Gente, peço desculpas muito sinceras por esse título click-bait, eu odeio click-bait, muito, principalmente depois de setembro, por motivos pessoais, mas nesse caso esse título é literalmente tudo do que se trata o post. Não consegui pensar em nada mais apropriado.
Enfim, no começo de setembro foi exibido o último episódio de Adventure Time depois de ele ser ridiculamente adiado pelo Cartoon Network, e bem, ver a série acabar, me traz muitos sentimentos. Foi um desenho animado com o qual me envolvi muito, por ser excelente, mas também foi um desenho animado que eu vi trazer muito público novo nerd para a mídia da animação. E eu como adolescente que nunca tinha alguém com quem discutir capítulos atuais dos desenhos do Cartoon Network, me vi um adulto que realmente tinha amigos que viam Adventure Time, pois ele trouxe todo um público para essa mídia e me marcou muito.
Mas principalmente, eu quero contar um pouco da história desse blog. Afinal esse é meu texto nº99, meu próximo texto será meu 100º texto, e isso é muito importante pra mim, saber que eu mantive esse blog por 100 textos, e com eventuais atrasos e pausas de um mês, mas sem desistir do blog, por três anos. Enfim, deixa eu contar um pouco sobre o Dentro da Chaminé:
Eu queria fazer um blog para concentrar minhas interpretações e pensamentos sobre os filmes e séries que eu assisto faz muito tempo, meio que desde 2011, e nunca escrevi, pois tinha medo abandonar o projeto, e eu não queria começar a menos que eu fosse me comprometer realmente a manter o blog funcionando. Aí lá em 2015, eu atravessei um período muito triste na minha vida, em que uma série grande de más notícias se acumularam em mim e eu mal tinha ânimo de sair de casa. E eu resolvi enfim tirar a ideia de “um dia ter um blog” do papel e enfim criar o Dentro da Chaminé com o objetivo primário de manter a minha mente ocupada e portanto me distrair da depressão, e achar algo para me focar. Foi uma época difícil, e trabalhar nesse blog me ajudou de verdade.
O importante é que o meu terceiro texto do blog, foi um texto de Adventure Time, e Meu Glob do céu, o que foi aquilo? Aquele texto deu uma viralizada bizarra que eu não esperava, um overload de compartilhamentos, que quando eu vi, no mesmo dia que eu tinha publicado, depois de quase todo mundo que eu conheço compartilhar, eu via gente influente e que eu gostava muito compartilhando meu texto, principalmente, um blogueiro cujo blog foi uma das minhas maiores influências para eu começar a escrever o meu, e estava lá compartilhando, meu terceiro texto, esse blog era literalmente nada, tinha sido criado seis dias antes.
Até hoje o texto de Adventure Time e sua Sexualidade Não-Romantizada é o texto mais lido da história desse blog, tamanho foi esse acesso inicial que todo acesso posterior dos textos que vieram depois não superou. E eu não sei, talvez o texto de Adventure Time tenha sido como você conheceu o blog. O ponto é, que eu esperava demorar para ganhar um público leitor, mas essa viralizada inesperada muito de cara em um blog que não tinha uma semana de vida, gerou um número alto de comentários e de feedback nos meus textos, que me deu uma motivada muito forte para eu seguir escrevendo e seguir mantendo o Dentro da Chaminé vivo.
Onde eu quero chegar: Esse blog deve muito do que ele é hoje a Adventure Time, e eu não sei dizer se eu teria seguido com ele por três anos, se não fosse o hype que meu texto sobre Adventure Time causou. Se não fosse a quantidade de comentários e incentivos de pessoas que eu não conhecia mas que liam o que eu tinha a dizer. Foi muito importante pra mim nessa época.
Por isso, eu queria fazer uma enorme homenagem à série em respeito ao seu encerramento. Foi uma série importante para animação ocidental, algo que eu respeito e valorizo muito, foi uma série importante pra mim a nível pessoal, e foi uma série importante para a existência desse blog, que é um projeto meu que eu valorizo muito. E esse final não irá passar em branco aqui.
Por isso eu quero fazer nesse post homenagem uma retrospectiva da série. Comentários rápidos de 35 episódios de Adventure Time, que eu acho episódios excelentes, sem rankear eles ou chamar isso de top35 nem nada disso, porque eu quero listá-los em ordem cronológica. E contando um pouco do que é que torna esse episódio tão bom. Para nos lembrarmos tanto da excelência que a série nos apresentou nesses 8 anos, 10 temporadas e 283 episódios, como para vermos como a série é criativa e nos faz episódios muito diferentes um do outro, mas sempre mantendo uma qualidade narrativa e artística muito alta.
Ah sim, e são muitos episódios, então a lista vai ser longa, não reparem no tamanho colossal do texto não. Ao mesmo tempo em que pegam uma porcentagem pequena de episódios que a série tem a oferecer, então muito episódio bom fica de fora, infelizmente.
Tendo feito essa introdução, apresento-lhes: 30 episódios excelentes de Adventure Time:
1. Tree Trunks:
Recentemente eu convenci um amigo meu a ver Adventure Time, e ele falou que queria ver para acompanhar o plot, e perguntou se podia pular alguns, eu fiz uma lista de episódios que ele podia pular das duas primeiras temporadas que eu julguei que não perderia nada, com a instrução de que na terceira pra frente a série ganhava uma cara mais parecida com a que fixou no coração dos fãs e aí já era pra não pular nenhum episódio. Enfim, ele me perguntou se tinha mesmo que assistir o episódio Tree Trunks que parecia muito chato. E eu insisti que não só tinha que ver, como que era uma iniciação. Ele deveria ver Tree Trunks como um ritual de entrada no mundo de doidera que é Adventure Time.
