DC Super Hero Girls – Por que é que desenho de High School não presta.

D

Uma relação muito triste que existe na indústria do entretenimento é a que existe entre brinquedos e séries/filmes para crianças. Ou entre brinquedos e séries/filmes que são para jovens e adolescentes, mas o marketing tenta hipnotizar as crianças para drenar dinheiro delas também. Isso acontece bastante. Ou entre brinquedos e qualquer coisa que não sejam brinquedos, pois se a indústria do entretenimento é uma onde muita gente não presta, a fonte do mal está nas empresas de brinquedo.

DisneyStore
Ah, a fonte do mal.

Sim, hoje essas impresas de brinquedos são bem menos influentes do que elas já foram nos anos 1980. Então vamos começar esse texto falando dessa década.

Quem cresceu nessa época sabe quais foram os grandes desenhos da época: Transformers, Thundercats, He-Man, Teenage Mutant Ninja Turtles, G.I.Joe, My Little Pony, Care Bears, entre muitos outros. O que todos esses desenhos têm em comum? Eles eram produzidos por uma companhia de brinquedos para serem comerciais de meia hora e venderem esses brinquedos. E desculpa se você, meu leitor, é muito nostálgico quanto a esses desenhos, mas a verdade é que eles eram ruins. Bem ruins. Animação barateada, dublagem fraca, e história genérica, focada em venda de brinquedos.

ThundercatsToys

Essa prática começou pouco depois de Star Wars mostrar para o mundo o potencial lucrativo de filmes blockbusters, além de começar a cultura pop como conhecemos hoje em todo seu potencial comercial. Atingiu seu auge nos anos 1980, onde era basicamente o pilar que sustentava boa parte da animação televisiva da época e começou diminuir nos anos 1990 com o “renascimento da animação” começando a se estabelecer. Desenhos que na verdade são meros comerciais existem até hoje, infelizmente, mas com o renascimento isso diminuiu em muito graças a canais infantis emergindo e criando seus próprios estúdios. Então ao invés do Cartoon Network exibir desenhos criados pela Hasbro ou pela Mattel, eles podiam exibir desenhos que eles mesmo produziram. E a Cartoon não pretendia ter como principal fonte de lucro a venda de bonecos articulados.

CartoonCartoonFridays
Não são desenhos que associamos primariamente a brinquedos colecionáveis.

Vocês já notaram que o Cartoon Network só foi investir em Ben 10 quando começou a ir bem mal das pernas? Pois é, você só se rende pros brinquedos, quando os planos fazem água, e nos anos 1980, todo o mercado de animação ia mal. Por isso desenhos associados a linhas de brinquedo são um mal sinal da porra. Sim, Ben 10 foi um desenho cujo principal interesse visivelmente era a venda de brinquedos. Mas de toda a carreira do Cartoon é notável por ser o único.

E qual a diferença prática de ser um comercial gigante? Simples. O desenho desconectado de uma empresa de brinquedos, não está tentando ser publicitário. Os personagens introduzidos não estão tendo sua participação forçada para justificar um brinquedo novo, e a história não é escrita para dar foco no brinquedo que deve vender mais. Além de que não é feito mega barateado, por se importarem muito com o resultado final. Então se por exemplo, depois de um Time Skip o Ben 10 perder todos os aliens dele e ganhar dez novos inéditos de uma vez só, a gente sabe que isso foi um murro que os criadores deram na consistência da série e no roteiro, só para inserir dez brinquedos novos.

AlienForce
Uma decisão que fodeu fortemente com a lógica da série. Mas hey, dez novos brinquedos são dez novos brinquedos.

Pois isso afetava em muito o resultado final do produto. Fodia o roteiro. Fodia os arcos narrativos. Fodia o direcionamento da série. E imbeciliza obras de animação em geral, cujo estigma de serem infantis-e-portanto-sem-inteligência é reforçado por esse tipo de desenho.

Continuando. Nessa época em que a Hasbro e a Mattel reinavam, não só os desenhos para vender bonecos eram ruins e mal escrito, eles eram divididos por gênero. Sim, afinal, He-Man é pros meninos comprarem e Barbie é pras meninas comprarem. Já entraram em uma loja de brinquedos? Já notaram que tem uma sessão toda em que a prateleira fica rosa, e que se você der algo dessa prateleira pro seu sobrinho ele não vai gostar? Pois é.

