Top15 casais mais legais de se acompanhar na ficção:

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14 de Fevereiro gente. Valentine’s Day! Uma data muito mais daora de se acompanhar do que o Dia dos Namorados brasileiro que cai em 12 de Junho por dois motivos. O primeiro é que quase todo país reconhece que 14 de Fevereiro é o dia e a gente fica parecendo americano se recusando a usar o sistema métrico com nossa data só nossa. Os diferentão. O segundo motivo é que sem “namorados” no nome a data celebra mais seus entes queridos e as pessoas que você amam, não te fazendo se sentir um lixo se você não namora no dia dos namorados, como é a cultura anual do brasileiro solteiro.

Como nosso amigo Harry Warden nos ensinou. Tem muitas maneiras diferentes e criativas de se comemorar o Valentine’s Day. Como por exemplo, executando um massacre.

Enfim. Então vou usar uma data que nos faz pensar em romance e amor para pensar a respeito de romance e amor na ficção.

Vamos lá. Eu adoro ver romance nas obras que eu gosto. Embora eu costume não gostar de filmes DE romance, pois no geral eu não gosto do tipo de roteiro que vem pra primeiro plano quando o filme inteiro é sobre um casal lutando pra ficar juntos. Mas como subplot? Eu adoro um bom romance, ver o casal se juntar ao longo de uma história, e o melhor ainda, ficar junto. Pois acho realmente bacana ver um casal agindo na história mostrando que são um casal funcional, acho mais legal do que imaginar um “e viveram felizes para sempre”, ver eles agindo como uma dupla. Acho realmente legal quando bem feito. O que nem sempre é.

Pelo amor de Deus como esses dois são desinteressantes.

Muito mais divertido assistir o Finn e a Flame Princess passando tempo juntos, do que ver o Steven e a Connie em seu eterno chove não molha, e olha, vou ser sincero aqui, para mim romances trabalhados como Steven e Connie mais que chatos me soam desnecessários, pois se eles não vão ter um romance durante a série, então uma oportunidade muito real foi desperdiçada de fazer eles serem um bom exemplo de melhor-amizade homem/mulher que é só amizade mesmo. O que é uma raridade na televisão infantil norte-americana. Sempre fica uma tensão romântica atrapalhando a amizade.

Eu parabenizo em muito a Pixar por ter feito Dory e Marlin passarem dois filmes inteiros sendo grande amigos solteiros de sexo oposto sem nenhuma tensão romântica. Falta muito disso no entretenimento atual.

E também acho que acompanhar o Araragi com a Senjougahara muito mais interessante do que ver Edward Elric e Winry dançarem em volta do elefante na sala até o último capítulo. Ou ver Ranma e Akane fingindo que não se amam. Eu sou um leitor de extremos, acho que se as duas partes querem ficar juntas, elas deviam ficar juntas, ou o plot deveria ser um Romeo and Juliet, explorando a natureza do obstáculo pra relação deles. Mas sem esse de “eles se amam e não admitem”, que não presta.

Exceto quando o anime inteiro é pra fazer chacota desse conceito. Recomendo de coração Kaguya-Sama: Love is War, um dos animes mais hilários da temporada, justamente porque pega esse trope e eleva ao nível mais absurdo.

Enfim, então para comemorar o Valentine’s Day, e usar os exemplos como gancho para falar um pouco do que eu considero um bom trabalho de casal em uma obra de ficção, eu quero dedicar esse post a rankear os meus quinze casais favoritos da ficção. E como todo ranking, ele precisa vir com regras: 1- Só casais canon, isso não é shipping, isso é celebrar o quão bem o casal funciona enquanto casal oficial na obra. 2- Reforçando, isso é sobre como o casal funciona como casal, então por mais que um beijo na última cena “oficialize” o casal e o faça passar na regra anterior, eu não estou julgando o “felizes para sempre”, estou julgando o quanto o casal funciona na obra.

Então sem mais delongas vamos começar:

1º Lugar: Morticia e Gomez Addams (The Addams Family)

Vamos lá, sabe o que eu odeio em qualquer ranking estilo Top10? Que o protocolo dita que ele deve ser divulgado na ordem decrescente para criar suspense quanto a quem ocupa o topo. Porém se o ranking for algo que o topo é um grande hors concour, então fica maçante esse joguinho, e o interessante mesmo é o miolo. Então estou dando logo o spoiler do primeiro lugar, pra tirar logo essa falta de suspense do meio do caminho e podermos apreciar o miolo do ranking. Até porque eles são a imagem principal do post, e foram a imagem que eu joguei no facebook pro teaser desse post, óbvio que seriam os primeiros, nem consigo imaginar como não seriam.

Mais do que meramente perfeitos por acidente, Gomez e Mortícia foram concebidos para serem perfeitos. Em um gênero televisivo em que a comédia sobre famílias, sempre apresentava o casal em eterno conflito, com um marido arrogante e menos inteligente, e uma mulher inteligente que era o cúmulo da paciência para aturar seu marido diariamente.

Precisamente essa fórmula.

Os Addams queriam contrastar o estilo de vida bizarro e não-convencional da família com uma dinâmica familiar completamente invejável, em que a base da família é o amor que todos os membros sentem um pelo outro, e daí veio um dos casais mais funcionais da televisão americana, ou como descreveram na época. “Único casal da televisão que acreditamos ser capaz de fazer filhos.”

Meu fetiche é o Gomez tratando a Morticia como a rainha que ela é.

E essa foi a grande subversão dos Addams na televisão americana. Em vez de mostrar uma família cheia de falhas, parecida com a sua, que se redime na maneira como eles se sustentam nos valores americanos. Eles mostraram uma família desprovida de todos os valores que você valoriza, mas que são muito mais felizes que você, te fazendo questionar suas prioridades de vida. Os Addams são melhores que seus vizinhos, são mais morais e mais felizes, e seu estilo de vida grotesco e ofensivo não devia importar pra ninguém que seja uma pessoa boa.