No fundo o episódio se resume à: “Uma elefantinha idosa, inocente e fofa insiste em se enfiar em uma aventura que não é o lugar dela, para comer uma maçã de cristal. Quando ela consegue ela explode e fim.” e todo o valor dessa história se concentra nessa última cena. A protagonista fofa explode, sem absolutamente nenhuma explicação ou lógica. PUF! Cara de cu do Finn e do Jake e sobem os créditos. É o nosso primeiro “Mas que porra é essa?”, que é maravilhoso, e que nos acostuma com o conceito de que essa série não nos traz para a conclusão óbvia, ou para aquilo que mais se encaixa, as vezes a consequência do episódio é um desfecho tão inesperado, que nem desfecho parece, parece um grande soco no nosso estômago e sobem os créditos. E isso nem sempre é maravilhoso, mas em Tree Trunks foi. Ver o “tudo isso por absolutamente nada” quando ainda estamos decidindo se vamos ou não gostar do desenho e mal conhecemos os personagens. Acho intrigante, e me ajudou a perceber que “estamos vendo algo fora da caixa aqui, quero ver mais disso.”
2. Evicted.
A maravilhosa primeira aparição de Marceline, em que ela expulsa Finn e Jake de sua casa na árvore, mas depois resolve deixá-los continuar morando nela. Eu gosto de como apesar do episódio ser a introdução de uma das personagens mais populares do desenho, o foco do episódio é essencialmente nos mostrar quantos tipos diferentes de casa existem pros diferentes tipos de seres de Ooo morarem. Acompanhado de um número musical mostrando esses diferentes tipos de casa. Para então concluir em uma luta épica entre Marceline e Finn.
Gosto do que esse episódio introduz, a Marceline, alguns foreshadowings de sua vida, como sua necessidade de fugir de casa em casa, o BMO, o conceito da Marceline ser a dona da casa de Finn e Jake.
Mas a melhor coisa do episódio é seu ritmo, ele começa articulado para ser um episódio de “terror”, aí vira a introdução de um personagem que se tornará um protagonista na série, aí esse personagem introduzido é deixado de lado para começar uma exploração em busca de uma casa, que culmina em uma grande luta. Em onze minutos a história vai para muitas direções diferentes em um ritmo tão orgânico, sem nada parecer fora de lugar. Adventure Time sempre se surpreendeu pela quantidade de conteúdo que eles conseguem colocar em onze minutos, e esse episódio é um ótimo exemplo.
3. What is Life.
Existe uma norma no mundo. Se você vê um desenho animado que sai minimamente da caixa e começa a agir com criatividade, a primeira coisa que vão falar é “nossa esse desenho foi feito por uma galera muito louca nas drogas.”. Qualquer mínimo surrealismo, jogo de cores, ou personagens com designs criativos, já logo vem todo mundo falar “o criador é muito drogado, meu.” E nada contra, mas isso me deixava cabreiro, pois reforçava uma normalidade de comportamento da animação, sendo que na minha perspectiva quebrar a normalidade deveria ser o feijão-com-arroz da mídia, não algo que só pode fazer sentido na mente de alguém alterado. Pois bem, Adventure Time naturalmente recebeu esses comentários, mas com Adventure Time eu fui obrigado a admitir que eu mesmo me fiz esse tipo de comentário de “meu deus, o que os caras usam?” Não pelos visuais, ou pelo surrealismo, mas pela filosofia depressiva estranha que aparecia do nada nos episódios. Adventure Time é ótimo em do absoluto nada enfiar questionamentos teológicos ou morais como se não fosse nada e as veze esses questionamentos roubam o episódio pra si, e é o caso de What is Life.
Finn cria um robô para jogar tortas em Jake, e ao ligar, esse robô chamado Neptr imediatamente começa a perceber que ele é defeituoso e agoniza para seu criador, se ele foi criado somente pra sofrer. Finn então leva sua criação para o palácio do Ice King roubar sua magia e dar funcionalidade ao Neptr, mas o Ice King faz isso primeiro e passa a exigir paternidade sobre o robôzinho. Que não sabe se deve sua lealdade absoluta àquele que lhe criou (que ele chama de criador), ou àquele que lhe deu o sopro definitivo de vida (que ele chama de pai).
Primeira vez que Adventure Time vai para caminhos de questionar conceitos que desenhos para criança raramente questiona, como a existência de um Deus (que é o Finn), e existindo um Deus e um Pai, a quem nós devemos nossa vida? O próprio título do episódio se traduz para “O que é a vida?”.
Fora desse espectro é um excelente episódio focado em humanizar o Ice King, um dos personagens mais interessantes na série, ainda na primeira temporada, quando ele ainda era um vilão.
4. It Came from the Nightosphere.
Antes de criar Steven Universe, a roteirista Rebecca Sugar trabalhava em Adventure Time, onde ela era a responsável por muitas das melhores músicas já escritas na série. A personagem da Marceline é dublada em inglês por Olivia Olson, que tem na opinião desse blogueiro, a voz mais bonita do planeta. Por isso existiu uma tendência grande da Rebecca escrever episódios focados na Marceline que culminavam em músicas clássicas no fandom todo, e a primeira delas foi a Fry Song, sobre o dia em que o pai de Marceline comeu suas batatinhas.
No episódio Finn reúne Marceline com seu pai, na esperança de que eles resolvessem suas diferenças. Mas o pai de Marceline em vez disso resolve absorver as almas de todo mundo na terra, além de roubar o machado-baixo da filha. Marceline agora quer detê-lo, só para pegar seu baixo de volta, como a anti-heroína que ela é.
Finn quer salvar a todos, Marceline quer o baixo de volta e que seu pai a respeite. O episódio, é uma boa marca de um estilo de humor forte em Adventure Time que é o não compromisso. Cada personagem quer uma coisa, e parece que um meio termo será encontrado, mas não. Quando Finn opta por deter o pai de Marceline, reconectando-o com a filha em vez de violência, era só uma armadilha para ele baixar a guarda e ser esfaqueado na garganta e banido para a Nightosphere para sempre. E o episódio termina com Finn e Marceline olhando as almas se trombando em vez de voltarem pros seus corpos, dando um senso de “não resolução” que também é comum em muitas cenas finais de Adventure Time.