SecaoGarotas

Sim, empresas de brinquedo amam dividir tudo em gênero. Tem action figures pra meninos e bonecas pra meninas. Pois assim é mais fácil vender. A criança ainda está formando sua identidade e entende que para entrar na turma dos meninos ele tem que comprar os brinquedos que a turma dos meninos compram, e a menina a mesma coisa, e é assim que chove lucro pra essa galera.

E é por isso que amamos o vídeo da menininha que expõe o quão merda é tudo isso.

Se a criança tivesse a identidade bem formada e pudesse comprar o que quiser independente da pressão de seus pares, as empresas teriam muito mais dificuldades para fazer uma única coleção de brinquedos ser o objeto de consumo de 90% das crianças de determinado gênero. Dessa maneira eles podem se focar em somente um produto e ter mais lucro.

MonsterHigh
Gotta Catch’em All não é mesmo?

Por isso é importante para essas empresas que os meninos reafirmem sua identidade como meninos comprando os bonecos que os outros meninos do colégio compram, pois é assim que eles se distinguem das meninas que curtem aquelas coisas de meninas que os meninos odeiam e que odeiam as coisas de menino então compram as bonecas que as outras meninas do colégio compram. E se a criança é jovem demais para ter alguma noção de que sexo existe essa é a grande maneira pela qual elas entendem que o mundo foi dividido entre homem e mulher.

E disso tudo, o único sentimento que é natural e orgânico e que não é enfiado goela abaixo das crianças pela sociedade é que o recreio na escola é genuinamente mais legal se você tem com quem brincar. O resto é tudo plantado na cabeça de gente jovem demais para discernir as coisas.

Recess
Uma infância saudável.

E se vocês acham que as propagandas de meia hora que faziam pra garotos eram mal feitas… o que na verdade é possível que não ache, pois tem uma boa chance do meu leitor ter crescido com esses desenhos e associá-los a lembranças nostálgicas, mas mesmo se você tiver o distanciamento para ver que He-Man, Thundercats e Transformers eram muito mal feitos, isso não é nada perto do que eles faziam pra meninas.

O que faziam pra meninas era ainda pior. Sério, estamos falando do desenho animado da Barbie, ou o primeiro desenho de My Little Pony ou do desenho da Strawberry Shortcake (a moranguinho), e são coisas que se você for um homem é bem provável que você nunca na sua vida inteira tenha cogitado assistir. E eles não eram ruins por coincidência, eles eram todos escritos com envolvimento mínimo de pessoas do sexo feminino ou com algum contato com o público-alvo, que enfiavam o máximo de rosa e de meiguice nos desenhos, baseado no que os garotos odiariam. E por isso muitas pessoas usam o termo “coisa de garotinha” como sinônimo de “coisa de mongolão”, no campo do entretenimento, pois os produtores realmente achavam que era a mesma coisa na hora de fazer o desenho.

CareBears
Dos desenhos para meninas, Care Bears é até hoje lembrado como um dos melhores.

Ao menos quando eles faziam He-Man em algum momento eles pensavam “esse vilão é da hora, molecada vai pirar.”, mesmo que fosse uma coisa genérica e bosta.

Enfim. O motivo de eu estar contando essa história toda sobre como nos anos 80, existia toda uma gama de desenhos feitos para menininhas com o único objetivo de vender bonecas que eram todos muito mal produzidos e escritos, é porque eu quero chegar nesse ponto de que eles eram propositalmente mal escritos. Eles eram deliberadamente feitos para ter um excesso de açúcar e rosa, e deixar irmãos mais velhos e pais loucos, e hipnotizar uma criancinha sem idade nenhuma para discernir qualidade nas coisas e convencer ela de que ela deve gostar e se apegar desde a infância a ícones como princesas, vestidos, rosa, pôneis, cerimônias do chá, e tosqueiras estereotipadas, pois esteriótipos vendem. E isso foi uma época muito zoada, mas muito zoada.

MyLittlePony

Mas aí vieram os anos 90 e isso foi pro plano de fundo…. Até… até recentemente.

Pois é. As linhas de brinquedos para menininhas acompanhadas de um desenho animado está voltando com cada vez mais força. Só que dessa vez, a isca para fisgar elas não são mais princesas e pôneis… tem muita gente querendo repensar as princesas, para evitar esse fenômeno, e os bronies se apropriaram dos pôneis para eles. Então agora as empresas de brinquedo estão atacando com esse gênero narrativo que eu chamo de desenho High School.

