame Gasket (Robots):
Empregados: Vários robôs sem nome.

Uma lista como essa não estaria completa sem a boa e velha visão da tenebrosa linha de montagem fordista, com tempo de descanso mínimo, fazendo um trabalho desumanizante e mecânico. E graças às sugestões de apoiadores desse blog, foi o filme Robots que foi escolhido pra ilustrar isso.

Uma visão assombrosa da industrialização e do capitalismo que as vezes a gente tende a pensar que está no passado, que a gente automatizou o processo, demitiu todo mundo e agora a exploração está na uberização do mundo. Mas isso aqui ainda segue a todo vapor. A Amazon é um bando de gente em linha de montagem sendo proibida de ir no banheiro, e é uma das grandes empresas do presente.

A gente não é apresentado a nenhum dos robôs na linha da Madame Gasket no filme, e eu sinto que o ponto é justamente esse. Tornando esse um exemplo bem impessoal, já que o empregado não é um personagem. Mas é isso que torna esse tipo de patrão terrível.

Madame Gasket também representa um conceito assustador para além de como trata seus empregados. A gentrificação. A maneira como se exige um padrão de vida mínimo que o povo não consegue pagar, para ter uma desculpa para marginalizar quem é excluído. Com a conclusão de que no mundo de robôs, ela vê pessoas marginalizadas como matéria-prima pro seu negócio.

Não poderia ficar sem ser mencionado.

14Zeff, Pernas Vermelhas (One Piece):
Empregado: Sanji.

Já estou vendo você, você mesmo ali no fundo com a mão levantada querendo falar “mas o Zeff é um cara legal e um bom pai pro Sanji.”. E ele é mesmo. Embora eu ache que a gente tenha que rever um pouco a violência com a qual ele educou Sanji. Mas ele foi bom o suficiente.

Porque o foda é isso. Zeff é um homem violento. É quem ele é. E ele tem uma série de boas ações e bons posicionamentos pra gente respeitá-lo apesar disso. Mas, o ambiente de trabalho que ele administra é simplesmente inaceitável. Se você acha essa atitude aceitável pra paternidade do Sanji acho um debate válido de se abrir, mas certamente não é aceitável pra um chefe. Ele comenta que não contrata mulheres, pois não vai poder usar violência contra uma funcionária mulher, e bem, ele criou um segundo problema trabalhista por se recusar a resolver o primeiro.l

Cozinhas profissionais como ambientas de trabalho extremamente tóxicos, com abuso, grito, e pressão infernal são um lugar-comum no entretenimento, e são um ambiente de trabalho que é um lugar fácil pra retratar um espaço em que a toxicidade e hostilidade se tornam a norma. E a ficção reforça esse imaginário de que na cozinha ser tóxico é comum. Muitas vezes criticando isso, mas sempre lembrando.

É tão comum que é praticamente um gênero de Reality Show ver chefs gritarem e fazendo seus cozinheiros chorarem.

E bem, não existe prato bem-feito ou feito a tempo que justifique isso. Nenhum ambiente de trabalho no mundo tem que lidar com esse nível de hostilidade. E é fácil virar e falar que no The Bear é zoado. Mas como a gente tem muito carinho pelo Zeff, acho importante lembrar que quando o Zeff faz é inaceitável também.

Pau no cu de todo chef abusivo.

15William Lumbergh (Office Space):
Empregados: Peter Gibbons e Milton.

Lumbergh é uma das mais eficiente caricaturas já feitas de tudo que existe de insuportável e passivo-agressivo em rotina de escritório. Lumbergh é um dos oito chefes do protagonista Peter Gibbons, e apesar de ser o vice-presidente da empresa, o trabalho dele parece ser somente perturbar os empregados, cobrar memorandos, relatórios, protocolos, e retirar o grampeador da mesa de Milton que ele gostava tanto.

Tem uma certa inutilidade em trabalhos de micro-gerência. Você não faz nada, exceto conferir se os empregados estão devidamente perturbados com pequenas regras que atrapalham o seu trabalho. Peter pode escrever o relatório direitinho, mas como seu trabalho é corrigir o Peter, você vai na mesa dele reclamar que ele não usou a capinha correta, para passar ao Peter a impressão de que ele não fez o seu trabalho.

É uma posição cujo objetivo primário é reforçar a hierarquia, garantir que a pessoa em seu trabalho esteja sempre lembrando que ela tem que responder a uma pessoa que passou o dia inteiro fazendo praticamente nada, exceto vistoriar a cor da pasta do relatório dos outros.

E é esse o real trabalho de Lumbergh, ser péssimo pra moral. Ele tem chefes, ele é um ninguém e uma pessoa que é quem menos faz pela empresa no filme, mas ele está lá pra garantir que pessoas como Milton lembrem que eles são subordinados, mesmo sem interagir com o chefe de verdade, pois tem esse imbecil sendo usado entre eles.