5. Her Parents.
A revelação de que Finn é o último ser humano vivo do planeta é surpreendente, importante e introduzida como um mero plot-device para testarmos as lealdades de Jake. Sendo introduzido aos seus sogros, que são rainicorns, ele sabe que cachorros e rainicorns são inimigos naturais, e tenta fingir para seus sogros que é um rainicorn também. O problema é que rainicorns comem seres humanos, e acreditam que Finn será a refeição desse encontro com o genro, forçando Jake a ver até onde ele iria fingir não ser amigo do Finn para impressionar os sogros. Uma vez que a namorada de Jake enfim se junta a reunião, ela desfaz o mal entendido, pois os pais dela diferentes do resto de sua espécie, amam cachorros. Tirando de Jake a pressão de fingir ser algo que não é, e salvando Finn.
Além disso tudo vir com a informação pesada de lore da extinção humana ter acontecido, esse episódio nos mostra um pouco da amoralidade de Adventure Time. Os pais de Lady nunca são vilanizados por comerem carne humana e por terem tentado matar Finn. Eles se tornam amigos de Finn rapidamente, e tudo é perdoado, pois ninguém questionou ou atribuiu moralidade no ato deles comerem carne humana. No final Finn come humano de soja, e adora o que teoricamente seria seu próprio sabor. Adventure Time sempre brincou com o rótulo de “bem e mal”, seus questionamentos e se são válidas as justificativas que temos em cometer atos amorais com gente má ou morais com gente má. E a decisão de não colocar em nenhum rótulo moral no conflito central do episódio é parte disso, e do que torna Adventure Time bom.
6. Susan Strong.
De certa maneira, a sequência temática de tudo o que eu falei em Her Parents. Finn e Jake encontram novos humanos isolados da sociedade, e sem conhecimentos do mundo, e ensinam uma delas, que eles apelidam de Susan, sobre como o mundo funciona. Porém a maneira como ela interpreta os ensinamentos fazem ela ser uma ameaça, pois ela interpreta que pode devorar todo o povo-doce para matar a sua fome e a dos outros humanos. A guerra entre humanos e povo-doce revela que aqueles humanos na verdade eram hyoomanos, um híbrido de humanos com peixe. O que gerou o questionamento de se Susan era somente um peixe também e se a conexão que ela e Finn tiveram era falsa. O episódio não responde, pois Susan é a única que não tira seu chapéu, deixando ambíguo se ela era um ser humano ou um animal selvagem.
Mas humanos são animais selvagens. E com essa conclusão de Jake o episódio se encerra. O episódio é um episódio forte, em que a expectativa de conexão do Finn em encontrar outro ser humano, poucos episódios depois de descobrirmos que Finn é o último de uma espécie quase-extinta, é quebrada pelo desejo da humana que ele encontrou de matar seus amigos, que assim como em Her Parents não é um ato vilanizado. O choque fica mais forte com a revelação de que talvez Susan nem seja o que Finn esperou que ela fosse. Nenhuma resposta é dada, somente um sentimento de ambivalência. Um gosto agridoce na boca do fã e o desejo de escrever um trilhão de teorias, fanfics ou ambos.
7. The Limit.
Adventure Time lida muito com o tema do compromisso que convenções narrativas nos influenciam a esperar como a solução de muitas tramas. Dois desejos são contraditórios, os objetivos de dois personagens são contraditórios, o personagem tem que escolher entre duas coisas que gosta, alguém tem que ceder, alguma adaptação deverá que ser feita para minimizar a perda e o fato de que alguém necessariamente não vai ter o que quer. Histórias nos treinam para antecipar esse momento de compromisso. Mas Adventure Time sempre que pode nega! O melhor exemplo é Memories of Boom Boom Mountain, mas eu quero falar sobre The Limit, pois é aqui que vemos esse clichê ser negado em seu formato mais simples.
Finn tem que cruzar um labirinto para ter um desejo realizado, e desejar um Elefante de Guerra. Porém soldados-salsichas que querem cruzar o mesmo labirinto, incentivam Jake a se esticar até o limite para não se perderem no labirinto e encontrarem a saída, prejudicando fortemente a saúde de Jake. No final de seu objetivo, Jake está morrendo pelo esforço feito, e Finn tem a chance de desejar pelo Elefante de Guerra ou para salvar Jake. É o momento em que o herói, diante de seu objetivo, tem que decidir se o objetivo vale o sacrifício de seu maior aliado. E Finn se recusa a ser colocado nessa encruzilhada. Ele deseja pelo elefante e faz o elefante desejar pela vida de Jake, então ele fica com os dois, e se recusa a ter qualquer compromisso.
Uma excelente subversão que é pontuada pela hilariedade de como os soldados salsichas e Jake jogaram seus desejos no lixo só para a narrativa convenientemente tentar fazer a escolha de Finn ser dramática.
8. Mortal Folly/Mortal Recoil.
O primeiro Season Finale da série a soar como tal. Introduz o Lich, o vilão mais maligno de Ooo, e genuinamente assustador. Nos faz trabalhar o quão patético é o Ice King, que não só oscila entre maligno e bem-intencionado, como também oscila entre competente e incompetente, tornando-o o mais inconveniente aliado do mundo.
Com Bubblegum incapacitada de resolver os problemas, e um vilão que genuinamente deseja extinguir a vida no universo, o primeiro episódio duplo de Adventure Time aumenta os riscos e o que os heróis tem a perder se não derrotarem o mal, e conclui com a revelação de que o maior easter egg da série, seu caracol, agora é parte da trama, como com o twist de que agora, Bubblegum vai ser uma criança, da idade de Finn, por consequências das ações do Lich e do Ice King. Uma promessa de mudança no Status Quo.
9. What was Missing.
Uma coisa que eu tenho medo em fandoms é shipping wars. Eu gosto muito da experiência da discussão tanto quanto da experiência de assistir uma série, e quando me envolvo em uma obra eu gosto de entrar em fóruns e comunidades para debatê-la, capítulo a capítulo, é parte da diversão. Pois bem, mas aí essas comunidades começam a se focar tanto nos casais que elas queriam que acontecesse, que as discussões começam a virar brigas quanto ao melhor casal da série. E por mais que eu ache que shipping é saudável, e uma maneira relevante de julgar rumos narrativos de uma série, shipping wars é exaustivo, e se muito fortes podem matar a experiência de discutir. Eu vi acontecer com fóruns de Teen Titans que eu frequentava que realmente tiravam o prazer do debate, e eu ouvi falar que foi muito ruim pro fandom de Avatar – The Last Airbender, eu não vivenciei, pois só fui maratonar Avatar depois que já tinha acabado. O ponto é que eu achei que Adventure Time iria se corromper com isso na terceira temporada, quando motivados por episódios como Go With me, e Too Young, os shippings entre Marceline e Finn e Bubblegum e Finn estavam fortíssimos, e muito debate rolava nos fóruns.