O renascimento das linhas de brinquedos tomando as rédeas das principais produções infantis tendo um público-alvo feminino, começou quando começaram a transformar a Tinkerbell em uma grande franquia de bonecas de fadas, o que coincide com a época em que o nome dela em português se tornou oficialmente Tinkerbell, para que não precisassem se dar ao trabalho de mudar o nome da caixa do brinquedo na hora de importar as bonecas. Porém o auge desse retorno dos desenhos-de-boneca começou com Monster High.

Tinkerbell
Bons tempos em que ela era uma tremenda escrota que queria matar a Wendy por nada além de recalque. Agora ela é a princesa das fadas.

Quando Monster High virou o sucesso que virou de venda de bonecas, ele determinou qual ia ser o novo gênero de sucesso: Uma coleção de bonecas todas com um tema para distinguí-las de outras coleções (nessa coleção todas são monstros, naquela todas são contos de fadas e naquelas todas são meio-cavalo), e todas essas coleções vêm acompanhadas de um desenho animado onde elas frequentam um colegial estadunidense genérico e clichê e nada de relevante jamais rola, elas tem que se focar em notas e garotos e adolescência e popularidade, tem que lidar com a menina-rica-popular-e-escrota da classe, mas hey, elas tem um desenho animado, e agora a garotinha quer as bonecas. Monster High determinou as novas regras do jogo e em seguida vieram Bratzillas, Ever After High, Equestria Girls e o tema principal do texto DC Super Hero Girls.

EquestriaGirls
Artigo passado em mencionei todo o envolvimento de Twilight Sparkle com as políticas de seu reino. Mas hey, olhem esse universo alternativo onde ela pode ser a rainha do baile? Não é muito mais interessante?

O importante para distinguir o gênero High School de outros desenhos com foco em um colegial, é que nesse caso o colegial é o centro do universo, literalmente. Temos pouco interesse se essas personagens tem família, se elas tem casa, se elas tem passado ou uma vida fora do colegial. Claro que eventualmente pode até mostrar essas personagens fora do colégio, mas o colegial é onde a vida delas está acontecendo, o resto é só o resto. Por isso, uma série como Hey Arnold foi nos anos 1990, ou como The Amazing World of Gumball é atualmente não se encaixariam mesmo passando boa parte de suas histórias no colégio (o fato dos personagens estarem no fundamental ajuda muito).

E vocês achando que a Mattel estava fazendo grandes coisas ao fazer Barbies de diversas cores e tipos de corpo. Eles só estavam puxando o saco das demandas feministas. Eles ainda ganham a vida explorando esteriótipos e sonhos de menininhas e uma Barbie negra ou gorda não mudará isso.

Barbie
E o que isso muda? Nada.

E por falar em puxar o saco de demandas feministas… vamos falar de super-heroínas.

Ano que vem (2017) estreia o filme Wonder Woman, que vai ser o quarto filme de super-herói mainstream com uma mulher como protagonista na história do cinema norte-americano, coisa que o cinema faz desde 1920. E que na última década temos tido algo como 5 ou 6 filmes do gênero por ano.

WonderWomanMovie

Os outros três são Supergirl(1984), Catwoman(2004) e Elektra(2005). A propósito, não vi Supergirl, mas os outros dois são considerados alguns dos piores filmes do gênero.

Enfim, filmes de super-herói estão em ascensão, graças aos esforços da Marvel em transformar seus filmes em filmes-família, e têm um público feminino bem grande, hoje em dia mais do que nunca, e ainda sim, eles são vistos como material masculino. O universo dos super-heróis é um universo masculino, onde mulheres ou são pares românticos, ou tem papel menor no universo e quando são heroínas são com roupas extremamente sexualizadas.

Ou elas podem ser fodas e independentes e chutar muita bunda, e serem interessantes e bem trabalhadas e não usar uma roupa mostrando um decote gigante. Aí elas ficam nos quadrinhos sendo um grande exemplo de uma boa personagem feminina, e ninguém adapta ela para um desenho animado ou um filme, pois é nessa transição que as linhas de brinquedo ganham poder.

Huntress
Não é que elas não existam, é mais que na hora de fazer um filme animado preferem não mencionar que elas existem.

Não que quadrinhos não vendam brinquedos, vendem sim. Mas você nota como é só sair um filme ou um desenho ou um videogame que de repente os brinquedos dos protagonistas triplicam. Por isso é interessante notar que as companhias de brinquedo são mais fortes na hora que os personagens fazem a transição de sair dos quadrinhos e ir pras telas.