Das demonstrações de afeto teatrais e espontâneas que Gomez faz por Mortícia, aos nomes carinhosos, a lutarem espadas juntos a grande devoção que eles tem pelos filhos. Acho que o que esse casal tem de mais forte é a completa ausência de hierarquia e jogo de poder entre eles. Não existe um “chefe da casa”, ou uma pessoa que dê a palavra final, os dois sempre são um time em que a outra parte tem uma voz de exato mesmo peso na hora de tomar decisões pelas crianças ou pela família. Não existe inveja ou ressentimento pelo papel que o outro desempenha na família, existe somente amor. Um amor tão caloroso que tiveram filhos já tem dez anos e não parece que eles saíram da lua de mel.

E não tem nada mais “relationship goals” que lutar espada com a pessoa amada.

Inclusive eu acho que a funcionalidade e amor do casal são tão perfeitos. Que o maior crime da peça da Broadway que fizeram da família, foi fazer esses dois quase terem um divórcio. Absurdo, vai contra tudo que a família e a história dessa família representa.

Gomez e Mortícia foram marcados como o modelo máximo. Tudo aquilo que almejamos ser com o nosso par. E Eles são hilários de assistir. Ver esses dois juntos nunca é meloso ou mega açucarado. Eles sempre tornam o amor deles um espetáculo, e é sempre uma das melhores partes de qualquer encarnação da família Addams. E por falar em fazer da paixão deles um espetáculo, fiquem com o grande momento em que esses dois dançam tango no segundo filme.

Que o filme que está vindo aí em animação reascenda as chamas desse grande casal em nossos corações.

Com isso fora do caminho, passemos para a ordem normal de um ranking apropriado da internet.

15º Lugar: Vegeta e Bulma (Dragon Ball Super e GT).

Ei! Vegeta é um namorado abusivo que abandonou Bulma grávida, largou ela e o filho pra morrer em um acidente de nave, e é um tremendo canalha. Sim, isso é verdade, e isso tudo foi levado em consideração para colocar esse casal em último no ranking. Além de eu não ter colocado “Dragon Ball Z” na hora de mencionar de onde veio o casal.

Vegeta e Bulma foram muito rápidos em fazer um filho, mas demoraram bastante para se tornar um casal. Mostrando que a vida é uma coisa complexa em que as pessoas nem sempre fazem as coisas na ordem. Mas depois de completar seu arco de redenção durante a saga Boo e admitir os laços afetivos que ele formou na Terra, esses problemas foram deixados de lado, e eu devo dizer que gosto muito mais do que o que essas fanfics-aprovadas-pelo-Toriyama que continuam Dragon Ball depois do arco Boo fizeram com o Vegeta e a Bulma do que com o que elas fazem com o a história principal dos animes.

É ligeiramente divertido ver o cara durão, orgulhoso e psicopata que é o Vegeta deixar escapar seu lado sensível perto de sua esposa. E em Dragon Ball Super eu gosto que o Vegeta ser um bom marido contrasta o quanto o Goku não é (apesar de ter sido exagerado demais na informação do Goku nunca ter beijado a Chichi), enquanto Goku não deixou uma esposa interferir em seu estilo de vida de busca pela luta sempre, o Vegeta deixou e isso deu uma dinâmica legal para os dois rivais, e que vai na natureza oposta da dinâmica que eles se conheceram, em que Goku era o Sayajin mais mudado pela vida na Terra e o Vegeta o menos.

No filme Battle of Gods, ver Vegeta atingir seu pico de raiva quando Bills dá um tapa em Bulma, é uma grande recompensa para quem viu o amadurecimento do personagem ao longo da série. E ver ele engolir completamente o orgulho para ter como objetivo fazer a festa de aniversário da esposa ser a mais divertida o possível pros convidados é algo que não vemos todo dia, e certamente foi divertido de ver.

Também está em último lugar no ranking, pois o relacionamento é infelizmente mais pautado em como Vegeta age com a Bulma, do que em como Bulma age com Vegeta, uma vez que ela foi a que se apaixonou primeiro, e o amor dela não evoluiu exatamente. Mas mesmo ela tem seus momentos. Eu particularmente gosto muito da cena em Dragon Ball GT em que Bulma declara que se o Vegeta é o príncipe dos Sayajins, então ela é a princesa e que ela quer que Vegeta se refira a ela como tal.

14º Lugar: Tweek e Craig

Esse casal é estranho. Depois de literais anos como um fenômeno estranho da bolha da galera shipper, ele foi canonizado em um episódio extremamente meta em que os próprios personagens admitiam que estavam entrando em um relacionamento apesar de não serem gays. E apesar do episódio em que eles começam a namorar seja um dos meus favoritos da série, é muito evidente o quão inorgânica é a relação e o quanto eles estão só seguindo a pressão dos fãs.

Duas temporadas depois surge o episódio Put it Down, dando foco no casal, com Tweek entrando em pânico com o governo Trump e Craig genuinamente preocupado em acalmá-lo e a gente vê que apesar do começo extremamente não orgânico, esses dois deram um jeito de funcionar.

O episódio Put it Down foi o ótimo contraste, e serviu para confirmar o que as fangirls que shippavam notaram e diziam. Que a personalidade dos dois se complementa bem. Os ataques de pânico do Tweek e o jeito cru e rude de Craig se trabalhavam bem, enquanto Craig procurava soluções para fazer Tweek se acalmar, porém seu pânico aumentava mais. No final, procurando conselhos sobre relacionamento Craig entende que Tweek não quer se acalmar, ele tem preocupações genuinas e mais importante que perdê-las é saber que Craig as entende e entende o quanto ele as leva a sério. Com isso Craig salva seu namoro, entrando em pânico junto de Tweek para mostrar que ele não está sozinho.