Então veio What was Missing, e causou paz na guerra com o mesmo compromisso que eu falei que a ficção nos ensinou a esperar, mas Adventure Time escolhe não aplicar as vezes. O episódio criou o shipping Marceline X Bubblegum, e todo mundo percebeu que a dinâmica dos personagens era tão maravilhosa, que ninguém mais queria nenhuma das duas com o Finn. Todo fã ficou confortável com a perspectiva delas serem ex namoradas com tensão sexual entre si, mesmo que o episódio não tenha deixado explícito, e paz foi obtida. De resto, ganhamos uma excelente música em I’m Just Your Problem.
10. Jake vs Me-Mow.
O autor ficou tão comovido com o desenho de uma criança sobre o show, que fez um excelente episódio sobre o desenho. Em que Jake é ameaçado pelo gato assassino Me-Mow, que entra no nariz de Jake e ameaça matá-lo com veneno caso ele não pate a princesa Wildberry. Porém depois de muita pressão, Jake percebe que pode simplesmente crescer até anular o veneno.
Um episódio simples, cercado pelo fato de que ele é o resultado do autor Pendleton Ward homenageando um fã. Algo que eu mencionei como extremamente positivo em meu texto sobre o Tweek e o Craig. Além de trabalhar com temas comuns da série, como vilania e maldade escondidas por trás de personagens adoravelmente fofos.
11. Thank You.
Uma mudança repentina de assunto, o episódio nos mostra a história de um golem de neve que adota um cachorro de fogo. Pela natureza dos seus elementos, a companhia do cachorro é danosa para o homem de neve e vai aos poucos derretendo-o. O Golem tenta devolver o cachorro para a terra do fogo para não derreter, porém uma vez sem seu companheiro a vida é solitária. O cachorro surpreendentemente retorna a ele, e o transforma em uma poça. Porém ele é feliz e está rindo muito de ter o amigo de volta.
Melancólico e ambivalente, sabemos que a amizade eventualmente vai destruir o Golem de Neve desde o começo. E sabemos que o cachorro não tem inteligência para entender isso, mas o Golem tem. E vemos que mesmo diante de sua eventual destruição, ele está simplesmente muito feliz de ter o amigo de volta. Isso é mostrado em paralelo com a historinha no plano de fundo, do Ice King e do Finn e Jake se questionando, se até mesmo criaturas tão incompatíveis podem gostar um do outro, como é que eles só brigam.
12. Holly Jolly Secrets.
O episódio de Natal de Adventure Time é um episódio estranho. Consiste de alusões muito indiretas ao natal de verdade, apesar do título, e então vemos muitos vídeos desconfortáveis do Ice King achando que está sozinho, por muito tempo, uma parte consideravelmente longa do episódio são somente vídeos desconfortáveis, e então, na reta final, vemos uma revelação que muda muito a respeito do personagem.
Descobrimos que ele é uma figura trágica que sobreviveu a destruição da humanidade devido à sua magia de gelo, e em troca perdeu sua sanidade para a coroa que lhe deu poderes, e que sua motivação central da série, raptar princesas e se casar com ela, é uma manifestação de sua mente se prendendo ao último desejo que ele teve antes de perder a sanidade, fazer as pazes com sua namorada, apelidada de “princesa.”. A descoberta da tragédia do Ice King é usada então como pretexto para todos os habitantes de Ooo descobrirem o valor de uma celebração natalina, mesmo sem nenhum simbolismo que nós possamos atribuir ao natal. Eles por pena do Ice King trocam presentes com ele, e determinam que uma vez por ano, aquela data seria uma data importante para reunir os entes queridos e trocar presentes, em homenagem aos novos sentimentos que eles tiveram pelo seu inimigo. Um episódio genuinamente bonito.
13. Princess Monster Wife.
Mantendo vários temas que já falei aqui. Ambivalência e amoralidade. Esse episódio é na minha opinião um dos mais pesados da série.
No episódio o Ice King resolve roubar partes do corpo das princesas, para criar sua própria princesa, a Princess Mosnter Wife, uma abominação a lá Frankenstein feita de partes de corpos incompatíveis entre si. E o que segue é menos uma repercussão direta do Ice King pelo que é um de seus atos mais hediondos. Mas sim uma descrição de como é a vida do Ice King casado com esse monstro que ele criou. E como ele passa o episódio inteiro tentando aumentar a auto-estima dessa princesa horrível que se sente inadequada sem saber o motivo. Quando ela enfim descobre, ela pergunta ao Ice King se ele ainda a amaria mesmo se ela não fosse um Frankenstein das outras princesas. O Ice King diz que sim, e ela devolve cada parte de seu corpo pra dona, deixando de existir no processo. A última coisa que vemos é o Ice King abraçando a capa que ela usava enquanto houve uma voz no vento dizer que sempre será a esposa dele.
Apesar de roubar os corpos das princesas estar alto na lista de “momentos mais arrombados do Ice King”, o episódio não é sobre ele pagando pelo que fez, e sim sobre ela lidando com o sentimento constante de inadequação que ela sente por, sem saber, ter sido criada em um contexto abominável, e sobre seu desejo de não ser “um monstro” que culmina em sua morte. Reforço. Pesadíssimo o episódio.
14. Beyond this Earthly Realm.
Mencionei ali em cima, um episódio que nos mostra a tragédia do Ice King e um que mostra ele cometendo um ato extremamente abominável mesmo sendo uma figura trágica. Aqui nesse episódio vemos ainda uma nova faceta dele, vemos a agonia que ele vive diariamente.