Mas o pior de Lumbergh é seu vocabulário. Repetindo sempre as mesmas frases em todas as interações com os funcionários, ele evidencia o quão artificiais são todas suas interações, como toda vez que ele estraga o dia de Peter, ele só está seguindo um script de frases feitas na cabeça dele que ele usa em toda situação.

Uma grande caricatura da pior pessoa possível de se interagir todos os dias no trabalho. E de um péssimo chefe.

16Tatsumi Kotaro (Zombieland Saga):
Empregadas: Franchouchou.

Olha, eu sou 100% a favor de aprendermos a reviver pessoas, brincar de Deus, e tentarmos superar o terror da morte gerando vida. Doutor Frankenstein não fez nada de errado. Mas pra mim existe algo inerentemente violento na ideia de se ressuscitar pessoas só pra por os zumbis pra trabalhar. E pior, trabalhar na indústria do entretenimento, uma indústria famosa por naturalizar abuso.

Vale tudo pra garantir uma boa performance, não é mesmo? Vale gritar com o artista, vale o uso de violência, vale insultos, e vale a desumanização. As meninas são zumbis e Kotaro lembra isso elas a cada cinco minutos, insultando-as por serem zumbis, e obrigando-as a descartarem seus nomes e adotarem números como nomes artísticos.

Ser uma Idol é dureza, mas elas não pediram pra ser idols, a dureza foi imposta. E se você biologicamente não for capaz de desmaiar de cansaço e seu produtor for maluco, aí fodeu. Vantagens serão tiradas pra te explorar até o talo. Tudo em nome de salvar a sua província com uma performance incrível.

Histórias assim tendem muito a perdoar tudo se no final a atitude tiver ajudado a tirar o melhor do artista, mas nessa lista isso não será validado! Um bom show não justifica mal-tratos aos artistas e honestamente, não é pra serem tratadas assim que elas perderam o descanso eterno delas.

17Bojack Horseman (Bojack Horseman):
Empregado: Sandro.

No episódio Our A Story is a D-Story, o sexto episódio da primeira temporada, Bojack Horseman casualmente na tentativa de impressionar Diane, compra o Elefante, o restaurante onde ele regularmente vai pra comer. E isso meio que nunca mais é mencionado.

Mas Bojack Horseman é uma série que se orgulha de sua continuidade, e de deixar claro que embora os personagens achem que as suas ações não tem consequências, elas tem. Chega a terceira temporada e é revelado que Bojack segue sendo o dono do restaurante, que ele simplesmente ignora e não administra, pro desespero do garçom-chefe Sandro, que tem que cuidar de toda a administração do restaurante sozinho.

Deixei esse exemplo pro final, pois achei que depois dos 16 anteriores, a resposta fácil seria dizer “então bom mesmo é não existir nenhum patrão”, mas um patrão que literalmente não existe e só deixa tudo pros funcionários também é uma merda.

Sandro se sobrecarregou, e prejudicou sua família pra tocar um restaurante que nem sequer era dele, e quando foi demitido ele verbalizou pra Bojack tudo o que sempre quis dizer e não pode, em uma série de insultos. Ele levou embora com ele quase toda a equipe de cozinha, que eram seus parentes, e largou Bojack pra precisar realmente cuidar do restaurante dele uma vez na vida.

E quem fez a comida foi a Princess Carolyn.

A punição suprema, fazer o patrão fazer o trabalho.

Os 17 de hoje foram esses. Mas o que mais tem no mundo é chefe ruim, e gente que ajuda o trabalho a se tornar ainda pior, então certamente tem gente que ficou de fora. Então se tem alguém que você quer enaltecer as péssimas qualidades enquanto patrão, fique a frente pra adicionar na lista nos comentários do texto! Também nos conte qual chefe fictício é o que mais parece com o seu chefe. 

Como esse texto está saindo em um dia de semana, eu espero que você esteja tendo um dia de trabalho tranquilo, e que se não estiver não use o Dia do Ódio pra dizer nada que te custe seu emprego. Desabafe sobre seu emprego nas redes sociais que seu chefe não usa.

Tenham um ótimo dia e nos vemos no texto que vem.

Sobre o autor

Izzombie

Sou um cara chato que não consegue ver um filme sossegado sem querer interpretar tudo e ficar encontrando simbolismos e mensagens. Gosto de questionar a suposta linha que separa arte de filmes comerciais, e no meu tempo livre pesquiso sobre a história da animação.

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Sou um cara chato que não consegue ver um filme sossegado sem querer interpretar tudo e ficar encontrando simbolismos e mensagens. Gosto de questionar a suposta linha que separa arte de filmes comerciais, e no meu tempo livre pesquiso sobre a história da animação.

Alertas

  • – Todos os posts desse blog contém SPOILERS de seus respectivos assuntos, sem exceção. Leia com medo de perder toda a experiência.
  • – Todos os textos desse blog contém palavras de baixo calão, independente da obra analisada ser ou não ao público infantil. Mesmo ao analisar uma obra pra crianças a analise ainda é destinada para adultos e pode tocar e temas como sexo e violência.

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