E sério, é um ótimo episódio e um bom contraste, já que ao longo da mesma temporada vemos o curioso casal que era Cartman e Heidi se mostrar algo bem maçante e intragável, apesar de ter sido uma ideia bem interessante quando o casal começou. Stan e Wendy nunca tiveram um episódio legal sobre eles juntos também, o que acaba colocando Put it Down o primeiro episódio realmente legal sobre relacionamentos que a série fez. E fez com o casal que os fãs criaram e a série aceitou. No fim é tudo sobre personalidades que se trabalham e ver eles se esforçarem para fazer bem um pro outro.

13º Lugar: Sam e Suzy Bishop (Moonrise Kingdom):

Wes Anderson é um diretor famoso por fazer seus personagens expressarem seus sentimentos verbalmente enquanto fazem expressões completamente apáticas de quem não tem sentimentos. Isso é parte da estética do diretor, e também uma maneira de nos mostrar que a grande maioria de seus protagonistas sofrem do mesmo problema. De uma enorme desconexão com as pessoas ao seu redor, e que sua história mascara um sofrimento que não vem a tona em expressões faciais, mas em suas motivações.

E da mente desse diretor sai Moonrise Kingdom, a história de duas crianças que se apaixonam, apesar de serem crianças, se conectando através do fato de que ambas sentem profunda desconexão perante seus pares. Sam sofre bullying de seus colegas escoteiros por ser um órfão, e não tem nenhum carinho entre ele e sua família adotiva. Já Suzy tem pais presentes e três irmãos, e também não tem nenhuma conexão afetiva com ele. Quando os dois se encontram, eles se reconhecem como crianças infelizes e passam a trocar cartas. Quando está claro que eles amam um ao outro, eles decidem dugir de casa para uma praia abandonada que Sam conhece e que eles batizam de Moonrise Kingdom.

Eles se beijam e passam uma noite juntos. Mas aí chega o resgate atrás das crianças desaparecidas, e separa os dois. Com os pais de Suzy garantindo que ela nunca mais verá Sam. E com Sam firmando seu status de garoto problema e boatos de que depois de sequestrar uma menina o próximo passo seria o eletrochoque. Eles fogem juntos de novo, e se mantém em fuga de seus guardiões legais e de todo adulto que encontram, até que o xerife da cidade decide adotar Sam e permitir o relacionamento entre ele e Suzy.

O motivo para esse casal estar tão baixo na minha lista, visto que eu gosto desse filme muito mais do que de metade do que eu vou citar aqui. É que no fundo, eles só se gostam pelo contraste do fato de que eles odeiam todo mundo ao seu redor, mas a pouco a crer que eles se gostam por algo que viram no outro mesmo. E por serem personagens do Wes Anderson, são completamente apáticos. Mas mesmo assim, eu não consigo não me comover com a lealdade imensa que eles desenvolveram um pelo outro, e pelo senso de proteção, de um cuidar do outro, e pela cerimônia de casamento com nenhum valor exceto o simbólico do qual eles participam. Duas crianças cuidando uma da outra em uma ilhazinha que não cuida delas. E no fim, uma noite sozinhos numa praia podendo fingir que não estão mais ao alcance dos demais, foi um momento que significou o mundo para eles. Que Sam imortalizou em pintura ao final.

12º Lugar: Tevye e Golde (A Fiddler in the Roof):

Faz 4 anos que todo dia eu me pergunto: “quando eu vou achar uma deixa para falar que A Fiddler in the Roof é um dos maiores musicais da história dos musicais? Bom a resposta é: hoje, no dia que eu deixei um Top15 se infiltrar entre meus textos.

Que se destacam na lista por serem o casal um casal de pessoas no fim da meia idade, em uma lista cheia de jovens, pois a ficção gosta de pessoas jovens de pegando.

Tevye e Golde casaram em casamento arranjado muito jovens. Eles sequer se conheciam, mas era o costume da vila que todo casamento fosse arranjado pelos pais e amor não existia nessa equação. E diferente de histórias como Sleeping Beauty ou Corpse Bride em que no primeiro encontro o casal se apaixona a primeira vista, aqui não, eles não se apaixonaram a primeira vista. Só aceitaram a responsabilidade e lutaram para fazer funcionar.

25 anos e 5 filhas depois. As filhas começam a entrar na idade de se relacionar, e como os jovens fazem, desafiam os costumes da aldeia para escolherem seus parceiros. O que choca o casal em bodas de 25 anos. O conflito com as filhas faz o casal reanalisar a importância do amor em um casamento e a fazer a seguinte pergunta: “a gente se ama?”

Eles refletem, recapitulam sua vida e tudo o que eles passam juntos. As lutas que lutaram juntos e o sofrimento que sofreram juntos. E conseguiram perceber, que não a primeira vista, não quando jovens, mas ao longo de 25 anos, sem perceber, eles genuinamente chegaram em um estado em que eles haviam aprendido a se amar.

Uma descoberta que não vai mudar nada na dinâmica do casal. Que inclusive é o estereótipo da esposa fanfarrona e do marido encrenqueiro que tanto me desagrada. Mas como eles mesmo disseram, como eles se comportam um com o outro não vai mudar, mas a alegria de descobrir que se está casado com a pessoa amada, é uma alegria muito bem-vinda. E o cutucão de ombro e sorriso que Tevye dá pra Golde nesse momento é indescritível. A felicidade compartilhada.

11º Lugar: Roger e Jéssica Rabbit (Who Framed Roger Rabbit):

Ele é um coelho animado palhação que não dá para ser levado a sério por cinco minutos e que cai morto em um único copo de whisky. Ela é uma mulher desenhada para ser a mulher mais sexualmente atraente já concebida por uma mente humana e o ultimate sex-symbol com proporções que quebrariam a coluna de uma mulher na vida real, mas que ela aguenta por ser um desenho. E por algum mistério da ciência esse casal improvável está junto. O filme trata isso como um grande mistério e fonte de humor para se observar o quanto esse casal é contrastante e engraçado. Porém se você olhar o filme de perto verá que não é nenhum bicho de sete cabeças.