Quando Finn fica preso em outro plano da existência, e o único que pode ajudá-lo é o Ice King, que com seus olhos de bruxo, pode enxergar esse outro plano de existência. Na real, tanto pode como ele enxerga… o tempo todo.
O plano onde Finn está é rodeado das mais medonhas criaturas e que podem interagir com o ambiente em sua volta, e fazer da vida do Ice King um inferno, e ele pode enxergá-los, mas não pode interagir com eles. O Ice King odeia eles, e não pode tocar neles, e está enxergando eles vinte e quatro horas por dia.
Eu só quero dizer que nesse episódio eu entendi sua loucura e instabilidade emocional. De resto, foi o primeiro episódio em que Finn se refere ao Ice King pelo seu nome verdadeiro: Simon, o que é um bom toque sobre como ele está se acostumando a ver o Ice King como alguém que no passado foi Simon Petrikov, coisa que ele descobriu em Holy Joly Secrets.
15. Princess Cookie.
Eu falei sobre esse episódio no meu texto sobre as princesas de Adventure Time, é magnífico. Questiona tanta coisa a respeito do conceito de princesas, sua conexão com gênero, com hereditariedade e com um símbolo de pureza. Baby Snaps queria ser uma princesa para deixar as crianças felizes, e enlouqueceu nessa ideia. A empatia de Jake com Baby Snaps é muito boa. Eu acho a cena do Jake vestido de carteiro entregando a coroa de grama para Baby Snaps no hospício uma das melhores da série.
16 Burning Low.
O amor jovem. Esse episódio é essencialmente sobre as dificuldades práticas de Finn, que está namorando a Flame Princess levar seu relacionamento para o próximo nível, sendo que o próximo nível é beijar, por conta dos danos que ela causa nele, queimando-o. Ao mesmo tempo em que Finn e Flame Princess estão cada vez mais próximos de dar seu primeiro beijo sob o risco de queimar a boca do Finn, Bubblegum está nervosa acreditando que o risco é maior, o beijo pode provocar fortes emoções em Flame Princess e fazer ela icinerar o planeta inteiro, o que Jake lê como ataque de ciúmes, pois todo mundo sabe que o Finn gostava da Bubblegum antes de gostar da Flame Princess.
Um episódio bem sensível em que todo o drama, ciúmes, e riscos de incineração do planeta no fundo ficam como acessórios pro que realmente importa. Dois jovens de 14 anos estão nervosos quanto ao primeiro beijo deles. Esse arco de romance do Finn foi fantástico e um dos maiores acertos da série.
17. I Remember You.
Esse aqui é o real deal. Disparado meu episódio favorito de Adventure Time, disparado o que eu mais revi, e o que mais cortou meu coração. Um dos últimos episódios da Rebecca Sugar antes dela ir fazer Steven Universe, apresentando uma de suas últimas músicas, que divide seu nome com o episódio. Tudo nesse episódio é lindo.
A revelação de que Marceline e o Ice King tem história foi conduzida brilhantemente, com as interações deles se tornando cada vez mais estranhas justamente por não sabermos de onde é que esses dois se conheciam, até vir o twist como uma voadora de dois pés no peito. O twist de que antes de enlouquecer Ice King acolheu Marceline criança mil anos atrás no meio de uma guerra nuclear, cuidou dela, mas abandonou-a para protegê-la de sua loucura, e agora enlouqueceu tanto ao ponto de não reconhecê-la. Ela fica devastada de sentimentos agoniantes diante de um homem patético que é a mera sombra de uma figura paterna dela, e passou um milênio fugindo dele, e agora é obrigada a lidar com ele e com o que significa para ela ver o estado em que Simon foi reduzido.
De verdade. Eu já estava adorando a série, mas aqui foi quando me bateu, que esse desenho era algo a mais, não era meramente bom, era especial. Cada detalhe desse episódio é brilhante, do “não” fraco e triste que Marceline múrmura quando vê que o Ice King descobriu onde ela morava, da sua cara de asco quando o Ice King tenta beijá-la, obviamente não entendendo que tipo de relação eles tem, às suas lágrimas quando ela canta a última carta que Simon lhe escreveu. Recolocou em perspectiva muita coisa que sabíamos dos dois personagens, e colocou uma densidade maravilhosa neles.
18. The Lich/Finn the Human/Jake the Dog.
Um episódio em três partes. E um dos momentos mais épicos da série. O Lich finalmente ataca de novo depois de duas temporadas, mata Billy, usa o Enchiridion e acessa um salão fora do tempo e do espaço que realiza desejos. Lá o Lich deseja a extinção da vida, e o único jeito que Finn pensa para rebater esse desejo é desejar que o Lich nunca tenha existido. O que segue é uma reimaginação de Ooo em um mundo em que a guerra nuclear nunca estourou e a civilização não foi destruída.
Porém o Finn desse mundo novo acaba permitindo que a bomba atômica estoure e crie o Lich novamente, obrigando Jake a ser criativo com seu desejo, e desejar que o Lich mude seu desejo. Essa trilogia nos introduz um what-if muito interessante sobre o mundo de Ooo, mas sua maior força está em nos mostrar o quão terrível é o Lich e principalmente a introdução do Prismo, disparado o cara mais nice-guy de todo o universo. Literalmente, o Prismo é ótimo, e sua amizade com o Jake genuinamente funciona.
A transição da quarta para a quinta temporada não poderia ser mais épica.
19. Jake the Dad.
A decisão de dar cinco filhos me pegou de surpresa quando foi anunciada que Lady Rainicorn estava grávida em Lady & Peebles, justamente porque minha expectativa fosse a de que dariam um casamento para Jake. Eu mencionei no texto da sexualidade não-romantizada, sobre como Jake era um exemplo raro de personagem de desenho que virou pai sem casar e isso foi de boa.
O episódio foi bem divertido, lidando com os poderes híbridos dos filhos, que tem tanto as magias de rainicorns, quanto os poderes de se esticar de Jake, eu acho os cinco tão carismáticos, e uma vez que o episódio envelheceu eles até a vida adulta em um episódio, deixou-os livres para serem personagens.