Atualmente mesmo os grandes exemplos que temos de super-heroínas no cinema estão no contexto de super-equipes onde temos exatamente uma mulher para cumprir com o princípio de smurfette. Então a Black Widow pode aparecer fazendo ponta em diversos filmes, mas nunca terá o dela. A própria Wonder Woman só ganhou o próprio filme, sob a perspectiva de ter um filme da liga da Justiça para ela participar. Sem a ambição de um universo cinematográfico da DC, nunca liberariam um filme dela, mesmo que liberem inúmeros filmes pro Batman e pro Superman.

Avengers
Calma, no segundo filme eles acrescentam 5 vingadores novos e nisso aparece uma segunda mulher.

Mesmo nos desenhos animados. As participações da Wonder Woman são exclusivas de animações onde ela aparece como membro da Liga da Justiça. Raven e Starfire também só aparecem em lugares onde elas são membros dos Teen Titans. Séries solo para elas, é algo que não vai rolar.

YoungJustice
Para ser justo, não é como se os personagens masculinos de Young Justice um dia fossem ter a própria série também.

Inclusive, o grande espaço para super-heroínas terem séries solo atualmente é no Arrowverse. Que não só fez a série da Supergirl, como fez essa websérie animada que se passa no mesmo universo que as séries live-action, que é focada na Vixen, uma super-heroína africana obscura cuja animação conseguiu já uma segunda temporada, e isso é algo impressionante e digno de nota.

Vixen

Enfim, existe a demanda por parte de algumas feministas, em especial as que se importam com como mulheres são retratadas na cultura pop, que isso mude, que mulheres possam ser super-heroínas e que o gênero possa se vender de uma maneira menos focada no público-alvo masculino, e quebre essa lógica de anos 80, de uma vez por todas.

E isso nos leva enfim à criação de DC Super Hero Girls. Uma websérie de 13 episódios que recentemente ganhou um especial animado de uma hora exibido na televisão. E está com a segunda temporada prestes a estrear. Ah, e também é uma linha de brinquedos da Mattel.

DCSuperHeroGirls

DC Super Hero Girls veio atender essa demanda, uma série da DC sobre super-heroísmo, onde o grande foco está nas personagens femininas da DC. Isso é interessante, não é? Só que com um pequeno problema. Em vez de realmente combater o crime, as super-heroínas da DC desse universo frequentam o colegial junto com as vilãs do universo DC.

SuperHeroHigh

Ou seja, a solução para dar a maior participação feminina no mundo dos super-heróis, como estava sendo pedido, foi transformar o mundo dos super-heróis em uma High School nos mesmos moldes de Monster High, a história do desenho se foca na Wonder Woman se se adaptando a sua vida em Super Hero High, onde ela é determinada como colega de quarto da Harley Queen e junto das amigas que faz no colégio tem que garantir que sua experiência no colegial vai ser boa. Ah, e tem impedir que sua arqui-inimiga, Cheetah, a patricinha do colégio sabote suas notas.

TheFaceofEvil
Um bom exemplo das vilanias que Cheetah comete com Wonder Woman nessa série.

E enfrentar o Deus Ares na porrada, nada, pois isso não vende no público feminino.

WonderWomanvsAres

Mas hey, não vamos subestimar a série, ela tem uma continuidade bem consistente e tem até esse arco de história que conecta muitos episódios na primeira temporada, sobre a Wonder Woman ter que fazer o próprio uniforme e toda a complexidade e importância de se fazer uma roupa que expresse quem ela é, e o apoio que ela recebe das amigas nesse momento de alta pressão.

Uniforme

Depois que a websérie encerrou sua primeira temporada, eles lançaram esse episódio especial de uma hora exibido no Boomerang, onde Wonder Woman tem que lidar com a inveja que ela sente de Supergirl, depois que essa se torna a nova estudante de Super Hero High e se mais forte que Wonder Woman, enquanto Supergirls tem que não deixar seus poderes atrapalharem sua convivência com suas colegas.. Esse especial estreou em março, no Boomerang, mas eu achei realmente difícil de se achar na internet. O segundo trailer mostra que boa parte do especial envolve elas colocando na prática tudo que elas aprenderam nas aulas sobre como serem boas heroínas, então alguma luta contra o mal vai acontecer. Mas é claro que o objetivo delas é impedir que as vilãs destruam o colégio.

Pois é isso que quem gosta de super-heróis quer ver.

SuperHeroHighStudents
O mais curioso é ver que eles jogam um monte de vilã no time de heroínas, pois a DC não tem tanta heroína assim disponível.