Roger é literalmente o único ser do sexo masculino do mundo que não deixa claro o quanto o corpo de Jéssica impacta ele. Ela é a mulher mais gostosa do planeta, e odeia o mundo a tratando diferente por isso. Presumindo que ela é uma mulher sombria que usa seu corpo para manipular os homens, ou meramente tentando tirar casquinhas dela.

Mas o Roger não, ele não trata Jessica como a Femme Fatale que ela odeia parecer, e não faz um grande caso do corpo escultural que ela lamenta ter. Ele só gosta de ter ela por perto. E isso evidentemente tem um papel não só em como ele faz ela se sentir, mas no quanto a relação de Roger com Jéssica traz humor por subverter as expectativas naturais que temos da postura negativa que um homem deveria ter com sua esposa.

Na cena em que Roger descreve quanta raiva e ciumes ele teve de Jessica brincando de bater palmas com outro homem. Ele no auge de sua fúria e ciúmes foi até o camarim dela, e escreveu uma carta de amor explicando o quanto ele a ama. Em uma situação em que o clichê e as normas do gênero noir indicariam que ele pegaria uma arma para matar ela. Ele se mostrou a antítese do estereótipo masculino e isso é positivo, pois o estereótipo masculino é possessivo e tóxico.

E é isso que Jéssica é. Uma mulher criada para satisfazer punheta de homem escroto, que se apaixonou pela antítese de seu público-alvo. Um homem que em vez disso, a fazia rir, o que segundo a moral do filme é uma grande conexão de atração e cumplicidade que as pessoas ignoram. Mas fazer alguém rir é o melhor caso pra fazer alguém gostar de você. E como eu já disse aqui: é o que os nazistas estão fazendo pra ganhar a simpatia do povo.

Eu só queria entender mais o que o Roger vê na Jéssica, já que ele não vê que ela foi milimetricamente planejada para seduzir qualquer homem, fico curioso com quais aspectos de sua personalidade conquistaram o nosso amigo coelho. Mas ver o quanto o carinho, e a honestidade emocional de Roger fazem um contraste imenso na vida de Jéssica em comparação a óbvia ereção que todos os personagens do filme obviamente estão tendo, incluindo os animadores que não aguentaram e desenharam ela mostrando que não usa calcinha em um frame para a Disney ganhar mais e mais a fama das mensagens subliminares. Esse contraste me cativa e me faz pensar em bons contra-exemplos do modelo de masculinidade que o filme vende. Afinal o protagonista do filme é um homem durão e um protagonista noir, e é quando ele aprende a ser mais que nem o Roger e resgatar o fanfarrão dentro dele, que ele consegue enfim ficar junto com sua amada Dolores.

10º Lugar: Capitão Raymond Holt e Kevin Cozner (Brooklyn 99):

O que eu mais gosto nesse casal é justamente a maior fonte de comédia do personagem do Capitão Holt nessa série. O Capitão Holt é um homem que nunca transparece suas emoções. Nunca, mantendo o mesmo tom de voz e expressão facial independente de estar feliz ou triste. E a maioria das séries usam esse arquétipo para retratar pessoas que não estão em sintonia com as próprias emoções e precisam se conectar melhor consigo mesmo. É verdade que a vida transformou Holt em uma muralha com muitas relações desagradáveis em sua vida, por culpa de racismo e homofobia. Mas a verdade é que Holt está em perfeita conexão com seus sentimentos e para quem o conhece bem, entende bem quando ele sutilmente expressa o que sente. E isso é demonstrado primariamente em seu marido Kevin.

A companhia com Kevin, mostra o quanto esse capitão durão, sério, sem tempo pra palhaçada e profissional, tem um coração mole e amoroso e por trás de sua face eternamente estoica está um homem muito amoroso e muito apaixonado. Dois aliás, pois Kevin é a mesma coisa, frio, rude, grosso e sério que na companhia de Holt mostra o quão mole é seu coração.

E acho que a mensagem: “pessoas que não demonstram seus sentimentos amam com a mesma força que as pessoas que demonstram” é uma mensagem que deviam passar mais. Principalmente porque a definição de romance na ficção é “quanto maior o seu gesto romântico, maior o seu amor”,personificado em declarações públicas de amor que finalizam comédias romântica.

Se você a ama, deveria dar uma biblioteca para ela.

Holt e Kevin vão na via contrária mostrando que tem várias formas de se amar além da forma tradicional. E serem gays não tem nada a ver com essa mensagem, é sobre formas diversas de se expressar e todas serem válidas.

9º Lugar: Hiccup e Astrid (How to Train your Dragon):

Um dos meus maiores medos quando eu vi que o brilhante melhor filme da Dreamworks How to Train Your Dragon ia virar uma franquia, com três filmes, era em relação ao que eles fariam com o casal Hiccup e Astrid. O primeiro filme seguiu a fórmula a risca: eles tem conflitos, ao longo do filme se apaixonam, e no fim do filme ela dá um beijo nele, que confirma que a trama dos dois é uma trama de romance e que no futuro eles viverão felizes para sempre.

Aí o que costuma acontecer com esse tipo de casal no filme 2? Várias coisas. Agora que o casal é oficial, a manutenção do relacionamento tem que ser um subplot oficial do filme 2, com uma grande crise colocando o relacionamento em crise que eles tem que salvar. Como aquela merda que é Mulan 2 ou o bom filme que é Shrek 2. A segunda opção, é que agora que a personagem já fechou seu arco entrando em um relacionamento com um protagonista, ela não tem mais função na trama e vai ser indistinguível do cenário, saindo completamente da trama e existindo só como um lembrete visual da história anterior. Que nem Dragon Ball fez com a Androide 18 e com a Videl. Ou Lion King 2 fez com a Nala. Mas nada disso dá aquele sentimento de recompensa de só ver o casal curtindo junto a companhia um do outro para te fazer pensar que é por momentos assim que tudo o que rolou no primeiro filme valeu a pena.