Mas o mais legal, foi toda a relação do Jake querendo proteger seus filhos. Jake sempre foi o irresponsável da turma, e ver como a descoberta que ele é pai despertou um sentimento de responsabilidade imenso nele é realmente gostoso de se ver, principalmente conforme vemos que as crianças tem muito em comum com o Jake. Um excelente episódio por si só e ainda introduz cinco novos personagens bons.
20. Puhoy.
Se fosse um top rankeado, I Remember You seria o primeiro lugar, e Puhoy seria o segundo lugar. Esse episódio é inteiro lindo. Nele Finn está de bode quanto a seu relacionamento dom Flame Princess, e vai para dentro do mundo dos travesseiros, onde ele fica preso e acaba vivendo uma vida inteira lá dentro. Arruma uma esposa-travesseiro, faz filhos-travesseiro e até perde a mão, que ele troca por uma mão-travesseiro. Quando ele enfim morre de velho, ele volta para poucos minutos depois de ter entrado naquele mundo, dando a impressão de que aquilo foi um mero sonho. Mas aí ele fala com a Flame Princess e a vida segue.
É um episódio sobre desapego e a vida segue. Jake ensina sobre desapego pro Finn jogando sua caneca favorita pela janela, e é um episódio em que Finn precisava se focar no presente. Ele passou toda sua vida no mundo-travesseiro tentando voltar pra casa, em vez de curtir a vida maravilhosa que ele construiu ali com sua esposa-travesseiro. Mas aí retornando, ele sentiu falta de sua vida-travesseiro, mas viveu o presente. Bem bonito.
De resto, e eu faço questão de ressaltar, é o primeiro episódio em que Finn oficialmente fala que ele e Jake são irmãos. O que eu gosto muito, deles assumindo que a relação deles é de família, além de tudo.
21. Frost & Fire.
Eu elogiei o relacionamento do Finn com a Flame Princess aqui, então vamos celebrar o fim dele.
Frost & Fire nos mostra muito da fascinação do Finn com violência de uma maneira diferente. O personagem já tinha uma relação bizarra com a violência que a série trabalhava, em sua obsessão com lutas, e na maneira como ele usa luta como escapismo para seu sofrimento. Mas esse episódio adicionou uma carga estranhamente sexual para um desenho para crianças. Nesse episódio Finn descobre que ele sente prazer sexual ao ver sua namorada lutar com seu inimigo, o que é retratado pelo sonho dele de tê-la soltando rajadas de fogo em sua virilha depois de vê-la lutar.
Sua incapacidade de entender seus sentimentos, faz ele querer reproduzi-los ao máximo, manipulando emocionalmente sua namorada para entrar constantemente em mais lutas, até chegar a conclusão natural dele destruir o próprio relacionamento, pelo mal tratamento que ele dava a namorada, e fazendo-a destruir todo o reino de gelo. Não tem o que dizer…. “você ferrou tudo, cara.”
22. Root Beer Guy.
Eu amo como Adventure Time as vezes sai em umas tangentes para nos falar da vida de um personagem completamente novo. E de todos esses, o Root Beer Guy é disparado o mais carismático. A história de um jovem burocrata que escapa da própria vida escrevendo grandes romances policiais, até se envolver com um crime real. Sendo a única pessoa a notar que Finn e Jake, respeitados heróis do reino estão sequestrando a Princesa Bubblegum.
Não somente a perspectiva foi transferida para um herói completamente novo, como esse herói viu nos nossos heróis os vilões. Uma transferência legal de status. E além de tudo, uma mudança drástica de gênero, sendo um episódio que casa completamente com a narrativa noir. Maravilhoso, e eu lamento mesmo que o Root Beer Guy não tenha aparecido mais.
23. Lemonhope.
A visão de Adventure Time da história do escolhido. Lemonhope é o único sobrevivente do regime horrível do Lemongrab, e foi treinado por Bubblegum para voltar, derrotar o tirano e libertar seus irmãos e irmãs. Porém o fato dele ter escapado de um regime imenso pelo sacrifício de outros, não inspirava Lemonhope a querer voltar lá e salvar ninguém Lemonhope queria ter sua própria história e ser livre, e para ser livre ele fugiu de toda sua responsabilidade com seu povo e foi viver livremente.
Porém, mesmo não acreditando ser responsável pelos que se sacrificaram por ele, mesmo achando que não é sua obrigação, ele se sentia culpado por isso, e com medo de Lemongrab. Era muita culpa e muito medo para poder ser verdadeiramente livre, a culpa era uma prisão maior do que Bubblegum. Então ele retorna para cumprir sue destino, esvair sua culpa e ser livre. Prometendo só voltar pra casa depois de cansar de ser livre, se recusando a escutar sequer a música que Bubblegum compôs pra ele.
E é ao som dessa música que vemos, séculos depois, um Lemonhope idoso, que visivelmente viveu uma vida de muitas aventuras, voltar para um reino que não existe mais, mas que um dia foi sua casa, para enfim descansar.
Genuinamente maravilhoso esse episódio. E já planta a semente de que tudo é temporário, nossa sociedade foi temporária e dela saiu Ooo e o Reino Doce, mas esse também é temporário e um dia também será somente ruínas.
24. Wake Up/Escape from the Citadel.
De todos os episódios que prova que essa série pode ser definitivamente épica quando quer, o quinto season premiere é o melhor deles. O combate definitivo contra o Lich, que envolve a morte do Prismo, cara legal pra cacete, uma viagem a uma prisão interdimensional, onde o pai de Finn estava. Finn confronta o pai, e sua inabilidade de aceitar que seu pai era um cuzão que o abandonou, e em desistir dele, cusotu ao Finn seu braço, que todos sabíamos já que iria ser arrancado uma hora, de tanto foreshadowing.
Muita ação, plot, worldbuilding e tensões elevadas, de uma maneira que Adventure Time faz bem pouco para uma série com “adventure” no nome, mas quando faz, é de tirar o chapéu e deixar seu coração na boca. De resto, é ótimo ver como o Lich, a personificação da morte, foi derrotado com vida, se tornando um bebê, amo essa reviravolta.