Meu problema com isso é: se na tentativa de trazer o público feminino para o universo dos super-heróis você está tirando de cena o universo dos super-heróis você não realmente está trazendo um público novo. Isso nada mais é do que uma declaração oficial de que a DC não quer mulheres consumindo seus produtos, de que os gêneros devem estar bem divididos no consumo de seus produtos.

Sabem o que é o pior? Que faz alguns anos saiu um projeto de uma série animada chamada Gotham High, onde Bruce Wayne frequentaria o colegial ao lado de todos os seus vilões, e o projeto não saiu o papel. Claro que é uma ideia meio estúpida, mas tão estúpida quanto DC Super Hero Girls, com a diferença de que uma série de comédia num ambiente High School sem o foco central feminino, não é interessante para animação, que quer associar esse gênero ao máximo possível ao público feminino.

GothamHigh

Pouco tempo depois de Gotham High, a Lauren Faust, animadora feminista e criadora de My Little Pony – Friendship is Magic, tentou lançar uma série chamada Super Best Friends Forever. Onde com um foco mais cômico, mostraria Supergirl, Batgirl e Wonder Girl combatendo o crime em aventuras mais leves. Uma série de comédia, com foco em super-heroísmo com um elenco completamente feminino. Foram liberados para produção cinco curtas-metragem para ser exibidos nos intervalos do Cartoon Network, mas não liberaram para uma série, e nada foi feito disso depois desses cinco episódios.

SuperBestFriendsForever

E nem vamos começar a falar da Warner, que considerou o excesso de público feminino assistindo a maravilha que era Young Justice um problema. E isso foi um dos fatores que cancelou a melhor série animada de super-heróis que já tivemos.

YoungJusticeSeason3
Inclusive está sendo feita toda uma campanha e uma mobilização para o Netflix produzir uma terceira temporada de Young Justice. Aparentemente o Netflix está cogitando e só não tem certeza de se tem público pra isso. Então sério, quem ainda não vê a série, eu recomendo, mas veja no Netflix, baixe o HOLA para acessar o Netflix americano e ir pras estatísticas deles.

Então uma paródia/releitura no colegial dos personagens da DC sem foco em esteriótipos femininos foi barrada. Uma série de comédia mas com super-heroísmo com um time de super-heroínas mulheres foi barrado também, mas um projeto onde personagens femininas da DC reciclam tramas clichês e estereótipos femininos no colegial é aprovado e sai lado a lado com uma grande linha de bonecas.

DCSuperHeroDolls
Afinal isso não aconteceria com nenhuma das outras opções.

Eu vou falar. O gênero High School é o auge da falta de criatividade. É um espaço onde nada bom jamais sai, e o problema é que não precisa ser um gênero ruim. Muita gente que vê desenho é adolescente ou sonha com a adolescência e o colegial pode ser um cenário interessante para se escrever ótimas histórias. Clone High é uma série de comédias parodiando a dramas adolescentes que surgiu antes dessa onda de linha de bonecas e era muito bom. O problema é que o gênero é monopolizado por linhas de brinquedos que produzem desenhos com a mesma lógica narrativa que se produzia nos anos 1980. E essa lógica tem que acabar. Sério.

CloneHigh
Curiosamente, o DVD de Clone High não é comercializado nos Estados Unidos. Só no Canadá.

E é por isso que linha de brinquedo e desenhos animados não combinam. Não só eles fazem séries ruins, como eles mesmos impedem que alternativas boas e decentes sejam produzidas e forçam o gênero a se manter na mesmice.

Sério, se o inferno existir, tenho certeza de que o demônio mais maligno é o que trabalha nas companhias de brinquedo do inferno, produzindo os bonecos de Action Devil pros meninos e de Demon High pras meninas.

Sobre o autor

Izzombie

Sou um cara chato que não consegue ver um filme sossegado sem querer interpretar tudo e ficar encontrando simbolismos e mensagens. Gosto de questionar a suposta linha que separa arte de filmes comerciais, e no meu tempo livre pesquiso sobre a história da animação.

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Sou um cara chato que não consegue ver um filme sossegado sem querer interpretar tudo e ficar encontrando simbolismos e mensagens. Gosto de questionar a suposta linha que separa arte de filmes comerciais, e no meu tempo livre pesquiso sobre a história da animação.

Alertas

  • – Todos os posts desse blog contém SPOILERS de seus respectivos assuntos, sem exceção. Leia com medo de perder toda a experiência.
  • – Todos os textos desse blog contém palavras de baixo calão, independente da obra analisada ser ou não ao público infantil. Mesmo ao analisar uma obra pra crianças a analise ainda é destinada para adultos e pode tocar e temas como sexo e violência.

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