Aí quando veio How to Train Your Dragon 2, foi exatamente esse sentimento que Hiccup e Astrid me passaram. Supostamente acompanhamos os primeiros passos do namoro e noivado deles na série animada que eu só vi as temporadas em que eles reproduziam o chove-não-molha do primeiro filme e o romance desencadeou só nas temporadas que vieram depois que eu tinha largado a série já. Mas no segundo filme eles são noivos, e muito felizes e muito confortáveis um com o outro. Dando aquelas pequenas zoadas e cutucadas um no outro que você só dá em quem tem muita intimidade, e deixando visível o quanto eles se sentem bem na presença um do outro. E isso não tem preço.

E sem nunca rebaixar a Astrid pro segundo plano. Ela era o braço-direito do Hiccup no primeiro filme e é no segundo. Ela é a segunda mais talentosa em domar dragões no primeiro e é no segundo, e ela está lá sempre ao lado de Hiccup, não só pra suporte moral, mas também pra chutar bundas. No terceiro filme isso não só fica ainda em mais evidência, com uma ênfase de como Astrid vê o melhor lado de Hiccup mesmo quando ele não está vendo, e em como a presença de um na vida do outro aumenta, com conversas sobre casamento, e como o casamento vai tornar Astrid oficialmente a chefa da tribo, os dois vão dividir igualmente uma responsabilidade imensa, e é bom ver como isso impacta ambos ao longo do filme.

De resto é um segundo exemplo positivo do que eu apontei em Roger Rabbit. De que o que fez Astrid se interessar por Hiccup, foi justamente como a completa ausência de traços estereotipicamente masculinos, como força, ser um grande guerreiro, ou ser um macho alfa. Pelo contrário, foi o coração bondoso e empático dele, que achou uma solução pacífica para um conflito sanguinário, e lutou para proteger a todos. Culminando no melhor diálogo do primeiro filme, em que ela mostra pra ele que ser incapaz de matar seus inimigos não torna ele o pior dos vikings, mas sim o melhor deles.

“Eu sou o primeiro viking da história incapaz de matar um dragão.” “Mas é o primeiro a voar em um.”

8º Lugar: Kei Kurono e Tae Kojima (GANTZ):

Eu tinha 15 anos quando comecei a ler GANTZ e como qualquer garoto no começo da adolescência fiquei chocado com a quantidade de nudez, conteúdo sexual, violência explícita e niilismo de boteco que havia dentro desse mangá. Que até hoje são os elemento pelos quais a história é mais famosa. Porém quando no começo desse blog eu fiz dois textos falando sobre o fator que mais me agrada em GANTZ eu não foquei em nada disso. E nada disso é o motivo pelo qual até hoje é um dos meus mangás favoritos. É o protagonista.

Kei Kurono é um jovem que sofre de uma desconexão imensa em relação a tudo no mundo. Sua vida familiar é uma merda. Sua vida escolar é duas merdas. Ele e solitário e se voltou amargurado com o mundo. E o mangá retrata sua vida dupla enquanto sua vida familiar e escolar seguem a merda que sempre foi, ele vai em missões secretas de caça aos aliens se tornando um ser humano a ser admirado, por uma faceta que ele nunca vai poder mostrar em público.

O maior ponto de virada do mangá é no momento em que ele conhece Tae Kojima. E então os rumos do mangá mudam para sempre. Um casal improvável que era na verdade somente um reforço da desconexão e falta de aptidão social de Kurono. Ela era a menina mais sem graça da escola, com um visual infantil e desinteressante. E Kurono tem que pedí-la em namoro porque perdeu uma aposta, e pedí-la em namoro e sair com ela por um tempo era a punição.

Incapaz de se recusar a fazer parte de uma aposta que ele nem queria fazer, ele é pressionado pelos colegas a seguir com o plano. Porém no mesmo dia esses colegas morrem, então ninguém mais precisa fazer Kurono continuar vendo a menina. Mas ele tem vergonha demais de dispensá-la. Ele nunca consegue dar o fora nela, e por resultado disso, se apaixona perdidamente pela garota, que se torna sua única e portanto maior conexão com o mundo.

Namorar Tae faz Kurono perceber que ele tem pessoas por quem ele quer lutar e por quem ele quer deixar de ser a pessoa amargurada que ele era. Ela se torna sua prioridade máxima na vida, e o que o impedia de se absorver tanto na sua vida dupla que ele se tornaria um vilão canalha como o Nishi.

O segredo do casal, é justamente que Tae não foi vendida como um interesse amoroso a ser levado a sério em sua primeira aparição. Kurono não levou ela a sério e nem o leitor. E a força do casal e do amor dos dois, que nos faz acreditar que eles de fato passariam o último arco inteiro somente lutando para se encontrar, essa força está no convívio constante que a gente vê eles tendo. A gente vê eles saindo em encontros, a gente vê Kurono vulnerável perto dela, e mais que tudo, a gente vê Kurono acolhido e confortável perto dela, a gente vê como ela baixou as defesas imensas que ele criou em relação a humanidade, através de atos simples como ver eles comendo juntos, ou criando um animalzinho. E isso foi tão bem feito, que colocou na sombra toda a nudez, putaria e violência do mangá. É isso aí, eu acho que GANTZ é um mangá que vale a pena pelo quão orgânico e bonito é seu plot de romance. E do quão bom é ver esse casal ficar mais forte com o convívio.

7º Lugar: James “Sawyer” Ford e Juliet Burke (LOST):

Eu amo LOST. Amo de verdade. Mas é uma série de seu tempo, e ela fez muita coisa idiota. Está longe de ser perfeita. É uma das minhas séries favoritas, mas sou forçado a admitir que tem muita coisa imbecil nela. Mas a mais imbecil de todas, a mais, é o triangulo amoroso cretino que dominou as três primeiras temporadas, que foi Jack, Kate e Sawyer.