25. The Cooler.
O primeiro episódio que coloca destaque na Flame Princess em que sua relação com Finn não é sequer mencionada. Nesse episódio, pelo contrário, um aspecto muito mais interessante de sua personalidade, que são seus conflitos com Bubblegum. Flame Princess construiu um reino de fogo baseado inteiramente no conceito da honestidade, porém uma catástrofe para seus habitantes ocorre e a única que pode ajudar é Bubblegum, que obviamente tem segundas intenções ajudando o reino.
A batalha entre Flame Princess e Bubblegum é épica e maravilhosa, e termina com muito da personalidade sombria de Bubblegum sendo colocada em evidência, e forçando-a a admitir o quão cuzona ela pode ser. Mas no final elas se abrem, se conectam, e descobrimos o nome verdadeiro da Flame Princes… Phoebe. Um excelente trabalho para deixar ambas personagens muito mais densas e interessantes.
26. Evergreen.
Eu não achei que a esse ponto ainda seria possível deixar o Ice King mais interessante, e eles resolvem nos contar a origem da coroa, e porque ela enlouqueceu Simon Petrikov. A coroa criada para realizar o desejo do primeiro que a usasse e se travasse nesse desejo, foi criado pelo elemental Evergreen com um único objetivo. Que Evergreen desejasse que um cometa genocida não atingisse a terra, e que a coroa depois pudesse ser usada sempre que necessário.
Porém o que Evergreen negligenciou era seu aprendiz, Gunter, do qual ele abusava. Gunter admirava Evergreen, mas tudo o que ouvia era bronca, repreensão e nunca aprendia nada com ele. Quando Evergreen se incapacitou, e Gunter precisou usar a coroa, a coroa realizou o desejo mais íntimo de Gunter, o de ser Evergreen. Porém Gunter não se transformou no verdadeiro Evergreen, porém em uma caricatura, que representava como Gunter via seu mestre. Constantemente usando poderes de gelo e gritando “Gunter,não!” culminando na vítima seguinte da coroa, agora travada na função de transformar pessoas nessa caricatura: Simon.
O episódio esclareceu a origem da personalidade distorcida do Ice King, e porque ele chama todos abaixo dele de Gunter, e abusa dos pinguins da maneira que abusa. É realmente fantástico. E de brinde, os elementais ainda fazem a descrição de o cometa só vem trazer destruição que culminará em reconstrução, mantendo o ciclo vivo. Esse ciclo é algo que Adventure Time sempre trabalhou bem, e é bom ver logo um episódio que deu sentido a tanta coisa mencionar a importância do ciclo.
27. Astral Plane.
Em um dos episódios mais surpreendentemente filosóficos da série. Finn espiona seus amigos em uma projeção astral e se questiona sobre o motivo da infelicidade existe, se fomos colocados no mundo para sofrer, e dito isso, se vale a pena realmente existir. Um dos exemplo mais claros do quanto a série gosta de fazer perguntas que uma pessoa preferiria não fazer à uma criança, e de refletir em questionamentos que não tem respostas, sem se preocupar em fazer uma piada ou achar uma resposta mesmo assim, só pra pensar. De todos os que fazem isso, Astral Plane é pra mim o mais interessante, com vários personagens, centrais e figurantes tendo sua infelicidade ganhando destaque, em especial a Raposa.
Aí, caindo em chavões filosóficos, esse é o episódio também que termina com a literal morte de Deus. Com Glob, sacrificando a vida para proteger a terra e “Glob is dead” sendo a frase que fecha o episódio.
28. Jemaine.
Jermaine, o irmão de Jake é um personagem interessantíssimo, que havia sido mencionado antes, mas demorou demais para aparecer. Porém quando apareceu foi magnífico. Jemaine é o irmão responsável e atencioso que ainda mora na casa de Joshua e Margaret, protegendo o legado de seu pai de seus ex-inimigos, enquanto Finn e Jake ficam de bobeira.
Jermaine é um bom irmão e ama Jake e Finn, mas ao longo do episódio é visível o quanto trabalho ele tem por ser o único a valorizar os tesouros de Joshua, e o quanto ele guarda de rancor, por Jake e Finn terem uma vida boa e ele ter todo o trabalho.
Porém mantendo o tema do desapego que a série trabalha no fim por culpa de Jake, ele perde tudo, e todo seu esforço árduo se transforma em nada. Porém ele faz amizade com um dos demônios que ele enfrentava e a vida segue adiante. Que é como a série acha que as coisas devem ser, não devemos nos sacrificar pelo passado, mas viver o presente.
29. Minissérie Stakes.
A primeira das três minisséries da série, focado na Marceline, em sua história e sua relação com o vampirismo. Sendo Marceline uma meio-demônia que foi transformada em vampira, sempre achei ambíguo o quanto dos seus poderes vinha dela ser um demônio e o quanto vinha dela ser um vampiro. E aqui tudo é revelado. A verdade é que cada um dos vários poderes que Marceline possui, vem porque ela usou seus poderes de demônio para absorver a alma de vários vampiros específicos, porém sem se transformar. O vampiro final, o Rei Vampiro, que a transformou em sua batalha final. Porém agora que Marceline conseguiu deixar de ser uma vampira e virou uma meio-demônia normal, esses vampiros do passado reviveram, obrigando Marceline a matá-los novamente com a ajuda de Finn, Jake e Bubblegum.
Muito sobre a relação entre Marceline e seu vampirismo é explorado de maneira interessantíssima, com ela voltando a ser somente uma meio-demônia e então tendo que aceitar ser uma vampira novamente em seu duelo contra o Rei dos Vampiros, cuja derrota lhe dá o título de rainha dos vampiros. Excelente demais.
30. Don’t Look.
Uma premissa simples que desencadeia grandes reflexões. Finn ganha o poder de quando olhar para alguém, transformar a pessoa em como Finn à enxerga. Jake se transforma em um irmão mais velho estereotipado, BMO se transforma em um anjo e por aí vai. Porém ele não tem controle sobre como ele vê as pessoas, e vai gradativamente transformando as pessoas em conotações negativas. Ele transforma Shelby em um nerd, Starchy em um ladrão…
Tudo culmina nele transformando Neptr em um micro-ondas, o que ele interpreta como “matar o Neptr”. Finn se enche de vergonha pela maneira como ele vê seus amigos, e se olhando no espelho ele se vê como um monstro e busca o isolamento. Cabendo aos amigos do Finn irem atrás dele, e fazerem que deixe de se achar um monstro.