Desinteressante

Era insuportável e trazia o pior desses personagens a tona. E acho que os roteiristas perceberam, pois decidiram no final da quarta temporada, jogar tudo isso no lixo deixando Jack e Kate serem toscos juntos e juntando Sawyer com Juliet que forma o que é o melhor casal da série.

Através de flashbacks, nós vemos o quanto a vida de cada um dos personagens foi traumática. E no presente vemos como a vida na ilha é traumática. Então os personagens que só se foderam a vida inteira só se fodem no presente. E então, por um período de três anos, Sawyer e Juliet conseguem formar sua casa na ilha, morar com os cientistas da Dharma e encontrar paz. E ver essas duas pessoas tão quebradas, achar paz e tranquilidade em uma vida cotidiana. Ver Sawyer ser capaz de se entregar a uma pessoa. Ver a felicidade de Juliet trabalhando como uma parteira que não perde os bebês, ver os dois terem um dia de trabalho normal, e feliz, para voltarem e terem um ao outro. Isso é gratificante, porque a gente sabia que eles mereciam essa felicidade, e foram capazes de formá-la juntos.

Inclusive muito bem feita a cena que revela que os dois se tornaram um casal, indo pros braços um do outro depois de um dia puxado para ambos.

E essa paz e tranquilidade levou a relação dos personagens para rumos muito mais interessantes. Pois se no começo Sawyer brigava com Jack pela Kate. Agora ele briga com Jack, pois Jack quer trazer uma vida de perigo e gente armada e bombas atômicas e conspiração para a vizinhança tranquila em que Sawyer montou sua vida feliz com Juliet. E Sawyer se torna o maior opositor disso, dando uma natureza muito melhor para o conflito desses dois.

Ao final quando todos os ilhéus tem que descobrir quem foi a pessoa mais relevante de suas vidas que traria a memória de suas vidas a ele. É Juliet e Sawyer que trazem a memória um do outro, em um dos momentos mais emotivos da série, e merece ser. Eles só tiveram 3 anos de genuina felicidade em suas vidas, e foi juntos e nos poucos episódios que eles desfrutaram dessa paz foi o suficiente para que entendamos porque eles não queriam perdê-la.

6º Lugar: Meiko e Taneda (Solanin):

Agora começam os pesos pesados. Nesse excelente e premiado mangá, acompanhamos a luta diária de um jovem casal que mora junto, para poder pagar as contas, depois que Meiko se demite de seu emprego e Taneda decide perseguir seu sonho de se tornar um músico.

Solanin é um dos melhores mangás Slice of Life que existem, e se diferem da maioria dos casais aqui, pois sua luta como casal, não é tentar se dar consolo e paz enquanto uma trama de ação, aventura ou fantasia invade suas vidas, e sim, a eterna luta para poder estabilidade de vida para se manter morando juntos, e o peso que as decisões fazem na vida e rotina do casal.

Diferente das outras obras aqui citadas que eu espero que vocês já tenham lido, não darei spoilers a respeito da virada que Solanin dá na metade, pois eu não sou de ficar sendo cricri pra spoiler e esse blog tem mil provas disso, mas em Solanin é um caso que eu acho que os spoilers devem sim ser respeitados, mas digo que só enfatiza a força do amor desses dois, e o quanto é importante que a vida funcione para eles. Meiko é uma personagem incrível e cativante, e aqui o casal é de fato a trama principal, e o pilar do mangá que é o que torna ele tão memorável.

5º Lugar: Ellie e Carl (Up):

Existe coisa que aquece mais o coração do que velhinho apaixonado? Não, não tem. Mas embora o filme inteiro seja sobre um velhinho apaixonado, o destaque do filme é uma única cena. Uma montagem musical de 4 minutos e 29 segundos, que mostra como foi a rotina desses dois. De seu casamento jovens, até a velhice e o falecimento dela.

Enquanto a maioria das histórias tratam rotina como algo ruim ou condenável, afinal são o oposto da aventura, são o que acontece quando a história não rola. A montagem do dia a dia desses dois que durou décadas enfatiza o quanto eles foram felizes sem perceber. Os dias eram os mesmos e os anos foram passando e eles sempre estiveram lá um pelo outro. Carl sempre se sentiu culpado por nunca levar Ellie para a America do Sul que era seu sonho, pois ela era uma alma aventureira, mas no fim ele descobre que envelhecer ao lado de Carl foi a grande aventura da vida dos dois.

A vida dos dois foi simples, muito simples, trabalhar no zoologico a vida inteira, e cuidar da casa, dar as mãos enquanto liam, e passar o dia juntos, arrumar a gravata e trabalhar e cuidar da casa. E o tamanho do luto de Carl quando Ellie falece mostra o quanto a vida não precisa ser cheia de acontecimentos para ser feliz, pois a dele teve todos esses momentos passados com a pessoa certa.

4º Lugar: Koyomi Araragi e Hitagi Senjougahara (Monogatari Series):

Tecnicamente, a série de light novels adaptada para anime Monogatari Series, é um harém. Com um jovem loser sendo cortejado por um número grande de meninas que correspondem a arquétipos que os japoneses fetichizam. Porém a série quebra vários tropes associados ao gênero harém, o principal deles que o protagonista entra em um relacionamento assumido e estável com a garota principal logo no começo e esse namoro nunca é colocado em risco pela trama ou pelas demais garotas ao longo da história.