Realmente denso o episódio.
31. Do no Harm.
Um estudo bom da personalidade do Finn, mostrado através de dois Finns. Após Finn ter sido clonado involuntariamente por uma fusão de sua espada-de-grama com sua espada-de-alma em Reboot, e então ter que lidar com o fato de que ele tem um clone-de-grama em Two Swords. Agora é a hora desses dois Finns serem trabalhados. Então, enquanto Finn consegue um emprego como médico no Reino Doce, o Finn-de-Grama vai em aventuras de batalhar o mal com Jake para se sentir comoo Finn. Ver o Finn simultaneamente tentar salvar vidas sem ter a menor ideia do que está fazendo, enquanto o Finn-de-Grama mata bichos sem necessariamente salvar vidas, para se sentir bem, nos mostra muito sobre qual é a natureza do heroismo de Finn.
O mais importante é que a jornada faz o Finn-de-Grama enfim perceber que ele não é o Finn e inicia sua busca pela própria identidade, o que é um dos melhores arcos de personagem dessa reta final da série, a começar por ele adotando o nome “Fern.”
32. Minissérie Islands.
Foi aqui que eu percebi que Adventure Time estava realmente se arrumando inteiro para seu final. Diferente de Stakes que foi mais expansivo só dando mais lore, em Islands, pontas soltas começaram a ser fechadas com todas as forças. Explicado tudo sobre Susan, sobre os humanos que sobreviveram, sobre o Finn ser abandonado pelo seu pai e sobre o que houve com a mãe do Finn. Informações não somente bem-vindas, mas principalmente emocionantes.
Parte da mãe do Finn é o que chama mais a atenção, mas pra mim o coração da minissérie está na amizade entre Susan e Frida, a história das duas, e como a amizade se refez, o que acaba colocando Susan tanto no próprio rumo, que a tira da série, mas tudo bem.
33. Minissérie Elements.
Praticamente colada em Islands, com somente um episódio separando as duas, Finn, Jake e BMO voltam pra Ooo pra descobrir que a terra foi dividida em regiões elementais (fogo, gelo, doce e gosma), e que todo mundo se transformou em uma personificação de um desses elementos. Exceto o Ice King e a Betty que estão nos céus.
Pra mim das três minisséries é disparada a melhor, por ter uma coleção muito grande de pontos altos. O principal deles é a resolução do Ice King de falar para Betty, que não importa o quão foda seja o Simon, ele tem direito a vida. Mas também temos a revelação de que a Lumpy Space Princess é na verdade o anti-elemento, capaz de retornar todos a sua forma original. O que é interessante, engraçado e gerou efeitos para os episódios futuros, como transformar Jake de volta em um alien azul como era seu pai biológico.
34. Abstract.
Transformado em um alien azul de cinco olhos pela Lumpy Space Princess depois de Elements, Jake tem que recuperar sua forma original, pois seus entes queridos estão desconfortáveis. Porém para recuperar sua forma original, ele vai ter que entender arte com seu irmão Jermaine.
Jake se recusava a aceitar que Jermaine era um pintor de pintura abstrata, pois ele era um paisagista, e parte de sua fixação em convencer que ele era exatamente o mesmo Jake por dentro, o fazia projetar e insistir que Jermaine era o exato mesmo Jermaine que ele era antes, mas não era. Jermaine evoluiu em sua arte, pois pessoas mudam constantemente. E a arte abstrata faz Jake pensar em mudanças e em assuntos que ele quer evitar, quando ele aceita isso e admite que ele está um pouco mudado por dentro também e isso é de boa, ele recupera sua forma. Porque não importa. Exterir ou interior, estão todos mudando o tempo todo, e quanto mais Jake negasse isso, mais seu exterior se alteraria. Excelente. Último episódio verdadeiramente excelente antes do Grand Finale.
35. Come Along With me.
O Grand Finale! Que finalzão da porra meus jovens. Acho que de todos os desenhos animados do Cartoon Network, o único que teve um final mais emocionante pra mim foi Codename: Kids Next Door.
O final de hora de aventura foi enquadrado na perspectiva de Shermy e Beth, dois amigos aventureiros que vivem em um número não especificado de anos no futuro, e que encontram o braço que um dia foi do Finn. Com alguns personagens da série que ainda estão vivos nesse futuro, outro em situação misteriosa, criaturas estranhas e muitos vestígios e destroços. O final deixa uma coisa bem clara. Um dia o nosso mundo acabou, e de nossos vestígios nasceu Ooo. E um dia Ooo acabou, e desses vestígios nasceu outra terra e sempre nascerá outra terra. Renovação sempre existirá. Simon, Marceline e Betty eram sobreviventes do nosso mundo que existem em Ooo. Enquanto que BMO e Sweet P são sobreviventes de Ooo que ainda existem nesse. O que importa é o seguinte, já que tudo é finito e vai deixar de existir: Shermy e Beth são aventureiros, pois não importa que tudo acabe, sempre existirá aventura.
Depois o episódio nos dá a entender que veriamos Ooo ser então destruído na guerra, mas não, Ooo sobrevive. Betty fica presa dentro de GOLB, Simon volta a ser Simon, enquanto Gunther vira o novo Ice King. Marceline e Bubblegum ficam juntas, e enfim, tudo o que queriamos ver foi visto, mas a vida de todos eles continuam. Susan e Lemonhope seguem se aventurando mundo afora, pois a aventura continua.
Conclui tudo o que devia ser concluído, deixando bem claro que, não existe um fim, tudo segue, avança e se transforma. O que casa com os temas que a série trabalhou esse tempo todo.
Agora, depois dessa recapitulação que eu realmente queria fazer, semana que vêm vou deixá-los com a verdadeira análise. O 100º post do blog analisando a série toda agora que acabou, e investigando exatamente qual é a ideia do desapego que eu mencionei aqui várias vezes e não especifiquei.
Nos vemos lá!