Outro motivo pelo qual a série quebra tropes de mangás harém é com o constante questionamento do quão saudáveis são os relacionamentos que esse tipo de anime costuma mostrar. Na história Koyomi Araragi é um ex-vampiro que usa sua conexão com o sobrenatural para salvar garotas afligidas pelo sobrenatural, que na verdade são manifestações físicas dos traumas pessoais dessas garotas. A primeira delas é Hitagi Senjougahara que pouco depois de ser salva por Araragi, se apaixona pelo cara legal e altruísta que ele é e pede ele em namoro, o que ele aceita. Porém se é saudável para Senjougahara se apaixonar pela primeira pessoa que salvou sua vida, e se esse sentimento é legitimo ou meramente ela impressionada com um homem com quem ela tem uma dívida é constantemente questionado. O que é bom que seja, pois como eu disse falando de Guardians of the Galaxy, ser salvo por alguém não devia fazer você amar ninguém.

E é o fato de que Senjougahara constantemente questiona seus sentimentos por Araragi, que faz com que o fato de que o namoro se torna mais sólido a cada arco que passa tão válido. Pois é ela vendo que apesar de todos os questionamentos que ela possa se fazer por se apaixonar por um protagonista de um mangá cheio de fanservice e tensão sexual com todo ser do sexo feminino que ele interage, ela continua com ele de livre e espontânea vontade, pois sabe que ele faz bem pra ela, e que ela faz bem pra ele. Chega a um ponto em que o cínico inimigo do casal, que odeia Araragi, declara que nem todo amor é um amor saudável, e muitas pessoas fazem mal entre si por estarem apaixonadas, mas que o amor de Senjougahara por Araragi faz bem para ela.

Acho digno de nota o quanto essa série, que reforço, é composta por uma quantidade alarmante de fanservice, nudez, calcinhas, tensão sexual, e o Araragi com um tesão incontrolável por toda mulher na vida dele, com cena de sexo o tempo todo. O casal Araragi e Senjougahara é tratado com relativa privacidade, deixando seus momentos de maior intimidade implícito. Com destaque para eles perdendo a virgindade completamente offscreen enquanto todo arco tem uma cena bizarramente sexual e desnecessária. O que passa um sentimento de privacidade mais que tudo. O amor deles não é pra comédia ou pra excitar jovens japoneses de 15 anos, então não tem porque vermos nada disso.

O que nós vemos do casal, além de Senjougahara e Araragi se tornarem muito menos apáticos na companhia do outro é o primeiro encontro deles. Que embora seja um episódio só sobre os dois indo pro parque olhar as estrelas em uma série cheia de combate ao sobrenatural, é na minha opinião um dos melhores e mais marcantes episódios da série. Em especial quando o pai de Senjougahara, que passa a impressão de que seria o sogro frio e assustador dos clichês, quebra o estereotipo agradecendo Araragi pelo bem que ele fez na vida de Senjougahara e por poder ver a filha feliz de novo, o que ele não achou que veria.

3º Lugar: Monarca e Dr. Girlfriend (Venture Bros):

Como pode que um personagem que foi criado para representar o auge do ódio, e o quanto o ódio pode mover uma pessoa a superar qualquer obstáculo, pode ser um exemplo tão grande de amor? Isso é uma boa pergunta, e se alguém prova que um homem capaz de odiar intensamente também é capaz de amar intensamente, esse é o Monarca, antagonista central de Venture Bros.

Apesar dos personagens aparecerem em quase todo episódio, o casal em si teve pouco destaque na primeira temporada, até terminarem no fim da temporada e passarem a segunda temporada divorciados, culminando em uma reconciliação e em um casamento. Mas depois de casados, esses dois catapultaram no conceito de cumplicidade e de compartilhar suas vidas.

Sabemos que esses vilões profissionais só encontram seu auge quando estão juntos, e eles são tão divertidos juntos. Com suas fantasias sexuais estranhas, com o orgulho que um tem do outro por suas maldades. Ou por como eles estão dispostos a percorrer longas distâncias pelo bem estar do outro.

Quem nunca confundiu Khal Drogo com Ivan Drago?
Quando se conheceram trabalhavam subvalorizadamente pro mesmo vilão e decidiram traí-lo e começar uma carreira juntos.

Mas o que torna esse casal digno da alta posição que ele ocupa nessa lista é um diferencial que nenhum outro nessa lista tem. Eles abertamente são pessoas que não podiam se importar menos com aquilo que é a motivação da vida de seu parceiro. Enquanto o Monarca quer mas do que tudo destruir o Dr. Venture, uma pessoa com quem Dr. Girlfriend não só não tem nada contra, como genuinamente preferia não atacar. Ela por outro lado valoriza muito trabalhar sua carreira na Guilda que organiza a vilania, uma organização que o Monarca despreza do fundo de seu coração. E eles já brigaram muito por isso, por ela querer que ele largue seu rancor com Dr. Venture e se foque na carreira e ele querer que ela largue sua carreira e o ajude em sua jornada ao ódio. O resultado, depois de vários conflitos, é que os dois cederam. Não largaram o foco de suas vidas, mas dão o completo apoio ao outro, e fazem tudo o que podem para ajudar o parceiro. E saber que eles fazem isso sem se importar minimamente com o assunto, mas por se importar muito em ver o parceiro feliz, tem peso, tem muito peso.

Ao longo da série, ela avança tanto na carreira que se torna chefe dele, o que a impede de seguir ajudando-o diretamente em sua vilania, somente supervisionando-o. Isso foi um conflito por um tempo, mas eventualmente deixou de ser um problema e ficou claro o quanto os dois se apoiam mesmo que suas ambições profissionais vão para caminhos opostos.

O momento em que o Monarca se disfarça para salvar o emprego dela, um emprego que ele nunca quis que ela tivesse. Ou o orgulho que ela tem de falar que mexeu os pauzinhos para ele poder antagonizar seu inimigo, um que ela nunca quis que ele antagonizasse. O orgulho com que eles fazem isso, mostra que eles não precisam amar as mesmas coisas para amar um ao outro, e querer ver um ao outro felizes. E talvez por isso que o auge do casal tenha sido justamente a 7ª temporada, a mais recente quando eles se firmaram nesse ponto.

“Você pode fazer isso, porque você é o Monarca, um sobrevivente, que nem a borboleta que te nomeia. Borboletas Monarcas nunca desistem.” “Obrigado fofinha, sabe, ela teria amado você.”

Suas visões do que significa ser um vilão profissional são opostas e eles oficialmente deixaram de ser colegas de trabalho para poder se focar no que gostam, e provavelmente nunca mais vão trabalhar juntos. Mas eles vão lutar com todas as armas para que seu parceiro realize todos seus sonhos profissionais, e isso é poderoso de verdade.

2º Lugar: Ruby e Saphire (Steven Universe):

E enfim, o melhor casal já concebido perdendo apenas de Gomez e Morticia. O que também é um jeito de dizer “melhor casal já concebido nos últimos 55 anos”: a maior de todas as Crystal Gems: Garnet, personificação do amor das gems Ruby e Saphire.

Ruby e Saphire são aquele casal tão bom juntos, mas tão bom, que te fazem acreditar no amor enquanto assiste. De certa forma eles são pelo menos pra mim o que o Tweek e o Craig são para a população de South Park in-universe.

E o curioso é que depois que a gente conhece elas, é fácil ver exatamente quais atitudes da Garnet vem de cada um dos lados. Quando é a Ruby e quando é a Saphire dentro dela se manifestando. A gente raramente vê essas duas separadas, mas não precisa, a gente vê um diálogo entre elas todo episódio, seu amor personificado: Garnet.

As personalidades gritantemente opostas das duas, sempre soam complementares, com as personalidades se trabalhando bem. E o flashback de como elas se conheceram realmente colocam perspectiva na importância que uma tem para a outra. E agora depois de cinco milênios de namoro, elas se casaram em um episódio que é um dos pontos altos da série, e que fez história não só por ser o primeiro casamento lgbt dos desenhos infantis, como por ser um dos episódios mais emocionantes de Steven Universe. Afinal Garnet não só se casou, como lutou pelo direito de ser um casal com sua maior inimiga no exato mesmo episódio.

“Sou a união de duas gems que se gostam e se protegem de ameaças. Você não pode me deter 5750 anos atrás e não vai me deter hoje.”

Esses casais todos, usam o namoro como maneira de trabalhar os personagens. A maioria faz o personagem mudar sua personalidade discretamente ao longo do relacionamento, não como um resultado de “sua namorada mandou você perder esse hábito”, mas como um resultado de ter pessoas sendo uma influência positiva na sua vida. E trabalham por contraste, entender porque esses personagens se amam, em especial os com muito pouco em comum, nos ajuda a entender quem eles são e o que eles valorizam. E esses são aspectos que valem a pena de ser trabalhados na hora de se construir um personagem.

Vegeta se recusando a ir em uma luta com Bulma podendo ter o filho a qualquer momento é um exemplo muito positivo do quanto seu amor por Bulma mudou suas prioridades de vida de maneira positiva.

Outro ponto interessante é que em muitos desses casais, o casal não era o foco principal da trama. O que é bom, porque história é conflito, e por isso filmes de romance muitas vezes são sobre os conflitos do romance, e sobre as dificuldades do protagonista. Se afastando do centro da história e de seu conflito, muitos desses casais serve como um propósito comum: mostrar como esses personagens são quando estão felizes, e o que deixa eles felizes, o que é algo sempre muito positivo de se ver.

E quem não fica feliz de ver o Kurono feliz, bom sujeito não é.

Sempre que eu vejo um casal ficando junto no literal último episódio da série no fundo eu lamento. Porque o relacionamento fica com uma cara de final, mas começar um relacionamento nunca é um final, é sempre um começo, pois é daqui pra frente que as coisas começam a ficar interessantes. Essas cenas de beijo com o “felizes para sempre” implícito me soam mais como uma recompensa pelo personagem ter atravessado os obstáculos da história, mas eu acho interessante que o romance seja parte da parte interessante da vida do personagem. Não algo que role só no final, para que o público possa degustar o chove-não-molha, as shipping wars, e os episódios bobos de “ela não é minha namorada.”

Mas tem quem gosta. Tem fã que vive pra esses momentos. Então quero aproveitar o Valentine’s Day pra jogar essa discussão de qual é a maneira preferida de vocês verem romance na ficção? Pois eu vou ser sincero, eu gosto muito de fazer tops, mas quando eu faço um pra postar aqui, eu quero aproveitar para engatilhar um debate sobre como a gente desfruta ficção do mesmo jeito. Então jogo a pergunta para vocês? Vocês preferem acompanhar todo o processo pro casal se apaixonar, para eles ficarem juntos só no final? Ou vocês gostam de ver o casal agir como um casal ao longo da história também? E eu deixei claro que tipo de interações faz com que eu considere um casal um bom casal, mas quais as de vocês?

Porque eu acho que como a ficção retrata o amor um tema muito subestimado. É uma parte muito importante de nossas vidas, para não pensarmos em como nos afeta ver ele sendo reproduzido pelos personagens que gostamos. Então deixo a reflexão para vocês e desejo um feliz Valentine’s Day pra vocês passarem com seus entes queridos.

Sobre o autor

Izzombie

Sou um cara chato que não consegue ver um filme sossegado sem querer interpretar tudo e ficar encontrando simbolismos e mensagens. Gosto de questionar a suposta linha que separa arte de filmes comerciais, e no meu tempo livre pesquiso sobre a história da animação.

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Alertas

  • – Todos os posts desse blog contém SPOILERS de seus respectivos assuntos, sem exceção. Leia com medo de perder toda a experiência.
  • – Todos os textos desse blog contém palavras de baixo calão, independente da obra analisada ser ou não ao público infantil. Mesmo ao analisar uma obra pra crianças a analise ainda é destinada para adultos e pode tocar e temas como sexo e violência.

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